Cid nega ter acusado Bolsonaro de tramar golpe

Embora a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid tenha sido o ponto de partida para a investigações sobre um plano para manter ilegalmente no poder o ex-presidente Jair Bolsonaro, o militar tem dito a interlocutores que nunca acusou o antigo chefe de tramar um golpe. Cid, que volta a depor à Polícia Federal hoje, estaria irritado com o vazamento de trechos de seu depoimento anterior. “Não sou traidor, nunca disse que o presidente tramou um golpe. O que havia eram propostas sobre o que fazer caso se comprovasse a fraude eleitoral, o que não se comprovou e nada foi feito”, teria dito ele a uma pessoa próxima. O problema é que o depoimento de Cid não é o único elemento de que a PF dispõe. Mensagens dele obtidas pelos agentes dizem que Bolsonaro era instado a uma medida “mais pesada” e, “obviamente, utilizando as forças [Armadas]”. Além disso, como mostra o Radar, a PF encontrou no celular do ex-major Aílton Barros prints de mensagens trocadas com Cid e com o presidente que reforçam os indícios de uma tentativa de anular as eleições de 2022. (Veja)

Aos olhos da PF, a situação de Cid é complicada, conta Bela Megale. O antigo ajudante de ordens do ex-presidente omitiu em sua delação a reunião ministerial de julho de 2022, na qual foi discutida a “dinâmica golpista”, descoberta através de documentos e outras testemunhas. No depoimento de hoje, os agentes esperam que o tenente-coronel corrija a omissão e dê mais detalhes sobre o evento. Do contrário, seu acordo de delação premiada pode ser cancelado, o que o mandaria de volta para a prisão. (Globo)

Bolsonaro e outros investigados estão proibidos de participar de eventos das Forças Armadas. A determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes acontece semanas antes de se completarem 60 anos do golpe de 1964, sempre enaltecido pelo ex-presidente. Além dele, foram atingidos pela medida os ex-ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Paulo Sergio Nogueira (Defesa) – todos generais da reserva – e Anderson Torres (Justiça) e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O Ministério da Defesa e os comandos das três Armas já foram informados da decisão. (Folha)

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Primeiro ministro indicado por Jair Bolsonaro ao STF, Kássio Nunes Marques adota consistentemente na Corte posições conservadoras. Isso, porém, não tem impedido sua crescente aproximação com presidente Lula (PT), mediada por seu amigo Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento Social e ex-governador do Piauí, seu estado, e pelo colega e antigo desafeto Gilmar Mendes. Nunes Marques conseguiu que Lula nomeasse para tribunais alguns de seus indicados, enquanto o governo tem interesse em diversos processos nas mãos do ministro. A aproximação entre os dois têm preocupado os bolsonaristas, já que Nunes Marques presidirá o TSE nas próximas eleições gerais, em 2026. (Globo)

Sondagem do Ipec divulgada na sexta-feira mostra que a avaliação ótimo e bom do governo Lula caiu para 33%, contra os 38% de dezembro. Já os que consideram o governo regular passaram de 30% para 33%, enquanto ruim ou péssimo variou de 30% para 32% – única mudança dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. A avaliação positiva é a menor desde o início do governo e a negativa, a maior. Em março de 2023 – quando a primeira pesquisa foi feita – o percentual de ótimo e bom era de 41% e o de ruim ou péssimo de 24%. (g1)

Portugal virou à direita. A Aliança Democrática, coligação que reúne diversas legendas conservadoras, foi a mais votada nas eleições legislativas de ontem, com 29,49% dos votos, menos de um ponto acima dos 28,66% do Partido Socialista, atualmente no poder. Mas o que chamou a atenção o avanço da legenda de ultradireita Chega, terceira colocada, que multiplicou por quatro sua participação no Parlamento e vai ser crucial para a formação de um novo governo. André Ventura, líder do Chega, afirmou que os portugueses deram um recado claro de que desejam uma coalizão de direita, mas a AD resiste à plataforma xenófoba e anti-imigração de seu partido. Pedro Nuno Santos, líder do PS, reconheceu a derrota e disse que os socialistas vão comandar a oposição a um governo da AD. (Público)

