A volta do piloto veterano e da androide malvada

Mesmo sem um campeão desde a morte de Ayrton Senna, em 1994, o Brasil ainda tem uma ligação forte com a Fórmula 1, sediando um dos mais tradicionais Grandes Prêmios do circuito mundial. Daí a atenção especial para uma das estreias desta quinta-feira, F1, dirigido por Joseph Kosinski e produzido pelo heptacampeão Lewis Hamilton. Brad Pitt estrela como Sonny Hayes, piloto-sensação dos anos 1990 que teve a carreira e a vida destruídas por um grave acidente. Três décadas depois – e aparentemente sem qualquer trauma –, ele retorna à mais importante categoria do automobilismo para tirar do buraco a escuderia de um amigo, mesmo que isso implique conflitos com a equipe e o jovem segundo piloto (Damson Idris), aparentemente inspirado no próprio Hamilton. O ponto alto, claro, são as sequências de corrida, filmadas em provas reais no Reino Unido.
Mistura de Chucky com aborrecente reborn, a androide M3gan infernizou a vida de sua criadora, a engenheira robótica Gemma (Allison Williams), e da sobrinha desta, Cady (Violet McGraw), de quem deveria ser babá, no filme de 2022. As três estão de volta em M3gan 2.0, mas a cyberpsicopata não é mais a única vilã. Um empresário inescrupuloso rouba a tecnologia da IA para criar uma androide de guerra, Amelia (o fato de não ser uma mulher de verdade é uma ironia compreensível apenas por brasileiros mais velhos). Mais avançada, ela se rebela e quer destruir os orgânicos imperfeitos, nós. Cady convence a tia a reativar M3gan para enfrentar a ameaça. Ainda mais exagerado que o primeiro, este filme não raro descamba para a galhofa, como a robozinha fazendo a “dança do robô”. Mas diverte.
Robótica também é o pano de fundo de Quebrando Regras, dirigido por Bill Guttentag. Mas este filme é baseado em fatos reais, o que o torna até mais atemorizante. É a história de Roya Mahboob, que criou uma iniciativa para ensinar robótica a moças no Afeganistão sob a ditadura islâmica do Talibã. Arriscando as próprias vidas, ela e suas pupilas formam a primeira equipe afegã inteiramente feminina para participar de uma competição internacional de robótica.
Um pouquinho mais para o Oeste, mas não muito, o suspense Ponto Oculto acompanha uma equipe de filmagem alemã em uma aldeia curda na Turquia. Por meio da intérprete local, eles conhecem uma menina chamada Melek, que parece ser assombrada ou possuída por uma força desconhecida. Para tornar a situação ainda mais complexa, o pai dela faz parte de uma sociedade secreta turca, mas vai se ver dividido entre a lealdade a esse grupo e o bem-estar de sua família.
Primeiro longa de ficção do documentarista Marcos Pimentel (nenhum parentesco, que eu saiba), O Silêncio das Ostras se passa na região de Brumadinho (MG) e acompanha diversas fases da vida de Kaylane, uma mulher pobre cuja família vive nas margens da mineração predatória praticada ali. Adulta, vivida por Bárbara Colen, Kaylane tem de conviver com a perda e a tragédia provocada pelos crimes ambientais em Mariana e na própria Brumadinho – o longa traz cenas reais da destruição provocada pelo rompimento das barragens.
Segunda parte a trilogia de Love e Sex, Dreams, de Dag Johan Haugerud, contando a história da adolescente Johanne, que desperta para a sexualidade ao se apaixonar por uma professora. Incapaz de dar vazão a esse sentimento, ela os registra em um diário, junto com fantasias em relação à amada. O problema é que o caderno é encontrado pela mãe e pela avó da jovem. Inicialmente chocadas e preocupadas, elas começam a ver nos textos valor literário e falam em publicá-los, para desespero de Johanne.
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