Alckmin luta para estabilizar PSDB, mas não consegue

Não é o que Geraldo Alckmin queria. Mas perdeu a briga, o prefeito paulistano João Doria a venceu, e o PSDB fará prévias para definir seu candidato ao governo estadual. Caso Doria seja escolhido para disputar o Palácio dos Bandeirantes, ficará mais difícil a aliança que Alckmin busca nacionalmente com o PSB — e que depende do apoio a seu vice, Márcio França, para sucedê-lo. É um jogo tático. O prefeito não desistiu do Planalto.

Ontem mesmo França foi conversar com Fernando Henrique Cardoso, informa Sonia Racy. Busca apoio. Alckmin encontra enormes dificuldades para estabilizar o PSDB de forma a se concentrar na disputa pelo Planalto. Além de Doria correndo por fora enquanto atrapalha o jogo de alianças, o governador tem de lidar com um adversário interno, o prefeito manauara Arthur Virgílio, e ainda há o fantasma de Luciano Huck, constantemente elogiado por FH. Internamente, os tucanos não acreditam na candidatura do apresentador.

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Pois é. Huck pediu o arquivamento de um processo por propaganda eleitoral antecipada, no TSE. “Em instante algum apresentou-se como candidato, não pediu voto, não será candidato” afirmam seus advogados. (Folha)

Hoje, porém, o apresentador pega a ponte aérea e terá uma conversa com FHC. O ex-presidente anda disputado. Segundo José Roberto de Toledo, ele se comporta como candidato, mas lida com a oposição da Globo, de sua mulher Angélica, além de mãe, padrasto e irmão. Empresários e gente do mercado, por outro lado, o convocam. Huck tem até 7 de abril para se filiar a um partido, se quiser disputar.

Editorial da Folha: “Há muito de duvidoso nas inclinações que lideranças experientes do mundo político têm manifestado em favor do lançamento do apresentador Luciano Huck. Sua maior credencial no eleitorado se limita à fama de que desfruta como animador televisivo. Fica a forte impressão de que, acima de tudo, um misto de aventureirismo e desespero orienta a atitude de setores do PSDB, ao aventar o apoio à celebridade.”

Enquanto dum lado vão a FH, do outro vão a Lula. Guilherme Boulos esteve com o outro ex-presidente. Comunicou-lhe que deve sair mesmo candidato pelo PSOL. As articulações políticas estão intensas. (Folha)

Alon Feuerwerker: “A premissa para o fracasso da esquerda ou da direita na disputa pela presidência será a falha na construção de seu campo de alianças. A experiência com outsiders mostra que não basta um ambiente de rejeição à política. É preciso também que a política esteja desorganizada. É possível que a corrida chegue fragmentada na urna? Sempre é, mas talvez seja precipitado afirmar que vamos repetir 1989. É duvidoso que o establishment vá assistir passivamente à dispersão de forças num páreo em que Lula mostra potencial de transferência de votos. E é também improvável que os partidos de esquerda não enxerguem a necessidade de aglutinar para, pelo menos, alcançar resultados no Legislativo. Se perder a Presidência e ficar muito fraca no Congresso, a esquerda verá quatro anos de perdas. E, se caminhar fragmentada até o fim, a direita poderá ser vitimada por uma convergência tática informal entre o lulismo e a tendência ao não voto que floresce na antipolítica. Não estamos em 1989. Naquela eleição, perder fazia parte do jogo. Era aceitável. Agora não. Quem perder saberá que vai passar quatro anos numa intempérie brava, sujeito ao ímpeto liquidacionista do vencedor.”

O Planalto bem que tentou entrar na era dos influenciadores digitais. E, para fazer propaganda da reforma da Previdência, foi buscar a turma que é muito lida no LinkedIn. Bateu com a porta na cara — e as recusas foram públicas. “Há valores que compram carros e viagens incríveis”, escreveu Flavia Gamonar — 673 mil seguidores. “Mas nenhum paga o compromisso com quem você é e o que acredita.” Matheus de Souza (85 mil seguidores) cortou na mesma linha. “Posso listar uma série de fatores que me fizeram dizer “não”’, publicou. “Só trouxe isso a público porque, óbvio, estamos falando de dinheiro público.” Ao Poder360, o Palácio negou ter autorizado as propostas.

