Guedes aponta para mudanças radicais

Num dia marcado por posses de ministros, vários com discursos no mínimo surpreendentes, nenhum apontou para mudanças tão concretas e ao mesmo tempo radicais quanto Paulo Guedes, que assumiu a pasta da Economia. “Vamos abrir a economia”, afirmou, “simplificar impostos, privatizar, descentralizar recursos para Estados e municípios.” Apontou para uma meta clara: carga tributária de 20%, bastante abaixo dos 36% atuais. “Acima de 20% é o quinto dos infernos, Tiradentes morreu por isso.” Guedes demonstrou ainda simpatia pela ideia de um imposto único. Mas este seria um projeto futuro. O objetivo inicial será simplificação da carga tributária. (Estadão)

A proposta que o time de Guedes apresentará para reformar a Previdência prevê aposentadoria com no mínimo 65 anos para homens. As mulheres poderão ficar em 63 anos. A ideia é subir gradativamente a partir dos 55 no INSS e, de forma mais rápida, largando de 62, no setor público. Quem recebe mais de uma pensão poderá ficar com uma inteira a até 40% da segunda. (Quem recebe dois salários ou menos não seria afetado.) E apenas as regras gerais da Previdência ficariam na Constituição — o resto vira detalhe dado por lei. (Globo)

Se não passar a reforma da Previdência, Guedes pretende desvincular os gastos federais, incluindo saúde e educação, para ter maior flexibilidade com o Orçamento. O ex-ministro Maílson da Nóbrega não gostou. “Esse é o tipo de raciocínio que enfraquece o discurso da reforma da Previdência porque manda a mensagem para os congressistas, que não são nada simpáticos à reforma, de que tem uma saída.” (Estadão)

A privatização da Eletrobrás foi confirmada e ocorrerá através da abertura de capital, como já era previsto no governo Temer. Todos os aeroportos deverão ser leiloados nos próximos três anos e meio. Os últimos serão Congonhas e Santos Dumont.

Vinícius Torres Freire: “Paulo Guedes reafirmou a promessa de desmanche do Estado, uma reviravolta histórica que pretende desfazer pelo menos 40 anos de fracassos de uma economia dirigida, disse. Esse plano pareceu mais plausível com a informação de que o bolsonarismo, o centrão e talvez parte da esquerda devem reeleger Rodrigo Maia presidente da Câmara. Logo de início, o governo tocaria privatizações rápidas e a redução de gastos previdenciários e assistenciais que não depende de mudança constitucional ou mesmo de lei. Em breve, começaria o processo de unificação de impostos e a extinção paulatina da CLT. Enfim, o ministro mantém o projeto de reduzir ao osso a banca estatal, a começar pelo BNDES. O ar seco de Brasília costuma desidratar planos túrgidos, mas o ministro parece não estar nem aí. Convém prestar atenção, até porque a maioria do país acaba de votar em uma mudança radical. E se não passar a Previdência? O governo então iria propor a desvinculação geral de todos os gastos, imensa mudança constitucional. O ministro sugeriria, pois, lançar uma bomba atômica na terra arrasada que seria a de um governo fracassado na Previdência. Guedes aprendeu um bom tanto de política desde a campanha. Mas ainda não se graduou, pelo jeito.” (Folha)

A Bolsa fechou o dia, ontem, com alta recorde — 91.012 pontos. E o dólar caiu, fechando a R$ 3,8087.

PUBLICIDADE

Pois é... O PSL também mudou radicalmente, e pretende apoiar a candidatura de Rodrigo Maia em sua reeleição à presidência da Casa. É, segundo o Painel, uma derrota para o ministro Onyx Lorenzoni, que mal assumiu a gestão política do governo. Mas o partido do presidente corria o risco de ficar sem espaço na mesa diretora. (Folha)

Aliás... Lorenzoni pode exonerar até 320 pessoas na Casa Civil. “Despetização do governo federal”, afirmou em entrevista.

Foi o ataque ao globalismo, pauta cara à nova direita mundial, que marcou o discurso de posse do chanceler Ernesto Araújo. “O globalismo se constitui em ódio”, disse. “O problema do mundo não é a xenofobia e sim a oikofobia”, continuou, referindo-se à aversão ao próprio lar. “Para destruir a humanidade é preciso acabar com as nações e afastar o homem de Deus. É contra isso que nos insurgimos.” (Estadão)

Aliás... O Globo listou todas as referências citadas por Araújo durante a posse.

Também religioso foi o tom na posse da ministra Damares Alves, na pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos. “O Estado é laico, mas esta ministra é terrivelmente cristã. Todas as políticas públicas neste país terão que ser constituídas com base na família. Sou uma mulher sozinha com uma filha e nada vai tirar de nós este vínculo. Todas as configurações familiares serão respeitadas.”

E... Causou polêmica a MP editada por Bolsonaro tirando a população LGBTI da lista de grupos beneficiados por políticas de proteção aos direitos humanos. Os direitos do grupo podem estar incluídos em “minorias étnicas e sociais”, o que já representa uma perda de status, mas nem isso está garantido.

Não só eles... O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno defendeu a transferência da responsabilidade por terras indígenas da Funai para o Ministério da Agricultura, controlado por ruralistas. “O índio precisa ser tratado como cidadão brasileiro, e não com alguém de exceção”, disse. “Precisa ser incluído na sociedade, guardadas todas as tradições culturais, todos seus traços, ancestrais, a história, mas dando o direito de ter aquilo que ele deseja e não de ter a sua situação imposta por quem acha que ele deve ser assim.” (Globo)

Cultura

O lançamento oficial (43 anos depois) da gravação de um show antológico de Bruce Springsteen, a performance de Beyoncé que arrebatou o festival Coachella e o vídeo This is America, no qual o rapper Childish Gambino (aliás, o ator Donald Glover) esfregou na cara do público americano as contradições do país. Esses são alguns dos destaques da lista “Melhores Momentos Musicais de 2018”, elaborada pela WIRED e focada, como não podia deixar de ser, no mercado pop dos EUA.

