Maia se estranha com Temer sobre denúncia

A defesa do presidente Michel Temer foi entregue ontem à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara pelo advogado Eduardo Carnelós. “Ainda bem que agora já não há mais à frente do Ministério Público quem esteja disposto a depor o presidente da República”, disse. Carnelós não poderia ser mais claro sobre como vê a acusação feita por Rodrigo Janot de que o PMDB da Câmara é uma organização criminosa para angariar propinas e de que Temer foi um de seus líderes. Para o advogado, a denúncia “constitui uma tentativa de Golpe”. (Estadão)

Bernardo Mello Franco: “Foi golpe! Quem grita agora, veja só, é o presidente Michel Temer. Depois de declarar guerra à palavra martelada pelos petistas, o peemedebista resolveu reabilitá-la em causa própria.” (Folha)

Bonifácio de Andrada, do PSDB mineiro, tem prazo de cinco sessões para avaliar denúncia, defesa e entregar um parecer. O veterano deputado passou o dia sob intensa pressão para se licenciar do partido caso quisesse ser relator da denúncia. Chegou a entrar por viva-voz em reunião de tucanos que incluía o líder na Câmara, Ricardo Tripoli, e o presidente do partido, Tasso Jereissati. Seus companheiros de bancada não querem participar de uma operação salva-Temer. O tetraneto do patriarca da Independência segue irredutível.

Enquanto isso... O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, jantou terça-feira na casa da senadora Kátia Abreu, onde se encontrou com outros senadores de oposição. De Renan Calheiros ao petista Jorge Viana. Queixou-se, segundo Andréia Sadi da GloboNews, de que “o governo está errando demais”. E, segundo Bruno Boghossian da Folha, de que Temer terá “dificuldades” para barrar a denúncia na Câmara. Ou seja, o presidente corre riscos, na avaliação feita por Maia, perante a oposição. Mas a senadora negou que tenha-se discutido qualquer conspiração em sua casa, informa Tales Faria, editor do Poder360. Rodrigo Maia é o substituto imediato do presidente da República.

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Por mais de um mês, deputados e senadores não conseguiram chegar a uma conclusão sobre como pagar pela campanha eleitoral de 2018. A dois dias do fim do prazo, que estoura no sábado, 7, a Câmara aprovou às pressas dois textos distintos. O primeiro veio do Senado e cria um fundo público de valor incerto mas que terá, no mínimo, R$ 1,7 bilhão. Este vai à sanção presidencial. O segundo texto, que impõe regras sobre uso do fundo, doações e no que pode ser gasto, foi sendo modificado até o último minuto. Muitos dos parlamentares votaram sem saber bem o que aprovavam. Definiram-se regras que incluem um limite para autodoações. É um ponto que poderá ter impacto em 2018. Candidatos ricos, como João Doria, não poderão colocar mais do que R$ 200 mil próprios em suas campanhas. O Senado ainda precisa confirmar a regulamentação.

Entre as muitas regrinhas: telemarketing está liberado. Desde que não seja por gravação. E será permitido pagar pelo impulsionamento de posts no Facebook. (Folha)

Enquanto isso... O Supremo decidiu, por 6 votos a 5, que a Lei da Ficha Limpa aprovada em 2010 vale, também, para políticos condenados por abuso de poder em campanha antes de ela entrar em vigência. Como o prazo de ineligibilidade é de oito anos, a decisão, na prática, vale para quem foi condenado naquele ano.

A Polícia Federal prendeu, agora de manhã, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro Carlos Arthur Nuzman. Ele é acusado de comprar votos para a escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016.

O ministro Alexandre de Moraes negou o pedido da Defensoria Pública da União, que cobrava retorno aos estados de origem de líderes do tráfico. Segundo a DPU, manter homens como Fernandinho Beira Mar, Marcinho VP e Nem presos longe do Rio de Janeiro representaria um “constrangimento ilegal” por extrapolar o prazo previsto por lei, de dois anos. Com apoio de parecer de Raquel Dodge, Moraes argumentou que a lei não prevê limite e permite que o afastamento seja renovado enquanto for necessário. O governo do Rio temia que o retorno dos líderes aumentasse a capacidade de articulação do comando do crime organizado. (Estadão)

E... O italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua em seu país e que vive como refugiado no Brasil, foi preso ao tentar cruzar a fronteira para a Bolívia com cerca de R$ 23 mil. Ele é acusado de evasão de divisas. O governo italiano entrou com pedido para que Temer reveja a decisão de Lula de não extraditá-lo. (Globo)

Cultura

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio, quer expor Queermuseu. Para além das polêmicas que gerou, a mostra — com 270 obras de 80 artistas — foi pouco vista. Surgiu e logo foi cancelada pelo Santander Cultural de Porto Alegre, acusada de promover a pedofilia. Desde então, vaga um tanto a esmo no circuito de instituições culturais do país. O Museu de Arte do Rio (MAR) pensou em abrigá-la, mas desistiu ante o veto do prefeito Marcelo Crivella. Agora, o diretor da EAV (e também conhecido colecionador de arte), Fábio Szwarcwald, diz que a quer. Estima os custos em R$ 300 mil, valor que seria obtido por meio de iniciativa privada ou até mesmo de crowdfunding. (Folha)

Enquanto isso, na França… o Museu d’Orsay retomou uma campanha de 2015, com cartazes com slogans como: “Tragam seus filhos para ver pessoas completamente nuas”.

O Meio errou: ontem, citamos dois deputados federais que defenderam “porrada” e tortura para artistas de performances como o nu do MAM-SP. Afirmamos que um deles era Edmilson Rodrigues. Não era. Tratava-se de João Rodrigues, do PSD de Santa Catarina. Edmilson Rodrigues, do PSOL do Pará, é o oposto. Constante defensor dos direitos humanos, protestou com veemência contra as afirmações dos colegas.

