No G20, Brasil critica paralisia da ONU frente a guerras

A abertura da reunião de chanceleres do G20, no Rio de Janeiro, foi marcada ontem pela crítica brasileira ao uso da força e à paralisia da ONU frente às guerras na Faixa de Gaza e na Ucrânia. “O Brasil não aceita um mundo em que as diferenças são resolvidas pelo uso da força militar. Uma parcela muito significativa do mundo fez uma opção pela paz e não aceita ser envolvida em conflitos impulsionados por nações estrangeiras”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. “O Brasil rejeita a busca de hegemonias, antigas ou novas. Não é do nosso interesse viver em um mundo fraturado”, acrescentou. O chefe do Itamaraty propôs que o encontro seja concentrado no debate sobre as guerras e a reforma da governança global. Segundo ele, o G20 passou a abordar questões de paz e segurança, fora do escopo inicial, por causa da paralisia da ONU e pode contribuir para reduzir tensões. “Não podemos ignorar o fato de que a governança global precisa de profunda reformulação.” (Estadão)

Tendo como pano de fundo a crise diplomática entre Brasil e Israel, o presidente Lula recebeu no Palácio do Planalto o secretário de Estado americano, Antony Blinken, que veio ao país para a conferência do G20. Lula já criticou mais de uma vez o governo americano por usar o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para barrar resoluções exigindo o cessar-fogo em Gaza. O encontro de quase duas horas tratou, além do conflito no Oriente Médio, de assuntos bilaterais, como uma proposta de aceleração de empregos nos dois países. Na saída, Blinken evitou falar sobre a situação palestina, dizendo apenas que o encontro “foi ótimo” e que Brasil e EUA “estão fazendo coisas muito importantes juntos”. (UOL)

Já o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, afirmou que Blinken disse a Lula que não concorda com suas recentes declarações. “O secretário teve a chance de discutir os comentários com o presidente Lula e deixou claro que esses são comentários com os quais discordamos.” (Metrópoles)

Buscando botar água na fervura com a comunidade judaica, assessores de Lula defendem que ele dê uma declaração explicando que, ao comparar a ação militar israelense em Gaza ao genocídio nazista, estava criticando o governo de Israel, não o povo judeu, revela Valdo Cruz. A avaliação é que a resposta diplomática já foi dada de forma enfática pelo chanceler Vieira, mas que o episódio ganhou um dimensão interna, inclusive como uso pelo bolsonarismo, que exige a manifestação de Lula. (g1)

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A Polícia Federal acredita já ter a conexão entre a ideia de golpe, tratada numa reunião ministerial em julho de 2022, e a invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2022. A principal ligação seria uma mensagem do general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL), enviada em 27 de dezembro, após a eleição. Respondendo a uma pergunta de um assessor de Bolsonaro sobre um currículo, o general escreveu “se continuarmos, poderia enviar para a Sec. Geral”, dando a entender que via a possibilidade de o então presidente permanecer no poder, mesmo derrotado nas urnas. Além disso, Braga Netto, segundo as investigações, se empenhou em pressionar militares que não aceitavam aderir a uma tentativa de golpe. (Folha)

A defesa de Bolsonaro voltou a pedir ontem ao Supremo Tribunal Federal que libere o acesso à delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Os advogados também querem acessar o conteúdo dos celulares apreendidos na operação que investiga o planejamento de um golpe de Estado, alegando que sem isso fica prejudicado o “exercício pleno da ampla defesa”. O ex-presidente e vários ex-ministros e assessores depõem hoje à PF. (UOL)

E o quartel-general do Exército em Brasília já prepara um alojamento no Comando Militar do Planalto para uma eventual prisão de Bolsonaro, generais e oficiais de alta patente. Segundo a coluna Radar, uma série de melhorias na estrutura do local já foram aplicadas. (Veja)

Meio em vídeo. O voto do Senado para piorar a vida dos presos brasileiros é puro suco de bolsonarismo. O fato de que o governo não conseguiu evitar o trator da direita mostra a força que este eleitorado tem. Neste cenário, a declaração de Lula sobre Israel foi uma vitória do bolsonarismo nas redes sociais. Jair estava em baixa — mas a semana está sendo boa para ele. Veja o que pensa Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

