Aécio é réu

Foram 5 votos a 0: o senador tucano Aécio Neves é oficialmente réu no primeiro dos nove inquéritos que correm contra ele no Supremo Tribunal Federal. Ele foi acusado em junho pelo Ministério Público de pedir propina no valor de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da J&F. A Primeria Turma decidiu ainda que sua irmã, Andréa Neves, o primo Frederico Pacheco, e o ex-assessor parlamentar Mendherson Souza Lima também devem ser julgados. Andréa teria também pedido o dinheiro e, os outros dois, teriam recebido e guardado as parcelas semanais de R$ 500 mil. Aécio também é réu por Obstrução de Justiça — neste caso, a decisão foi de 4 a 1, com voto contrário de Alexandre de Moraes. Os ministros consideraram que a articulação do mineiro para mudar delegados na Polícia Federal pode ser considerada uma maneira de interferir na investigação.

Agora que é réu, o Supremo pode pedir novamente o afastamento de Aécio de sua atividade parlamentar. O Senado, porém, terá de aceitar formalmente o pedido. Ele não está inelegível: pode ser candidato. O prazo aberto agora é para coleta de provas, testemunhas serão então ouvidas, depois os réus do processo interrogados. É só no final deste ciclo que os ministros decidem quem é culpado ou não. (Estadão)

Igor Gielow: “A única saída para o PSDB minimizar o impacto da transformação de seu presidenciável de 2014 em réu seria o desligamento do senador Aécio Neves do partido. Como a chance de isso ocorrer é remota, restará uma tentativa de redução de danos que poucos membros da cúpula consideram viável a essa altura do campeonato. Para complicar, a bola cai duplamente no pé de Alckmin. Além de ser o presidenciável tucano da vez, preside o PSDB. Logo, a cobrança pela posição da sigla em relação à sua enrolada ex-estrela será feita tanto ao pré-candidato quanto ao líder nacional da legenda.” (Folha)

Diego Escosteguy: “Aécio está para o PSDB como Lula está para o PT, política (dentro, para aliados) e simbolicamente (fora, para a população). Ambos, embora alvejados por múltiplos processos, exercem forte influência em seus partidos. (Lula bem mais, ressalte-se.) Ambos usaram e usam seu poder para manter suas legendas ancoradas no atraso. No atraso do pragmatismo fisiológico. No atraso das alianças a qualquer custo — do acúmulo de poder a qualquer custo.” (Globo)

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Enquanto isso... Por 3 votos a 2, a Segunda Turma do Supremo autorizou que o ex-senador Demóstenes Torres concorra à eleição. Cassado pelo Senado, Torres foi gravado pela Polícia Federal pedindo dinheiro ao bicheiro Carlinhos Cachoeira. Trocaram dezenas de ligações. Mas, num período anterior à Lava Jato, o então procurador-geral Roberto Gurgel não tomou qualquer providência. O caso caiu, e embora cassado, sem movimento do Ministério Público o STF não deu sequência ao caso. Assim, ontem, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski consideraram-no apto a se candidatar. Votaram contra Edson Fachin e Celso de Mello. (Jota)

Ameaçado de expulsão pelo DEM, o político goiano deixou a legenda em 2012. Está filiado ao PTB. E quer voltar ao Senado.

Nos bastidores, o ex-presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto, segue tentando juntar uma chapa entre dois amigos: seu antigo colega Joaquim Barbosa e a ex-senadora Marina Silva. Marina tem 15% das intenções de voto pelo Datafolha mas sua Rede é tão mirrada que não lhe garante sequer lugar nos debates. Joaquim parte de 10% mas incorpora a aura do candidato novo e tem um partido mais estruturado. Nenhum dos dois acena com a possibilidade de ser vice. (Folha)

Em entrevista à Folha, Marina fez uma enfática defesa da Lava Jato. “É uma das maiores contribuições desde a redemocratização do Brasil.” Vê como seu principal desafio estruturar uma base no Congresso que não dependa do fisiologismo. “Hoje temos um Estado perdulário, que não entrega serviços, não faz avaliação de desempenho, que não avalia seus próprios projetos.” Ela faz um aceno a Joaquim sem se comprometer. “É uma pessoa que vai dar uma contribuição para o processo político.”

