Prezadas leitoras, caros leitores —

O Meio recebeu sua terceira rodada de investimento na última sexta-feira. Para nós, por aqui, é uma grande notícia que vai nos permitir acelerar o crescimento e botar alguns planos em marcha bem mais cedo do que pretendíamos.

Startups, no modelo criado pelo Vale do Silício ainda nos anos 1970, ficam de pé assim. Alguém tem uma ideia, recebe um primeiro investimento. É a rodada da família e dos amigos. Se o negócio se mostra viável e fica de pé, uma segundada rodada mais robusta vem — é a rodada semente. Para nós, os dois ciclos ocorreram em 2016 e, depois, em 2022.

A rodada série A consolida o negócio.

Os planos para os próximos meses são muitos, a maioria relacionados a vídeo. Até o final do ano, todos os assinantes premium terão acesso ao streaming do Meio. Na sua televisão, ali entre Netflix e Globoplay, poderá estar a nossa marca com programas originais e documentários. Sim, nasce junto uma produtora com o mesmo padrão de conteúdo com o qual todos já estão habituados em texto.

O Meio é a primeira das startups brasileiras de jornalismo a realizar uma rodada A. Os fundadores, Vitor Conceição e Pedro Doria, seguem sendo os acionistas majoritários, com mais de 50% do total. Mas há uma lista de novos sócios aos quais damos boas-vindas. Entre eles estão o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga; Jayme Garfinkel, acionista controlador da Porto Seguro; Haakon Lorentzen, presidente do Conselho da Lorinvest; Marcelo Trindade, advogado e ex-presidente da CVM, e Flavio Andrade, CEO da Oceanpact.

Todos vieram, como vocês, da comunidade de leitores entusiastas do tipo de jornalismo que fazemos: defensores incansáveis da democracia que nasceu após a queda da ditadura militar. Por aqui, celebramos o encontro feliz, na Nova República, entre a social-democracia e o liberalismo progressista que levou a uma moeda estável, toda criança na escola, programas fundamentais como o Bolsa Família, e uma política eficaz de controle do desmatamento da Amazônia. O Brasil tem muito a avançar no combate à desigualdade, talvez nosso problema mais grave. Esse avanço nasce da política que busca consensos. Uma política na qual as forças dominantes, tanto à direita quanto à esquerda, são moderadas. Capazes de diálogo e de reconhecer que o outro lado é legítimo, mesmo que tenha ideias diferentes.

As crenças que conduzem nossa política editorial seguem as mesmas do manifesto.

Muito obrigado.

— Os editores.

Em meio à tensão com Congresso, Lula cobra engajamento de ministros

Em meio à crescente tensão e ao risco de novas derrotas do governo no Congresso, o presidente Lula cobrou ontem de seus ministros mais empenho na articulação com os parlamentares, destacando os desafios de fazer política com minoria. E não poupou críticas, incluindo nelas o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin e o titular da Fazenda, Fernando Haddad. “Isso significa que o Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad, ao invés de ler um livro, tem que perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington (Dias, do Desenvolvimento e Assistência Social), o Rui Costa (ministro da Casa Civil), passa a maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B”, afirmou. No mais recente embate, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), chamou o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de “desafeto pessoal” e “incompetente”. (Folha)

Após as cobranças, Haddad foi objetivo ao ser questionado por jornalistas: “Eu só faço isso da vida”, referindo-se às tratativas com o Congresso. Mais tarde disse que havia esquecido os livros em São Paulo e por isso estava “liberado”. (UOL)

A reclamação de Lula veio no dia seguinte a um encontro com Lira no Palácio da Alvorada. Auxiliares do presidente da República avaliaram a reunião como positiva e acreditam que a conversa deve garantir um pouco de “tranquilidade”. Lula teria admitido que houve um erro na demissão do primo de Lira da chefia do Incra na última terça-feira. (CNN Brasil)

Lira já até indicou o dirigente da ONG Naturagro, com sede em Maceió e que representa beneficiários do programa nacional de reforma agrária, para o posto que era de seu primo no Incra. O nome de Junior Rodrigues do Nascimento começou a ser analisado ontem pela Casa Civil. (Globo)

E às vésperas da sessão do Congresso para analisar vetos presidenciais, Padilha disse que a equipe econômica concordou com a manutenção do programa de apoio ao setor de eventos – cuja suspensão foi criticada por parlamentares – até o fim de 2026, mas com teto de R$ 5 bilhões por ano. Também informou que o governo prepara uma contraproposta para evitar a derrubada do veto de R$ 5,6 bilhões em emendas. “Estamos trabalhando num pacote de vetos a serem derrubados de forma comum, pontos importantes, em especial na LDO.” (g1)