A ação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu mais prejudica do que beneficia Israel. A opinião contundente não veio de um opositor, mas de Joe Biden, presidente dos EUA, mais importante aliado do Estado judeu. “Ele precisa prestar atenção às vidas inocentes que estão sendo perdidas por conta de suas ações”, afirmou Biden em entrevista. Embora tenha reafirmado o apoio americano a Israel, Biden afirmou que a invasão de Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza onde estão centenas de milhares de refugiados, seria uma “linha vermelha” para os EUA, sem especificar que consequências ela acarretaria. (NBC News)

Para ler com calma. Israel precisa decidir para onde vai e quem vai conduzi-lo até lá. Essa é a conclusão do ex-primeiro-ministro Ehud Barak, que, em artigo, pede a realização de novas eleições no país. Segundo ele, a recusa de Netanyahu e seu governo de extrema direita em atender aos apelos dos EUA por uma solução pós-guerra que leve à criação de um Estado palestino desmilitarizado é a maior ameaça à segurança de Israel. “Só há um modo de impedir que Netanyahu leve Israel a uma longa Guerra regional: eleições gerais no mais tardar até junho deste ano. Uma oposição unida deve concorrer com a promessa de aceitar, com condições, a proposta de Biden e de dizer ‘não!’ explicitamente aos fanáticos racistas e messiânicos com os quais Netanyahu se associou”, escreve o ex-premiê. (Foreign Affairs)

Lilia Schwarcz na ABL

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Viver

Uma foto da princesa de Gales com os três filhos foi divulgada ontem pelo Palácio de Kensington para acalmar os rumores sobre a saúde de Kate, longe dos olhos do público após passar 13 dias internada em janeiro. Mas o tiro saiu pela culatra. Quatro importantes agências de notícias – Getty Images, AFP, Reuters e AP – retiraram a foto de seus bancos de imagens por suspeita de manipulação, apontando uma “inconsistência no alinhamento da mão esquerda da princesa Charlotte”. Em vez de acalmar o público, a imagem despertou mais polêmica. A família real ainda não se pronunciou. (BBC)

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Os alertas de desmatamento na Amazônia caíram 29,7% em fevereiro deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo o sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Foram 226,2 km² de floresta perdidos no segundo mês deste ano ante os 321,9 km² de 2023. Mesmo com a redução, esse é o segundo maior índice de alertas para o mês da série histórica iniciada em 2016. As maiores perdas foram registradas no Mato Grosso (613,4 km²), seguido por Pará (386,2 km²) e Amazonas (201,8 km²). (Folha)

Divulgado pelo IBGE neste 8 de março, o estudo Estatísticas de Gênero não deixa dúvidas sobre a desigualdade entre homens e mulheres no Brasil. Elas trabalham, em média, 2,3 horas por semana a mais que eles, somando atividades profissionais, cuidados com pessoas e afazeres domésticos. Entretanto, o rendimento médio feminino corresponde a 78,9% do masculino. Desde o último estudo desse tipo, realizado em 2016, a discrepância entre o tempo de trabalho entre os homens e as mulheres caiu apenas 36 minutos. O tratamento do mercado de trabalho em relação a pessoas com filhos pequenos também mostra a desigualdade. Mulheres com crianças de até seis anos têm um nível de ocupação 9,6% menor que o das que não têm filhos. Com os homens ocorre o contrário. O nível de ocupação é maior entre os que têm filhos pequenos. (UOL)

Cultura

A cerimônia de entrega do Oscar na noite de ontem confirmou o favoritismo de Oppenheimer, que levou sete das 11 estatuetas a que foi indicado, incluindo melhor filme, diretor (Christopher Nolan), ator (Cillian Murphy) e ator coadjuvante (Robert Downey Jr.), som, fotografia e montagem. Em seguida veio Pobres Criaturas, com quatro, incluindo a surpresa de Emma Stone, que não era a favorita a levar melhor atriz. Da'Vine Joy Randolph, de Os Rejeitados emocionou a plateia ao receber o prêmio de melhor atriz coadjuvante. (Hollywood Reporter)

Onde há vencedores, há perdedores. Barbie, maior bilheteria do ano passado, ficou apenas com melhor canção, What Was I Made For? (Spotify), de Billie Eilish e seu irmão Finneas O’Connel, a segunda estatueta da dupla. Já os elogiados Maestro, de Bradley Cooper, e Assassinos da Lua das Flores, de Martin Scorsese, foram para casa de mãos abanando. O favorito Homem-Aranha no Aranhaverso perdeu melhor animação para O Menino e a Garça. (Variety)

