Briga interna no STF pelo futuro da Lava Jato

No Supremo, joga-se xadrez: mal recebeu o pedido de habeas corpus apresentado pelos advogados do ex-ministro Antonio Palocci, e o relator da Lava Jato, Edson Fachin, o encaminhou para avaliação no plenário. De acordo com o regimento do STF, ele tem autonomia para tomar esta decisão. Os juízes do tribunal se dividem em duas turmas para que possam definir com rapidez casos mais simples. Em geral, é nessas turmas que se julga os habeas corpus. A segunda turma de Fachin, porém, tem dado liberdade para os réus da Lava Jato em Curitiba, com o argumento de que as prisões se estendem demais. Desta vez, sem justificar, ele jogou para o voto do colégio completo de ministros. Pediu antes, porém, que o Ministério Público se manifeste. Com isso, ganha tempo. E, ao menos no caso do goleiro Bruno, a primeira turma do STF decidiu por negar-lhe o habeas corpus mandando-o de volta para a cadeia. (Jota)

A decisão de Fachin foi tomada após uma conversa com a presidente da Corte, Cármen Lúcia. (Folha)

Há outros pedidos de liberdade da Lava Jato nas mãos de Fachin: o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e os ex-deputados Eduardo Cunha e André Vargas.

E é só por coincidência... mas Fachin encaminhou para a Procuradoria-Geral da República um pedido de parecer a respeito do impeachment de seu colega de bancada Gilmar Mendes. Foi no dia 26 último. Não é de sua iniciativa. Um grupo de juristas é que pede o afastamento de Gilmar. Como o então presidente do Senado Renan Calheiros arquivou o processo, eles recorreram ao Supremo. O pedido estará, pois, nas mãos do procurador Rodrigo Janot. Que costuma trombar com Gilmar. (Globo)

Gilmar considera seu voto pela liberdade de José Dirceu “histórico”. (Globo)

Enquanto isso... Em Curitiba, Palocci dispensou os serviços do advogado Adriano Bretas, especializado em delações premiadas. (Globo)

Em tempo: ainda não está claro se o jogo é mesmo xadrez. Ou uma refilmagem dos policiais de filme mudo Keystone Cops.

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A Comissão Especial da Câmara aprovou, por 23 votos a 14, o texto final da reforma da Previdência que, agora, irá a plenário. Foram oito horas de sessão com muitas interrupções. Durante a mais tensa, agentes penitenciários chegaram a invadir a sala, revoltados com a exclusão de sua categoria das benesses recebidas por policiais. Foram contidos com gás de pimenta, e vidros chegaram a ser quebrados no prédio do Congresso. Por conta da pressão, os agentes haviam sido incluídos pelo relator na última hora. Mas, do Planalto, o ministro Eliseu Padilha interveio cobrando que nenhuma concessão mais fosse feita. O Executivo se queixa da inconstância da relatoria, que vai e vêm fazendo mudanças constantes, algumas não negociadas. No plenário, serão necessários os votos de 308 dos 513 deputados. (Estadão)

O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, comandou a oposição para conseguir estender o debate sobre a reforma Trabalhista na Casa. A esperança do Planalto — peemedebista — era de um trâmite rápido. A previsão é de que o projeto, já aprovado pela Câmara, seja votado em 45 a 60 dias. (Estadão)

“Meu chapa, você pode tentar negociar uma coisa ligada à campanha. Pode salvar seu negócio. Podemos passar pouco tempo na cadeia... Mas nossas putarias têm que continuar.” De um email de Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde do governo Sérgio Cabral, para o empresário Miguel Iskin. Côrtes tentava combinar o que falar à Justiça em delação. (Folha)

Emmanuel Macron e Marine Le Pen se enfrentaram, ontem, no único debate do segundo turno francês. Foi um encontro agressivo. “Ele é a escolha da globalização selvagem, da uberização, da precariedade do emprego”, disse ela. “Você é herdeira de um sistema que prospera sobre a cólera dos franceses há tantos anos”, ele respondeu. A eleição será domingo, e Macron mantém uma vantagem de 20 pontos, de acordo com as pesquisas. (Globo)

A carta escrita ao Congresso americano pelo diretor do FBI James Comey, na qual anunciava ter reaberto as investigações a respeito de Hillary Clinton, influenciou decisivamente a eleição. A análise é de Nate Silver, o estatístico estrela do site Five Thirty Eight. Naquele momento, uma semana antes do pleito, uma média das pesquisas indica que os índices da candidata flutuaram para baixo algo entre um e quatro pontos percentuais. Sua derrota nos estados definidores de Michigan, Pensilvânia e Wisconsin foi por menos de 1%.

Aliás... assim lá como cá. Os deputados americanos, que preparam uma reforma do sistema de incentivo a inscrição em seguros de saúde conhecido por Obamacare, excluíram seu próprio serviço dos cortes draconianos.

Aos 95 anos, o príncipe Philip, marido da rainha britânica Elizabeth II, anunciou que não participará mais de eventos oficiais a partir de setembro.

