Prezadas leitoras, caros leitores —

Quem acompanhou o noticiário político esta semana encontrou um cardápio variado de retaliações: primo demitido, emenda retida, emenda à Constituição, ameaça de CPI, afastamento de juiz, bronca por afastamento de juiz.

Brasília se moveu ao ritmo da vingança. Talvez não a mais nobre das motivações. Mas a que aflora quando os Poderes estão conflagrados, se reacomodando, buscando, cada um, assegurar ou ampliar seu papel e, bem, seu poder. Os bastidores das revanches políticas e as explicações para esse momento tão desarmonioso estão na Edição de Sábado.

A capital federal faz aniversário neste domingo e contamos também algumas das histórias — e dos mitos — de sua fundação. E damos um panorama da guerra entre Estados Unidos e China por semicondutores.

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— Os editores.

Israel ataca alvos militares no Irã

Israel bombardeou nesta madrugada (hora local) alvos iranianos, em retaliação ao amplo ataque de drones e mísseis realizado por Teerã no último sábado. A informação foi divulgada por fontes do governo dos EUA, enquanto Tel Aviv disse que, por enquanto, não comentaria os incidentes. O alvo seria a região de Isfahan, uma das principais cidades do Irã, onde há instalações militares e centros de pesquisa nuclear. A mídia estatal iraniana disse que as defesas antiaéreas do país abateram três drones, cuja destruição teria provocado as explosões ouvidas na cidade. Nenhum dano em larga escala foi notificado. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, conversou com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, horas antes do ataque, mas não está claro se a ação israelense chegou a ser discutida explicitamente. Fontes dizem que a Casa Branca chegou a ser informada dos planos de bombardeio ao Irã, mas disse não os apoiar. De acordo com especialistas militares, o ataque foi uma “mensagem calculada” ao Irã: mirou alvos estratégicos, mas sem poder de fogo para causar grandes estragos. Em função disso, dizem analistas políticos, é provável que a fase de confronto direto entre Tel Aviv e Teerã esteja temporariamente encerrada. (CNN)

A relações entre Irã e Israel são tensas desde a Revolução Islâmica de 1979, mas atingiram um novo patamar após os atentados terroristas cometidos em 7 de outubro pelo Hamas, grupo islâmico apoiado por Teerã. No último dia 1º, um bombardeio atribuído a Israel destruiu o consulado iraniano em Damasco, na Síria, matando 12 pessoas, incluindo um general da Guarda Revolucionária Islâmica. (BBC)

Mais cedo, os EUA vetaram uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para reconhecer o Estado palestino. Doze membros do órgão votaram a favor da resolução, enquanto o Reino Unido, que também tem poder de veto, e Suíça se abstiveram. (CNN)

Enquanto isso... O deputado democrata Mike Levin, apoiado pelo poderoso lobby do Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel, defendeu ontem a mudança do governo israelense, dizendo que os atuais governantes, incluindo o premiê Benjamin Netanyahu, não estão “conduzindo a uma solução pacífica” para a região. (Politico)

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, afirmou em entrevista à Folha que estava pronto para visitar o Brasil após a posse de Javier Milei, em dezembro, mas não foi convidado. “Talvez Lula tenha outras prioridades, não sei”, disse. “O Brasil terá um grande impacto se a política de Lula com a Ucrânia mudar, se ele realmente quiser resolver a guerra e reconhecer a Rússia como agressora”, acrescentou. Sobre a viagem do assessor especial Celso Amorim à Rússia, prevista para a semana que vem, disse que não pode “impedir ninguém de ir aonde quiser”. Mas, em relação a uma participação de Lula no encontro do Brics, em outubro, no território russo, a resposta foi outra: “Seria um grande erro. Temos que isolar politicamente Vladimir Putin. Ele precisa sentir que cometeu um erro histórico ao invadir a Ucrânia. Quando você vai até ele, você o reconhece”. (Folha)

