Prezadas leitoras, caros leitores —
Os homens de meia idade estão perdendo seus laços, não fazem novos amigos nem mantêm contato com os antigos. Artes marciais e um culto ao esforço físico se tornam refúgio para esses solitários. Na Edição de sábado, o antropólogo Juliano Spyer nos conta em primeira pessoa como foi mergulhar nesse mundo de músculos e isolamento generalizado e, ao mesmo tempo, seu movimento para deixá-lo.
Já os mais jovens socializam a qualquer hora. Adriano Oliveira apresenta as coffee parties, onde a geração Z se diverte com menos álcool e com o sol ainda no céu. E Guilherme Werneck entrevista o historiador indiano Dipesh Chakrabarty, uma das vozes mais influentes do pensamento pós-colonial e dos estudos sobre as implicações históricas e filosóficas da crise climática.
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Trump dá prazo de duas semanas para decidir se ataca o Irã

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua indeciso sobre a entrada do país na guerra entre Israel e o Irã. Ao longo desta primeira semana de conflito, Trump vem enviando sinais difíceis de serem interpretados tanto por seus aliados quanto por seus inimigos. Nos primeiros dias dos ataques israelenses ao Irã, o presidente americano tentou se distanciar da ofensiva de Tel Aviv. Já no meio da semana, Trump chegou a se reunir com seu conselho de segurança, dando a entender que um ataque dos Estados Unidos ao Irã estaria próximo de acontecer. Ontem, em uma nova reviravolta, Trump anunciou que só tomará uma decisão sobre a participação efetiva dos Estados Unidos na guerra em duas semanas. (WSJ)
O prazo de Trump foi bem recebido pela diplomacia europeia, que busca uma solução negociada para a crise no Oriente Médio. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, vai se reunir hoje em Genebra com os chefes da diplomacia do Reino Unido da França e da Alemanha. O nó da questão segue sendo o enriquecimento de urânio, apontado pelo Irã como vital para a produção de energia nuclear com fins pacíficos. Trump já anunciou que pretende vetar inteiramente a prática. (CNN)
A participação dos Estados Unidos pode ser fundamental para que Israel atinja o objetivo de destruir o programa nuclear iraniano. Parte principal do programa está instalada dentro de uma montanha, a mais de 100 metros de profundidade. Apenas os Estados Unidos têm armas capazes de destruir as instalações, mas ainda assim não há garantias de que as bombas conseguirão obliterar as estruturas iranianas. (Economist)
Enquanto o mundo assiste ao vai-não-vai de Trump, nos Estados Unidos o apoio popular à entrada do país em uma nova guerra parece diminuir. Uma pesquisa do Washington Post mostra que 45% dos entrevistados se opõem a uma nova guerra, e 30% dizem não estar certos sobre o que deve ser feito. Apenas 25% dos entrevistados disseram que os Estados Unidos devem atacar o Irã. (Washington Post)
Em Gaza, o drama de palestinos famintos que são mortos por se aproximarem dos centros de distribuição de alimentos continua. Nesta primeira semana de guerra entre Israel e Irã, mais de uma centena de palestinos foram mortos a tiros no enclave enquanto tentavam conseguir comida. Ontem, foram 15 mortos e 60 feridos. (Guardian)
Meio em vídeo. Vamos falar sobre o que acontece se você for gay? Ou se você for mulher? Sobre como é viver no regime dos aiatolás? É importante ao menos entender do que se trata. Confira o que diz Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)
Mais Meio em vídeo. Por que tanta gente que se diz progressista fecha os olhos para a opressão brutal contra mulheres no Irã? Este vídeo expõe o silêncio seletivo de quem denuncia Israel, mas ignora uma teocracia que prende, tortura e mata mulheres por não cobrirem o cabelo. Ser contra a guerra não deveria significar aplaudir ditaduras. Se Mahsa Amini tivesse morrido em Tel Aviv, será que sua indignação seria maior? A opinião de Mariliz Pereira Jorge na coluna De Tédio a Gente não Morre. (YouTube)
Depois de uma semana sofrendo derrotas um dia sim e outro também, o governo decidiu atender às demandas do Congresso e liberou mais de R$ 500 milhões em emendas parlamentares. No mesmo movimento, o Planalto também liberou R$ 1,1 bilhão em verbas extras para o Ministério da Saúde, a fim de atender à base aliada — que votou contra o governo em diferentes matérias de interesse do Executivo nesta semana. (UOL)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou minimizar as derrotas no Congresso elogiando o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem fracassado em conseguir um acordo com o Parlamento para aprovar as medidas fiscais que aumentam impostos. Lula disse que o aumento do IOF é justo e que o governo não pode ceder sempre que está sob pressão. (Folha)
