PF prende suspeitos de mandar matar Marielle

Mais de seis anos depois do crime, a Polícia Federal prendeu na manhã de ontem três acusados de encomendarem o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), em 14 de março de 2018 – o motorista dela, Anderson Gomes, também morreu no atentado. Os presos são os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e Chiquinho Brazão, deputado federal pelo União Brasil, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, denunciados pelo ex-PM Ronnie Lessa, autor confesso das mortes. De acordo com a PF, os Brazão idealizaram o crime e Barbosa, que assumiu o cargo de chefia na véspera, o planejou meticulosamente, além de prometer impunidade aos cúmplices. Segundo Lessa, os irmãos lhe ofereceram lotes de terra e um posto de comando em uma milícia em troca do assassinato. Marielle, dizem os agentes, foi morta por combater a expansão territorial das milícias que controlam grandes áreas na capital fluminense. As prisões foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, para onde o caso subiu pelo deputado ter foro especial. Durante a tarde, ele retirou o sigilo sobre o relatório final da PF (íntegra). Os agentes federais assumiram o inquérito em fevereiro do ano passado. (g1)

A Executiva Nacional do União Brasil expulsou Chiquinho Brazão, por unanimidade, ainda na noite de ontem. A reunião para tratar do caso estava marcada para amanhã, mas a cúpula do partido a antecipou. O presidente da legenda, Antonio Rueda, afirmou que Brazão já não tinha relação com o partido e havia pedido ao TSE autorização para se desfiliar. (Metrópoles)

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT), usou as redes sociais para comentar a prisão dos suspeitos de mandar matar sua irmã Marielle. “Só deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! (...) Estamos mais perto da Justiça!”, escreveu no X. Já a mãe delas, Marinete Franco, reagiu com surpresa ao envolvimento de Rivaldo Barbosa no caso. “A minha filha confiava nele e no trabalho dele. E ele falou que era questão de honra elucidar [o crime]”, disse. Monica Benicio, viúva de Marielle e também vereadora pelo PSOL carioca, lembrou que o ex-chefe da Polícia Civil foi a primeira autoridade a receber a família após o assassinato. “Hoje saber que o homem que nos abraçou e prestou solidariedade tem envolvimento nesse mando é para nós entender que a Polícia Civil não foi só negligente, mas foi também cúmplice desse processo”, afirmou. (CNN Brasil e g1)

Em entrevista coletiva no início da tarde, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que as investigações da Polícia Federal sobre a morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, estão encerradas “por ora”, embora fatos novos possam ser apresentados futuramente. “A polícia em suas investigações identificou os mandantes e demais envolvidos nesta questão, é claro que podem surgir novos elementos, mas neste momento os trabalhos foram dados como encerrados”, declarou. O ministro exaltou ainda o trabalho da PF e do STF na solução do caso, que classificou como “uma vitória do Estado brasileiro e das forças de segurança do país”. (Poder360)

Governo e oposição buscam minimizar o custo político da prisão dos irmãos Brazão. Os presos fizeram campanha para Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e 2022 e foram influentes na gestão do governador Cláudio Castro (PL), mas mantêm ligações com alguns aliados do presidente Lula, como a ex-ministra Daniela Carneiro. (Folha)

Para ler com calma. Mais do que detalhar a morte de Marielle e Anderson, a delação de Ronnie Lessa esmiúça o submundo da Polícia Civil fluminense, conta Vera Araújo. Segundo o ex-PM, Rivaldo Barbosa e outros policiais recebiam propina para não solucionar o caso — os pagamentos a Barbosa foram confirmados pelas investigações. O ex-chefe de polícia também estava por trás de uma tentativa de jogar a culpa do crime sobre milicianos e políticos rivais dos acusados presos ontem. (Globo)

Francisco Leali: “A ordem para trancafiar os Brazão, assinada pelo ministro Alexandre de Moraes, abre uma nova questão: como reagirá a Câmara dos Deputados com um dos seus acusado de assassinato? Por determinação legal, uma ordem de prisão de deputado precisa ser apreciada no plenário. O vento que sopra na política, empurra a Câmara na direção de confirmar a decisão do ministro.” (Estadão)

