Meio

A bancada do DEM no Congresso, acompanhada do presidente do partido Antonio Carlos Magalhães Neto, se reuniu ontem com o futuro presidente Jair Bolsonaro. O partido, que já tem três ministros, deve se juntar formalmente à base do governo. Rodrigo Maia, candidato favorito à presidência da Câmara, não estava. O filho de Bolsonaro, Eduardo, havia afirmado na segunda que seu PSL não apoiará sua recondução. Mas os demistas esperam, no mínimo, neutralidade do partido na briga. O ar ainda é de atrito. (Estadão)

Na noite anterior, Maia recebeu em sua casa deputados do PSL para um jantar. Tenta aparar as arestas. “Esteve presente uma ala do partido que entende que o melhor é o diálogo”, explicou a Julia Duailibi o ex-líder Efraim Filho. “Que tratorar não é bom.” Eduardo Bolsonaro não estava. Mas Joice Hasselmann, que bateu-boca com ele via WhatsApp, sim.

Cinco dos candidatos à presidência da Câmara — Fábrio Ramalho (MDB), João Campos (PRB), Capitão Augusto (PR), JHC (PSB) e Alceu Moreira (MDB) — anunciaram ontem um pacto. Quatro apoiarão o quinto que for ao segundo turno contra Rodrigo Maia. Maia segue favorito. (Folha)

A futura deputada estadual paulista Janaina Paschoal denunciou ontem, numa série de tweets, a prática de parlamentares cobrarem de seus funcionários de gabinete o depósito de parte dos salários. Hoje, se um deles fizesse a denúncia, seria punido e obrigado a devolver tudo o que recebeu. “Se for tratado como bandido, não vai denunciar nunca. Um sistema só funciona quando há incentivos ao comportamento lícito”, escreve Janaina. “A lógica da contratação precisa ser a capacidade do contratado e não a disponibilidade em dividir seus ganhos com o chefe.”

No primeiro semestre de 2017, 1.532 brasileiros foram impedidos de entrar na Europa, após saltarem de seus voos, sob suspeita de imigração irregular. No mesmo período de 2018, foram 2.225. O Brasil voltou, segundo o repórter Jamil Chade, à lista dos dez países com mais cidadãos barrados. (Estadão)

Jacob Barata, o Rei dos Ônibus no Rio de Janeiro, confirmou perante o juiz Marcelo Bretas que pagou R$ 145 milhões ao ex-governador Sérgio Cabral. Ele não detalhou quanto foi para campanhas eleitorais e quanto foi em propina. “O único governo que não tivemos apoio de campanha política foi o primeiro do Leonel Brizola”, afirmou.

Outro dos sustentáculos do governo Cabral, o ex-presidente da Fecomérico-RJ Orlando Diniz, deve assinar delação premiada. Pode atingir o Judiciário, segundo Andréia Sadi.

“Sei que a Vossa Excelência repugna, como a mim, e creio que a todos os membros deste conselho, enveredar para o caminho da ditadura pura e simples. Mas às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência.” Assim votou, no dia 13 de dezembro de 1968, a favor do Ato Institucional de número 5, o então ministro do Trabalho Jarbas Passarinho. Não foi o único a chamar o que estavam implantando naquele momento de ditadura, embora tantos, hoje, tentem suavizá-la. A fase de endurecimento e tortura morte do regime militar estava começando. O Poder 360 colheu trechos em áudio da reunião, ocorrida há 50 anos hoje, que decidiu por fechar o Congresso e suspender os direitos civis no Brasil.

Zuenir Ventura: “Era tão radical que o próprio ditador desabafou na hora da assinatura: ‘Confesso que é com verdadeira violência aos meus princípios e ideias que adoto uma atitude como esta.’ Em uma década de vigência, o AI-5 fechou o Congresso, cancelou o habeas corpus, censurou cerca de 500 filmes, 450 peças de teatro, 200 livros, incontáveis programas de rádio, cem revistas, mais de 500 letras de música e uma dúzia de capítulos de telenovelas. foram punidos mais de mil cidadãos com suspensão de direitos políticos, demissão, cassação de mandatos. Entre os funcionários públicos atingidos por delito de opinião, estavam três ministros do STF — Hermes Lima, Evandro Lins e Silva e Vítor Nunes Leal — e professores universitários como Caio Prado Júnior, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso e muitos outros.” (Globo)

No final do dia de ontem, a premiê britânica Theresa May sobreviveu à moção de censura movida por seu Partido Conservador. Os deputados de seu grupo votaram a portas fechadas e ela venceu, permanecendo sua líder e, por ser a legenda de maioria, seguirá ocupando a casa de número 10 na Downing Street, residência oficial dos primeiros-ministros. O custo da vitória, porém, foi alto. May argumentou que uma troca de liderança tão próxima do dia 29 de março, data em que o país deixará a União Europeia, demonstraria caos no partido, favorecendo uma vitória, na próxima eleição, dos Trabalhistas. Ela, porém, fez uma séria concessão: concordou em deixar voluntariamente a liderança do partido antes de 2022, quando ocorrerão as próximas eleições. (New York Times)

Só porque o Natal se aproxima... O diário britânico The Guardian republicou seu editorial de Natal de 1944. A última época em que o nacionalismo dominou a Europa.

Trecho: “Este fim de semana de Natal será celebrado de alguma forma em toda a Europa. É uma relíquia da unidade do Ocidente que o Cristianismo fez tanto por promover e que nós, neste século, fizemos tanto para destruir. Os cidadãos de Varsóvia e Budapeste, de Amsterdã e Atenas, terão pouca paz neste Natal. E nós, nestas ilhas, confortáveis em nossas casas, também estamos sob a sombra alemã. Resta um consolo: este, o sexto Natal da guerra, será o último. A Alemanha será derrotada nos próximos meses. Que tipo de paz teremos? Quanto vai durar? A Rússia já se prepara para mudar o mapa da Europa. Mas ainda há tempo. Enquanto a ameaça alemã mantém os Aliados unidos, devemos construir o início de uma nova ordem. Rússia e França, que sofreram mais perante a agressão alemã, têm o direito de garantir sua segurança. Mas esta segurança deve vir de uma paz reforçada por uma nova Liga das Nações na qual Reino Unido e EUA tenham seu espaço. Ainda há tempo para convencer os líderes da Europa de que a paz não pode ser garantida por fronteiras. Precisamos restaurar a prosperidade econômica e unidade espiritual de toda a Europa. Precisamos de uma nova Europa, democrática, próspera, unida não só pela cristandade, mas pelas tradições comuns de humanismo, ciência e lei.”