Reforma Trabalhista passa na Câmara
A votação se estendeu para além das duas da manhã, completando uma sessão de mais de dez horas. E assim, por 296 a 177, os deputados aprovaram na Câmara a reforma trabalhista e, com ela, o fim da contribuição sindical obrigatória. Duas emendas ainda tentaram segurar a mudança. Uma, do deputado Paulinho da Força, diminuía seu valor. Ao invés de o empregado ser obrigado a dar aos sindicatos o equivalente a um dia de trabalho por ano, passaria a 35%. A outra adiaria o fim da cobrança em incrementos ao longo dos anos. Ambas foram derrotadas em plenário. Agora o texto terá de ser votado no Senado e, se não sofrer qualquer mudança, seguirá para sanção presidencial. (Estadão)
O principal alvo da reforma foi justamente a obrigação do imposto sindical. E o que levou os deputados a tomarem esta decisão foi o aumento das mobilizações hostis de sindicalistas contra parlamentares. A violência dos sindicalistas policiais, na invasão do Congresso da semana passada, selou a decisão, conta João Bosco Rabello.
Outros pontos que mudam: o trabalhador poderá negociar sua demissão e, ainda assim, sacar até 80% de sua conta no FGTS. O home office foi regulamentado e traz regras, como a de reembolso das despesas do empregado. Empresários e trabalhadores poderão negociar participação nos lucros e remuneração adicional por produtividade, banco de horas, horas extras — há alguns limites, mas a negociação se sobrepõe à lei.
DEM e PSDB foram os partidos mais leais ao governo na votação. No PSB, que pressionava, 14 dos 30 deputados votaram com o Planalto. No PROS, que tem 5 deputados, 4 se puseram contra. Temer se reúne hoje com os líderes dos partidos para discutir corte de cargos dos infiéis. (Folha)
Ainda: como votou cada deputado.
Ao aderir à greve geral marcada para amanhã, os professores do tradicional Colégio Santa Cruz, de São Paulo, distribuíram uma carta aberta a pais e alunos explicando por que são contra as reformas. Ontem, começou a circular pelas redes uma carta resposta assinada por 14 alunos: reiteram respeitar o direito de greve mas discordam de suas razões.
O Sindicato dos Aeroviários, auxiliado pelo MTST, tentará fechar os aeroportos de Guarulhos e de Congonhas, em São Paulo, durante a greve geral. (Folha)
O Senado aprovou, por 54 a 19, o projeto que substitui a lei de abuso de autoridade de 1965. Passam a ser penalizados atos como, por exemplo, divulgar gravação que exponha a vida privada de um investigado sem que tenha relação com as provas necessárias ao processo. Ou investigações que são estendidas sem justificativas claras. Policiais que agridam ou ameacem detentos para obter provas podem ser presos por entre 1 e 4 anos.
Há sutilezas. O senador José Raguffe votou contra pois sugere que, dependendo de como se argumente, delações premiadas podem ser enquadradas em “constranger o preso mediante grave ameaça” — o que inibiria investigações.
O projeto não inclui um dos pontos mais criticados por juízes e Ministério Público: aquele que abria uma porta para que réus processassem magistrados ou procuradores por conta de como interpretam as leis.
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou por aclamação uma emenda constitucional que põe fim ao foro privilegiado para parlamentares. Ficam protegidos, apenas os presidentes da República, da Câmara e do Senado, durante o exercício do mandato. Ainda terá de ser aprovada em dois turnos no plenário antes de seguir para a Câmara.
Josias de Souza: “Antes que você comece a celebrar, vai aqui um conselho: mantenha os fogos na gaveta e o champanhe na geladeira. Do contrário você pode se decepcionar. São nulas as chances de uma proposta como essa virar lei rapidamente.”
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, sofreu uma isquemia vascular durante a madrugada e está na UTI de um hospital, em Brasília. (Estadão)
O ex-ministro Antonio Palocci contratou o advogado Adriano Bretas para negociar sua delação premiada, informa Andréia Sadi.
O ministro Gilmar Mendes, do STF, suspendeu o depoimento que o senador Aécio Neves daria ontem à Polícia Federal. A defesa do tucano alegava que não tinha tido acesso aos depoimentos de todas as testemunhas que o acusam de participar de esquema de corrupção em Furnas. A polícia, por sua vez, arguia que não se trata de julgamento, mas investigação. Era um típico interrogatório. “A diligência”, escreveu Gilmar, “não autoriza a ocultação de provas para surpreender o investigado.”