Lista: 50 filmes que parecem imperdíveis em 2019, segundo a Vulture.

Quatro de julho. É quando estreia a terceira temporada de Stranger Things na Netflix. Por enquanto, os fãs devem se contentar com o teaser curtinho que a plataforma de streaming divulgou. A Time reuniu num guia tudo que sabemos até agora sobre o que vem por aí.

Enquanto isso... Na Arábia Saudita, a Netflix retirou do ar um episódio da série cômica Patriot Act with Hasan Minhaj. O episódio criticava o país pelo assassinato de Jamal Kashoggi, jornalista do Washington Post, e foi vítima de queixas de autoridades do reino. (Estadão)

E o diretor de Black Mirror: Bandersnatch admitiu que tem um final do longa interativo que nem ele conseguiu acessar ainda.

Trecho da letra de 15 Minutes, música lançada agora no início de janeiro pelo músico e comediante britânico-australiano Tim Minchin: “No futuro, todo mundo / Terá seus 15 minutos / 15 minutos de vergonha / 15 minutos em que fará algo imperdoável / Pegue seu tridente e sua tocha / Nós vamos caçar aquele monstro / Mas fique de olho no caminho / Podemos nos virar contra você ao menor tropeço.”

Viver

O site americano Curbed destacou os 10 grandes desafios para o planejamento urbano em 2019. Alguns são bem restritos à realidade dos EUA, mas as respostas para algumas questões devem ser procuradas por boa parte das grandes cidades do mundo todo. Por exemplo: até onde vai a invasão das scooters e bikes elétricas? A Bird e a Lime, start-ups unicórnios, assim como a Uber e a Lyft, implantaram frotas enormes de duas rodas e planejam se expandir para mais longe, tanto nos EUA quanto no exterior. Ou então: as cidades vão conseguir liderar o combate às mudanças climáticas, mesmo estando entre as grandes responsáveis pelas emissões de carbono? Como manter os sistemas de transporte público saudáveis? E ainda: como lidar com a escassez generalizada de habitação a preços acessíveis?

Pois é. Entre as cidades americanas, ninguém quer tornar-se a nova São Francisco, com aluguéis de US$ 5.000 por mês, seus acampamentos de desabrigados e a dissonância sempre presente entre os dois mundos. Mas São Francisco também não quer tornar-se Manhattan, com seus arranha-céus erguendo-se por toda a cidade. Nova York, que já tem seus prédios e altos aluguéis também tem um medo: transformar-se na nova Seattle com a chegada da Amazon. É que é crescente a suspeita de muitas comunidades de que os custos da prosperidade urbana superam os benefícios — em suma, os empregos de tecnologia e os altos salários não valem a pena se vierem com piora do congestionamento ou altos custos de moradia. (New York Times)

Por falar... Você já pensou em mudar permanentemente para um novo país? Se a resposta for sim, você não está sozinho. Uma nova pesquisa da Gallup mostra que 15% da população global — mais de 750 milhões de pessoas — fariam isso se pudessem.

PUBLICIDADE

No dia 14 de fevereiro do ano passado, Nikolas Cruz, então com 19 anos, entrou armado em sua antiga escola secundária em Parkland, na Flórida, e abriu fogo, matando 17 estudantes. Quase um ano depois, a comissão que investiga o crime recomendou, em seu relatório preliminar, que professores “voluntários e devidamente treinados” deem aula também armados para aumentar a segurança na escola. A sugestão, que ecoa uma declaração de Donald Trump na época do massacre, conseguiu unir sobreviventes, pais de vítimas, associações de professores e especialistas. Todos são contra.

A China conquistou um feito histórico na corrida espacial. Pela primeira vez na história, uma sonda chinesa pousou no lado oculto da Lua. Programas espaciais pioneiros como o soviético ou o americano conseguiram fotografar o lado oculto do satélite há mais de meio século, mas nunca haviam chegado até lá.

E já que o assunto é espaço, o guitarrista e astrofísico Brian May, do Queen, homenageou em seu primeiro compacto solo em 20 anos o feito da sonda New Horizon, que fotografou Ultima Thule. Confira a música e as opiniões de May sobre sua participação no projeto da NASA.

Cotidiano Digital

A USB Implementers Forum, organização internacional sem fins lucrativos que determina os padrões para conexões USB, publicou enfim a especificação técnica para autenticação do modelo USB-C. É aquele usado pelos celulares topo de linha, com exceção dos iPhones. Autenticação quer dizer que apenas um cabo autorizado pode ser utilizado numa determinada máquina. No discurso oficial, o objetivo é garantir segurança para o equipamento. Na prática será trazer para o mundo Android a prática da Apple: só vão funcionar direito cabos autorizados, quase sempre caríssimos. E a própria Apple, que já utiliza o padrão USB-C em seus computadores, deve enfim trazê-lo para os celulares.

Aliás... A Apple anunciou ao mercado que deve faturar US$ 84 bilhões neste primeiro trimestre. Analistas esperavam algo acima de US$ 91 bi. O resfriamento da economia chinesa e queda de vendas, lá, causado ao menos em parte pela política externa dos EUA, é o principal responsável.

Vazaram arquivos CAD do Moto Z4 Play, que deverá ser lançado este ano. A tela ocupa todo seu corpo com um pequeno círculo driblando a câmera de selfie. As conexões para os Mods continuam lá.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.