Joaquim está fora; dentro ficaram os profissionais

Foi via Twitter e pegou todo mundo de surpresa. “Após várias semanas de reflexão”, escreveu Joaquim Barbosa, “cheguei a uma conclusão. Não pretendo ser candidato a presidente. Decisão estritamente pessoal.” A Lauro Jardim, do Globo, o ex-ministro do Supremo entrou no detalhe. “Meu coração já vinha me dizendo: não mexe com isso, não”, contou. Barbosa explicou que procurou evitar muitos encontros nas últimas semanas para não levantar as expectativas. E preferiu definir logo, temendo que uma nova pesquisa indicasse seu crescimento. “Desistir mais tarde seria complicado em todos os sentidos”, explicou. Ele contou, também, ter alguns temores relativos ao pleito deste ano. O de uma vitória de Jair Bolsonaro, o de que Michel Temer possa articular uma artimanha para se manter no poder ou mesmo de um Golpe Militar. A Maria Cristina Fernandes, do Valor, demonstrou desânimo. “Os políticos criaram um sistema de maneira a beneficiar a eles mesmos. Não tem válvula de escape. O cidadão vai ser constantemente refém, não tem como mudá-lo. Esse sistema contém mecanismos de bloqueio que servem para cercear as escolhas.”

Bernardo Mello Franco: “E por que Barbosa pulou fora? Ele media os custos pessoais de uma aventura eleitoral. Temia perder dinheiro e tranquilidade. O ex-ministro montou escritórios de advocacia no Rio, em São Paulo e em Brasília. Além disso, passou a fazer palestras remuneradas para empresários e investidores. Como pré-candidato, teria que abrir mão dessas fontes de renda. Poderia viver com a aposentadoria do Supremo, mas teria dificuldade para manter a ajuda financeira à família. Barbosa também temia o jogo pesado de uma campanha. Acostumado a elogios, sabia que seria bombardeado pelos adversários ao se lançar na disputa. Lembrava o exemplo de Marina Silva, alvo de marketing agressivo do PT em 2014.” (Globo)

A diretora-executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari, avalia que é cedo para dizer quem herda seus votos. “Não dá para saber, a priori, o potencial que de fato Barbosa teria.”

Bruno Boghossian: “A desistência representa um alívio para o grupo de Alckmin. O ex-presidente do STF começava a ocupar um eleitorado-alvo do PSDB: grandes cidades, renda mais alta e educação superior. Os tucanos queriam evitar ou adiar qualquer articulação de uma aliança com o MDB, devido ao desgaste sofrido pelo partido do presidente. A saída deve dar algum fôlego a Alckmin nas pesquisas. Ainda que seu crescimento seja residual, qualquer solavanco pode ser suficiente para que ele se torne um polo de atração de alianças. A desistência também retira das urnas um candidato que absorveria parte de um eleitorado insatisfeito com a classe política tradicional. É natural que Marina Silva seja uma das principais herdeiras desse estoque de votos. À esquerda, a desistência devolve à arena eleitoral o PSB, que tem uma fatia de 45 segundos em cada bloco de propaganda de TV. Uma ala da direção do PSB já declarou apreço pela candidatura de Ciro Gomes e, embora haja uma ligação íntima com o ex-presidente Lula, esse grupo se esforça para reduzir a associação da sigla com o PT.” (Folha)

Vera Magalhães: “Aliados e adversários de Ciro Gomes esperam que o pré-candidato intensifique os acenos ao centro nos próximos dias, depois que ficou (mais) claro que o PT não pretende apoiá-lo. A busca por um vice do meio empresarial e declarações como a que repetiu ontem, de que o setor produtivo não pode ser ‘demonizado’, já estão inseridas nessa nova estratégia.” (Estadão)

Já pela direita... Ao menos 71 militares serão candidatos em 25 estados, informa o Estadão. Assim como, diz a Folha, Bolsonaro pode ganhar concorrente. Filiado ao PRTB de Levy Fidélix, o general da reserva Antonio Hamilton Mourão cogita a presidência.

