Toffoli assume STF revertendo curso ativista da Corte

Ao tomar posse como presidente do Supremo, ontem, José Antonio Dias Toffoli assumiu propondo uma mudança de rumo na Corte. “É dever do Judiciário pacificar os conflitos”, sugeriu no discurso de posse registrado pelo Jota. “É hora do estímulo às soluções consensuais, de valorizar entendimento e diálogo.” O STF está rachado. Um grupo de ministros, do qual faz parte a agora ex-presidente Cármen Lúcia, defende um certo ativismo, um Supremo forte que possa resolver os problemas que Legislativo e Executivo, paralisados, não dão conta de encarar. No centro do desgaste e da divisão está a mudança provocada pela punição rigorosa de políticos envolvidos com corrupção. “A harmonia e o respeito entre os Poderes são mandamentos constitucionais”, afirmou o novo presidente. “Não somos mais nem menos que os outros. Com eles e ao lado deles, harmoniosamente servimos à nação brasileira.”

Felipe Recondo: “Dias Toffoli repete à exaustão os mantras de sua gestão: autocontenção, diálogo e negociação. No seu plano de voo, tem como pontos cardeais duas presidências recentes do Supremo — dos ministros Nelson Jobim e Gilmar Mendes. Ambos tocaram o tribunal como se o STF estivesse a reboque da governabilidade, ambos foram deferentes à política e ao Executivo. No passado, Jobim e Mendes comandavam um tribunal ainda pouco observado externamente. A discrição da Corte permitia que os dois transitassem tranquilamente pela política sem a desconfiança e cobrança públicas. Hoje, o tribunal está nas páginas dos jornais diariamente. Os ministros são reconhecidos na rua e cobrados por suas posições. Por isso, Toffoli enfrentará uma dúvida: esta sociedade compreenderá a ostensiva atuação do presidente do STF junto à política? Ou enxergará essas reuniões públicas como conchavo e falta de independência? É possível ser Jobim no STF de hoje? E qual é o preço a pagar?” (Jota)

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O dólar chegou ontem a sua maior cotação desde a criação do Plano Real. As incertezas eleitorais colocaram os investidores na defensiva e a moeda voltou a subir e a Bolsa a cair. No fim do dia, o dólar fechou em R$ 4,19 após bater os R$ 4,20. (Estadão)

Mas esse não deve ser o pico da volatilidade no mercado financeiro nessas eleições. Em um relatório intitulado The rise of the left, o banco suíço UBS diz que o mercado financeiro ainda não precificou uma eventual disputa entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad no segundo turno das eleições — cenário que a instituição considera mais provável. O banco acredita que, como nas eleições de 2002, o pico da volatilidade ocorrerá entre o primeiro e o segundo turnos. (BR18)

Marcelo Loureiro: “Os boatos se acumulam. Nas corretoras, o mais difundido é o comentário sobre pesquisas privadas que já apontam o crescimento da candidatura de Haddad. Na visão dos investidores, a chapa encabeçada pelo PT é pouco comprometida com o ajuste fiscal. O outro possível competidor no segundo turno, Jair Bolsonaro, corre o risco de não conseguir participar da campanha nas próximas semanas. As investigações sobre Alckmin também provocaram boatos nas mesas de operação das corretoras. Alguns investidores aproveitam o momento para especular, e a cotação da moeda americana acelera.” (Globo)

Segundo o Hospital Albert Einstein, Jair Bolsonaro se recupera bem da segunda cirurgia. Não há infecção, mas o quadro é delicado. Os médicos pediram que ele evite falar, que as visitas sejam mais controladas e não será possível gravar vídeos. Está descartada a participação do ex-capitão de atividades políticas durante o primeiro turno. No comando de campanha, o receio é de que sua ausência faça diminuir a presença de simpatizantes nas ruas. A estratégia é de aproveitar o material já gravado e distribuí-lo bem pelas redes sociais. E os atritos continuam. Gustavo Bebianno, presidente do PSL, foi para cima do PRTB, partido do vice, por ter consultado o TSE a respeito do general Antonio Hamilton Mourão substituir o presidenciável nos debates. (Globo)

