Prezadas leitoras, caros leitores —

Na história do Vale do Silício, algumas decisões de conselhos de administração causaram impactos longos. A demissão de Steve Jobs, pela Apple, no distante 1985. Ou, mais recentemente, a venda tumultuada do Twitter para Elon Musk. Mas nenhuma teve o potencial destrutivo, exatamente uma semana atrás, da demissão de Sam Altman do comando da OpenAI. Aquilo poderia ter destruído a empresa e seu produto. Altman está de volta ao cargo e o conselho terminou desmontado

A OpenAI está algo entre seis meses e um ano na frente do Google no desenvolvimento de inteligência artificial. Isto é muito. E esta tecnologia vai transformar por completo o mundo nos próximos poucos anos. Muito mais do que o smartphone transformou, tanto quanto a internet.

Mas a IA pode mesmo ameaçar a humanidade como temiam os que demitiram Altman? A OpenAI descobriu de fato algo radicalmente novo, como sugerem algumas notícias? Estamos mesmo próximos de IA equivalente à humana? O que a briga da OpenAI diz sobre o futuro? Muito. E, na edição deste sábado, Pedro Doria desfia a semana tão confusa.

Na semana que antecede a COP28, contamos ainda como o governo brasileiro está lidando com a questão indígena depois das imagens que chocaram o mundo e o que tem a apresentar de avanços e dificuldades nessa área. E, embora a Black Friday seja hoje nos EUA, por aqui ela dura quase o mês todo. Para entender esse e outros comportamentos, vamos traçar um panorama do varejo que avança no on-line e segue se adaptando no físico.

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Os editores.

Mais uma vitória de Haddad: Lula veta desoneração de folha

Em mais uma importante vitória para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente Lula vetou integralmente a prorrogação até 2027 da desoneração da folha de pagamentos dos 17 setores que mais empregam no país. Pessoas que participaram da última reunião sobre o tema no Palácio do Planalto disseram que os argumentos de Haddad em defesa do caixa da União para o cumprimento da meta fiscal de 2024 convenceram Lula. O impacto da medida é estimado em R$ 9,4 bilhões por ano. Em vigor desde 2012, o incentivo permite que empresas das áreas contempladas substituam a contribuição previdenciária, de 20% sobre os salários dos empregados, por uma alíquota sobre a receita bruta, que varia de 1% a 4,5%, de acordo com o setor e serviço prestado. Ao todo, a medida atinge quase 9 milhões de postos de trabalho. O Ministério da Fazenda também argumentou que, pela reforma da Previdência, é proibido adotar medidas que reduzam a arrecadação que paga as aposentadorias, o que ocorreria com a desoneração, segundo a pasta. Segundo lideranças no Congresso, o veto deve ser derrubado. (Folha)

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A aprovação pelo Senado de restrições a decisões monocráticas de ministros do Supremo Tribunal Federal foi duramente criticada pelo presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e por seu decano, Gilmar Mendes. Em resposta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou em fala dura que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) não é uma retaliação, mas um aprimoramento, visando reforçar o que diz a Constituição. Afirmou que nenhuma instituição é intocável e se queixou de agressões gratuitas dos ministros. “Não me permito debater e polemizar nada dessas declarações de ministros do STF, porque considero que o Supremo não é palco e arena política”, afirmou. “Nenhuma instituição tem o monopólio da defesa da democracia no Brasil”, disse, destacando que atuou em defesa das instituições e do STF quando necessário. Pacheco criticou a polarização, dizendo que “o discurso político no Brasil, infelizmente, está muito pobre, vazio de argumentos”. “Não me permito fazer um debate político, tampouco receber agressões que gratuitamente recebi, por membros do STF, em razão de um papel constitucional que cumpri.” (Folha)

Horas antes, na sessão de ontem do Supremo, Barroso disse que a erosão das instituições em países que recentemente viveram retrocesso democrático começou por mudanças nas supremas cortes. “Os antecedentes não são bons”, disse, acrescentando que “não há institucionalidade que resista” se todos os órgãos que se sentirem contrariados quiserem promover alterações no funcionamento da Corte. Ele destacou que o STF “não vê razão” para mudanças e que, em vez disso, há temas “importantes e urgentes” que deveriam estar sendo debatidos. Já Mendes afirmou que recebeu “recados” de que a PEC aprovada seria um “mal menor”, para impedir outras propostas mais graves ou um processo de impeachment. “Esta Casa não é composta por covardes. Esta Casa não é composta por medrosos”, disse. “Este STF não admite intimidações.” Ele destacou ainda que, se estivesse em vigor, a PEC teria impedido que o STF agisse contra “políticas públicas altamente lesivas” do governo de Jair Bolsonaro (PL). (Globo)