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Caso o STF anule o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, as investigações dos crimes a ele associados não serão prejudicadas, avalia a Polícia Federal. Como conta Aguirre Talento, os agentes afirmam que as informações passadas pelo antigo ajudante de ordens de Jair Bolsonaro já foram corroboradas por diálogos encontrados em telefones celulares apreendidos e por depoimentos de outras testemunhas, como os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica. Os policiais dizem ainda que mesmo os depoimentos de Cid seguem válidos, já que ele teria provocado a eventual anulação do acordo. Na sexta-feira, o tenente-coronel foi preso por obstrução de Justiça por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes após prestar depoimento. Em gravações obtidas pela Veja, Cid disse ter sido coagido pela PF e fez críticas a Moraes. Já no depoimento, ele negou a coação de disse não se lembrar da pessoa para quem encaminhou o áudio vazado. (UOL)

Enquanto isso... Jair e Michelle Bolsonaro entraram com uma ação judicial na sexta-feira contra o presidente Lula pedindo uma indenização de R$ 20 mil devido às declarações deste no ano passado sobre o suposto desaparecimento de mobília do Palácio da Alvorada ao fim do governo Bolsonaro. Segundo Lula, não havia “nenhum tipo de controle” na gestão do antecessor. Na semana passada, porém, a Comissão de Inventário Anual da Presidência da República localizou todos os 261 itens dados como desaparecidos. (CNN Brasil)

Insatisfeito há tempos com a atuação do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o Congresso decidiu tirar dele o controle sobre as emendas de comissão e de bancada, orçadas respectivamente em R$ 11 bilhões e R$ 8,5 bilhões. Senadores e deputados inseriram na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) um dispositivo para que os recursos sejam encaminhados diretamente as pastas responsáveis pelo gasto, sem passar pelo aval do Planalto – leia-se de Padilha –, como previa a regra anterior. O trecho aparentemente passou despercebido e foi sancionado pelo presidente Lula. (Valor)

Dois homens foram apresentados neste domingo em um tribunal russo como acusados pelo atentado que deixou 137 mortos na sexta-feira no Crocus City Hall, uma casa de shows nos arredores de Moscou. Dalerdzhon Mirzoyev, que seria natural do Cazaquistão, e Saidakrami Murodali Rachabalizoda, cuja nacionalidade não foi informada, mostravam muitos ferimentos no rosto. De acordo com as autoridades russas, quatro suspeitos haviam sido detidos, mas não se sabe a identidade nem o que aconteceu com os outros dois. O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou o atentado. (BBC)

E a Ucrânia classificou como “absurda” a tentativa da Rússia de associar o país ao ataque. O presidente russo, Vladimir Putin, havia afirmado que os quatro suspeitos foram presos quando tentavam “fugir para a Ucrânia”. Mais tarde, um dos mais importantes canais de TV da Rússia, a NTV, veiculou um vídeo falso, alterado com uso de IA, no qual Oleksiy Danilov, um alto oficial ucraniano, “dizia”: “Ontem foi um dia divertido em Moscou. Quero acreditar que vamos proporcionar mais diversão como essa.” (CNN)

Lavanderia do Crime

Marcelo Martinez

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Viver

Fortes chuvas no Sul do Espírito Santo causaram 16 mortes e deixaram cerca de 5.736 pessoas desalojadas. Mimoso do Sul foi um dos municípios mais afetados, com 14 óbitos. As outras vítimas eram de Apiacá. Na noite de sábado, o governo capixaba decretou situação de emergência. Alertas meteorológicos estão em vigor no estado, com previsão de chuvas intensas e grandes acumulados, sendo um dos avisos válido até às 23h59 deste domingo. O alerta é de perigo para as regiões Sul e Central, Noroeste e Litoral Norte do estado. As chuvas intensas também atingiram o Estado do Rio, onde oito mortes foram registradas. O cenário mais crítico é em Petrópolis, na Região Serrana, onde choveu mais de 340 mm desde sexta, sendo que a a média na cidade para todo o mês de março é de 250 mm. (g1)

