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— Os editores

Bolsonaro e Moro conversam hoje sobre ministério

O juiz Sérgio Moro desembarca hoje, no Rio de Janeiro, e se reúne com o presidente eleito Jair Bolsonaro às 9h30. Foi convidado para assumir um Ministério da Justiça ampliado. Além de suas funções atuais, estarão abaixo do novo ministro as funções da pasta de Segurança Pública, hoje comandadas por Raul Jungmann, a Secretaria da Transparência e Combate à Corrupção, a Corregedoria Geral da União e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, hoje na Fazenda). Segundo Sonia Racy, no Estadão, Moro dirá que aceita o convite. Gerson Camarotti, mais cauteloso, sugere que não é tão simples assim. Ele teria de pedir exoneração do cargo de juiz. Além disso, quer entender se está em sintonia com o futuro chefe. O juiz gostaria de fazer uma ação forte na área de combate à corrupção e também de combate ao narcotráfico. E, ao mesmo tempo, barrar movimentos políticos para inibir avanços conquistados na Operação Lava Jato.

O que fica em suspenso é o destino da 13ª Vara Federal de Curitiba — e, com ela, o futuro da Operação Lava Jato. No primeiro momento, ocuparia o lugar de Moro sua juíza substituta, Gabriela Hardt. Mas, depois, a vaga seria disputada por qualquer juiz de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que a deseje. Em geral, o critério de decisão é por quem está há mais tempo no cargo. (Globo)

Igor Gielow: “O juiz Sergio Moro se diz ‘honrado’ pelo convite do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Só de se dizer honrado e pensativo, Moro começa a destruição de tudo o que construiu com a Operação Lava Jato. Quando errou gravemente, como no caso da divulgação dos áudios entre Lula e Dilma antes do impeachment, ou de forma mais venial, hipótese da divulgação da delação de Palocci às vésperas do primeiro turno, ele sempre foi acusado pelo PT de perseguir o partido. Se topar integrar o time de Bolsonaro, é desnecessário dizer que estará chancelando essa acusação. Foi o calendário processual de Moro que deixou Lula fora da eleição, sem entrar na discussão do mérito das sérias acusações — e na minha opinião de que o petista perderia um segundo turno de toda forma. Trincas de estátuas não costumam diminuir com o tempo. E Moro é isso, um ícone indissociável do monumento da Lava Jato. A rachadura provocada por esse flerte com Bolsonaro já está instalada; caberá a ele escolher se vai deixar tudo desmoronar ou achar alguma saída honrosa para mitigar esse desastre.” (Folha)

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Bolsonaro quer reduzir as atuais 29 pastas para 15. Será o recorde desde a redemocratização — Collor tinha 16, Dilma chegou a 39. Na avaliação de técnicos da administração federal, a economia será mínima e o processo deve durar pelo menos um ano. O superministério da Economia reunirá Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio. A Educação incluirá Cultura e Esportes — mas perde o cuidado com o ensino superior, que vai para a Ciência e Tecnologia, comandada pelo astronauta Marcos Pontes. Uma das ideias mais polêmicas é a de juntar Agricultura com Meio Ambiente. (Estadão)

Ainda não está batido o martelo sobre a fusão de Agricultura com Meio Ambiente. As queixas não vêm apenas de ambientalistas preocupados com um avanço sobre as matas para que sejam transformadas em terras de plantio. O atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirma que o agronegócio seria prejudicado. Poderia haver retaliação sobre os produtos agrícolas exportados pelo Brasil.

Deputados da oposição conseguiram impedir que a comissão especial discutisse o projeto de lei Escola Sem Partido, ontem. Apenas oito parlamentares registraram presença, impedindo que houvesse quórum. O projeto, cujo objetivo é ‘não cooptar os alunos para nenhuma corrente política, ideológica ou partidária’, estava esquecido e foi agendado de última hora na terça. Na atual redação, fica também proibido o ensino sobre questões de gênero ou orientação sexual. (Estadão)

Até o fim do mês, o STF deve julgar propostas de Escola Sem Partido. A tendência é de que sejam consideradas inconstitucionais, informa Monica Bergamo. (Folha)

Míriam Leitão: “O Supremo está condenando de forma uníssona a repressão feita às universidades na véspera das eleições. Os ministros estão enviando uma série de recados para o governo Bolsonaro sobre o valor da liberdade de expressão, pluralidade de pensamento, contra qualquer censura a pensamento em ambiente universitário e escolar. O voto da ministra Carmen Lúcia lembrou Ulysses: ‘traidor da democracia é traidor da Pátria’. Há vários avisos prévios sobre a manutenção das bases do estado democrático de Direito. ‘O país vive momento delicado’, diz Celso de Mello, no qual a Constituição é ‘o manto protetor das instituições e grupos vulneráveis’. Gilmar Mendes lembrou que o Estado tem que ser o ‘guardião dos direitos’ e não pode ser ‘a ameaça’. Lembra ainda Gilmar que o nazismo quis fazer a ‘limpeza de pensamento’ nas universidades. Bolsonaro conseguiu o que parecia impossível: unir o STF.” (Globo)

Outra pauta bolsonarista que ganhou tração foi o projeto que endurece a Lei Antiterrorismo sancionada pelo governo Dilma. O texto fala em criminalizar o incêndio de meios de transporte e, também, ‘intimidar certas pessoas, grupos ou a população’. Movimentos sociais temem que seus protestos se tornem equivalentes a terrorismo. A esquerda conseguiu adiar o trâmite. (Folha)

O ponto sobre o qual o futuro governo se mostra indeciso é a reforma da Previdência. “O presidente vai avaliar se vale a pena correr o risco”, disse a Valdo Cruz o general Mourão. Metade da Câmara não se reelegeu, a medida é impopular, o medo é de que seja derrotada. Talvez prefiram votar no ano que vem, com o novo Congresso. Perante a dificuldade, a saída talvez seja focar agora na aprovação de um projeto que garanta autonomia ao Banco Central. Esta é uma das condições impostas pelo presidente do BC, Ilan Goldfajn, para ficar no cargo.