Eliane Cantanhêde: “O que era um mal-estar entre o Senado e o Supremo Tribunal Federal acabou se transformando numa crise entre os Três Poderes, com o Palácio do Planalto contra a parede, tendo de dar explicações e transbordando desconfiança para os dois lados. Mais uma vez, como no caso da âncora fiscal, do déficit zero e das pressões políticas sobre a Petrobras, destaca-se um personagem do centro do poder: Rui Costa, chefe da Casa Civil, unha e carne com Jaques Wagner, o líder do governo que, surpreendentemente, votou contra o Supremo”. (Estadão)

O STF formou maioria para rejeitar um recurso e manter a deputada Carla Zambelli por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo. Após uma discussão na véspera do segundo turno presidencial, ela perseguiu um apoiador do então candidato Lula com arma em punho. A defesa alegou que, como ela tinha porte de arma, não haveria atitude criminosa. O relator do caso, Gilmar Mendes, defendeu a rejeição do recurso, assim como Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Dias Toffoli. (g1)

Está em vigor desde a madrugada de hoje o cessar-fogo de quatro dias entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza, com 90 caminhões de ajuda humanitária entrando no território palestino pela fronteira com o Egito. A expectativa é às 11h, horário de Brasília, sejam libertados os primeiros 13 reféns tomados pelo Hamas nos atentados de 7 de outubro. Eles deixaram Gaza também pelo Egito, onde forças israelenses já os aguardam para checagem de identidades e atendimento médico. Em seguida, serão levados para Israel de helicóptero. Está prevista nesses quatro dias a troca de 50 cativos por 150 palestinos detidos por Israel. (BBC)

A trégua não significa o fim da guerra entre Israel e o Hamas. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, diz que os combates vão continuar após o cessar-fogo e prevê que as hostilidades devem durar pelo menos mais dois meses. Reforçando a fala de Gallant, as Forças Armadas de Israel alertaram os palestinos refugiados no sul da Faixa de Gaza para que não voltem para o norte, onde estão concentradas as operações. (CNN)

Meio em vídeo. Por que o movimento #MeToo, a ONU Mulheres, dezenas de outras organizações, ativistas famosas, jornalistas, que se dizem especializadas na cobertura de gênero, simplesmente resolveram ignorar a violência contra a mulher judia na guerra entre Israel e Hamas? Confira o que pensa Mariliz Pereira Jorge no De Tédio a Gente Não Morre. (YouTube)

Diplomatas brasileiros e argentinos intensificaram contatos para criar condições para que o presidente Lula assista à posse de seu colega eleito da Argentina, Javier Milei, em 10 de dezembro. Também estão agindo para que as relações bilaterais não andem para trás. O embaixador do Brasil em Buenos Aires, Júlio Bitelli, e o da Argentina em Brasília, Daniel Scioli, que, segundo fontes deve permanecer no cargo, estão atuando com esses dois objetivos. Já há um canal de diálogo entre o embaixador brasileiro e membros do gabinete de Milei, principalmente a futura ministra das Relações Exteriores, Diana Mondino. (Globo)

Quem tem o poder?

Tony de Marco & Spacca

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Viver

Dados do Observatório do Clima, divulgados ontem, mostram que o Brasil reduziu as emissões de gases do efeito estufa em 8% no ano passado. Pesaram a favor a diminuição da taxa de desmatamento na Amazônia e o grande volume de chuvas, que dispensou o uso de usinas termelétricas para geração de energia. Mesmo com a queda, a agropecuária teve um aumento recorde de emissões, com alta de 3%, a maior desde 2003. Entre 2019 e 2022, o Brasil emitiu 9,4 bilhões de toneladas brutas de CO2, voltando aos mesmos patamares da década de 1990 e início dos anos 2000. Desse total, 1,12 bilhão de tonelada provém da destruição dos biomas nacionais. (g1)

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O IBGE disponibilizou ontem um estudo inédito sobre a biodiversidade brasileira em 2022. A pesquisa mapeou e analisou mais de 22,5 milhões de ocorrências de fauna e flora de diferentes fontes e inseridas no Sistema de Informação da Biodiversidade Brasileira. O Brasil é um dos 17 países que abrigam mais de 70% das espécies catalogadas no planeta, mas, segundo o IBGE, ainda há muito a descobrir. O órgão abriu um canal de atendimento ao público que tenha interesse em fazer críticas, elogios ou registrar suas percepções sobre o estudo. (Agência Brasil)

Nove anos de prisão. Essa foi a pena que o Ministério Público de Barcelona, na Espanha, pediu para o ex-jogador da seleção brasileira de futebol Daniel Alves, que é acusado de ter estuprado uma mulher em uma boate em dezembro do ano passado. Ele nega o crime, mas está preso preventivamente desde janeiro. Alves será julgado por agressão sexual, já que a legislação espanhola não tem tipificação específica para estupro, podendo ser condenado a até 15 anos de prisão. (g1)