Pois é... O príncipe Luiz Philippe de Orleáns e Bragança contou ao repórter Filipe Coutinho sobre as conversas que teve com Bebianno e seu sócio, Julian Lemos, quando negociava de entrar como vice na chapa. Saiu com a impressão de que eles pediam dinheiro em troca do cargo. “Atuaram como agiotas”, contou o tetraneto de dom Pedro II. Nunca pediram dinheiro diretamente, mas sugeriram. “São muito espertos, gravam todas as conversas, falam só aquele papinho básico, ficam pescando.” Declarou também que confia no vice que terminou escolhido, o general Mourão. “Ele gera uma certa paz de espírito de que não vai ter golpe.” (Crusoé)

Após a reportagem ser publicada, Luiz Philippe se queixou no Twitter: “Crusoé requenta notícia antiga e remexe águas passadas.”

Enquanto isso... Em Curitiba, Mourão declarou que foi um erro escrever a Carta de 1988 com parlamentares escolhidos pelo voto. “Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo”, sugeriu. Para ele, o presidente indicaria um colégio de notáveis e a população aprova ou não o resultado final por plebiscito. Mourão procurou deixar claro que é sua opinião, não a de Bolsonaro. (Estadão)

Em tempo: Mourão contou a Andréia Sadi que vai direto a Bolsonaro para perguntar se pode buscar na Justiça permissão de substituí-lo nos debates. O único jeito de driblar Bebianno.

José Roberto de Toledo: “Na dança das cadeiras presidenciais, Marina sobrou. Restam Bolsonaro e mais três. A candidata não está tecnicamente empatada com Ciro, Alckmin e Haddad? É o movimento: pesquisa é filme, não adianta olhar só a fotografia. Na projeção, Marina está ficando para trás. E as outras cadeiras? A facada fixou o assento de Bolsonaro. Ciro e Alckmin logo perceberam a mudança e trocaram de alvo. Passaram a atirar em Haddad, tentando frear o rápido crescimento do petista. Não está fácil. Diferentemente de 2010, a menor preocupação do PT é com o Nordeste e os pobres. Se naquela eleição Dilma demorou para virar a ‘mulher do Lula’, Haddad está se transformando no moço do ex-presidente rapidamente. O que mudou? WhatsApp. Grupos de zap petistas transformam decisão do partido em Curitiba num meme popular no sertão pernambucano em horas — minutos até. Desde 1994 as eleições no Brasil se organizam entre PT e antiPT. O fato de um mesmo partido ter assumido o papel de principal adversário nas últimas seis disputas fez parecer que a expressão da luta era PT x PSDB. Bolsonaro está demonstrando que o PT era a constante, o PSDB a variável. Segundo o Ibope, 30% dos eleitores não votariam no PT de jeito nenhum. Nenhum outro partido causa tanta ojeriza. Na ponta oposta, Lula tinha 37%, até ser barrado pela Justiça. Hoje, a maioria absoluta do terço de eleitores que rejeitam o PT declara voto em Bolsonaro. Quer dizer, então, que a eleição caminha para a o embate Bolsonaro x Haddad? Longe disso. Há e haverá a reação de Ciro e Alckmin. Se nada mais funcionar, os dois usarão o discurso do voto útil. Dirão aos mais de 40% de eleitores que rejeitam Bolsonaro que Haddad é quem tem menos chance de vencer o candidato da direita num segundo turno. Apelarão ao medo. Pode ser que cole, pode ser que não. (Piauí)

Ponto de atenção: Sairá hoje a nova pesquisa do Datafolha.

