A reforma da Previdência e os interesses dos candidatos a presidente

As agências de classificação de risco devem rebaixar a nota do Brasil. O ministro Henrique Meirelles ficou os últimos dias tentando evita-lo. O adiamento da votação da reforma da Previdência faz com que os analistas acreditem que o Planalto tenha perdido a capacidade de articulação e que ela não saia em 2018. Esta incapacidade percebida na lida com o Parlamento, informa o Painel, sugere também aos analistas que uma candidatura de centro apoiada pelo governo tenha poucas chances. (Folha)

Alon Feuerwerker: “O senso comum faz concluir que é mais difícil votar em ano eleitoral uma reforma da Previdência redutora de direitos. O mesmo senso diz que em ano de eleição os candidatos serão pressionados a dizer o que farão nos temas da pauta econômica. E a reforma da Previdência é o principal ponto da agenda. Seu emperramento pode acabar criando um problema para o candidato vitorioso. Por isso, a esquerda esbraveja contra, mas no íntimo torce para que Temer consiga passar algo que libere o novo presidente dessa pauta. Estelionatos eleitorais têm consequências, sabe-se cada vez melhor. Do outro lado, a bandeira serão as reformas liberais. E a disputa pelo apoio do establishment a um candidato se dará também em função de que nome vai ser mais capaz de vencer e reunir apoio político para dar andamento à agenda proposta pelas forças que depuseram Dilma. Eis por que, para o governo Temer, tentar passar a reforma ao longo de 2018 talvez seja tão importante, ou até mais importante, do que obter uma vitória rápida. Esta teria certamente bons efeitos na economia, mas o alongamento do debate daria de mão beijada uma narrativa pronta a um eventual candidato do governo ao Planalto.”

Mas o Congresso ainda tenta um último suspiro. Até sexta-feira, a Câmara pretende votar o projeto que regulamenta, enfim, a atividade de lobista no Brasil. Agentes particulares que representam os interesses de certos grupos fluem habitualmente por entre deputados e senadores, assim como o fazem noutras Casas legislativas do mundo. O recesso começa, oficialmente, no sábado, dia 23.

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O ministro Luiz Fux, que assumirá a presidência do TSE em fevereiro, monta uma força-tarefa para ir atrás das empresas que geram fake news e robôs que infestam as redes durante campanhas eleitorais. (Globo)

Pois é: a BBC preparou um extenso material sobre estas empresas. Uma das principais, controlada pelo empresário Eduardo Trevisan, criador do Twitter Lei Seca RJ, conta com 40 pessoas espalhadas pelo Brasil que tocam perfis falsos na rede social para manipular o impacto de mensagens políticas. São ciborgues: em parte, suas mensagens são automatizadas por software; mas, vez por outra, entra o toque humano. Faz parte da cesta de truques para fazer com que aparentem ser pessoas verdadeiras.

O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região respondeu à defesa do ex-presidente Lula. Os advogados questionavam a rapidez de o processo chegar a julgamento em segunda instância. Segundo o desembargador Carlos Eduardo Lenz, a praxe da corte é de que os processos levem menos de 150 dias. O de Lula até passará um pouco da média. (Jota)

Renan Calheiros vai lançar livro. Chama-se Quanto mais Perseguição, Mais Óbvia a Verdade. Pretende bater no ex-procurador-geral Rodrigo Janot e no presidente Michel Temer.

Três grandes grupos nacionais terminam o ano em processo de transição. No Grupo Globo, Roberto Irineu Marinho deixa o cargo de presidente executivo e fica apenas como presidente do conselho de administração. Seu sucessor é Jorge Nóbrega. No Bradesco, Luiz Carlos Trabuco deixará a presidência em janeiro, e três vices disputam o cargo: Maurício Minas, Marcelo Noronha e Alexandre Gluher. E Emilio Odebrecht anunciou sexta que antecipará a saída do cargo de presidente do conselho em abril. O sucessor ainda não foi anunciado. (Globo)

Por sua vez... Marcelo Odebrecht deixará a prisão em Curitiba esta semana e encontrará uma empresa muito diferente da que deixou em meados de 2015. A empreiteira vendeu tudo o que podia. Já embolsou R$ 7,4 bilhões e busca comprador para outros R$ 4,5 bilhões em ativos. Tem 100 mil funcionários menos. Na construtora, a carteira de projetos recuou para menos da metade. O estoque de trabalhos que somava US$ 33,8 bilhões agora é de pouco mais de US$ 14 bilhões. Marcelo está proibido de ocupar cargos na companhia até 2025, quando terminará sua pena. (Estadão)

A Petrobras levantou R$ 5 bilhões com a abertura de capital de sua subsidiária BR Distribuidora na Bolsa de Valores. O processo é parte do programa de desinvestimento da estatal e, apesar de ter saído pelo preço mínimo, a demanda foi forte o suficiente para marcá-lo como o maior IPO do país desde 2013.

E o Burger King também abriu o capital de sua operação brasileira na semana passada. O IPO levantou R$ 2,2 bilhões e marcou a volta de investidores estrangeiros à Bovespa. (Globo)

O candidato da centro-direita chilena Sebastián Piñera venceu por 54% a 45% a centro-esquerda representada por Alejandro Guillier. Foi um resultado bem mais folgado do que se esperava, sinal de que Guillier não conseguiu atrair para si um naco suficiente dos 20% da população que votou na extrema-esquerda no primeiro turno. Piñera já havia presidido o país entre 2010 e 2014.

