Prezadas leitoras, caros leitores —
Este Meio não circulará amanhã, dia da República. Voltamos na sexta-feira.
— Os editores.
Centro tenta construir bloco de poder no Congresso
O centro político continua desnorteado e ainda sem capacidade de se organizar numa única legenda. Por conta, começa a se desenhar, no Congresso Nacional, uma federação que pode reunir legendas tão díspares quando PSDB, PSB, PV, PSD e até pessoas de MDB e DEM. Cada legenda, explica Mônica Bergamo, mantém sua estrutura e o dinheiro do fundo partidário. Porém são, de acordo com a proposta, oficialmente vinculadas na Câmara e no Senado e precisarão, nas eleições municipais de 2020, lançar juntos seus candidatos a prefeito. A ideia de uma federação ainda precisaria ser aprovada por lei, o que pode se acelerar caso as conversas vinguem. (Folha)
Resta saber como fica a negociação que envolvia PSB e PV com PDT e Rede na construção de um novo partido de centro-esquerda.
Pois é... E a percepção de que há insegurança na formação do governo Bolsonaro, com idas e vindas do futuro presidente e seus principais assessores, está reforçando a candidatura de Renan Calheiros à presidência do Senado. A percepção de que o governo poderá ser instável faz com que a experiência de Renan se torne um trunfo, ‘anteparo de crises’, informa o Painel. (Folha)
O futuro presidente afirmou que pretende cortar no mínimo 30% dos cargos políticos nos bancos federais. Sua avaliação é de que há um exagero no número de posições comissionadas. Afirmou também que, no BNDES, haverá plena transparência a respeito dos critérios adotados em decisões. (Estadão)
A língua, com frequência demais, nos passa a perna. E a má construção de uma frase na nota de abertura cá deste Meio, ontem, gerou mais confusão do que devia. Segundo a reportagem do Estadão na qual a nota se baseou, o governo de transição está fazendo uma lista de quais as pessoas que ocupam cargos de comando nos bancos públicos e estão, de alguma forma, ligados a PT e MDB. Aqueles que forem concursados podem perder os cargos, mas não serão demitidos. Este é um risco que correm apenas os que ocuparem cargos de confiança e não forem funcionários de carreira. De qualquer forma, é bom ter sempre em mente uma lembrança: a transição do governo FH para o de Lula foi muito bem organizada; a de Lula para Dilma, o que é natural, idem. Esta é um improviso só, há um excesso de porta-vozes, disputas de poder internas, e as contradições sobram. Por conta disto muito pouco do que é dito é perfeitamente confiável. Será preciso esperar até que o governo se assente.
Aliás... Segundo delatores da JBS, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, recebeu em 2014 uma doação ainda não admitida de R$ 100 mil para seu caixa dois. (Folha)
Para ler com calma: na Piauí, o cientista Jairo Nicolau se debruça sobre a eleição de Jair Bolsonaro para tentar explicar o que ocorreu. “É, a meu juízo, o maior fenômeno da história das eleições no Brasil”, ele escreve. Boa parte dos analistas esperavam que a disputa entre PT e PSDB se mantivesse. Os próprios políticos organizaram suas chapas com este cenário em mente — tanto que o Centrão se juntou a Alckmin e o PT fez a menor coligação de sua história, apostando no peso do nome de Lula. Jairo via outras possibilidades. Mas, ainda assim, não apostava no capitão reformado. “O candidato do PSL será derrotado por qualquer um no segundo turno”, pensava, acreditando na repetição do fenômeno francês em que a candidata de extrema direita perdeu feio no segundo turno. “Como um candidato com uma história tão à direita, com dezenas de vídeos em que revela seu racismo, sua homofobia e seu menosprezo pelas mulheres, foi capaz de conquistar uma parcela tão expressiva de eleitores de alta renda e alta escolaridade?” O antipetismo é uma resposta evidente, mas ele faz uma ressalva: não só alguns meses antes o PT demonstrava um crescimento relevante como esta sensação de horror ao partido não foi percebida por ninguém, nem em pesquisas, nem em análise. A força desta onda, portanto, veio nos momentos finais da campanha. Sua melhor hipótese se concentra na inteligente campanha promovida pelo WhatsApp pelo grupo de Bolsonaro e a incrível capacidade de produzir ondas de opinião pública muito rápidas desta ferramenta. E este se torna um problema para democracias. Afinal, é um espaço no qual mentiras e emoção convivem com fatos e razão.
Cultura
Abril de 2019. É quando estreia a oitava e última temporada de Game of Thrones. O anúncio foi feito pela HBO ontem, no Twitter.
Enquanto isso, no Brasil, Silvio Santos será tema de série de TV. A trama será uma parceria da Fox com a Gullane Filmes. O apresentador terá sua vida retratada, de forma ficcional, em uma produção com duas temporadas, sendo oito episódios de uma hora cada. (Estadão)
Por falar... Diversas artistas estão usando as redes sociais para prestar solidariedade a Claudia Leitte. A cantora foi assediada por Silvio Santos no palco do Teleton, no último sábado.
