Liderança de Lula e manifestações dão fôlego à oposição

Os atos para marcar o Primeiro de Maio em todo o país foram menores do que nos anos anteriores. E mais festivos do que o clima de tenso da greve geral, que ocorreu na sexta-feira. Houve shows de sertanejos em São Paulo, e de sambistas, no Rio. Na avenida Paulista, o presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que Temer é o presidente “mais impopular” da história do Brasil. “Ele não pode fazer as reformas porque nem tem legitimidade, nem credibilidade.” A greve atingiu 130 cidades no país e foi marcada, principalmente, por interrupções nos serviços de transporte. Na avaliação das centrais, 40 milhões pararam — mas não é possível confirmar o número. Houve violência por parte de manifestantes e da polícia.

Na avaliação de Adrian Lavalle, cientista político da USP, a greve demonstrou maior capacidade de mobilização do que os atos anteriores contra o governo. “O impacto não é imediato, mas dá indícios de certo alinhamento de setores organizados da população que estavam dispersos.”

Nas redes sociais, menções à greve geral de sexta-feira foram mais numerosas do que às grandes manifestações contra o governo Dilma, entre 2015 e 2016, de acordo com a análise do Dapp-FGV. Ainda assim, nas redes, os nomes que repercutiram mais foram os da direita, não os da esquerda, segundo análise de Pedro Burgos.

PUBLICIDADE

Lula permanece na liderança das intenções de voto para 2018, segundo pesquisa do DataFolha — a primeira após as delações da Odebrecht. A maior novidade é Jair Bolsonaro, que assumiu o segundo lugar empatando tecnicamente com Marina Silva. O deputado, que tinha menos do que 10%, chegou à casa dos 15% nos cenários avaliados. O prefeito paulistano João Doria pontua melhor do que seus outros companheiros tucanos, mas fica em quarto. Em todos os cenários avaliados para o segundo turno, Marina é a única política que derrotaria Lula. Acaso saia candidato, o juiz Sérgio Moro também venceria o ex-presidente. (Folha)

Apenas 9% dos brasileiros consideram o governo Temer ótimo ou bom. Em abril do ano passado, próxima do impeachment, Dilma tinha 13% de aprovação. Em setembro de 1992, Collor teve 9%. 71% se dizem contra a reforma da Previdência e 58% acham que haverá perda de direitos com a reforma trabalhista. (Folha)

Mas... está aumentando o otimismo com a economia. 31% dos brasileiros acham que as coisas vão piorar. Na pesquisa anterior, eram 41%. E 45% acham que sua vida pessoal vai melhorar economicamente. Eram 37%. (Folha)

O economista Marcelo Neri, que presidiu o IPEA durante o governo Dilma, defende que nem a reforma trabalhista, nem a da Previdência, afetam os brasileiros pobres. “O problema do pobre não é a precarização do emprego formal, o problema dele é a informalidade. É ter zero direito”, disse à Época. Ele vai além: acredita que o fim da contribuição sindical obrigatória pode forçar os sindicatos a oferecer melhores serviços, provarem-se úteis para que o trabalhador contribua.

Ainda Marcelo Neri: “O aumento do salário mínimo em 2015, acima da inflação, foi um desastre. Em apenas seis meses, a taxa de desemprego cresceu para o mesmo patamar de seis anos antes. E, associado ao congelamento nominal do Bolsa Família, fez a desigualdade explodir. A renda média caiu 7% e a renda dos 25% mais pobres caiu 14%. Só em 2015, a pobreza cresceu 19% e a pobreza extrema 23%. Explodiu.”

O governo tem nas mãos uma lista com 43 nomes de deputados da base que considera “problemáticos” para votação da reforma da Previdência.

A Segunda Turma do Supremo deve votar hoje o habeas corpus pedido pelos advogados do ex-ministro José Dirceu. O relator, Edson Fachin, tem acompanhado as decisões do juiz Sérgio Moro. Na semana passada, porém, seu voto foi derrotado e alguns dos presos preventivamente pela Lava Jato ganharam liberdade. (Globo)

O presidente do Senado, Eunício de Oliveira, está no Hospital Sírio-Libanês. Fica pelo menos até hoje. O senador sofreu um Acidente Isquêmico Transitório e faz exames. (Estadão)

O presidente venezuelano Nicolás Maduro convocou uma Assembleia Nacional Constituinte para enfrentar a crise política que desestabiliza o país. Quer 500 delegados eleitos, metade por grupos de trabalhadores, a outra de representantes dos municípios. No modelo proposto pelo presidente, as “velhas estruturas dos partidos políticos” não participarão.