Eliane Cantanhêde: “Ninguém confirma nem desmente, mas a fala de Lula aumenta a sensação de que sua relação já foi melhor com Haddad, seu dileto pupilo político, que ocupou seu lugar na cabeça de chapa de 2018 e tem sido de uma lealdade a toda prova, apesar de tudo. Impossível não notar que Haddad anda com ar cansado, despenteado, parecendo ter perdido o vigor de 2023, quando foi a melhor surpresa e o grande troféu do governo”. (Estadão)

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O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes suspendeu ontem todos os processos judiciais envolvendo a Lei do Marco Temporal, aprovada pelo Congresso após a Corte ter declarado inconstitucional a tese que limita a demarcação às terras indígenas ocupadas até 5 de outubro de 1988. A decisão, segundo Fausto Macedo, foi proferida no bojo de cinco ações que questionam a lei no Supremo. Gilmar apontou a necessidade de “pacificar conflito judicial” e abriu um processo de conciliação e mediação. Ele intimou todas as partes das ações para que, em 30 dias, “apresentem propostas no contexto de uma nova abordagem do litígio constitucional discutido nas ações, mediante a utilização de meios consensuais” devido ao temor de “severa insegurança jurídica”. (Estadão)

O PL e a Federação Brasil da Esperança (PT, PV e PC do B) apresentaram recurso ao Tribunal Superior Eleitoral contra a decisão do TRE-PR que absolveu o senador Sergio Moro (União -PR) das acusações de caixa 2, abuso de poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação e irregularidade em contratos na pré-campanha de 2022, mantendo seu mandato. As legendas pedem a cassação e a inelegibilidade do ex-juiz por oito anos. No TSE, o cenário é mais desfavorável para Moro. (Poder360)

Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal, rejeitou um recurso para anular a condenação do ex-procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol a pagar R$ 75 mil em danos morais ao presidente Lula pelo PowerPoint usado para apresentar denúncia contra o petista em 2016. Dallagnol usou uma ilustração com o nome de Lula no centro cercado por 14 expressões como “petrolão" e “perpetuação criminosa no poder”. Corrigida, a indenização deve ficar em R$ 100 mil. (g1)

O sistema de administração financeira do governo federal, o Siafi, usado na execução de pagamentos, foi invadido neste mês. Suspeita-se que os autores do ataque emitiram ordens bancárias e desviaram recursos da União. A Polícia Federal investiga o caso e rastreia os suspeitos com apoio da Agência Brasileira de Inteligência. As apurações indicam que os invasores conseguiram acessar o Siafi utilizando o CPF e a senha do gov.br usada pelos gestores e ordenadores de despesas para utilizar a plataforma de pagamentos. O Siafi já havia sido alvo de uma tentativa de invasão em 2021. (Folha)

Meio em vídeo. A direita brasileira está entendendo mal o negócio das drogas, principalmente no caso da maconha. A direita dos Estados Unidos já mudou a prosa, e com razão. Entendeu que é excelente para o agronegócio. Assista ao Ponto de Partida, com Pedro Doria. (YouTube)

Menos de uma semana após as detenções de mais de 100 manifestantes na Universidade Columbia contrários à guerra entre Israel e Hamas, os administradores de algumas das universidades mais influentes dos EUA tentavam sem sucesso acalmar o clima nos campi, tomados por atos de protesto. A reivindicação central dos atos pró-palestinos é a redução do vínculo financeiro com Israel e seus fornecedores de armas. Na Universidade de Nova York e em Yale, a polícia interveio e deteve estudantes. Columbia ficou fechada, transferindo as aulas para o online. Harvard também fechou ao público, mas em outros campi da região de Boston os acampamentos foram mantidos, assim como na Universidade da Califórnia, em Berkeley. (New York Times)

E o chefe do serviço de inteligência de Israel pediu demissão ontem por não ter antecipado e impedido o ataque do Hamas de 7 de outubro, que matou 1.200 pessoas e fez quase 300 reféns. Aharon Haliva, militar com 38 anos de serviço, foi a primeira autoridade graduada israelense a assumir as falhas de inteligência que permitiram aos terroristas romperem a supostamente inexpugnável fronteira da Faixa de Gaza. (CNN)

O ex-presidente e candidato Republicano à Casa Branca Donald Trump sentou-se ontem perante um juiz, em Nova York. Ele é acusado pela procuradoria de ter falsificado documentos e mentido para evitar o impacto de escândalos sexuais sobre suas chances de ser eleito, em 2016. Seus advogados pediram ao júri que usem de “bom senso” e evitem impacto sobre o pleito deste ano. O julgamento deve se encerrar antes das eleições presidenciais. (New York Times)

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Viver

Pelo menos 70% de todos os trabalhadores no planeta têm a saúde afetada pelas mudanças climáticas, aponta um relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A cada ano são reportadas 23 milhões de lesões corporais atribuídas diretamente ao calor excessivo, com quase 19 mil mortes. E esses números não incluem problemas renais, cardiovasculares e mentais ou câncer. As mudanças climáticas afetam profissionais em quase todas as áreas, em particular os que trabalham ao ar livre ou em ambientes abafados. “É essencial que escutemos esses alertas. As considerações de segurança ocupacional e saúde devem se tornar parte de nossas respostas à mudança climática”, diz Manal Azzi, chefe da Equipe de Segurança e Saúde Ocupacionais da OIT. (Folha)