Mais Meio em vídeo. Criada pelo sociólogo Rodrigo Reduzino e dirigida pelo cineasta Luís Carlos de Alencar, a minissérie Enredos da Liberdade trata da importância do Carnaval na redemocratização. No Conversas com o Meio, Luciana Lima recebe os dois para tratar da resistência à ditadura militar a partir dos sambas-enredos dos anos 1980. (YouTube)

Horas depois de se reunir com os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e com os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou que não haverá reoneração da folha de pagamento. “A desoneração da folha dos 17 setores está mantida, assim será e eventuais alterações serão então amadurecidas por projeto de lei e não por medida provisória. A construção política está feita”, disse. (g1)

Em meio a ruídos envolvendo o Orçamento, devido ao veto a parte do valor das emendas de comissão, o presidente Lula chamou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes da Casa para uma reunião no Palácio do Alvorada hoje, às 19h. O petista busca se aproximar dos parlamentares e sinalizar as prioridades do Planalto. (Globo)

Vera Magalhães: “Pacheco virou o foco de todas as pressões políticas na queda de braço entre o governo Lula e o Congresso, notadamente a Câmara sob comando de Lira. Diante da pressão de deputados e senadores, capitaneados pelo presidente da Câmara, para uma solução rápida para o veto de R$ 5,6 bilhões em emendas ao Orçamento, o governo age para que Pacheco mate no peito e não marque a sessão para a análise desse e de outros vetos de Lula”. (Globo)

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Viver

O governo do Rio de Janeiro declarou ontem que o estado vive uma epidemia de dengue com crescimento de infecções em 92 cidades. São 49.405 casos desde o começo do ano, 20 vezes mais do que o esperado para o período, com quatro óbitos. Por causa do alto índice de infectados, o governo criou um Centro de Operações de Emergência para agilizar e ampliar a organização de estratégias de vigilância da doença e vai reforçar o contingente de médicos e enfermeiros nas 27 Unidades de Pronto Atendimento. (g1)

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Morreu ontem, em São Paulo, o economista Affonso Celso Pastore, que presidiu o Banco Central entre 1983 e 1985, últimos anos da ditadura militar. Ele tinha 84 anos e não resistiu a uma operação a que fora submetido no sábado. O paulistano Pastore era formado pela USP, onde também fez seu doutorado, e começou na vida pública em 1966, como assessor de Delfim Netto na Secretaria de Fazenda de São Paulo, seguindo com ele para o Ministério da Fazenda no ano seguinte. Fora do setor público desde sua saída do BC, fundou a consultoria A. C. Pastore & Associados, além de escrever livros e colunas em jornais. Em 2021, ensaiou uma volta à política ao assessorar o hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR) em sua abortada candidatura à presidência. (Estadão)

Luto também nas Ciências Humanas, com a morte do sociólogo Luiz Werneck Vianna, aos 86 anos, de causa não informada. Nascido no Rio de Janeiro, formou-se em Direito na antiga Universidade do Estado da Guanabara, atual Uerj, e em Ciências Sociais pela UFRJ. Em 1970, no auge da ditadura militar, exilou-se no Chile. Ao retornar, publicou livros considerados fundamentais para a sociologia brasileira, como Liberalismo e Sindicato no Brasil. Era professor PUC-Rio. (g1)

A área desmatada na Amazônia foi 60% menor em janeiro do que a registrada no mesmo mês do ano passado, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia. Foi o décimo mês consecutivo de redução. Conforme imagens de satélites, a Amazônia teve uma área de 79 km2 desmatada no mês passado, contra 198 km2 em janeiro de 2023. Ainda assim, a devastação diária equivale a mais de 250 campos de futebol. (g1)

Panelinha no Meio. Bolinho, por definição, é bom, não importa de quê. E risoto de funghi é uma das coisas que nos faz acreditar em planos mais elevados da existência. Agora imagine empanar e fritar bolinhas desse risoto, com um cubinho de muçarela dentro para tornar ainda mais sublime.