A política falou alto na cerimônia. Ao vencer melhor filme em língua estrangeira com Zona de Interesse, Jonathan Glazer, criticou duramente a ação militar israelense em Gaza. Diversos convidados usaram um broche vermelho pedindo um cessar-fogo imediato no território palestino. Já Mstyslav Chernov, que ganhou melhor documentário por 20 Dias em Mariupol, disse ser provavelmente o único diretor ali que gostaria de não ter feito seu filme, que retrata a invasão da Ucrânia pela Rússia. E o apresentador Jimmy Kimmel respondeu ao vivo a um post de Donald Trump criticando sua performance: “Não passou da hora do senhor estar preso?” (CNN e Independent)

Confira a lista completa de vencedores e indicados.

O Festival Amazonas de Ópera (FAO), maior do gênero na América Latina foi cancelado pelo governo estadual. Cinco produções, entre elas Simon Boccanegra, de Verdi, estrelado pelo premiado barítono Paulo Szot, e Fedora, de Giordano, deixarão de acontecer. A programação também contaria com um concerto em homenagem ao centenário da morte do compositor italiano Giacomo Puccini. O festival seria realizado entre 16 de abril e 26 de maio no histórico Teatro Amazonas. A Secretaria de Cultura do Amazonas atribuiu o cancelamento a uma redução de gastos com o objetivo de “manter o equilíbrio orçamentário do governo e manutenção de serviços prioritários”. (Globo)

Associação de Moradores de Copacabana busca judicialmente impedir o possível show de Madonna na praia. Mesmo sem confirmação oficial, a AMACOPA quer evitar a apresentação. Segundo informações, o evento planejado para o dia 4 de maio seria patrocinado pelo Itaú, como parte da comemoração de seu centenário, marcando também o encerramento da Celebration Tour e dos 40 anos de carreira de Madonna. (Metrópoles)

Cotidiano Digital

A Apple voltou atrás e disse que vai restabelecer o acesso de desenvolvedor da Epic Games para oferecer jogos nos dispositivos iOS na Europa. A conta havia sido encerrada na última quarta-feira, após o CEO da Epic, Tim Sweeney, ter criticado abertamente a big tech por práticas anticompetitivas. A empresa da maçã reviu a decisão depois que a União Europeia disse que investigaria o caso. “Após conversas com a Epic, eles se comprometeram a seguir as regras, incluindo nossas políticas [da Lei dos Mercados Digitais]”, disse a Apple. “Isso envia um forte sinal aos desenvolvedores de que a Comissão Europeia agirá rapidamente para fazer cumprir a Lei dos Mercados Digitais”, comentou a dona do Fortnite. (TechCrunch)

O X de Elon Musk planeja lançar um app para smart TVs da Amazon e Samsung nesta semana, revelou uma fonte interna à Fortune. Respondendo a um usuário no sábado, Musk confirmou a iminente disponibilidade de vídeos de longa duração nas smart TVs, expressando o desejo de oferecer conforto na visualização de conteúdo em telas maiores; “em breve.” Segundo a Fortune, o X TV terá semelhanças com o aplicativo YouTube TV do Google, um dos serviços com os quais Musk pretende competir, além do Twitch, Signal e Reddit. (O Globo)

A ferramenta de inteligência artificial Sora, da OpenAI, confundiu a maior parte dos adultos, segundo levantamento da HarrisX. A maioria dos entrevistados nos EUA errou ao distinguir vídeos gravados por humanos dos gerados pela Sora, em uma pesquisa realizada semanas depois do lançamento da ferramenta. A pesquisa também revelou o apoio à regulamentação do governo para rotular conteúdo gerado por IA, mesmo em uso de texto. Embora a Sora não tenha sido lançada publicamente, a indústria teme as implicações, principalmente com deepfakes em ano eleitoral. As reações dos entrevistados ao saberem que os vídeos eram gerados pela Sora variaram de curiosidade (28%), incerteza (27%), mente aberta (25%) ansiedade (18%), inspiração (18%) e medo (2%). (Variety)

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