O Supremo Tribunal Federal (STF) reagiu ao relatório Ataque Contra Liberdade de Expressão no Exterior e o Silêncio da Administração Biden: o Caso do Brasil, divulgado por uma comissão do Congresso dos Estados Unidos, com várias decisões sigilosas do ministro Alexandre de Moraes. O documento contém ordens judiciais enviadas ao X para derrubada de perfis e conteúdos, mas sem a fundamentação da decisão. Em nota, a assessoria da Corte esclareceu que “não se tratam das decisões fundamentadas que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, mas sim dos ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão”. “Fazendo uma comparação, para compreensão de todos, é como se tivessem divulgado o mandado de prisão (e não a decisão que fundamentou a prisão)”, diz a nota, acrescentando que “todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação”. O colegiado americano é presidido pelo deputado republicano Jim Jordan, ligado ao ex-presidente Donald Trump. (Folha)

O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, minimizou a divulgação do documento e disse que considera o episódio uma questão interna americana. “Neste momento, é um problema de política interna dos Estados Unidos”. (Veja)

Dono do X, o bilionário Elon Musk afirmou ontem que “a lei violou a lei” ao compartilhar uma publicação que critica a atuação de Moraes, após a divulgação do relatório americano sobre a suposta “censura do governo brasileiro” à plataforma. O post de Musk é uma resposta a um usuário que compartilhou informações do documento. (Estadão)

E o STF voltou a julgar no plenário virtual, desde o primeiro minuto de hoje, uma ação que discute se é possível bloquear por decisões da Justiça aplicativos de mensagens, como WhatsApp ou Telegram. O julgamento termina no dia 26, se não houver pedido de vista ou destaque. (g1)

O presidente Lula participou ontem da reabertura do Conselho Nacional de Política Indigenista pelo Ministério dos Povos Indígenas. O conselho havia sido fechado em 2019 pelo governo Bolsonaro. Na cerimônia, Lula assinou a homologação de duas terras indígenas: Aldeia Velha (BA) e Cacique Fontoura (MT). A expectativa, no entanto, era que outras quatro áreas fossem homologadas, o que não foi possível por dificuldade de retomada dos territórios. Desde o início do governo, houve dez homologações. Essa é a etapa final do processo demarcatório, que em alguns casos se estende por décadas. Para os povos indígenas, a medida significa direitos plenos sobre as terras: posse permanente e uso exclusivo dos recursos naturais. (CNN Brasil)

Os deputados do PT e do PSOL estão pessimistas quanto à possibilidade de derrubar na Câmara a PEC aprovada no Senado criminalizando o porte e a posse de qualquer entorpecente. Além de a maioria no Congresso ser conservadora, há entre os governistas o entendimento de que o Executivo quer dar prioridade à agenda econômica e não pretende gastar energia brigando por pautas de costumes. A bancada bolsonarista e parte do Centrão, por sua vez, vêm pressionando o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a dar celeridade à tramitação da proposta, mas ainda não há data para a entrada em pauta. (Folha)

O novo Atlas

Tony de Marco

Viver

Diante dos estoques de vacinas contra a dengue com vencimento previsto para o próximo dia 30, a Câmara Técnica de Imunização do Ministério da Saúde decidiu autorizar a ampliação da faixa etária de pessoas aptas a receber o imunizante. As vacinas poderão ser aplicadas em pessoas entre quatro e 59 anos, a critério dos municípios que tiverem doses próximas do vencimento. De acordo com o ministério, será garantida a segunda dose para quem tomar o imunizante nessas condições. (g1)

O Parlamento da Suécia aprovou, por 234 votos a 94, uma lei que reduz de 18 para 16 anos a idade mínima para solicitar a mudança de gênero no registro civil e facilita a cirurgia de redesignação sexual. A partir de 1º de julho de 2025, maiores de 16 anos e menores de 18 poderão solicitar o procedimento, desde que sejam autorizados pelos pais, por um médico e pela Direção Nacional de Saúde e Assuntos Sociais. Com a nova regra, não será mais necessário o diagnóstico de disforia de gênero, que aponta quando uma pessoa sofre devido à divergência entre o gênero com que ela se identifica e o que lhe foi atribuído ao nascer. Já as cirurgias continuam sendo autorizadas apenas após os 18 anos. (Folha)