Tendo sido ministro da Fazenda no governo socialista de François Hollande, Emmanuel Macron não é de esquerda. Mas tampouco é de direita. O candidato favorito para a eleição presidencial francesa já recebeu o apoio do Partido Socialista por sua posição internacionalista pró-Europa. E também porque sua opositora se situa na extrema direita. Ele é, segundo leitura de Juan Arias, não um antipolítico, mas um novo tipo de político. Um reformista. E ele se pergunta se não haveria alguém do tipo no Brasil.
Donald Trump tem sobre a mesa, já pronto, um decreto que iniciaria o processo para que os EUA deixem o Nafta, mercado comum que inclui ainda México e Canadá. Mas, pressionado por parlamentares de seu Partido Republicano, que são contra a iniciativa, não vai assinar. Em telefonema com os presidentes dos dois países parceiros, disse que deseja renegociar os pontos do tratado.
O governo venezuelano anunciou que iniciará o processo para deixar a Organização dos Estados Americanos (OEA).
Cultura
No dia 27 de abril de 1937, começaram a chegar lentamente pelo mundo informes sobre uma nova maneira de inspirar terror. Na véspera, aproximadamente às 16h30, caças da Legião Condor alemã sobrevoaram a pequena cidade de Guernica, no País Basco espanhol, e a bombardearam até pouco depois das 18h. Era uma cidadezinha pequena, mas, por ser dia de feira, estava lá gente de inúmeras aldeias e fazendas vizinhas. Os aviões vinham em ondas: quando parecia que tinha acabado, apareciam caças novos. O número de mortes não chegou a 300, mas dois terços dos edifícios e casas foram levados ao chão. Instaurou-se o terror e o pânico por um tipo de estratégia bélica nunca antes visto. A Alemanha de Hitler dava apoio aos Nacionalistas liderados pelo futuro ditador Francisco Franco, na Guerra Civil Espanhola, e testava táticas para um conflito maior. Há 80 anos.
Em junho daquele mesmo ano, Pablo Picasso terminou sua obra prima — e também o quadro mais conhecido do século 20.
Galeria: Guernica ontem e hoje.
Um Rembrandt e um Renoir foram furtados na Itália. Os ladrões se fizeram passar por judeus abastados, visitaram algumas vezes o dono das obras até convencê-lo a levá-las a um endereço, onde selariam a compra. Lá, ofereceram-lhe um cafézinho, que, disseram, teriam de buscar numa sala contígua. Levaram consigo as telas e jamais voltaram. Um café nunca saiu tão caro — as obras são avaliadas em 27 milhões de euros. (Estadão)
Paul McCartney divulgou as datas dos shows que fará no Brasil neste ano. O ex-beatle virá em outubro e passará por quatro cidades: Porto Alegre (dia 12), São Paulo (dia 15), Belo Horizonte (dia 17) e Bahia (dia 20). O Rio, desta vez, ficou fora da lista. Já Salvador receberá o músico pela primeira vez. Os shows são parte das comemorações dos 50 anos do Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, o lendário disco dos Beatles. A pré-venda de ingressos começa amanhã. (Globo)
Já não há mais ingressos para o Rock in Rio deste ano, marcado para setembro. A organização informou que 700 mil pessoas devem assistir aos sete dias de shows. O line-up é eclético — vai de Lady Gaga, Bon Jovi e Aerosmith a Guns N' Roses, The Who e Red Hot Chili Peppers, entre outros.
A propósito: The Who, Guns, Bon Jovi e Aerosmith também tocam em São Paulo, no mesmo mês do Rock in Rio, no evento batizado de São Paulo Trip. Ontem foi dada a largada para a pré-venda dos ingressos.
O gênero musical que mais faz referências às drogas não é, pasmem, o rock. Nem o rap. Nem o hip hop. Estudo recente dedicou-se a decifrar tal enigma e acabou por revelar, para a surpresa dos próprios pesquisadores: a música country é a que mais fala em drogas, principalmente a maconha, seguida pela cocaína e, por fim, pela metanfetamina. Em segundo lugar, está o jazz. O rock, quem diria, aparece no final do ranking, e o rap, em último lugar. A Newsweek reúne alguns dados.
