Haddad pede ao TSE que torne Bolsonaro inelegível

A temperatura aumentou, e muito, no estirão final da campanha. Advogados do PT deram entrada em processo, no TSE, pedindo a impugnação da chapa liderada por Jair Bolsonaro. O argumento é a reportagem de Patrícia Campos Mello na manchete da Folha de ontem: um grupo de empresários estaria pagando os contratos com empresas de marketing para distribuição de mensagens via WhatsApp. Por não ser declarada, as contas que chegariam a até R$ 12 milhões, ainda de acordo com o jornal, configurariam caixa dois. São, portanto, ilegais.

A jornalista foi agressivamente atacada por seguidores de Bolsonaro, ao longo do dia.

Bolsonaro não negou. “Não tenho controle se tem empresário simpático a mim fazendo isso”, afirmou. E, via Twitter, partiu para o ataque. “Apoio voluntário é algo que o PT desconhece e não aceita.” E, ainda: “O PT não está sendo prejudicado por fake news, mas pela verdade.” Partiu também para cima do jornal. “A Folha é um jornal que realmente se afunda mais na lama.” O dono da Havan, Luciano Hang, nega e desafia o jornal a apresentar provas. Afirma que abrirá processo.

A Folha não traz novidades, hoje, e a história não avançou. PT e PDT protocolaram dois pedidos para que a Procuradoria Geral da República inicie uma investigação. A turma do site de petições Avaaz anunciou prêmio de US$ 100 mil para informações que levem à condenação de qualquer um dos candidatos por comandar operações de fake news.

Não é só o Ministério Público. O próprio WhatsApp abriu investigação interna para averiguar o disparo de mensagens em massa contra o PT denunciado pelo jornal.

Em meio ao caos geral, o PSOL entrou com outro pedido no TSE: que simplesmente bloqueie o WhatsApp até o fim do pleito. (Globo)

Alon Feuerwerker: “É improvável que a suspeita/acusação de caixa dois empresarial para distribuição em massa de mensagens e fake news favoráveis à campanha de Bolsonaro influa decisivamente no resultado da eleição daqui a pouco mais de uma semana. Mas é provável que, caso confirmada a vitória do candidato do PSL, o caso acabe pairando sobre a nova presidência como ameaça jurídico-política potencial. Desde a proibição do financiamento empresarial de campanhas supunha-se que esta eleição veria o crescimento da possibilidade de caixa 2. A confirmação do delito trazido na reportagem colocará o Judiciário em sinuca de bico: tomar providências, que teriam de ser drásticas, ou simplesmente deixar para lá para não interferir na escolha popular? Dada a atual correlação de forças políticas amplamente favoráveis ao bolsonarismo, é possível até que o novo poder consiga abafar e abortar o caso. Se não conseguir, a coisa ficará como uma espada pendente sobre sua cabeça. E as corporações estatais terão esse forte argumento adicional para dissuadir o novo governo de tentar atacar seus privilégios. Pois será pouco provável que, caso não consiga matar o assunto no nascedouro, o bolsonarismo vá ter forças para enfrentar o Ministério Público e o Judiciário. Já para a provável futura oposição, o achado jornalístico, se minimamente confirmado, será o suficiente para contestar a legitimidade e a legalidade do novo poder. Será um ponto de apoio para a campanha interna e externa de desestabilização do que eventualmente chamarão de ‘regime bolsonarista’. O terreno na imprensa mundial já está arado.”

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O Datafolha divulgado ontem, segundo nesta etapa da eleição, indicou que aumentou um pouco a distância entre Haddad e Bolsonaro. O capitão reformado, que tinha 49, subiu a 50% dos votos totais. O petista caiu de 36 para 35%. Dentre os votos válidos, estão em 59 a 41%. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais. (Folha)

Também o DataPoder360 divulgou seus números, sugerindo diferença bem maior. 57 a 31% dos votos totais, ou 64 a 36% dos válidos. A margem de erro é também de dois pontos percentuais.

Já liberado por seus médicos, ainda assim Jair Bolsonaro não irá a nenhum debate no segundo turno. “Poderia ter uma consequência séria para minha saúde”, declarou. “Questão de debate é secundário. Até gostaria, porque não teria dificuldade de debater com preposto, com um poste do Lula.”

O Datafolha perguntou aos brasileiros se consideram debates presidenciais importantes. 67% disseram que sim, que são muito importantes. E outros 13% acreditam ser um pouco importante. 73% afirmaram ser importante que Bolsonaro vá. E 23% consideram que poderiam mudar o voto, dependendo de como se conduzem os candidatos cara a cara.

Disparos de mensagens em massa

Tony de Marco

 
Whatsapp-infinito

Cotidiano Digital

A sala de guerra do Facebook tem 17 telas nas paredes e mesas, um quadro e mapas. Tem também bandeiras do Brasil e dos EUA: são os dois países com eleições próximas que tomam total atenção. Nela trabalham programadores, cientistas de dados e advogados combatendo o fluxo de notícias falsas e quaisquer outras artimanhas para manipular os processos eleitorais. Além deles, há representantes de WhatsApp e Instagram — que pertencem ao Face. Uma série de sites a visitou e a turma do Gizmodo fez um apanhado das descrições. Lá trabalham 24 pessoas 20 horas por dia, caçando pelos padrões tudo aquilo que viraliza para analisar o conteúdo e compreender se há algum risco.

