Ibope: Haddad estanca, Bolsonaro engrena

No sábado, centenas de milhares de brasileiros foram às ruas em manifestações pedindo #EleNão. O impacto, medido pela mais nova pesquisa do Ibope, foi o contrário. O candidato do PSL Jair Bolsonaro atingiu seu ponto mais alto já detectado pelo instituto, saltando de 27 para 31%, enquanto o petista Fernando Haddad estacionou nos mesmos 21%. Ciro Gomes oscilou um ponto para baixo, ficando em 11%, ainda na terceira colocação. Alckmin manteve os 8% que tinha e, Marina Silva, continua a queda, tinha 6, foi a 4%. João Amoêdo tem 3%. O Ibope ouviu 3.010 pessoas no sábado e domingo e a margem de erro é de dois pontos percentuais.

Bolsonaro ainda tem a maior taxa de rejeição — os mesmos 44%. Mas a de Haddad, como previam os analistas, saltou. Muito. Tinha 27, foi a 38%. Marina teve queda ligeira, de 27 para 25%, Alckmin tem os mesmos 19% e, Ciro Gomes, que estava com 16 foi a 18%.

Ciro continua sendo o candidato que com mais facilidade venceria Bolsonaro num segundo turno hipotético: 45% a 39%. Alckmin o venceria de 42% a 39%, e Haddad empataria, ambos com 42%. Marina perderia do ex-capitão, teria 38% e, ele, 43%.

O ex-capitão cresceu até entre as mulheres. Tinha 18% do eleitorado, foi a 24%. Pela primeira vez, mais mulheres votam nele do que em Haddad, que tem 20% das intenções femininas. (Estadão)

Paulo Celso Pereira: “Uma das premissas de análises diz que cada sondagem é um retrato do momento, mas que o importante é o ‘filme’. A pesquisa Ibope surpreendeu pela velocidade com que o ‘filme’ de Haddad mudou. Desde que foi lançado, o petista via suas intenções de voto crescer veloz e continuamente. Ontem, no entanto, subitamente ele travou. No fim de semana, os barulhentos protestos do #EleNão chamaram mais atenção do que os atos de apoio a Bolsonaro. No entanto, silenciosamente, foi o movimento antipetista que ganhou força. Desde que a corrida se converteu em plebiscito, está claro que o segundo turno será uma guerra entre rejeitados. Os candidatos que tentaram construir discursos contra a polarização fracassaram. Alckmin e Ciro se mantêm há três semanas, desde que Haddad foi lançado, rigorosamente no mesmo patamar. Até o próximo domingo, as pesquisas diárias do Ibope e do Datafolha servirão como um slow motion do filme dessa nova democracia brasileira. O fim da primeira parte já parece sacramentado. Por outro lado, nada parece mais incerto do que este segundo turno.” (Globo)

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A uma semana da eleição, o juiz Sergio Moro achou por bem retirar o sigilo do acordo de delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci. Em seu depoimento, o ex-homem forte da área econômica afirmou que as duas campanhas de Dilma Rousseff custaram R$ 600 milhões, a de 2010 e, R$ 800 milhões, a de 2014. No caso da último, o PT declarou custo de R$ 350 milhões ao TSE. (Estadão)

Além de negar as afirmações do ex-ministro, a Defesa de Lula argumenta que Moro divulgou o depoimento, que não poderá usar no julgamento, com o objetivo de causar efeitos políticos.

Enquanto isso... Se acirrou a briga interna, dentro do STF, a respeito da autorização para que o ex-presidente Lula dê uma entrevista de dentro da prisão. O ministro Ricardo Lewandowski havia autorizado a Folha, o ministro Luiz Fux cancelou sua decisão. Ontem, Lewandowski deu outra autorização. Desta vez, foi o presidente da Corte, Dias Toffoli, quem a suspendeu, determinando que se aguardasse a decisão do pleno.