O sobe-desce na gangorra do Ibope

Tony de Marco

 
Ibope

Cultura

Em São Paulo, os espetáculos do festival Mirada sobem a serra. Estão em cartaz La Despedida, do elogiado grupo colombiano Mapa Teatro, no Sesc Pinheiros, e Ñaña, do Peru, no Sesc Santo Amaro. O uruguaio O Bramido De Dusseldorf, dirigido por Sergio Blanco, tem sessões esgotadas no Sesc Av. Paulista. O Balé da Cidade de São Paulo estreia uma releitura de A Sagração da Primavera, de Stravinsky, com direção de Ismael Ivo e acompanhamento da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo sob a regência de Roberto Minczuk. E neste sábado, no Auditório Ibirapuera, a Quartabê apresenta pela primeira vez o seu segundo disco, em que faz versões experimentais para Dorival Caymmi.

No Rio, Paulinho da Viola faz dois shows no Vivo Rio, na sexta e no sábado, com músicas que vem burilando nos últimos anos. Habitação, violência urbana, racismo e questões de gênero são temas debatidos na exposição Quem não luta tá morto – arte democracia utopia, que estreia neste sábado no Museu de Arte do Rio, o MAR. E Sinfonia 40 e Missa da Coroação, de Mozart, serão apresentadas neste domingo no Theatro Municipal do Rio, sob regência de Claudio Cruz.

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Em meio à mais tensa eleição desde a redemocratização, o filme O Paciente, O Caso Tancredo Neves (trailer) põe Othon Bastos na pele do presidente que o Brasil não teve para acompanha-lo pelos 39 dias entre o dia de sua posse, quando foi internado com urgência, e sua morte naquele distante 21 de abril. Já em O Banquete (trailer), Daniela Thomas leva o espectador a apenas uns anos depois, no governo Collor, para uma sala de jantar onde um grupo de pessoas se reúne para celebrar o aniversário de casamento do editor de um jornal importante que acaba de comprar uma briga com o presidente da República. Tem cinema pipoca. O Predador (trailer) está de volta, no quarto filme da série que estreou em 1987. Veja outras estreias nos cinemas.

Viver

O telescópio espacial Hubble, da Nasa, começou uma nova missão para esclarecer a evolução das primeiras galáxias do universo. Nomeado de BUFFALO (Beyond Ultra-deep Frontier Fields And Legacy Observations, em inglês), o projeto vai analisar seis aglomerados de galáxias e seus arredores.

E o atleta jamaicano Usain Bolt venceu novamente uma corrida. Mas, desta vez, no ar. Ele esteve em um avião que simula as condições de gravidade zero. Assista.

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Foi aprovada ontem, na Comissão Baleeira Internacional, a Declaração de Florianópolis, que reafirma o banimento da caça comercial de baleias em águas internacionais. O documento, que teve 67% dos votos a seu favor, reafirma a moratória, em vigor desde 1986, sobre a caça comercial. A declaração foi submetida por Argentina, Brasil, Colômbia, México, Chile, Costa Rica, Panamá e Peru. A vitória, no entanto, não está garantida. Isso porque pode ser votada hoje uma proposta encabeçada pelo Japão — líder do bloco pró-caça — que, na prática, pode colocar fim à moratória. Países de tradição baleeira, como Japão, Noruega e Islândia, entendem que depois de 32 anos está na hora de voltar a liberar a caça, com a adoção de cotas anuais de captura. Os países conservacionistas, por outro lado, defendem que a trégua dos arpões deve ser mantida, pois deu resultado — no Brasil, por exemplo, as populações de baleias jubarte e franca vêm se recuperando. O Japão precisa de 75% dos votos da comissão para aprovar a caça. (Globo)

Nas redes sociais, a polêmica foi instaurada.

 

Cotidiano Digital

A placa mãe dos novos iPhones é feita de estanho 100% reciclado. Muito do plástico usado nos componentes internos é, também, reciclado. E um bocado deste material vem dos iPhones antigos que a empresa recolhe em troca de descontos nos aparelhos novos. A Apple, aliás, desenvolveu um robô apenas para desmontar iPhones antigos de forma a aproveitar ao máximo seus materiais. Não é só ecologia: é treze vezes mais barato reciclar certos elementos como estanho e cobalto do que retirá-los das minas. A meta da companhia é chegar ao ponto de conseguir fabricar iPhones em todo recicláveis, que podem ser reutilizados para fabricar novos iPhones por inteiro.

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