Não custa olhar com cautela, já que os números destoam muito daqueles de Ibope e Datafolha. Mas a nova pesquisa do Vox Populi, encomendada pelo PT, põe Lula com 47% das intenções de voto em dois cenários estudados. Em segundo, disputando, estão Jair Bolsonaro (12%) e Joaquim Barbosa (9%).

O ministro Gilmar Mendes havia devolvido ao cargo o governador do Tocantins, Marcelo Miranda. Mesmo cassado pelo TSE, Gilmar dizia que era preciso aguardar o julgamento dos embargos de declaração. Demorou dois minutos. Miranda, assim como sua vice Cláudia Leles, estão fora do governo, acusados de captação de recursos ilícitos durante a campanha.

Aconteceu na semana da Páscoa: o diretor da CIA, Mike Pompeo, esteve secretamente na Coreia do Norte, onde conversou com o ditador Kim Jong-un. Pompeo, que foi indicado pelo presidente Donald Trump para o cargo de secretário de Estado e ainda não foi confirmado pelo Congresso, tinha por objetivo preparar a conversa entre os líderes dos dois países. O encontro deve ocorrer em junho. (Washington Post)

Barbara Bush, que morreu ontem aos 92, tinha temperamento forte e era boa de campanha — organizava eventos, costurava relações, dava atenção aos bastidores. Teve uma vida rica, porém dura. Perdeu uma filha aos 3 para a leucemia. E enfrentou um longo período de alcoolismo do mais velho. Na história americana, uma figura rara: ao todo, foi casada com o 41º presidente, George H. W. Bush, por 73 anos — o casamento presidencial mais longevo. Com Abigail Adams, é uma das únicas duas mulheres que, tendo sido casada com um presidente, foi mãe de outro. Políticos diferentes: o marido, um republicano moderado; o filho, conservador. Ela era de Ohio, o marido do Massachusetts. Mas morreu em Houston, Texas, a cidade que ambos adotaram.

Cultura

O prestigiado Prêmio Pulitzer de Música foi dado 67 vezes desde que foi criado, em 1943. Receberam a premiação nomes como Wynton Marsalis, Ornette Coleman e Steve Reich — apenas artistas de jazz ou música clássica. Nunca um com a popularidade de Kendrick Lamar, o ganhador deste ano. Nunca um rapper. Segundo o conselho que premiou o cantor, seu disco DAMN (Spotify) é “uma virtuosa coleção de canções unidas por autenticidade vernacular e dinamismo rítmico que fornece vinhetas capturando a complexidade da vida moderna afro-americana”. Vale lembar que Lamar também levou para casa este ano cinco prêmios do Grammy.

Um teste para sorrir: o Nexo pergunta se você conhece estas músicas da Bossa Nova. É só clicar e ouvir.

La Librarie, na Rue Caffarelli, fica no Marais, não longe do Museu Picasso, a 25 minutos andando da Notre Dame. Foi livraria muito tempo, e de certa forma ainda é. Ou quase: uma cama king size, o espaço tem 45 m2, minibar, máquina de café e 4.500 livros. A noite sai por uns 250€ — e a vitrine que dá para a rua ainda faz parecer que a antiga livraria, tornada quarto de hotel, é uma loja. Não mais.

Em tempo: A tradicionalíssima Shakespeare & Co, na Rive Gauche, é outra livraria que tem cama. Mas esta já está lá faz quase um século. E a cama, raramente ocupada, é para escritores.