Começa hoje, no Museu da Imagem do Som, em São Paulo, a maior exposição sobre HQs já montada no Brasil. Quadrinhos se propõe a fazer uma viagem, ao longo de seus cerca de 600 itens, pela história dessa forma de contar histórias, tanto no Brasil como no mundo. Os artistas brasileiros estão em destaque. A exposição vai até o dia 31 de março.
E ainda: A Agência Mural de Jornalismo das Periferias está produzindo seu primeiro livro-reportagem em quadrinhos contando a história do futebol feminino nas periferias de São Paulo. A obra será lançado oficialmente durante a Comic Con 2018, em dezembro. Para aqueles que já querem garantir seu exemplar, a Mural abriu uma campanha de financiamento coletivo para a impressão: até 25 de novembro, no Catarse, é possível colaborar com R$ 15 e buscar o livro na festa de pré-lançamento, ou pagar o frete e recebê-lo pelo correio
Então... Ainda Stan Lee.
A Marvel preparou um vídeo generoso sobre seu principal nome.
A arquirrival DC também lhe prestou homenagem.
The Economist: “Seus heróis eram pessoas ordinárias com poderes extraordinários. Suas duplas-identidades refletiam a de seu criador. Nascido Stanley Lieber, Mr. Lee foi um dos muitos criadores de quadrinhos judeus que anglicizaram seu nome. Tanto em suas histórias, nas quais os visivelmente diferentes eram heróis, assim como em seus editoriais, Mr. Lee defendeu a igualdade e falou contra o preconceito.”
A Wired pôs no ar uma lista dos melhores quadrinhos que ele escreveu.
E o site Omelete fez uma homenagem diferente: uma lista de músicas que não existiriam sem o quadrinista.
Viver
Qual o ciclo de vida de um treinador no Brasil? Quem fez os melhores trabalhos? Quem são os técnicos mais vitoriosos? Qual o período do ano com mais mudanças? O Globo Esporte fez um levantamento de todas as passagens de comandantes por 21 clubes do país. Foram mais de 800 trabalhos analisados e mais de 15 mil jogos contabilizados. As respostas para essas e outras perguntas estão em um gráfico interativo.
É oficial: Long Island City, no Queens, e a área em torno de Crystal City, em Arlington, nos arredores de Washington, são os grandes vencedores da disputa pela segunda sede da Amazon. Os investimentos nas cidades devem passar de US$ 5 bilhões e mais de 50 mil empregos devem ser criados — 25 mil em cada uma. A decisão permitirá à empresa explorar os mercados de trabalho de Nova York e Washington e manter o poder de barganha nas duas localidades por décadas. O anúncio feito ontem encerrou uma frenética competição de 14 meses entre as cidades de todo os EUA, com o objetivo de atrair a gigante de tecnologia. (New York Times)
Isto posto... A Amazon já renomeou Crystal City como ‘National Landing’ em seu comunicado de imprensa e Nova York está especulando sobre o que vem a seguir. Isso levanta uma questão crucial: como uma cidade define e mantém sua identidade quando uma grande, poderosa e influente empresa se instala? Aliás, será que ela consegue fazer isso?
Pois é. O HQ2 da Amazon pode ser dividido entre cidades superstars, mas as grandes empresas de tecnologia de São Francisco estão começando a se expandir para lugares menores e não costeiros.
Para ouvir com calma: Há cinco dias, a Califórnia está em chamas. O estado tem tentado conter incêndios que se espalham em rápida velocidade. Há mais de 200 pessoas desaparecidas e 42 mortos. Em um podcast, o Nexo explica por que o fogo é recorrente naquela parte dos EUA e por que se espalhou tão rápido por uma das áreas mais ricas do planeta. Spoiler: tem a ver com o clima seco, o fator humano, o vento e até com problemas em linhas de energia.
Um relatório do Conselho Federal de Medicina, com base em dados do Ministério da Saúde, mostrou que o governo gasta, em média, apenas R$ 1.272 com a saúde de cada brasileiro por ano — investimento dez vezes menor do que o feito por países ricos. Na última década, o gasto do setor teve defasagem de 42% na comparação com a inflação. Quem mais se sobrecarregou foram os cofres municipais. (Folha)
Cotidiano Digital
Agências publicitárias digitais, no exterior, começam a se preparar para o início da publicidade em WhatsApp. “A chave para engajamento”, diz Yuval Bem-Itzhak, CEO da Socialbakers, “será conteúdo personalizado, relevante, e que chegue no momento certo. Tem de parecer um bate-papo com um amigo.” Ninguém tem claro, ainda, qual o formato publicitário que funcionará melhor. É bem possível que anunciantes do Facebook possam escolher que sua propaganda apareça também na plataforma de conversa, integrando as duas. Mas não falta quem tenha o receio de que o modelo se mostre intrusivo demais.
A Anatel americana, FCC, põe hoje à venda o espectro de ondas em 28GHz. Ao todo, o espectro leiloado corresponde a mais do que todas as operadoras de telefonia celular têm, hoje, no país. E o destino é um só: 5G. Preço não é o único critério. Rapidez de implementação das redes também será levado em conta. O cálculo de Ajit Pai, que dirige a autarquia, é de que a nova geração da internet sem fio representará um boom de novos negócios digitais, acelerando a economia.