Viver

Um ataque deixou mais de dez índios feridos no Maranhão, domingo. A golpes de facão, um deles teve fratura exposta na mão, e cinco foram baleados, todos vítimas de pistoleiros e fazendeiros da região. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), chega a 13 o número de feridos. Segundo o governo do estado, são sete. Eles se deslocavam da terra que haviam recuperado recentemente, na última sexta, temendo justamente um ataque. (Estadão)

Eram 15 e hoje são mais de 80 os membros do PCC no Rio de Janeiro. Num plano de expansão que visa ao controle do tráfico em todo o país, a facção criminosa de São Paulo vem fortalecendo os laços com a carioca Amigos dos Amigos (ADA). A Folha detalha o projeto e reúne dados, como mensagens e ligações de bandidos interceptadas pela Polícia, que comprovam o ambicioso plano do PCC.

Caiu de 180 para 122 o número de cidades atendidas por voos domésticos no país, nos últimos dez anos. A retração do mapa é oposta ao movimento da demanda — no mesmo período, quase dobrou o número de viajantes, de 47,4 milhões para 88,7 milhões. Ainda assim, em muitas cidades, não há sequer concorrência, e os passageiros são reféns dos preços de uma só companhia. (Globo)

Há dez anos, um homem faz a ciência se questionar sobre o funcionamento do cérebro e sua relação com a consciência. Funcionário público, casado, pai de dois, sofreu inchaço tão violento dos ventrículos que eles ocuparam o espaço de boa parte do cérebro. Apesar disso, o homem parece levar uma vida normal.

O Uruguai dá hoje um passo extra na chamada Lei da Maconha: começa a cadastrar os cidadãos interessados em comprar a droga. É, aliás, como avalia Sylvia Colombo, na Folha, o último e principal passo da lei, o que leva à comercialização (em farmácias) da maconha produzida por companhias contratadas pelo Estado.

Cultura

Como em seu primeiro “desaparecimento” — em 2009, quando foi dado por sumido e, sob escrutínio público, “reencontrado” no Uruguai —, a morte de Belchior, no domingo, deixou longo rastro de comoção, na imprensa e nas redes sociais. Ontem, em texto no Estadão, Caetano Veloso louvou o cantor cearense por suas músicas, dentro de um timbre sempre “rico e instigante": “Suas canções são das que não morrem”. Antes, na Folha, o jornalista Rodrigo Levino, profundo conhecedor do cancioneiro nordestino, resumiu: “A música de Belchior nasceu do entrelaçamento do sertão e do mar, do repente e de Beatles, de Bob Dylan e Ângela Maria, de Camões com Catulo da Paixão Cearense”.

Ainda Belchior: Joaquim Ferreira dos Santos e Luiz Fernando Vianna fizeram uma seleção de algumas de suas principais composições, para ouvir na Rádio Batuta, do IMS.

PUBLICIDADE

As artes visuais também sofreram grande perda: pioneiro da performance e da viodeoarte, morreu Vito Acconci, artista dos mais cultuados entre seus pares. Sua obra estava fundamentada no próprio corpo, quase sempre em ações efêmeras e chocantes. Na mais famosa delas, de 1972, escondido sob o piso de uma galeria, masturbou-se oito horas seguidas por dia enquanto murmurava obscenidades aos pés dos visitantes. Na Folha, Silas Martí dá conta de sua importância.

O maior furto de livros raros da história do país. O alvo foi a UFRJ, e os volumes sumiram ao longo de meses, em 2016. Um levantamento concluído agora contabilizou a perda — 303 títulos raros, selecionados minuciosamente pelo ladrão, velho conhecido das bibliotecas e da Justiça, condenado pelo menos três vezes por crimes do tipo. O Estadão conta ainda que, para a fúria das vítimas, ele será tema de filme bancado com dinheiro público.

Falando em biblioteca… o Guggenheim de Nova York liberou para download 200 títulos de seu acervo sobre arte moderna.

Vídeo: o trailer da quinta temporada de House of Cards, que estreia no dia 30.

Os melhores filmes, segundo grandes diretores. A Esquire apresenta uma seleção dos longas preferidos de Stanley Kubrick, Woody Allen, Martin Scorsese, entre outros.

Cotidiano Digital

Um grupo hacker chamado thedarkoverlord pôs na rede vários episódios da nova temporada de Orange is the New Black, popular série da Netflix. Os filmes foram obtidos após a invasão dos sistemas do Larson Studios, empresa britânica de pós-produção. Uma extorsão: em troca de não publicar a série na rede, cobrava um resgate de 50 bitcoins, equivalente a aproximados US$ 70 mil. O grupo diz ter séries de outras redes e segue na tentativa de chantagem.

A Amazon planeja ampliar sua loja eletrônica no Brasil. Como já faz nos EUA, quer expandir seus negócios para além dos livros. (Globo)

Existem 800 vagas abertas em startups, hoje, apenas no estado de São Paulo. São 4.217 as startups cadastradas no país.

No momento, 69.796 pacotes vindos do exterior estão presos no buraco negro entre alfândega e Correios, em Curitiba.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.