Quando visitava os EUA, entre março e abril, o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman esteve com Tim Cook, CEO da Apple, Jeff Bezos, da Amazon, e Sundar Pichai, do Google. Pretendia usar o fundo soberano do país para investir no Vale do Silício, preparando-se para um futuro no qual o petróleo deixará de ter importância. Apple e Amazon estavam conversando sobre a possibilidade de se estabelecer na Arábia Saudita. O Google cogitava implantar lá um datacenter. O assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, aparentemente ordenado pela família real, gerou uma crise e pode salgar a terra para futuros negócios.

Cultura

Em São Paulo, com computadores, sintetizadores e efeitos, a Kopenhagen Laptop Orchestra se apresenta de sexta a domingo no Sesc Avenida Paulista. Neste sábado, a Oca inaugura a primeira exposição individual do chinês Ai Weiwei no Brasil, Raiz. São 70 obras, sendo mais de 20 delas inéditas e criadas no Brasil. E inspirado na Histórias Afro-Atlânticas, Ismael Ivo, do Balé da Cidade, criou coreografias que dialogam com a exposição no Instituto Tomie Ohtake. Serão apresentadas no sábado e domingo.

No Rio, abre neste sábado, no Instituto Moreira Salles, a exposição Cartas a Alécio de Andrade, que reúne retratos que o fotógrafo carioca fez de artistas, escritores e intelectuais como Drummond, Glauber Rocha e Lygia Clark. No sábado, o trio O Terno faz show no Circo Voador com participação de Letrux. E a Petrobras Sinfônica faz um concerto neste domingo de graça no Via Parque Shopping, com regência de Isaac Karabtchevsky.

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A principal estreia desta semana apresenta Ryan Gosling interpretando Neil Armstrong. Não é à toa que se chama O Primeiro Homem (trailer) — foi ele quem pisou pela primeira vez na superfície da Lua. Hoje, um momento perdido no passado, mas à época uma missão difícil, perigosa e que envolveu risco real de vida. Já a comédia Estás me Matando Susana (trailer) traz o personagem de Gael García Bernal acordando um dia para descobrir que sua mulher simplesmente foi embora. Ele vai atrás — pretende reconquistá-la. E o documentário A Última Abolição (trailer) planeja recontar como foi o processo que levou ao fim da escravatura no Brasil. Veja os outros filmes que chegam.

A Netflix divulgou ontem o trailer da quarta temporada de Narcos. Os novos episódios estreiam em 16 de novembro.

O plano de Banksy, que escondeu um triturador dentro de uma obra que foi à leilão, foi surpreendente, mas não perfeito. A pintura foi rasgada na metade durante um leilão na Sotheby's, mas o artista pretendia destruí-la inteira. Em um vídeo, ele mostra o que deveria ter acontecido.

Um possível distúrbio de visão de Leonardo da Vinci pode ter influenciado sua arte. O grande artista e cientista pode ter sido estrábico. Pois é. De acordo com um novo artigo de um neurocientista visual britânico, essa desordem pode tê-lo ajudado a capturar o espaço 3D em uma tela 2D plana de forma tão brilhante.

Viver

Em Chengdu, há um plano ambicioso para substituir as luzes da rua da cidade e economizar energia elétrica: aumentar o brilho da lua real com a de uma falsa mais poderosa. Uma lua artificial. A cidade do sudoeste chinês planeja lançar o satélite de iluminação em 2020, e ele deve ser oito vezes mais brilhante que o verdadeiro.

O governo francês quer que os ciclistas registrem suas bicicletas. A ideia é formar um banco de dados nacional sob uma proposta de lei que visa aumentar o uso das bikes e reduzir os furtos. Os donos de bicicletas receberiam um ‘certificado de propriedade’, similar aos documentos do carro, a serem entregues à polícia se a bicicleta for roubada ou transferida com a bike quando ela for vendida. Com o banco de dados, além de criar redes maiores de ciclovias, o plano inclui medidas de segurança e a melhoria de incentivos financeiros para aqueles que escolherem ir de bicicleta para o trabalho, semelhantes aos que são dados aos funcionários para subsidiar o uso do transporte público.

Um novo estudo publicado esta semana mostrou que alguns dos sítios arqueológicos mais importantes da região do Mediterrâneo — a cidade grega de Éfeso, os bairros históricos de Istambul, os canais de Veneza — podem não sobreviver à era da mudança climática. De 49 locais estudados, 46 serão ameaçados pela erosão costeira e 40 por enchentes se as emissões de gases do efeito estufa continuarem a subir. (New York Times)

Por falar... O desaparecimento de Angkor há muito tempo intrigou historiadores, arqueólogos e cientistas. Agora, uma equipe de pesquisadores está mais perto de descobrir o que levou à morte da cidade — e isso pode ser um alerta para as comunidades urbanas modernas. Isso porque eles descobriram que a cidade medieval sofreu com o estresse climático externo e a infraestrutura interna sobrecarregada — os riscos de colapso se tornam mais agudos à medida que os conglomerados urbanos se tornam maiores, mais complexos e têm mais pessoas vivendo neles. E os fatores por trás do desaparecimento de Angkor também são comparáveis aos desafios enfrentados pelas cidades que hoje estão lutando com uma infraestrutura crítica e complexa e eventos climáticos extremos, como enchentes e secas.

Você sabe muito sobre mudanças climáticas? Mais do que Bill Gates? O co-fundador da Microsoft desafia você a testar seus conhecimentos e tentar bater sua pontuação em um quiz.

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