De discussão entre pássaros a canguru tocando “guitarra no ar”. Conheça os vencedores do concurso que premia as fotografias mais engraçadas da vida selvagem. (g1)

Cultura

Sem lançar material inédito desde 2012, quando emplacou os sucessos Esse Cara Sou Eu (Spotify) e A Mulher Que Eu Amo (Spotify), o Rei Roberto Carlos fez a alegria dos fãs ontem com o lançamento da canção romântica Eu Ofereço Flores (YouTube). A música, que faz uma homenagem a seu público, a quem agradece com flores ao final dos espetáculos, foi apresentada pela primeira vez em um show comemorativo de seus 82 anos, em 19 de abril, quando cantava em Cachoeiro de Itapemirim (ES), sua terra natal. O Rei deve cantar a faixa durante a gravação de seu especial de fim de ano, no próximo dia 29. (Estadão)

Desânimo. Este é o sentimento compartilhado pela maior parte do público, editoras e escritores no segundo dia da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Mesmo com a presença de nomes de peso, como Itamar Vieira Junior e Natalia Timerman, entusiasmo não era a palavra ideal para descrever a emoção da maioria que transitava pela cidade histórica. Entre as reclamações ouvidas pela Folha, estão a relação custo do ingresso versus atratividade das mesas, e o “total elitismo” da lista oficial. Por outro lado, houve quem comemorasse o espaço dado à poesia, considerando “importantíssima” a iniciativa, como o debate de ontem Poesia Não é Luxo. (Folha)

Entre críticas e elogios, a Flip segue com sua programação até domingo. (CNN Brasil)

Durante os trabalhos que culminaram no conceituado disco Transa (Spotify), de Caetano Veloso, em 1972, Jards Macalé escreveu duas letras com seu amigo: Esse Cara, interpretada por Maria Bethânia, e a ainda inédita Corta Essa, que foi aprovada pelos censores da ditadura, mas nunca chegou a ser gravada. Antes de lançar seu primeiro álbum, em entrevista ao Globo, Macalé cantou a música ao repórter, que reproduziu os primeiros versos na matéria. A letra original, até então desconhecida, foi revelada pelo Estadão ontem, mas os músicos, que se apresentam juntos em São Paulo, neste fim de semana, não quiseram comentar. (Estadão)

Uma boa dica para quem está no Rio durante o fim de semana é a exposição Poá-Panema, do fotógrafo Renan Cepeda, que será aberta amanhã, às 15h, na Gaby Indio Arte Contemporânea. É um conjunto de fotografias noturnas de árvores solitárias em meio a plantações do Vale do Paranapanema (PR e SP), iluminadas por drones e pelo luar. As fotos, impressas em chapas de alumínio, têm como molduras placas de peroba-rosa, uma madeira nobre típica da região.

Cotidiano Digital

O Instagram vai permitir que seus usuários baixem Reels públicos diretamente no celular. Segundo o CEO da rede social, Adam Mosseri, os vídeos baixados terão uma marca d’água do Instagram e o nome da conta, como no TikTok. Antes, a plataforma permitia apenas salvar os Reels no aplicativo para visualização. Agora, os usuários podem clicar no botão de compartilhamento e selecionar a opção de download. Também é possível desativar a funcionalidade caso o perfil não queira permitir que outras pessoas baixem seus vídeos. O Instagram começou a liberar o download nos Estados Unidos em junho. (TechCrunch)

Enquanto isso, Elon Musk anunciou que o X voltará a exibir títulos de links postados na rede social, menos de dois meses após suspender esse recurso. O motivo seria um pedido do próprio Musk, que alegou que a mudança melhoraria a estética da plataforma. Desde que adquiriu o Twitter, em outubro de 2022, o executivo já introduziu diversas mudanças na rede social. Recentemente, Musk mudou o algoritmo após críticas ao conteúdo compartilhado na rede social. O objetivo é combater a disseminação de desinformação relacionada ao conflito entre Israel e Hamas. (Business Insider)

Meio em vídeo. A direção da OpenAI, criadora do ChatGPT, chegou a um acordo e Sam Altman retornou ao cargo de presidente-executivo dias após sua demissão. Pedro Doria e Cora Rónai discutem o futuro da startup que está no centro do avanço acelerado da inteligência artificial. (YouTube)

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Na Curadoria desta semana, Bruna Buffara explicita o convívio paradoxal da invasão do K-Pop, doramas e animes e o orientalismo, o racismo contra orientais, que persiste em nossa sociedade. Assista. Toda sexta, às 11h15.

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