Lula, no entanto, preferiu não comentar a decisão do Banco Central de ampliar a taxa básica de juros para 15% na última reunião do Copom. Ao longo dos anos em que o BC era dirigido por Roberto Campos Neto, Lula foi um crítico contumaz da política monetária adotada pela instituição. Desta vez, apenas a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, se pronunciou. Ela poupou o atual presidente do BC, Gabriel Galípolo, mas disse que “é incompreensível que o Copom aumente ainda mais a taxa básica de juros”. (Metrópoles)
Com o tema “Jesus, Deus Forte”, a 33ª edição da Marcha para Jesus reuniu centenas de milhares de fiéis no feriado de Corpus Christi em São Paulo. A presença de autoridades deu tom político ao evento. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) abriu a marcha com uma bandeira de Israel nas costas e afirmou, em vídeo publicado pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), estar orando pelo país: “A gente sabe que trata-se de um povo escolhido”, declarou. Ele também comemorou 50 anos durante o evento, cantou louvores em um trio elétrico e foi homenageado com orações e um “parabéns pra você”. Também participaram o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o ministro do STF André Mendonça e o ministro da AGU Jorge Messias, que representou o presidente Lula. Confira os principais momentos. (Folha, Poder360)
No palco final, Tarcísio sancionou leis que reconhecem a Marcha para Jesus e o grupo Renascer Praise como patrimônios culturais e imateriais do Estado. Segundo levantamento do G1, o evento contou com mais de R$ 2 milhões em emendas parlamentares municipais. (g1)
Abin paralela pode ter monitorado Alexandre de Moraes errado, diz PF
Marcelo Martinez
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Viver
Duas pessoas morreram e outras 4,5 mil estão desabrigadas por conta das chuvas que voltaram a castigar o Rio Grande do Sul. Um homem está desaparecido. Chove forte em diversas regiões do estado desde o início da semana. De acordo com a previsão meteorológica, o tempo instável deve permanecer pelos próximos dias. Ao menos 90 municípios registraram deslizamentos, alagamentos, danos em residências, quedas de pontes e interdições em rodovias. Os rios Taquari e Caí ultrapassaram a cota de inundação e voltaram a alagar municípios que já haviam sido atingidos pela enchente de maio do ano passado.
Um novo estudo publicado na Nature revela que algumas das principais culturas agrícolas podem sofrer perdas “substanciais” de produção por causa da piora do clima, mesmo que os agricultores se adaptem às mudanças climáticas. Segundo os pesquisadores, a produção de milho, soja, arroz, trigo e mandioca deve cair em até 120 calorias diárias por pessoa para cada 1°C de aquecimento do planeta. O aumento da renda e as mudanças nas práticas agrícolas poderiam reduzir as perdas em cerca de um quarto até 2050 e um terço até 2100, mas sem a reversão completa. A equipe de cientistas dos EUA e da China utilizou dados de 12.658 regiões em 54 países para capturar o grau de adaptação dos produtores de alimentos às diferentes mudanças climáticas. (Globo)
O Departamento de Estado dos EUA retomou a análise de vistos para estudantes estrangeiros, agora exigindo que candidatos deixem seus perfis nas redes sociais públicos para avaliação — o que, se negado, pode levar à rejeição. A medida visa excluir quem “representa ameaça à segurança nacional” e acontece num cenário de restrições e queda nas inscrições. Desde o início do governo Trump, as regras para vistos estudantis vêm sendo endurecidas, com revogações por motivos até triviais e ampliação dos critérios para cancelamento do status legal, embora parte dessas decisões tenha sido revertida. (NPR)
“Bebês do Ozempic” é o apelido dado aos filhos de gestantes que engravidaram inesperadamente enquanto usavam remédios para emagrecer, como Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida). Esses medicamentos retardam o esvaziamento do estômago, podendo reduzir a absorção do etinilestradiol, presente em anticoncepcionais orais. Com pelo menos 40 casos relatados ao órgão regulador britânico, a agência alertou para essa possível interação e recomenda o uso de métodos contraceptivos adicionais, como preservativos ou DIUs. (BBC)
