Ordenada prisão de Maluf num dia bem Gilmar Mendes

José Carlos Blat, da Promotoria de Defesa do Patrimônio de São Paulo, investiga Paulo Maluf por corrupção há duas décadas. “Tem certeza de que não é fake news?”, perguntou incrédulo ao repórter que telefonava. Prefeito e governador biônico de São Paulo no período da Ditadura, ex-candidato à presidência pelo partido do Regime de Exceção nas eleições indiretas de 1984, deputado constituinte, prefeito eleito nos anos 1990, Paulo Salim Maluf está com um pé na cadeia. “Informo que o mandado de prisão, cuja expedição foi determinada na referida decisão, foi encaminhado à Polícia Federal para cumprimento” fez publicar o ministro Edson Fachin, do STF, na última sessão do ano. Ele rejeitou por considerar protelatórios os pedidos de embargos infringentes requeridos pela Defesa. “Esta decisão vem ao encontro deste momento punitivo e dos tempos estranhos pelos quais passamos”, reclamou o advogado do velho político, Antonio Carlos de Almeida Castro. Kakay. Pretende recorrer à presidente Cármen Lúcia. De São Paulo, finalmente convencido de que a notícia era real, Blat teve outra reação. “Papai Noel existe.” (Estadão)

Pois foi mesmo um dia agitado, no Supremo. Por cinco votos a quatro, o plenário decidiu tirar do juiz Sérgio Moro o caso no qual políticos do PMDB sem foro foram denunciados por integrarem uma organização criminosa para desviar dinheiro público. Consideraram que não faz parte da Lava Jato. Assim, o processo contra Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima e Rodrigo Rocha Loures foi encaminhado para a 10ª Vara Federal de Brasília. Lá, o juiz Vallisney de Souza Oliveira tem sido tão rigoroso quanto Moro. É o mesmo processo do qual a Câmara livrou Temer de enfrentar ao recusar a denúncia. (Globo)

Não faltou, sequer, o contumaz embate entre Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso. Gilmar começou no ataque contra o ex-procurador-geral Rodrigo Janot. “Investigação malfeita”, reclamou. “Juntam áudio e não pedem perícia, vexame completo de gente que não sabe investigar.” Estando no pique, foi em frente. “Temos a obrigação de definir minimamente para que isso não prossiga. Populismo judicial. A história não vai nos poupar.” Barroso ouviu. E respondeu de bate-pronto. “Há diferentes formas de ver a vida e todas merecem consideração”, afirmou sem esconder a ironia. “Eu gostaria de dizer que ouvi o áudio ‘Tem que manter isso aí, viu’. Eu vi a mala de dinheiro, eu vi a corridinha na televisão. Eu li o depoimento de Yousseff. Eu li o depoimento de Funaro.” E arrematou. “Não acho que há uma investigação irresponsável. Há um país que naturalizou as coisas erradas e temos o dever de enfrentar isso. De ensinar às novas gerações que vale a pena ser honesto.” (Jota)

Não acabou. Gilmar Mendes ainda encontrou tempo para proibir, em todo o país, a realização de conduções coercitivas para interrogar investigados. Seus pares não gostaram, informa Gerson Camarotti. O alcance da medida é tão amplo que deveria ser avaliado pelo plenário. Mas, com o recesso, vai demorar.

Helena Chagas: “O infortúnio forja as alianças mais inesperadas. A Defesa do ex-presidente Lula saudou a decisão de suspender as conduções coercitivas – um dos principais instrumentos usados pela Lava Jato. Não que alguém acredite na possibilidade de ver algum dia Gilmar, diretamente, salvar o ex-presidente em algum recurso. Mas agora há, pelo menos para Gilmar e os petistas, um adversário em comum: a Lava Jato, que quer pegar todo mundo e evitar a todo custo uma mudança na interpretação sobre a prisão após a condenação em segunda instância. Abre-se o caminho para um futuro recurso de Lula ao STF para manter sua candidatura à presidência mesmo depois de condenado pelo TRF-4.”