Viver

Cientistas criaram, sem querer, uma enzima mutante que é capaz de degradar garrafas PET. Eles estavam estudando uma bactéria que evoluiu naturalmente em uma usina de reciclagem de lixo no Japão e conseguia decompor o material plástico como fonte de alimento. Mas, enquanto investigavam seu funcionamento, acabaram criando acidentalmente uma enzima ainda mais eficiente que a natural. Agora, a descoberta pode criar uma solução de reciclagem sustentável para resolver um dos maiores problemas ambientais do planeta: a poluição por plástico. (Globo)

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Mais de 95% da população mundial respira ar que não é seguro para a saúde. E o abismo entre os países mais poluídos e menos poluídos do mundo aumentou rapidamente — a diferença agora é de 11 vezes, em comparação com uma lacuna de seis vezes em 1990. E o problema não está apenas fora de casa. Segundo o relatório do Health Effects Institute, principalmente em zonas rurais, a queima de combustível sólido, como carvão ou biomassa, para cozinhar ou aquecer expôs 2,6 bilhões de pessoas à poluição do ar em ambientes fechados em 2016. Já do lado de fora, com o aumento do trânsito, aumenta a preocupação com as emissões do setor dos transportes.

A Airbnb não é a empresa mais querida do mundo entre os moradores e governantes de algumas cidades turísticas populares — muitos se incomodam com a presença massiva de turistas, e cidades como Paris já estão apresentando um declínio no número de moradores nas regiões próximas aos pontos turísticos da capital francesa. Por isso, a empresa de compartilhamento de imóveis está abrindo um novo Escritório Global de Turismo Saudável. A ideia é influenciar nas decisões dos viajantes e atraí-los para lugares menos visitados — oferecendo conteúdo e serviços específicos para isso. “Minha esperança é que, com o tempo, possamos dizer: ‘Eu sei que você quer ir a Roma, mas Dubrovnik é realmente incrível. Não é longe, é super legal e é muito mais barato’”, explica Brian Chesky, CEO da empresa.

A rede de cafeterias Starbucks vai fechar 8 mil de suas lojas nos Estados Unidos, no dia 29 de maio, para treinar cerca de 175 mil funcionários sobre como prevenir a discriminação racial em seus estabelecimentos. O anúncio ocorre após acusações de racismo, depois que dois homens negros foram presos em um de seus cafés, na Filadélfia — eles foram retirados do estabelecimento por policiais, acusados de invadir a cafeteria. O CEO da empresa pediu desculpas pelo incidente, enquanto manifestantes sugeriram um boicote à rede. (Estadão)

Cotidiano Digital

Números da Netflix: Entre janeiro e março, foram registrados 7,4 milhões de novos assinantes. Em uma questão de semanas, mais da metade dos usuários virão de fora dos EUA. O faturamento aumentou 43% entre 2016 e 17. O orçamento para filmes e séries, este ano, está fixado em US$ 8 bilhões. É cinco vezes o gasto anual da BBC em toda sua programação — da ficção ao jornalismo. Com este dinheiro, a empresa produzirá 700 episódios de séries e 80 filmes.

A Apple deve lançar, no ano que vem, uma nova versão de seu Apple News. O serviço oferecerá conteúdo noticioso em troca de uma assinatura fixa — um Netflix do jornalismo.

Na última sexta, Elon Musk anunciou uma interrupção na Gigafactory, a fábrica robotizada da Tesla. O objetivo era empurrar a automação ao máximo – não deu. Musk agora admite que precisa de humanos. O plano é contratar pelo menos 400 pessoas. Nos próximos dias, a produção retorna com mais gente na linha de montagem. Se tudo der certo, trabalhando 24/7, subirá de três para quatro mil os Model 3 produzidos toda semana. Em maio, a montadora terá outro upgrade que permitirá chegar, até junho, numa saída semanal de seis mil automóveis. Musk apertou os cintos. Anunciou que gastos acima de US$ 1 milhão vão precisar, agora, de sua assinatura. Tem meta: chegar ao azul até o fim do ano.

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