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Foi por 3 votos a 2 que a segunda turma do Supremo decidiu conceder o habeas corpus ao ex-ministro José Dirceu. Votaram a favor a peculiar aliança que se consolida entre Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Posicionaram-se contra o relator, Edson Fachin, e o decano, Celso de Mello. O argumento do lado vitorioso é que uma prisão preventiva de um ano e nove meses configura antecipação de pena. Dirceu, que tem 71 anos, já foi condenado em primeira instância duas vezes a uma pena que passa dos 30 anos de prisão. Os advogados de defesa preveem que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região deve julgá-lo em segunda instância ainda em maio. O TRF de Porto Alegre vem confirmando as sentenças do juiz Sérgio Moro. Caso seja novamente condenado, o ex-ministro deve retornar em definitivo para a prisão.

Gilmar Mendes: “Por vezes a Justiça precisa proteger o cidadão de seus próprios instintos. Não podemos nos ater, portanto, à aparente vilania dos envolvidos para decidir acerca da prisão processual. E isso remete à própria função da jurisdição em geral, da Suprema Corte em particular. A missão de um tribunal como o Supremo é aplicar a Constituição, ainda que contra a opinião majoritária.” (Jota)

Deltan Dallagnol: “O que mais chama a atenção, hoje, é que a mesma maioria da 2ª turma do Supremo Tribunal Federal que hoje soltou José Dirceu — Ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski — votou para manter presas pessoas em situação de menor gravidade, nos últimos seis meses.”

A consequência da decisão foi imediata. Segundo o editor-chefe da revista Época, Diego Escoteguy, os procuradores da Lava Jato já foram informados de que outro ex-ministro, Antonio Palocci, cogita suspender por ora sua delação premiada. Ele prometia mais informações sobre o ex-presidente Lula e dados sobre a corrupção no setor financeiro. A decisão não é definitiva, mas Palocci ganhou uma esperança. Ainda assim, informa a repórter Andreia Sadi, mesmo dentro do PT, o clima não é de total tranquilidade. Palocci deve ser condenado por Moro, então ainda há incentivo para que conte o que sabe.

Enquanto isso... A sexta turma do STJ negou, por unanimidade, pedido de habeas corpus ao ex-governador fluminense Sérgio Cabral. E o empresário Eike Batista, que teve seu habeas corpus decretado por Gilmar Mendes, pode não conseguir deixar a prisão. O juiz Marcelo Bretas determinou fiança de R$ 52 milhões. Segundo os advogados de Eike, com as contas bloqueadas, ele não conseguiria arcar com o custo. (Estadão)

Cármen Lúcia na estreia do programa de Pedro Bial: “Não é todo povo que tem a coragem de enfrentar a corrupção, e nós estamos tendo. Isso vai parar no momento em que nós chegarmos à conclusão de que um grupo de pessoas que se organiza para pilhar o Estado não pode continuar. Não admitimos mais isso porque o Direito brasileiro não admite. E o Direito é fruto do que o povo quer. O povo não quer mais isso. Ponto.” Em vídeo.

E Lula gostaria que seu depoimento a Moro, marcado para o dia 10, fosse transmitido ao vivo. (Globo)

Pablo Ortellado: “Durante muito tempo a esquerda esteve isolada, desconectada do que pensavam os brasileiros, e terminou pagando um preço alto. Enquanto uma sólida maioria considerava a corrupção um problema grave, a esquerda desdenhava e dizia que discutir corrupção era moralismo e que a preocupação com o tema tinha sido artificialmente insuflada pelos meios de comunicação. Vemos agora uma curiosa inversão. Acostumados a contar com os ventos da opinião pública, os que defendem as reformas liberais do governo Temer se vêm subitamente navegando contra a corrente. E não parecem ter aprendido nada com a experiência da esquerda. As evidências gritam por todo lado: 71% dos brasileiros são contrários à reforma da Previdência, 64% acreditam que a reforma trabalhista só beneficia os empresários.” (Folha)

Carlos Melo: “Pesquisas afiançam que ninguém tem muita simpatia pelas reformas. Quem, afinal, teria simpatia por quem propõe a extração de dentes? Em situações como esta, o máximo que se pode pretender é fazer compreender a inevitabilidade do processo. Tanto faz se por desculpa, omissão ou adesão, o fato é que o país parou e em alguns lugares houve confronto com a polícia. Na guerra das reformas, a comunicação parece batalha perdida: objetivamente, o governo não soube explicar sua necessidade. Menos ainda, convencer que o Congresso é — com todos seus problemas — o meio que se tem para conduzir o debate.”

A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,969 bilhões. É o melhor resultado para abril desde 1989. O número veio para cima por conta do aumento geral do preço das commodities no mercado exterior — principalmente ferro e petróleo. (Estadão)

Uma pesquisa interna promovida pelo Partido Democrata tenta explicar por que tantos eleitores que votaram em Obama escolheram Donald Trump na última eleição. E a resposta vinda dos grupos de foco não é óbvia: muitos dos eleitores, em situação fragilizada pelos efeitos das transformações na economia, consideram que Trump os defenderá melhor do que os democratas contra os interesses de Wall Street e os 1% mais ricos.