Isto posto... PMDB, não. MDB. No dia em que um velho político da Arena foi preso, o PMDB voltou a usar seu nome de batismo, ainda no tempo dos militares.

Pedro Doria: Uma história do PMDB.

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Igor Gielow: “A revelação da existência do cartel das empreiteiras que tocaram diversas obras milionárias sob o tucanato em São Paulo caiu como uma bomba no PSDB. Houve silêncio geral sobre o episódio, a começar pelo próprio Alckmin, que cancelou agenda pública na terça. O raciocínio da cúpula é óbvio: mesmo que a investigação sobre o caso demore e/ou não encontre nada que comprometa o governador, está dada munição para seus adversários. E justamente no ponto considerado, em pesquisas internas, o mais forte de Alckmin: a reputação de honestidade pessoal, vital em tempos de Operação Lava Jato.” (Folha)

Os credores da Oi aprovaram o plano de recuperação judicial da companhia. A dívida foi reestruturada. Apesar do voto contra da Anatel, insatisfeita com as condições para pagamento das multas, ele está fechado. (Globo)

Nas ruas argentinas, foram 162 feridos e 68 presos durante os protestos contra a reforma da Previdência. Não adiantou. Já passava das 7h de ontem, após atravessar a madrugada, quando a Câmara aprovou o texto do governo por 127 votos contra 117 e duas abstenções. 19 parlamentares da oposição se aliaram ao governo Macri para garantir a vitória.

Jorge Lanata, um dos principais jornalistas argentinos: “O governo abusou de seu poder contra os aposentados, que não têm como se defender. É claro que é preciso fazer um ajuste. Concordamos nisso. Mas quando for fazer um ajuste, o governo deve começar dentro de casa. É o que garante a autoridade moral para levar a cabo a reforma. Por que não cortam nas aposentadorias dos privilegiados?”

O arcebispo Bernard Law, que lutou ao lado de Martin Luther King no sul americano, foi uma poderosa voz em defesa dos pobres e se tornou o homem mais poderoso da Igreja nos EUA, morreu em seu exílio romano, aos 86 anos. Law, o Boston Globe descobriu na virada do século, encobriu e protegeu por décadas padres pedófilos na investigação que se tornou base para o filme Spotlight (trailer). “Torço para que os portões do Inferno estejam abertos para ele”, disse ao Globe uma das vítimas.

Delações descarrilham candidatura do PSDB

Tony de Marco

 
Metro

Cultura

Bill Gates, que tem por hábito devorar livros, soltou sua tradicional lista de favoritos do ano. Em texto, em vídeo. Meticuloso, o fundador da Microsoft resenha cada um dos cinco. Em primeiro está a graphic novel O Melhor que Podíamos Fazer (Amazon), uma reflexão de Thi Bui a respeito de sua infância como filha de pais fugidos do Vietnã para os EUA, nos anos 1970. A lista inclui ainda Believe Me, a Memoir of Love, Death and Jazz Chickens (Amazon), do comediante transgênero britânico Eddie Izzard. “Você talvez descubra que tem muito em comum com Eddie”, escreve Gates. “E este é o ponto de seu livro. Somos todos feitos do mesmo tecido.” Pinça, ainda, Energy and Civilization, a History (Amazon), do cientista tcheco-canadense Vaclav Smil. “Espero por livros de Smil como alguns esperam pelo próximo Star Wars. Neste, ele explica como a inovação na habilidade humana de tornar energia em calor, luz e movimento é a força que move o progresso cultural e econômico nos últimos 10 mil anos.”

O clássico romântico Titanic (trailer) completou 20 anos do seu lançamento nos Estados Unidos. No Brasil, o filme, que ganhou 11 Oscars, chegou aos cinemas em 1998. Duas décadas depois, o longa ainda é o segundo filme no ranking de maiores bilheterias mundiais — fica atrás apenas de Avatar. A Folha conta outras 20 curiosidades sobre a obra.