Não desistem. Prepararam também uma série de vídeos para viralizar. Que não viralizou.

Para ler com calma. José Eduardo Faria, professor de Direito de USP e FGV, além de editorialista do Estadão, explica por que, em sua visão, parte da crise do país tem a ver com um conflito geracional na área jurídica. Na época da formação da União Europeia, decidiu-se uniformizar as regras do Direito Penal na região. E há uma mudança de enfoque: ao invés de combater o crime organizado pelas suas consequências, construiu-se um arcabouço legal para asfixiá-lo financeiramente. Esta base, comum aos países da OCDE, foi adotada pelo Brasil em 2000. A internacionalização do Direito incentiva, a partir daí, vários jovens advogados a estudar fora. Destes, muitos se tornaram promotores e juízes. “Não houve uma renovação do pensamento penal nas universidades brasileiras”, ele conta. “Ficaram presas a doutrinas superadas, com um viés romano-germânico — bastante litúrgico, cheio de entraves burocráticos, cheio de sistemas de prazos e recursos que permitiam aos advogados discutir não grandes questões factuais mas sim teses, pleitear vícios, aguardar que pleitos fossem julgados lentamente e, assim, obter a prescrição dos crimes dos seus clientes.” Enquanto isso, principalmente entre promotores e na primeira instância da Justiça Federal, a formação é outra. “Esse direito penal vai direto ao foco”, explica. “A nova visão é sustentada por equipes que entendem de contabilidade, que usam bem a tecnologia, que têm formação interdisciplinar, que sabem identificar procedimentos de ocultação de propriedades e de patrimônio.” (Estadão)

O Banco Central reduziu a Selic mais uma vez. Agora, em seu 11º corte consecutivo, a taxa básica de juros alcançou a mínima histórica de 6,75%. Deve ser o fim do ciclo de cortes, segundo o Copom. (Estadão)

Os principais bancos do país — Bradesco, Itaú, BB e Santander — esperaram poucos minutos para anunciarem o corte de juros em suas linhas para pessoas físicas e empresas.

E a Anefac, a Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, simulou como ficam os juros ao consumidor com a nova Selic. (Folha)

Vicente Nunes: “As instituições bancárias costumam fazer esse tipo de anúncio, mas, na prática, nada acontece. Em algumas linhas, até aumentam. Em relatórios mensais, o BC vem ressaltando que os juros aos consumidores e às empresas têm caído muito lentamente. Os bancos estão optando por aumentar as margens de lucro. Ou seja, pagando menos aos investidores, com os quais pegam dinheiro para repassar aos tomadores de crédito, e cobrando taxas elevadas dos devedores.” (Correio Braziliense)

A compra da empresa norte-americana Monsanto pela alemã Bayer foi aprovada pelo Cade. O negócio, avaliado em US$ 66 bilhões globalmente, deve criar a maior companhia de sementes e pesticidas do mundo. Faltava passar pelo crivo do Brasil. Mas ainda não acabou. Restam aprovações nalguns outros cantos. Como União Europeia e Estados Unidos. (Folha)

Dos 50 estados americanos, 21 tiveram seus registros eleitorais atacados por hackers russos durante as eleições de 2016. Segundo reportagem da rede NBC, em alguns casos os hackers conseguiram penetrar nos bancos de dados, embora não exista indício de que tenham modificado algo. A descoberta faz parte da investigação sobre o possível impacto do Kremlin no pleito que levou Donald Trump à presidência.