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Pesquisa do Datafolha divulgada neste fim de semana retratou o perfil conservador do brasileiro em questões de costumes. A pesquisa mostra que 67% acham que o porte de maconha deve ser crime – em setembro 2023, o percentual era de 61% –, enquanto 31% defendem a descriminalização. Neste momento está parada no STF uma ação para estabelecer critérios que diferenciem o porte para uso pessoal do tráfico, ao mesmo tempo em que tramita no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) criminalizando generalizadamente o porte. O Datafolha também apurou que apenas 6% dos entrevistado apoiam o direito ao aborto em qualquer situação. A atual legislação tem o apoio de 45%, enquanto 35% defendem a proibição em qualquer circunstância. (Folha)

Cultura

Com muita música e muita lama, terminou a noite de ontem o Lollapalooza Brasil 2024. O show de encerramento coube à banda Greta Van Fleet, que já pegou o Autódromo de Interlagos esvaziando. A noite estava mais para o pop de Sam Smith e SZA, embora a grande emoção da noite fosse o sempre brilhante Gilberto Gil. O festival começou na sexta, com destaque para The Offspring, Arcade Fire, Jungle e Blink-182. Luisa Sonza e Marcelo D2 também marcaram presença. A cantora homenageou Chico Buarque com uma versão de Folhetim. O rapper levou o show de samba do seu último álbum, Iboru. No sábado, a chuva marcou o segundo dia. Kings of Leon foi a principal atração, com um setlist que representava os 25 anos de carreira da banda. Também estiveram nos palcos Limp Bizkit, Thirty Seconds to Mars e Hozier, mas foi o show dos Titãs que roubou a cena. (g1 e Estadão)

Ao longo da ditadura militar, Chico Buarque foi um dos alvos preferenciais da censura, com músicas, peças e discos inteiros proibidos. Essa história, revela Lauro Jardim, vai ser contada no livro O Que Não Tem Censura, Nem Nunca Terá: Chico Buarque e a Repressão Artística Durante a Ditadura Militar, que o jornalista Márcio Pinheiro lança em maio. Além dos exemplos de obras proibidas, o texto relata casos como a vez em que o artista disse a Ney Braga, ministro da Educação do governo Geisel: “Um encontro com um ministro, senhor ministro, é raro, mas os encontros com a censura são tão comuns.” (Globo)

Cotidiano Digital

Após um período na versão beta, o WhatsApp agora permite fixar até três mensagens nas conversas individuais ou em grupo. Antes, era possível fixar apenas uma. Segundo a Meta, a opção está disponível para texto, fotos, vídeos e áudios nas versões para Android, iOS, web e desktop. As mensagens podem ser destacadas por 24 horas, sete ou 30 dias. Nos grupos, os administradores podem definir se todos os membros têm acesso à função. Os usuários também podem destacar as enquetes, escolhendo por quanto tempo serão exibidas. (Tecmundo)

Uma nova falha de segurança, que não pode ser corrigida, foi encontrada em computadores Mac e MacBook da Apple. Pesquisadores descobriram que hackers podem acessar chaves de criptografia secretas nos chips M-Series da Apple. A falha, apelidada de “GoFetch”, permite acesso rápido a informações sensíveis e não pode ser corrigida devido ao design dos chips. Os pesquisadores informaram a Apple sobre o problema em dezembro de 2023 e divulgaram publicamente as análises após 107 dias. (Mashable)

E a Apple está negociando com a chinesa Baidu, entre outras empresas, para escolher a inteligência artificial que vai abastecer o próximo iPhone. A Apple tem procurado um fornecedor chinês porque o país exige que modelos de IA generativa sejam analisados pelos órgãos reguladores antes de serem lançados ao público. Desde a aprovação da regra, no ano passado, Pequim já aprovou mais de 40 modelos, incluindo o Ernie Bot, do Baidu. A China, aliás, é o maior mercado externo da Apple, mas a companhia enfrenta dificuldades com a intensificação da concorrência de rivais locais. (Wall Street Journal)

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