Na manhã de segunda, nos corredores da Escola de Direito da USP onde estavam para dar palestras, Toffoli e Lewandowski bateram boca feio. O ministro mais velho, em fúria, ameaçou ir a plenário denunciar o que considerava desvio de poder do Supremo. (Época)

A maioria dos ministros concorda que a decisão de Fux, que impediu a entrevista de ocorrer, está correta. Mas também consideram que ele se utilizou do instrumento jurídico errado e, na forma, Lewandowski está correto em sua queixa. Perante o impasse, o presidente teve de interceder. (Folha)

Acontecem hoje à noite, transmitidos pela TV Globo e pelo G1, debates entre os candidatos a governo estadual em todo o país — com uma exceção. O debate gaúcho será amanhã.

E... SBT, UOL e Folha promovem debate de vices. A partir das 10h, Manuela D’Ávila, Kátia Abreu e Ana Amélia se encontrarão para discutir os projetos de suas chapas. Eduardo Jorge, vice de Marina, afirmou que tem outro compromisso. E o general Mourão falou que só Bolsonaro fala pela chapa.

Donald Trump criticou ontem as relações comerciais dos Estados Unidos com o Brasil. Ao falar sobre o acordo comercial entre EUA, Canadá e México, o presidente americano sugeriu que o Brasil trata as companhias norte-americanas injustamente. “Eles cobram de nós o que querem. Se você perguntar a algumas empresas, eles dizem que o Brasil está entre os mais duros do mundo, talvez o mais duro.” Vale lembrar que os EUA são o segundo principal destino de embarque de produtos brasileiros, atrás apenas da China. Segundo dados do MDIC, eles registraram superávit comercial (com as vendas externas superando as importações) de US$ 90 bilhões com o Brasil nos últimos dez anos.

Miriam Leitão: “O acordo entre EUA e Canadá veio na última hora. O prazo era até a meia-noite do dia 30 de setembro. A discussão era se continuaria a funcionar a zona de livre comércio entre os três países da América do Norte, que também conta com o México. Donald Trump cantou vitória, mas na verdade a mudança foi pequena. Embora não seja parte do acordo, o Brasil também se beneficia. Há menos um conflito comercial no mundo.” (Globo)

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HealthTech

O Prêmio Nobel de Medicina ou Fisiologia de 2018 foi anunciado ontem para o americano James P. Allison e o japonês Tasuku Honjo. Eles foram responsáveis pelas descobertas ligadas ao combate do câncer com drogas que ‘bombam’ a função do sistema imunológico — a chamada imunoterapia. De acordo com o Comitê do Nobel do Instituto Karolinska, na Suécia, a estratégia formou um quarto pilar no tratamento contra o câncer, junto com quimioterapia, cirurgia e radioterapia. É um dos grandes avanços recentes em tecnologia biológica, um dos campos mais promissores a se investigar nos próximos anos.

Projetos: tecnologia para imprimir pílulas em 3D; anticorpos que podem ser tomados como remédio; adesivos de pele que medicam o corpo; um app com GPS que localiza onde há leitos em hospitais. Todos são projetos, startups de fato, que concorrem na Digital Heatlh Catalyst. O prêmio, do governo britânico, vai distribuir £ 17 milhões aos vencedores. Promove o nascimento de um setor promissor na economia local, estimula empreendedores e diminui custos com saúde pública a médio prazo. Política pública de qualidade.