Na Casa Branca, bate-se cabeça. O foco das preocupações, no momento, são alguns milhares de emails trocados após a eleição de Trump e antes de sua posse, que estão nas mãos de Robert Mueller, procurador especialmente indicado para investigar se houve conluio entre o time do presidente e o Kremlin durante o processo eleitoral. Alguns republicanos acusam Mueller de ter obtido os emails ilegalmente, os investigadores negam. Não há paz, no Salão Oval, desde que se tornou público que o ex-assessor de segurança nacional fez, aparentemente, um acordo de delação premiada.

Nos corredores do Congresso, corre que Trump pode demitir Mueller assim que os parlamentares entrarem em recesso. O presidente tem o poder de demitir quem o investiga. O último a fazê-lo foi Richard Nixon.

Aliás... A imprensa de direita americana já ensaia o discurso. Impeachment do presidente é um golpe de Estado.

Cultura

A Folha analisou 134 bilhões de execuções no YouTube para descobrir o que os brasileiros ouvem. Descobriu que a artista mais ouvida do país é a cantora sertaneja Marília Mendonça — suas músicas tocaram 31 vezes mais do que as de Chico Buarque nos últimos três anos. Levantou também que Anitta tocou 37 vezes mais do que Tom Jobim. Que os fãs de MPB, gospel e reggae estão concentrados em cidades litorâneas. E que o funk paulista domina áreas centrais das regiões Sul e Sudeste. Entre outros.

Lista: Os 10 videoclipes internacionais que devem ser assistidos em 2017, segundo o Verge.

Executivas de Hollywood criaram uma comissão para combater o assédio sexual na indústria do entretenimento. A Commission on Sexual Harassment and Advancing Equality in the Workplace (comissão sobre assédio sexual e promoção da igualdade no ambiente de trabalho) é liderada pela advogada Anita Hill e foi idealizada pela produtora de Star Wars Kathleen Kennedy, pela co-presidente da Nike Foundation, Maria Eitel, pela advogada Nina Shaw e pela investidora Freada Kapor Klein. (Folha)

Se o nome lhe soa familiar, é porque você passou dos 40. Em 1991, Anita Hill testemunhou perante o Senado americano acusando Clarence Thomas, então candidato a uma cadeira na Suprema Corte, de assédio sexual. Era um tipo de acusação nova e não impediu que o juiz fosse aprovado. Recentemente, o ex-vice-presidente americano Joe Biden relembrou o caso. “Na última hora, não consegui convencer três mulheres que havíamos convocado a depor em favor dela”, contou. Biden foi um dos raros senadores do lado de Anita.

O britânico Ian McKellen, 78 anos, quer interpretar o mago Gandalf na série que será filmada pela Amazon. Ele já fez o papel nas versões cinematográficas.

Um spoiler: conheça a história daquele objeto que Luke entregou a Leia.

Viver

Nasceu na última sexta-feira, em São Paulo, o primeiro bebê gerado em um útero transplantado de uma doadora com morte cerebral. É um caso inédito na medicina mundial. Uma criança já havia nascido em condições similares na Suécia, em 2014, mas a transferência do órgão foi feita de uma pessoa viva que resolveu doar o próprio útero para uma mulher que queria engravidar.

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As imagens obrigatórias para rótulos de cigarros e produtos derivados do tabaco vendidos no Brasil vão mudar em 2018. Os alertas serão mais chamativos. Os textos terão mensagens como “você morre” ou “você envelhece”, estarão associados a fotografias que mostram os efeitos do fumo na saúde. Nas laterais, as embalagens deverão conter ainda um aviso para ‘produto tóxico’, com a listagem de substâncias contidas e as doenças causadas pelo uso. (Estadão)

O Nexo analisou os microdados de registro de tarifas aéreas comercializadas pelo Anac desde 2002 e mostra, em gráficos, a evolução dos preços das passagens no Brasil ao longo do tempo. Dá para ver como os valores variam nos trajetos mais frequentes e em cada mês do ano.

E Ricardo Corrêa da Silva, o artista de rua que, enfim, ganhou nome e teve sua vida contada pelo jornalista Chico Felitti em outubro, morreu em São Paulo. O Fofão da Augusta, como era conhecido, estava internado há cerca de um mês e foi vítima de uma parada cardíaca. Em um post emocionado no Facebook, Felitti narra seus últimos dias.

O Real Madrid venceu o Grêmio por 1 a 0, sagrando-se campeão mundial pela sexta vez. Os gaúchos lutavam pelo bi. Veja os melhores momentos.

Cotidiano Digital

2017 será o terceiro ano consecutivo em declínio nos investimentos em telecomunicações, no Brasil. Da expansão de antenas ao assentamento de redes de fibra ótica, tudo caiu. Quase metade dos municípios, 2.207 ao todo, não têm ainda cobertura 4G. 471 municípios não têm sequer 3G. Por conta da crise, e com vistas não perder margem de lucro, as teles vêm investindo principalmente nas regiões do país onde o retorno é garantido. As empresas reclamam de exigências que consideram ultrapassadas — como a obrigação de instalar orelhões. E questionam também — neste caso, com razão — a carga tributária que corresponde a 50% da conta final do cliente. (Globo)

Aliás... As teles aguardam terminar o imbróglio da reforma da Previdência para pedir ao governo que revise o decreto que garante neutralidade de rede no Brasil. (Folha)

Em 2014, a gigante chinesa da internet Alibaba fez um acordo de logística com os Correios brasileiros. No início deste ano, acertou exportação facilitada de vinhos argentinos para a China. Com a Amazon ainda engatinhando na América Latina, a empresa quer investir pesado para garantir um naco do mercado. Seu maior concorrente, no momento: o Mercado Livre. O investimento chinês na rede latina não é apenas em ecommerce. A 99, startup que pretende se tornar a Uber local, recebeu US$ 100 milhões de fundos de Beijing. O avanço dos investidores não deve parar aí.

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