Aliás... O Senado está fazendo uma série de nomeações a toque de caixa. Nas últimas semanas, por exemplo, nomeou todo o comando da Agência Nacional de Mineração com indicações políticas. Como têm mandato, estes nomes não poderão ser substituídos. (Estadão)

Um pouco de humor oposicionista: o Instagram Bolsominions Arrependidos.

A primeira reunião do Copom, do Banco Central, após a definição eleitoral decidiu ontem, por unanimidade, manter a taxa Selic em 6,50% ao ano. (Estadão)

Cultura

O diretor Abdellatif Kechiche, vencedor da Palma de Ouro pelo filme Azul é a cor mais quente (trailer), está sendo investigado por agressão sexual. Uma atriz afirma ter sido abusada por ele, em julho, durante um jantar de comemoração. Ele nega a acusação.

O primeiro episódio da websérie Cobra Kai, websérie que retorna ao mundo do filme Karatê Kid, ultrapassou a marca de 50 milhões de visualizações. Exibida no Youtube Premium, serviço pago da plataforma de vídeos, a trama mostra a vida de Johnny Lawrence, famoso antagonista do filme original, buscando reerguer o Cobra Kai Dojo. A segunda temporada já está confirmada para o começo de 2019. (Globo)

Uma companhia de teatro italiana recriou obras de Caravaggio por meio dos ‘tableaux vivants’, uma técnica artística em que um grupo de atores ou modelos recria quadros. E os vídeos viralizaram.

Viver

Um estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisa Vulnerabilidades e Saúde da Universidade Federal de Minas Gerais apontou que o estresse pós-traumático atinge 80% dos jovens vítimas do desastre de Mariana, considerado como o maior desastre ambiental do Brasil, segundo o Ibama. Entre as crianças e adolescentes entrevistados, 91,7% testemunharam o desastre e 8,7% receberam notícias traumáticas decorrentes do acidente. Os números não significam que todos que foram rastreados positivamente têm a doença, mas apresentam sinais que já podem impactar em sua qualidade de vida. A questão agora é mensurar qual será o impacto desses distúrbios na vida dos jovens daqui em diante — 39,1% deles possuem rastreio positivo para depressão, por exemplo.

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Galeria: A Índia inaugurou a estátua mais alta do mundo, uma efígie de 314 milhões de libras do herói da independência Sardar Vallabhbhai Patel, que tem quase o dobro da altura da Estátua da Liberdade de Nova York.

Depois do sucesso de experimentos independentes divulgados por dois grupos de pesquisadores americanos no fim de setembro, cientistas suíços uniram a estimulação elétrica direta da medula espinhal com técnicas de fisioterapia e reabilitação para que três pacientes antes paralisados por ferimentos nas vértebras cervicais agora possam caminhar com auxílio de muletas ou andadores para apoio e equilíbrio. E eles foram além: segundo o estudo, após alguns meses os participantes também recuperaram o controle voluntário de músculos antes paralisados, podendo se movimentar independentemente, ainda que de forma limitada, mesmo quando eles estavam desligados — uma indicação de reabilitação neurológica com a criação de novas conexões nervosas. (Globo)

Enquanto isso... Cientistas desvendaram o mistério dos chifres dos cervos, que caem no inverno e nascem de novo, rapidamente, na primavera. Futuramente, a descoberta pode levar a avanços nos tratamentos de doenças ósseas como a osteoporose e fraturas em seres humanos.

O IBGE divulgou ontem dados do Estatísticas do Registro Civil, que reúne informações sobre nascimentos, mortes, casamentos e divórcios. Eles mostram, por exemplo, que em dez anos caiu mais de 24% o número de mães adolescentes no país, ao mesmo tempo em que cresceu quase 30% o número de mulheres que tiveram filhos depois dos 30. O número total de casamentos caiu 2,3% no ano passado, mas entre pessoas do mesmo sexo cresceu 10%. Também houve aumento do número total de divórcios. E em dez anos, a durabilidade média do casamento diminuiu — foi de 17 anos em 2007 para 14 em 2017.

Dois novos restaurantes brasileiros entraram no ranking do 50 Best da América Latina: os cariocas Oteque e Oro. Ao todo, o país tem nove casas na lista. Veja quais são. (Estadão)

Cotidiano Digital

Começam a vazar detalhes de como será o Galaxy S10, smartphone topo de linha que a Samsung lançará no ano que vem. Telas OLED, o sensor de digital ficará na própria tela, e três câmeras traseiras. A câmera de selfie, ao que parece, ficará atrás da tela — embora não esteja claro como. Além do S10 e do S10 Plus haverá um terceiro modelo da família, mais barato.

Pois é... Ao que parece, a empresa deve lançar também em 2019 seu smartphone dobrável. Ainda sem detalhes.

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