Wes Anderson anunciou que seu novo longa, Ilha de Cachorros, estreia em 20 de abril de 2018. Mas o consagrado diretor — de, por exemplo, O Grande Hotel Budapeste — surpreendeu mesmo ao apresentar o elenco super estrelado da nova produção, uma animação stop-motion que se passa no Japão. Além de Bill Murray, Edward Norton, Jeff Goldblum e Tilda Swinton, astros já habituais em seus filmes, o longa terá ainda Bryan Cranston, Scarlett Johansson, Harvey Keitel, Greta Gerwig — e até Yoko Ono. (Globo)
Viver
A causa do direito ao aborto no Brasil ganhou uma potente parceira: a Human Rights Watch enviou ao STF documentos defendendo a descriminalização do aborto no país. A ONG internacional de defesa dos direitos humanos pediu, inclusive, para ingressar como amicus curiae nas ações sobre o tema que atualmente estão no Supremo. Assim, embora não esteja envolvida diretamente, pode colaborar fornecendo informações úteis ao debate. Seu ingresso nas causas, contudo, depende de autorização das ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber, relatoras das duas ações. (Globo)
Eis que as denúncias de assédio chegam à Playboy do Brasil. Nove modelos acusam dois sócios da editora que publica a revista de, por exemplo, prometer trabalho e fama em troca de sexo. Um deles foi afastado da empresa na última segunda-feira. O advogado que representa as modelos disse à Folha que recebeu mais de 50 contatos de outras modelos assediadas por um dos sócios, André Luís Sanseverino.
Sabe-se que baleias-jubarte são bichos falantes. E “falam” alto, seja em grupo, seja em momentos mais íntimos, como os de conquista amorosa. A “fala” de um macho, neste caso, pode ressoar por quilômetros. Mas, quando bebês, as baleias sussurram. Suas mães respondem da mesma forma. Falam baixinho, para que o “diálogo” fique em família. Sussurrar é a técnica de sobrevivência da espécie, um modo de alertar umas às outras sobre a presença de possíveis predadores. A discreta forma de comunicação, desconhecida até então, foi revelada ontem por cientistas. (Folha)
Cientistas pesquisaram 1.346 cachorros de 161 raças para traçar suas origens. Segundo o New York Times, a pesquisa traz descobertas intrigantes, como o fato de muitas raças terem origem na América — até então, acreditava-se que tinham migrado da Ásia para o Novo Mundo. Exemplo: o cão de crista chinês — figura carimbada nos concursos dos cachorros mais feios do mundo, por não ter pêlos no corpo, mas ostentar desajeitada cabeleira. Descobriu-se que, apesar do nome, ele não veio da China. O feioso, na verdade, tem ancestrais americanos.
Galeria: Casablanca, o filme, nunca foi a Casablanca, a cidade. Já o marroquino Alaoui Ismaili fotografa suas ruas e habitantes desde 2014: quer corrigir a imagem irreal criada pelo clássico do cinema — filmado, na verdade, em Hollywood.
Cotidiano Digital
Sua Santidade foi parar no TED. Sua apresentação, feita excepcionalmente em vídeo da Cidade do Vaticano, teve a duração típica de qualquer palestra do evento: 17 minutos. Em italiano, o papa Francisco se dirigiu ao anfiteatro cheio de importantes empresários do Vale do Silício para pedir que voltem suas mentes para tecnologias que promovam mais igualdade e inclusão social. Basta clicar no balão da barra de comandos do vídeo para selecionar a legenda. Há opção em português.
A negociação para uma palestra do papa durou mais de um ano e começou pela necessidade de explicar o que é o TED.
O novo assistente digital da Amazon se chama Echo Look, tem uma câmera e escolheu por alvo o público preocupado com moda. O pequeno totem tira fotos de seu dono pelo comando de voz — “Alexa, take a picture” — e traz, internalizado, um software capaz de comparar duas combinações de roupas e informar qual está mais badalada, ou veste melhor.
O Instagram chegou a 700 milhões de usuários — 100 milhões destes conquistados nos últimos quatro meses. (O Brasil é o segundo maior país na rede, com 45 milhões.) O número total representa o dobro do tamanho do Twitter. Seu principal concorrente, o Snapchat, estava na casa dos 350 milhões em dezembro. Boa parte do crescimento é explicado justamente pela ferramenta Stories, que reúne imagens e vídeos que expiram em 24 horas, sistema popularizado pelo Snap.
