Edição de Sábado

Edição de Sábado: Marcha lenta

Por Guilherme Werneck

Edição de Sábado: O meritíssimo algoritmo

Por Bruna Buffara e Tay Oliveira

Edição de Sábado: Porões, polícias e política

Quatro semanas atrás, a Edição de Sábado trazia o depoimento de Diego Aguiar, morador da favela de Jacarezinho, que havia testemunhado o assassinato, por um policial militar, de Jonatan Ribeiro de Almeida. Ele lamentava que a tragédia tivesse acontecido às vésperas do aniversário de um ano da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, com 28 mortos, ali mesmo em sua comunidade. Pois a semana que passou tornou inescapável que o Meio voltasse ao tema. Na terça-feira, nova operação, dessa vez na Vila Cruzeiro, deixou 23 vítimas. No dia seguinte, as imagens de Genivaldo de Jesus dos Santos, 38 anos, contido no camburão onde seria asfixiado com gás lacrimogêneo, em Sergipe, redefiniram a noção de barbárie policial.

Edição de Sábado: Perigo de Extinção

Por Flávia Tavares e Marina Pagno

Edicão de sábado: A Rússia no atoleiro

Em pouco mais de dois meses de guerra na Ucrânia, a Rússia perdeu pelo menos 650 tanques de guerra — metade não por terem sido destruídos, mas porque foram abandonados. É o número confirmado. Os ucranianos dizem que foram 1.200. Os russos perderam também três navios de grande porte, abatidos por mísseis. Um deles, o cruzador Moskva (vídeo), era o mais importante da frota do Mar Negro. Até o último dia 6, o Kremlin admitia a morte de 1.351 soldados, mas não incluía na planilha oficial os outros 2.100 milicianos que lutavam ao seu lado e também foram reconhecidamente mortos. A estimativa do governo americano é de que as perdas passam dos dez mil homens. Para os britânicos vai além dos 15 mil. (Em quase vinte anos de presença no Iraque, morreram 4.431 soldados americanos.) Pelas contas da imprensa, e esta talvez seja a lista de obituários mais surpreendente, 12 generais morreram desde o início da invasão. Só dois tiveram enterros públicos como heróis, Moscou se abstém de confirmar qualquer coisa sobre os outros. Mesmo que seja metade, desde a Segunda Guerra um exército profissional não perdia num só conflito tantos generais. Não há critério militar contemporâneo que considere qualquer um destes números normais. A operação é um desastre. Mas por quê? Em que a Rússia errou?

Edicão de sábado: O político camuflado

Por Maiá Menezes e Flávia Tavares

Edição de sábado: “Na favela, a gente sobrevive”

Um tiro no peito matou Jonatan Ribeiro de Almeida, de 18 anos, na favela Jacarezinho, Zona Norte do Rio. A bala não estava perdida. Tinha alvo certo no corpo negro, jovem e de periferia. O autor do disparo foi um policial militar que, depois de mentir que havia atirado num confronto com traficantes, admitiu que não houve troca de tiros. As forças policiais argumentam que Jonatan estava vendendo drogas e portava a réplica de uma pistola, o que sua família nega.

Edição de Sábado: O Futuro Ausente

Com um fundo embaçado e um branco idílico de figurino, Lula surge na tela proclamando: “Meus amigos e minhas amigas, nos tempos do PT não faltava comida na mesa”. Uma mulher de cabelos grisalhos evoca os tempos em que, com R$ 100, ia ao açougue, ao sacolão e à padaria. Outra, um pouco mais nova, exalta a memória da segurança de saber que, ao voltar da escola, seu filho teria o que jantar. “Ele botou o pobre para comer uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes se tivesse fome”, diz um homem de meia idade. Por fim, um idoso, cabeça bem branquinha, rememora um Brasil em que o “povo andava de barriga cheia”. O slogan “se a gente quiser, a gente pode” encerra a propaganda.

Edição de sábado: A Páscoa além de Jesus

Amanhã, cerca de 2,3 bilhões de cristãos em todo o mundo vão comemorar a Páscoa, a data mais importante de sua religião. Embora extremamente popular, o Natal não é igualmente relevante. Sua data foi estabelecida quase cinco séculos depois para coincidir com as celebrações romanas do Sol Invictus, o solstício de Inverno. Além disso, há incorreções históricas e muitas discrepâncias entre as narrativas da Natividades nos evangelhos de Lucas e Mateus, o que leva teólogos a encará-las antes como parábolas.

Edição de Sábado: Como o aborto virou arma política

Em junho de 1967, Ronald Reagan ocupava fazia seis meses o governo da Califórnia, seu primeiro cargo eletivo. O mês começara difícil, com um assassinato político que abalou os Estados Unidos em Los Angeles, a mais populosa cidade do estado. O senador nova-iorquino Bobby Kennedy, que havia participado de um debate sobre a Guerra do Vietnã com o governador apenas alguns dias antes, foi morto por um ativista palestino quando estava próximo de ser escolhido candidato democrata à presidência. Reagan tinha 56 anos, usava um topete e muita goma, seu rosto ainda não era marcado pelas rugas que carregaria por quase toda a presidência. Ele já era, porém, a voz de um novo conservadorismo americano, que traria valores religiosos de volta para a arena política após muitas décadas em que o laicismo havia imperado em Washington. E foi naquele mês, no dia 14, que Reagan sancionou o Ato do Aborto Terapêutico, tornando seu estado o terceiro no país a legalizar a prática. Em 1967, 518 abortos foram realizados legalmente na Califórnia. A partir de 68, a média anual saltou para a casa dos 100 mil. Reagan havia manifestado alguma hesitação a respeito da lei, mas sancionou ainda assim. A questão do aborto simplesmente não era uma que mobilizasse a direita americana.