Cotidiano Digital

O WhatsApp saiu do ar, ontem, quando eram aproximadamente 17h30. O Facebook, a quem pertence o aplicativo, não se manifestou a respeito. Ao longo das duas horas de blecaute, a turma do serviço de mensagens limitou-se a informar que estava ciente do problema e trabalhando para resolvê-lo. As causas não foram informadas e o sistema parece estável. Cerca de um bilhão de pessoas usam o app no mundo.

Um violento ataque hacker atingiu usuários da suíte de programas Google Docs. Pessoas receberam emails onde o remetente era alguém de sua lista de contatos com um link para compartilhar um arquivo. Ao clicar, milhões cederam pleno acesso de suas caixas postais de Gmail — permitindo aos atacantes que lessem, copiassem ou apagassem mensagens. Os especialistas em segurança ainda não compreendem qual era o objetivo da campanha hacker.

Cultura

“O romance me deixou numa ressaca horrível: na verdade, subitamente me dominou o pavor de não ter dito nada em 500 páginas.” Assim desabafou a um amigo o escritor Gabriel García Márquez. Era 1967, e ele falava de Cem Anos de Solidão, cuja publicação completa meio século agora. Professor de literatura da Uerj, João Cezar de Castro Rocha analisa a obra e lembra, em artigo na Folha, como Gabo escreveu seu livro mais importante, um dos mais populares da América Latina.

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Marcel Proust implorava dinheiro ao avô para pagar outra vez por uma prostituta e “curar” o “terrível hábito de se masturbar”. Já James Joyce escreveria à mulher, em 1908, que o fizera duas vezes justamente ao ler uma carta dela — a quem chamava, diga-se, de “dirty little girl”. As correspondências eróticas dos dois gigantes da literatura são lembradas pelo Guardian, junto a outras do tipo, das artistas Frida Kahlo e Georgia O’Keeffe, por exemplo. Elas dão conjunto a uma peça de teatro, em Londres.

Não era só angústia: um fenômeno atmosférico criou as cores da tela O Grito. É, ao menos, a nova teoria de pesquisadores da Noruega. Segundo eles, os tons de vermelho, amarelo e laranja da famosa pintura de Munch seriam efeito de um tipo de nuvem, que aparece num fenômeno raro ao norte da Europa. A teoria anterior responsabilizava a erupção de um vulcão pelas cores vibrantes da tela.

  

Os artistas da Bienal de Veneza são principalmente homens (65%), brancos (57%) e europeus (41%). O site Artsy avaliou os 120 nomes desta edição para organizar as estatísticas, que parecem não refletir o estado da arte nos dias de hoje. Há, por exemplo, apenas três artistas com menos de 30 anos e só uma mulher negra em toda a mostra. 

O hit Hotel California está no centro de uma ação judicial: a banda Eagles, que interpreta o sucesso, está processando um estabelecimento, no México, cujo nome é... Hotel California. Eles alegam que o lugar encoraja os hóspedes a acreditarem que o hotel está diretamente ligado à banda. (Globo)

Viver

Ao ouvir o som dos tiroteios no Complexo do Alemão, cariocas e turistas foram perguntados sobre o local de onde imaginavam vir aqueles ruídos de confrontos. As respostas: Afeganistão, Iraque, Síria e África — nunca o Rio de Janeiro. O experimento O Som da Guerra foi feito pelo jornal Voz das Comunidades, gravado no Complexo do Alemão e levado para a audição de pessoas longe dali.

Cem anos é o tempo que temos na Terra, segundo o físico Stephen Hawking. No documentário Expedition New Earth, parte de uma série da BBC, ele afirma que, para sobreviver, os humanos precisam colonizar outro planeta neste prazo. “Temos agora a tecnologia para destruir o planeta em que vivemos, mas ainda não desenvolvemos a capacidade de escapar dele.” (Globo)

Aos 116 anos, mulher mexicana não consegue receber aposentadoria porque é considerada muito idosa pelo banco. María Félix Nava tem direito ao equivalente a R$ 200, valor que recebia até janeiro passado, numa conta comunitária. Quando precisou abrir uma conta individual para o depósito do montante, deu-se o problema: o banco só o faz para pessoas com até 110 anos.

Falando em velhice… O Guardian tenta responder à questão: é possível viver até os 146 anos, idade que dizia ter o homem mais velho do mundo, morto na semana passada? O jornal diz que cientistas duvidam: segundo o International Database on Longevity, embora tenha aumentado durante o século XIX, a idade das pessoas mais velhas do mundo estabilizou nos anos 1990 — em 114,9 anos.

Vídeo e galeria: veja onde e como é feito um Airbus, em fotos e pequeno vídeo em 360º, na revista do New York Times.

Uma lista com 15 fatos sobre o ‘keyboard cat’, o gato que toca teclado mais famoso da internet. Seu nome é Fatso, e o vídeo original em que ele toca — reutilizado inúmeras vezes em montagens na web — é de, pasmem, 1984.

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