E a Europa é o continente que está aquecendo mais rapidamente e cujas temperaturas aumentam numa velocidade que é o dobro da média global. É o que afirma um relatório da Organização Meteorológica Mundial e do Copernicus. As médias dos últimos cinco anos mostram que as temperaturas no Velho Continente estão 2,3°C acima dos níveis pré-industriais ante 1,3°C de alta no nível global. (UOL)

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O Brasil bateu recorde de conflitos armados no campo em 2023, com 2.203 registros, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra. O número supera os 2.130 casos de 2020. Os conflitos são relacionados a disputas de terra, água e trabalho, envolvendo pistolagem, grilagem, invasão e expulsão, além de destruição de pertences e condições análogas à escravidão. A Bahia foi o estado com mais incidentes no ano passado, com 249, seguida por Pará (227) e Maranhão (206). As principais vítimas são povos indígenas (29,6%). Já o número de assassinatos caiu de 47 em 2022 para 31. (CNN Brasil)

Panelinha no Meio. A pressa é amiga da perfeição quando o assunto é este omelete com refogado de pimentão, cebola e alho. Junto com uma saladinha verde com amendoim forma uma refeição leve e para lá de saborosa.

Cultura

Dezesseis artistas e figuras do mundo da música vão entrar no Rock and Roll Hall of Fame neste ano. A lista inclui desde a pioneira do R&B/rock Big Mama Thornton a superestrelas pop como Cher e Dionne Warwick, além de roqueiros com raízes nos anos 70, como Peter Frampton, Foreigner e Ozzy Osbourne, e os ícones dos anos 90 Dave Matthews Band, Mary J. Blige e A Tribe Called Quest. Jimmy Buffet, morto há sete meses e que nunca havia sido indicado antes, também entrará no Hall da Fama do Rock. (Variety)

E Marília Mendonça, que morreu em um acidente aéreo em novembro de 2021, segue quebrando recordes. O Spotify divulgou neste fim de semana que ela se tornou a primeira artista brasileira a superar a marca de 10 bilhões de streamings na plataforma. “O legado dela será eterno e as músicas JAMAIS deixarão de ser cantadas”, escreveu o Spotify Brasil em sua publicação. Seu álbum póstumo Decretos Reais, lançado em 2023, ganhou o Grammy Latino na categoria música sertaneja, e a faixa de trabalho Leão ficou 500 dias consecutivos na lista de 200 músicas mais executadas no Spotify. (CNN Brasil)

A Marvel Studios divulgou ontem um novo trailer de Deadpool & Wolverine, primeiro filme do Deadpool, interpretado por Ryan Reynolds, no Universo Cinematográfico da Marvel, que conta com o retorno de Hugh Jackman como Wolverine. (Rolling Stone)

Cotidiano Digital

O Tinder anunciou ontem o novo recurso “Compartilhar Meu Date”. Com a novidade, os usuários poderão criar e enviar para contatos externos um link com nome, data, horário, local e foto da pessoa com quem vão se encontrar. O compartilhamento será lançado nos próximos meses no Brasil e em mais 18 países, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, França e Japão. O objetivo é oferecer maior segurança para quem marca encontros pela plataforma de relacionamento. (Folha)

Já o Grindr, principal aplicativo de relacionamento LGBTQIA+, está sendo processado em Londres após centenas de usuários acusarem a empresa de compartilhar informações privadas, incluindo o status de HIV, com terceiros para fins comerciais. Segundo o escritório que representa o caso, milhares de usuários do app no Reino Unido podem ter sido afetados. Cerca de 670 pessoas estão na ação coletiva por violações supostamente sofridas entre 2018 e 2020. Em um comunicado ao The Guardian, o Grindr disse que planejava “responder vigorosamente a esta alegação, que parece ser baseada em uma deturpação de práticas de mais de quatro anos atrás”. (CNN e Guardian)

Jogar videogame no trabalho pode? Na Dinamarca, sim. Como parte de uma estratégia do Departamento de Patrulha Online da polícia dinamarquesa para conquistar a confiança de crianças e adolescentes e prevenir crimes online, dez policiais fazem transmissões ao vivo na plataforma Twitch de partidas de Counter-Strike, Minecraft ou Roblox, dependendo da faixa etária que buscam atingir, para conversar com as crianças e adolescentes sobre crimes online e ensinar como denunciar. Eles também atuam de forma expressiva nas redes sociais, como Instagram e TikTok. “Precisamos estar onde os jovens estão”, explica Sisse Birkebæk, superintendente da unidade, que acaba de completar dois anos. (Folha)

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