É possível assistir ao vivo, hoje às 8h, o anúncio do Prêmio Nobel de Literatura. Via YouTube.

Gertrude Stein precisava ter uma vaca em seu campo de visão para escrever. Já a cultuada poeta e autora americana Maya Angelou, mesmo tendo casa própria, alugava quartos de hotel para o trabalho. E Ray Bradbury concebeu o clássico Fahrenheit 451 numa máquina de escrever alugada — pagava 10 centavos a cada 30 minutos. E segue a lista de escritores, suas esquisitices e histórias na hora de enfrentar a página em branco.   

Kate Winslet protagoniza o novo filme de Woody Allen, Wonder Wheel, que estreia em dezembro nos EUA. É o primeiro longa do cineasta que se passa nos anos 1950. O trailer e outros detalhes sobre a produção estão no Guardian.

Viver

O Nobel de Química deste ano premiou três cientistas pela criomicroscopia eletrônica. Numa ‘tradução’ mais poética, segundo a Folha, o prêmio foi para o avanço da técnica para registrar em filmes e fotografias a vida, por meio das moléculas que a compõem. A criomicroscopia permite que elas sejam congeladas e analisadas com precisão. Dá-se a ver, assim, o funcionamento do “maquinário orgânico”, como define o jornal, que explica em minúcias o processo que levou Jacques Dubochet, da Universidade de Lausanne, Joachim Frank, da Universidade Columbia, e Richard Henderson, da Universidade de Cambridge, a vencer outros estudos importantes, como o da edição de genes. Até mesmo um dos vencedores apostava suas fichas nisto: "Achava que o prêmio iria para o Crispr [mecanismo de edição genética]", afirmou Joachim Frank.

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O crescimento rápido das cidades asiáticas está cobrando seu preço — e, como sempre, justamente dos mais pobres, operários, imigrantes. Divulgado essa semana, um relatório do Banco Mundial sobre a Ásia Oriental e o Pacífico informa que, se por um lado a urbanização ajudou a tirar 655 milhões de pessoas da pobreza nas últimas duas décadas, por outro fez da região a maior concentração de favelas do mundo — nelas, vivem 250 milhões de pessoas.

Para ler com calma: Benjamin Pinney, executivo da Johnson Controls, sugere que os trabalhadores imigrantes são peças-chave nas cidades do futuro asiático. E que estamos diante de uma oportunidade de se criar um ciclo virtuoso de crescimento econômico. Investindo em treinamento, estes trabalhadores vão aprender a construir prédios e sistemas urbanos mais eficientes, as cidades seriam melhores. E, se apoiando no seu treinamento, esses trabalhadores vão poder se inserir no mercado de trabalho urbano da classe média destas novas cidades. O alerta: se o aspecto social não foi cuidado desde agora, pode fazer fracassar o processo de urbanização do continente.

Paula Lavigne:Eu era uma ativista e não sabia. Sempre tive essa energia pró-ativa”. A empresária de 48 anos, mulher de Caetano Veloso, reuniu ‘coxinhas e mortadelas’ em torno do ‘Fora Temer’ e, mais recentemente, articulou a campanha para que o presidente revogasse o decreto que extinguia a Reserva Nacional do Cobre e Associados, Renca, na região amazônica. Em entrevista à Folha, ela conta sua história como militante e suas bandeiras que, em geral, ganham participação de artistas e celebridades. “Não preciso me aproveitar deles, esse é o meu mundo, lido com artistas. Pelo contrário. Isso me toma tempo, dinheiro, energia, concentração. Não preciso me aproveitar até porque não tenho pretensões políticas, não pretendo me candidatar a nada.”

Galeria: os fotógrafos Roberto Laderia e Fábio Rumier registraram centenas de homens que se assumiram gays e que contam suas histórias de aceitação à medida em que se despem diante da câmera. Trata-se do projeto Chicos. Aos pudicos: alerta de nudez masculina.

Cotidiano Digital

Mais do que uma série de produtos em hardware, o Google lançou ontem uma filosofia nova. Se a marca da Apple é a perfeita integração entre software elegante com hardware de design arrojado, o Google saiu-se com algo distinto. Hardware integrado com software e ambos envolvidos por uma camada de inteligência artificial. Porque as três peças são pensadas simultaneamente para um mesmo aparelho, tudo funciona suavemente. E as máquinas são construídas para compreender o que seu dono prefere e ir, lentamente, se adaptando.

Os celulares Pixel 2 e 2 XL não têm o arrojo de design comum a Apple e Samsung. São, na comparação do crítico do Verge, escandinavos. Elegantes, porém discretos. A qualidade da tela disputa com o que há de melhor no mercado e a capacidade da câmera, idem. A relação entre lentes, chip de captação e inteligência artificial garantem fotos claras mesmo com pouca luz, vídeos que não tremem porque o software compreende o balanço do aparelho e se adapta cortando minimamente a imagem. Vão de US$ 649 a US$ 949.

Um dos lançamentos é ousado. A Google Clips Camera. Uma câmera digital miúda que cabe na palma da mão. É feita para ser deixada num canto e seu software, alimentado por uma infinita biblioteca do que faz boas fotos, compreende quando deve registrar. Crianças, por exemplo, que ficam tímidas quando o celular é apresentado à frente, nem reparam a pequena lente. Deixe-a e, após uma tarde, terá flagrantes incríveis. É a promessa. Carinha: US$ 249.

Saíram ainda fones de ouvido, duas caixas de som com assistente de voz — o modelo miúdo de US$ 49 e o de alta qualidade, por US$ 399 —, óculos de realidade virtual, e um notebook de impacto, que roda Chrome OS, é custará entre US$ 999 e US$ 1.649.

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