Cultura
Morreu nesta quinta-feira, aos 91 anos, o ator Francisco Cuoco, um dos maiores galãs da história da TV brasileira. Internado havia 20 dias no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, ele tratava uma infecção nos rins e enfrentava problemas de saúde nos últimos meses. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos. Com voz grave, charme sereno e presença marcante, eternizou personagens como Carlão, o taxista de Pecado Capital (1975), o charlatão Herculano Quintanilha em O Astro (1977) e os gêmeos de O Outro (1987). No teatro, estreou ao lado de Fernanda Montenegro e atuou em obras como Três Homens Baixos (2004); no cinema, esteve em produções como Traição (1998), Gêmeas (1999) e Cafundó (2005). Nascido no Brás, bairro de imigrantes italianos em São Paulo, Cuoco construiu uma carreira de mais de seis décadas — e um lugar definitivo na memória afetiva do país. Deixa três filhos. (Folha)
Ney Matogrosso, Ludmilla, Karol Konká e uma gama de DJs se encontram neste final de semana no Castro Festival, no Novo Anhangabaú, em São Paulo. A cidade ainda recebe a 1ª Semana do Cinema Nacional no Centro Cultural, com clássicos, cults e uma mostra de Glauber Rocha com trilha ao vivo. O Rio de Janeiro não fica atrás: o Mimo Festival segue até sábado com shows, palestras, sessões de cinema e a exposição Flecha, de Mercedes Lachmann. Na Lagoa, a noite Magic Kingston agita com Bagunço e DJs, com entrada gratuita até às 21h. Na curadoria da newsletter Ladrilho Hidráulico, todas as dicas para aproveitar o feriado e o fim de semana estão no site do Meio.
Cinebiografia de Bruce Springsteen estrelada por Jeremy Allen White, Springsteen: Salve-me do Desconhecido ganhou seu primeiro trailer (YouTube). Baseado no livro homônimo de Warren Zanes, de 2023, e dirigido por Scott Cooper, o longa mostra o premiado astro da série The Bear interpretando The Boss, enquanto compõe seu sexto álbum, Nebraska, no início dos anos 1980. Com estreia nos cinemas em 30 de outubro, o filme contou com o próprio Springsteen no processo, chegando a elogiar a atuação de White, como “um ator fantástico” que canta “muito bem”. (Guardian)
Cotidiano Digital
A SpaceX enfrentou mais um revés na noite de quarta-feira, quando um foguete Starship explodiu durante a preparação para seu décimo voo de teste na Starbase, no Texas. A empresa do bilionário Elon Musk classificou o incidente, que não deixou feridos, como uma “grande anomalia” e disse que as causas ainda estão sendo investigadas. Vídeos mostram uma enorme bola de fogo logo após a tentativa de decolagem. Considerado o maior foguete já construído, o sistema é a principal aposta da SpaceX para levar pessoas e carga à Lua e a Marte. Mas o histórico recente levanta dúvidas: só neste ano, três outros voos falharam — com explosões em janeiro e março, e mais uma falha no mês passado. (TechCrunch)
A startup chinesa MiniMax entrou na corrida dos grandes modelos de IA. A empresa, com sede em Xangai e apoiada por companhias como Tencent e Alibaba, lançou o MiniMax-M1, um modelo de linguagem que promete superar os principais concorrentes chineses em tarefas de produtividade e raciocínio. Segundo a companhia, o M1 tem um contexto de até 1 milhão de tokens, oito vezes maior que o do rival DeepSeek R1 e, em alguns cenários, usa apenas 30% dos recursos de processamento que o concorrente. E isso treinado com 512 GPUs H800 da Nvidia, ao custo de meio milhão de dólares. (Bloomberg e Globo)
Elon Musk quer transformar o X em um superapp — e os primeiros passos nessa direção podem ser dados ainda este ano, segundo a CEO Linda Yaccarino. A plataforma deve lançar um cartão de crédito ou débito e estrear sua carteira digital, a X Money, em parceria com a Visa. A ideia é permitir que os usuários façam pagamentos, compras, transferências e até investimentos diretamente pela rede. A promessa é criar um ecossistema financeiro completo, nos moldes do WeChat chinês. A iniciativa, no entanto, pode esbarrar em exigências regulatórias e na resistência de anunciantes, que ainda veem a plataforma com cautela desde que Musk assumiu o controle, em 2022. (Financial Times)
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