Cultura

Harvard convidou Anitta para dar uma palestra sobre o Brasil no evento Brazil Conference. Ela ainda não decidiu se vai. Em 2017, participaram do evento Sérgio Moro, Jorge Paulo Lemann, Luiza Trajano, a ex-presidente Dilma Rousseff e o ator Wagner Moura. (Globo)

Empregando um software que serve para a descoberta de plágios acadêmicos, uma dupla de pesquisadores descobriu um livro do século 16 que serviu de fonte primária para inúmeras peças de Shakespeare. A Brief Descourse of Rebellion and Rebels, de um obscuro diplomata elisabetano chamado George North, narra a história de rebeliões inglesas e as analisa. O bardo consultou o texto para escrever Rei Lear, Macbeth, Ricardo III, Henrique V e mais sete peças. O software identificou o uso de inúmeras palavras raras que aparecem repetidas em argumentos similares. Inclusive no famoso monólgo de abertura de Ricardo III — Now is the winter o our discontent (com Lawrence Olivier ou Ian McKellen). (New York Times)

O Ministério da Cultura anunciou 11 editais para filmes, séries e jogos eletrônicos com cotas para mulheres e pessoas negras. Serão destinados R$ 80 milhões a cerca de 250 projetos. Metade deles precisa ser dirigida por mulheres, e 25% por índios ou pessoas negras. (Globo)

Viver

O ambiente é movido por algoritmos que não distinguem gêneros. Ainda assim, as mulheres motoristas faturam 7% menos na Uber. Um estudo (PDF) de Stanford, que analisou os dados de quase 2 milhões de motoristas, tentou entender o motivo. Constatou que os homens costumam dirigir mais rápido, o que afeta significativamente seus ganhos. Como dominam o setor, também têm mais experiência e sabem, por exemplo, quais locais são os melhores para encontrar passageiros.

E uma das reações masculinas ao movimento #MeToo tem sido o de se afastar de mulheres no ambiente de trabalho. Segundo uma pesquisa da LeanIn.Org, o número de gestores do sexo masculino que se sentem desconfortáveis como mentores de mulheres mais que triplicou após as denúncias de assédio.

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Cientistas descobriram que o Homem de Cheddar, um dos mais antigos britânicos de que se tem registro — ele teria vivido há dez mil anos —, era negro, tinha cabelos crespos e olhos azuis. A equipe de pesquisadores fez uma reconstrução detalhada de seu rosto. A descoberta sugere que os genes da pele mais clara se difundiram na Europa bem mais tarde do que se pensava. E que, ora, no início essa cor não indicava a origem geográfica da pessoa, como hoje.

Morreu na Nova Zelândia ‘o pássaro mais solitário do mundo’. Nigel, um atobá-australiano, viveu durante anos em meio a aves de concreto em uma ilha sem habitantes. (Globo)

Cotidiano Digital

Nem todos sabem, mas criptomoedas são mineradas. Conforme aumenta a demanda, moedas novas entram no mercado. Mas, para que entrem, é preciso que certos problemas matemáticos sejam resolvidos. Computadores pesados são empregados para isso — e, do equipamento à eletricidade consumida, o processo de criar novas moedas tem custo. A US$ 13 mil por Bitcoin, cada minerador estava fazendo em média US$ 80 por semana. Com o valor se aproximando de US$ 6 mil, as operações — em geral, concentradas na China — começam a entrar no negativo.

Em janeiro, o despencar das criptomoedas fez sumir US$ 500 bilhões em valor de mercado. Por conta da velocidade de crescimento seguido de queda, o economista Nouriel Roubini já chama o fenômeno de mãe de todas as bolhas. E os analistas da Goldman Sachs preveem que o valor de muitas das moedas digitais bata em zero e lá fique.

Um estudo do Economic Policy Institute se debruçou sobre os armazéns e centros de distribuição da Amazon espalhados pelos EUA. Sua conclusão: não aquecem a economia local. De fato, costumam ser criados entre 500 e 1.500 empregos. Mas o impacto nos condados fica nisso. A médio prazo, o PIB varia pouco. E os incentivos fiscais comem o pouco que chega. Os autores recomendam que prefeitos na disputa pela segunda sede da empresa estudem melhor as vantagens que pretendem oferecer.

E... O estudo completo.

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