Uma legião de fãs está em luto com a morte de Kim Jong-hyun, 27, um astro da ‘onda coreana’ que tomou o mundo. Parte do grupo SHINee, foi encontrado no quarto de um hotel de Seul. Suicídio. “Estou quebrado por dentro. A depressão que me corrói lentamente finalmente me engoliu por inteiro”, registrou em nota de despedida. (Estadão)

As músicas de Kim (Spotify) e da banda SHINee (Spotify).

A trama se adensa. A leitora Letícia Sicsu pescou uma gravação de Cássia Eller de All Star (Spotify), composta por Nando Reis em sua homenagem. Segundo ela, o tênis não era claro. Era marinho. (Vide Meio de ontem.)

Viver

A solução para o fim dos engarrafamentos existe e está diretamente relacionada à mania de motoristas que grudam na traseira do carro à frente. Segundo estudo realizado por pesquisadores do MIT, se todos pararmos de fazer isso, chegaremos ao destino duas vezes mais rápido. Berthold K. P. Horn, cientista do instituto, sugere a solução: integrar sensores traseiros em sistemas de controle de tráfego já existentes. É que manter uma distância igual na frente e atrás dos carros reduziria o efeito-dominó de pequenas alterações no tráfego que acaba gerando congestionamento. A prática reduz o tempo de viagem e, de quebra, o consumo de combustível.

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Cientistas da Alemanha criaram o primeiro órgão elétrico artificial. A inspiração: enguias. (Estadão)

Repercute no futebol europeu, ainda, o alto preço pago pelo Paris Saint-Germain — €222 milhões — por Neymar. O valor estabeleceu uma meta para os grandes clubes. Uli Hoeness, presidente do Bayern de Munique, se queixa. Não podendo comprar o brasileiro, desdenha. “Nem o acho tão bom assim.” Tinha o olho em Mbappé — mas a €180 milhões, tampouco dá. A equipe alemã se vê pressionada a fazer uma compra de impacto. Caso idêntico é o do Real Madrid. O presidente, Florentino Pérez, pensava no próprio Neymar, para os próximos anos. Por enquanto, o técnico Zinedine Zidane o veta. Acha que entraria em conflito de egos com Bale, Benzema e, principalmente, Cristiano Ronaldo. A alternativa, claro: Mbappé. (Globo)

A Conmebol deverá punir o Flamengo pela barbárie impetrada por sua torcida na final da Copa Sulamericana. Por ter o mando de campo, o clube é considerado responsável. A vaga na disputa da próxima Taça Libertadores pode ser cassada. O presidente Eduardo Bandeira de Mello está correndo para mostrar boa vontade. “Estamos todos envergonhados”, declarou Bandeira. “Profundamente consternados.” Durante o jogo contra o Independiente, oito mil torcedores previamente combinados invadiram o Maracanã e o depredaram. Inúmeros argentinos foram agredidos. (Globo)

Galeria: O estrago no Maracanã. (Globo)

Cotidiano Digital

Frank Chen, um dos principais investidores do Vale: “Inteligência artificial estará em todas as indústrias. AI, como bancos de dados, vai aparecer em todo tipo de uso. Me pergunte em que setores AI será útil e eu direi que isto é como perguntar em que setores bancos de dados são úteis. Ora, em todos. Bancos de dados fizeram com que ficasse barato guardar e organizar imensas quantidades de informação. AI faz com que fique barato fazer previsões e reconhecer coisas, imagens, fala ou mesmo compreender linguagem. Todos vão se beneficiar destas técnicas.”

A França ordenou que o Facebook cesse o cruzamento de dados de seus usuários com os da plataforma WhatsApp com o objetivo de angariar mais informação que possa balizar seus negócios. Sem o consentimento explícito dos usuários, está proibido. A União Europeia já havia multado a empresa pelo mesmo motivo. Dados são dinheiro. A guerra comercial por bens virtuais está começando.

O superaquecimento em uma sala da Rede Rio, no CBPF, tirou do ar a internet que alimenta UFRJ, UFF, Uerj e PUC-Rio. Pois é. Ali nasceu a internet brasileira.

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