Às vezes, inovação em saúde não está ligada diretamente à medicina. A iClinic é uma startup brasileira que tenta ajudar médicos a melhorar a gestão de seus consultórios. Os softwares utilizados para entender o entra e sai de pacientes, hoje, são antigos ou não específicos. Seu produto é uma suíte de quatro componentes. Um cuida da agenda, o outro mantém os prontuários com o histórico de cada paciente, o terceiro é de controle financeiro e a última perna, por fim, faz marketing. Os médicos assinam o serviço — custa entre R$ 79 e R$ 119 por mês — e, na nuvem, ele pode ser acessado de qualquer dispositivo conectado à rede. Do computador ao celular. A gestão de agenda, por exemplo, ao lembrar clientes da consulta por email ou SMS e, no futuro, WhatsApp, vem diminuindo as faltas em 30%. Nascida em Ribeirão Preto, a iClinic foi acelerada primeiro na Holanda, depois no Vale do Silício. Está com 13 mil clientes, tem crescido no mínimo 100% ao ano. Começou o ano com 25 funcionários. Em setembro, bateu em 60, olhando principalmente o mercado brasileiro. (Gazeta do Povo)

Viver

A Real Academia Sueca de Ciências anunciou hoje que decidiu atribuir o Prêmio Nobel de Física 2018 “por invenções inovadoras no campo da física a laser”. Metade do prêmio é do americano Arthur Ashkin, e a outra metade do francês Gérard Mourou e da canadense Donna Strickland.

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O Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas, o IPCC, está reunido na Coreia do Sul e apresentou ontem algumas conclusões provisórias de seu relatório sobre o clima. Segundo os especialistas, se as emissões de gases causadores do efeito estufa gerados pelo homem mantiverem o ritmo atual, o aquecimento médio terrestre ultrapassará 1,5ºC em relação ao nível pré-industrial por volta de 2040. Se todas essas emissões cessarem imediatamente, é provável que o mundo permaneça abaixo do limite crítico. No entanto, os gases já emitidos continuariam a gerar alguns impactos, especialmente em termos de elevação do nível do mar.

A Folha divulgou a sétima edição do RUF, o Ranking Universitário Folha. E a Universidade de São Paulo conquistou novamente o primeiro lugar na lista, após ter perdido a liderança nacional do ensino superior para a Universidade Federal do Rio de Janeiro nas duas edições anteriores — neste ano, a federal do Rio ficou em segundo lugar. Na terceira posição está a Universidade Federal de Minas Gerais, seguida pela Unicamp. Neste ano, a metodologia passou por aperfeiçoamentos. Uma das novidades é que o indicador de inovação, com peso de 4% na nota final, passou a contabilizar, além das patentes solicitadas pelas instituições de ensino, a quantidade de estudos acadêmicos publicados pelas universidades em parceria com o setor produtivo.

Pois é. Os dados do ranking mostram que, entre as universidades brasileiras privadas, as melhores são confessionais — vinculadas a igrejas ou religiões. Já a melhor universidade paga com fins lucrativos é a Uninove. Segundo o levantamento, as universidades particulares chegam ao topo do ranking em cursos como psicologia, administração e direito. O que elas têm em comum: aliam a teoria ensinada nas salas de aula à vida real.

Cultura

Um tribunal sueco condenou por estupro, ontem, Jean-Claude Arnault, o fotógrafo e diretor artístico que está no centro de um escândalo que abalou a academia que concede o Prêmio Nobel de Literatura. Ele foi sentenciado a dois anos de prisão. Arnault é casado com uma integrante da Academia Sueca, e as acusações contra ele fizeram com que membros renunciassem e obrigaram a organização a cancelar o prêmio de literatura deste ano, que seria anunciado neste mês.

Morreu o cantor francês Charles Aznavour, aos 94 anos. O chamado ‘Frank Sinatra da França’ compôs mais de mil músicas, gravou mais de 100 álbuns e vendeu 200 milhões de discos. Gravou ainda 60 filmes. Poliglota, cantou e compôs os próprios sucessos em várias línguas: Que c'Est Triste Venise (YouTube), Com'è Triste Venezia (YouTube), ou How Sad Venice Can Be (YouTube). E fez com os amigos grandes parcerias, inclusive uma versão de Elvis Costello de sua She (YouTube) para a comédia romântica Um Lugar Chamado Notting Hill. (Estadão)

Para ouvir com calma: 14 músicas para entender o cantor.

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