Cultura

As estreias de hoje nos cinemas começam em alta velocidade com Ferrari (trailer). Após Casa Gucci, Adam Driver volta a viver um italiano, agora Enzo Ferrari (1898-1988), o piloto que virou empresário e revolucionou o mundo dos carros esportivos. Da Itália damos um pulo na vizinha Grécia para conferir o romance LGBTQIA+ Nosso Verão Daria um Filme (trailer), onde dois amigos atores imaginam um roteiro baseado nas próprias experiências. Já o brasileiro Cedo Demais (trailer) mostra o impasse de dois homens que se descobrem apaixonados pela viúva do recém-falecido melhor amigo. Para os fãs de animes, chegam juntos às telas o indicado ao Oscar O Menino e a Garça (trailer), do mestre Hayao Miyazaki, em que um garoto vive uma jornada de crescimento emocional e espiritual, e Demon Slayer: Para a Vila do Espadachim (trailer), compilação de episódios da série de sucesso.

Confira a programação completa dos cinemas. (AdoroCinema)

Beyoncé escreveu mais um capítulo na música dos EUA ao se tornar a primeira mulher negra a liderar a parada de country music – gênero associado prioritariamente a homens brancos. Seu novo single, Texas Hold ’Em (Spotify) estreou como número um da lista Hot Country Songs, da Billboard. Antes dela, apenas uma cantora, Taylor Swift, havia ocupado esse posto sem ser em dueto com um homem. Mas a conquista não parou por aí. Beyoncé também é a primeira mulher a ter no currículo o primeiro lugar nas paradas country e R&B/Hip-Hop, igualando o feito de quatro homens: Morgan Wallen, Justin Bieber, Billy Ray Cyrus e Ray Charles. Sua outra canção country, 16 Carriages (Spotify), está em nono lugar. (CNN)

Cotidiano Digital

São Paulo vai ganhar um centro de engenharia do Google, que será instalado no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), vinculado ao governo estadual. Entre as frentes de trabalho produzidas pela parceria estão inteligência artificial e segurança na internet. De acordo com a big tech, as equipes vão focar na criação de soluções para aumentar a proteção dos usuários em serviços como Gmail e buscas. As obras devem começar em setembro, com inauguração prevista para 2026. Este será o segundo espaço do tipo criado pelo Google no Brasil: o primeiro foi em Belo Horizonte (MG), em 2016. (g1)

O WhatsApp lançou ontem quatro novas opções de formatação de texto nas versões Android, iOS, Web e Mac. Agora é possível editar as mensagens como lista de itens, lista numerada, citação de bloco e código embutido. Antes, os usuários já contavam com negrito, itálico, tachado e monoespaçado. Segundo a companhia, os novos recursos ajudam a economizar tempo de digitação e deixam a comunicação mais eficaz. Saiba como usar. (Olhar Digital)

A Apple disse ter alcançado um novo patamar em proteção de mensagens com criptografia de ponta a ponta. O recurso deve ser incorporado ao próximo lançamento do iOS 17.4, iPadOS 17.4, macOS 14.4 e watchOS 10.4. O protocolo PQ3 vai oferecer criptografia e defesa robustas contra ataques sofisticados de computação quântica no iMessage. Ainda que esse tipo de ataque não seja uma ameaça atual, a companhia se prepara para um futuro em que hackers podem atacar mensageiros com a ajuda de computadores extremamente poderosos. Segundo a big tech, a atualização foi criada do zero e supera a qualidade do Signal, considerado o aplicativo de mensagens mais seguro. (The Verge)

Leila Sterenberg, jornalista com vasta experiência como âncora, repórter, mediadora e apresentadora vai conversar ao vivo com os participantes da aula inaugural do Você na Mídia, nosso curso de media training direto, acessível e interativo. Assinantes premium do Meio podem assistir gratuitamente à aula no dia 29/2 e se inscrever no curso depois, com um desconto de 20%. Uma boa oportunidade para você fazer sua assinatura agora.

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