Cultura

Taylor Swift lançou na madrugada desta sexta-feira seu novo álbum, The Tortured Poets Department (Spotify e YouTube), mas o trabalho quebrou recordes antes mesmo da estreia. De acordo com o Spotify, o 11º disco da cantora foi que mais teve salvamentos antecipados (uma espécie de reserva) na história da plataforma, embora o número não tenha sido divulgado oficialmente. Mas e quanto às músicas? Segundo a crítica, Taylor tem se notabilizado por movimentos ousados (trocar o country pelo pop e este pelo indie, por exemplo) quando não era realmente necessário e ser bem-sucedida. E ela fez de novo. Tortured Poets traz letras que tratam de fins de relacionamentos de uma forma mais madura e furiosa, ao mesmo tempo em que a música é quase uma viagem por todos os gêneros que sua carreira abarcou. (Billboard)

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A escritora Roseana Murray recebeu alta hospitalar ontem, após ficar 13 dias internada e perder um braço e uma orelha ao ser atacada por três pitbulls em Saquarema (RJ), no último dia 5. Ela ficou gravemente ferida, passando por cirurgias no hospital estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Três responsáveis pelos cães chegaram a ser presos no mesmo dia do acidente pelo crime de maus-tratos aos animais, mas conseguiram liberação da Justiça no dia 11. Vencedora de diversos prêmios, como o de Melhor Poesia pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Roseana tem cerca de 100 livros publicados. (CNN Brasil)

Previsto para ser o décimo e último filme de Quentin Tarantino, The Movie Critic, estrelado por Brad Pitt, não deve mais sair do papel, segundo o Deadline. Apesar de o roteiro já estar pronto e as filmagens estarem programadas para este ano, o cineasta teria desistido do projeto e deve retornar à estaca zero. (Rolling Stone)

Cotidiano Digital

A Meta anunciou ontem o lançamento do Llama 3, nova geração de seu grande modelo de linguagem (LLM) que, segundo a companhia, apresentou desempenho melhor do que a maioria dos modelos de IA atuais, como o Gemini, do Google. O Llama 3 teria demonstrado um grande avanço nas respostas em relação a seus antecessores. Os dois modelos disponibilizados são o Llama 3 8B, que contém 8 bilhões de parâmetros, e o Llama 3 70B, com 70 bilhões de parâmetros, considerados pela empresa “um grande salto” ante às versões anteriores. (The Verge)

A big tech também revelou que seu chatbot de IA, o Meta AI, está na barra de pesquisa de Facebook, Instagram, WhatsApp e Messenger em vários países, enquanto lança outras novidades, como geração mais rápida de imagens e acesso a resultados de pesquisas na web fornecidos por Google e Bing. Com a IA, os usuários podem pedir para animar uma imagem ou transformá-la em GIF, enquanto a ferramenta faz as modificações em tempo real. (TechCrunch)

A Huawei lançou ontem novos modelos da série de smartphones de última geração Pura 70 (P70). A linha é equipada com chips avançados e possui quatro versões: Ultra, Pro, Plus e Base — os dois últimos começarão a ser vendidos na segunda-feira. O modelo topo de linha conta com câmeras avançadas e capacidade 5G. O preço inicial é 5.499 yuans (cerca de R$ 3.900). A chegada do smartphone deve dificultar ainda mais o cenário para a Apple na China, que vem perdendo espaço para Samsung e Xiaomi. (Olhar Digital)

Meio em vídeo. Direto do Web Summit Rio, o editor-chefe do Meio, Pedro Doria, traz uma discussão em torno da liberdade de expressão e do importante papel desempenhado pelas redes sociais na luta pelos direitos civis. Pedro conversou com o jornalista Glenn Greenwald e, com Cora Rónai, chega a conclusões fundamentais. Assista! (YouTube)

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