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Em tempo: O STF já enviou para instâncias inferiores 44 processos que entravam no antigo foro privilegiado. Inclui um inquérito contra Aécio Neves. (Folha)

E... Geddel Vieira Lima virou réu, no próprio Supremo, por conta dos R$ 51 milhões encontrados em um apartamento baiano.

As polícias Federal e Civil já ouviram três depoimentos detalhados de um homem que, em troca de proteção, acusa o vereador carioca Marcello Siciliano e o ex-PM preso Orlando Oliveira de Araújo de serem mandantes do assassinato de Marielle Franco. Segundo o repórter Antônio Werneck, Siciliano se queixava das intervenções da companheira de Palácio Pedro Ernesto nas favelas que controlava e, por isso, encomendou o crime a Orlando, que deu ordens para sua execução de dentro da cadeia. Mais dois assassinatos, por queima de arquivo, ocorreram nas semanas seguintes. O vereador nega participação. (Globo)

O presidente americano Donald Trump anunciou que os EUA deixarão o Acordo Nuclear com o Irã, assinado no governo Obama. Entre outros pontos, Trump exigia que o país mantivesse limites extremos de produção de combustível nuclear mesmo após 2030. Em uma resposta conjunta, os líderes de Reino Unido, Alemanha e França informaram que se mantém no acordo e pedem ao Irã que siga com eles. Os americanos voltarão com as sanções econômicas e podem endurecer ainda mais. (New York Times)

Enquanto isso... O presidente Hassan Rouhani afirmou que seu país continuará respeitando os termos do acordo em aliança com os três europeus, além de Rússia e China. Disse, também, que caso as condições totais não sejam mais atraentes, o Irã retomará a produção. (Washington Post)

E a Argentina bateu à porta do FMI. Sem conseguir sanar a crise aberta pelos anos de kirchnerismo, após ter pago US$ 9,3 bilhões como compensação pelo calote da dívida externa em 2001 e ter pego US$ 50 bilhões no mercado internacional, o governo Mauricio Macri jogou a toalha e pediu resgate. O clima nas ruas é de desolação.

Cotidiano Digital

O Google ofereceu ontem, na abertura de seu evento para desenvolvedores, um pacote de anúncios impressionante. Como não se via há muito no Vale. São avanços claros em tecnologia, alguns deles promessas antigas, muitos capazes de impactar de verdade nossos cotidianos. Para melhor. Inclui um caminho para nos livrarmos, ao menos um pouco, do vício por celulares.

Começa com a nova versão do sistema para smartphones, Android P. Uma de suas principais características é o que a empresa batizou de Bem-estar Digital. O celular informa quantas vezes você o abre, quantas notificações vê, quantas horas gasta. Tanto no geral quanto por aplicativo. Quem quiser reduzir o tempo num app específico poderá determinar que o aparelho suspenda seu uso quando bater um limite que o dono escolhe. Não só. Caso queira, o aparelho pode calar as notificações e tornar a tela preto e branca — pouco chamativa — próximo da hora do sono. Assim como o mero gesto de virar a tela de cabeça para baixo já é suficiente para que tremidas, toques e luzes silenciem. O smartphone não o seduz mais durante o jantar de família. É possível especificar uma lista de pessoas cujas ligações estão autorizadas a romper os momentos de silêncio. Não bastasse, o software agora mantém abertos apenas os apps habituais, economizando bateria. A versão beta do novo Android já pode ser instalada em aparelhos Pixel, do Google, assim como alguns outros modelos que incluem o Nokia 7 Plus e o Sony Xperia XZ2. Veja se seu aparelho está na lista e siga as instruções.

A assistente do Google ganhou, por enquanto em inglês, seis novas vozes. E o CEO Sundar Pichai apresentou duas conversas por telefone impressionantes entre a assistente, uma inteligência artificial, e atendentes para marcar hora num salão e num restaurante. Assista. O Teste de Turing foi batido: já é possível enganar um ser humano numa conversa. Embora ainda sem data de lançamento, a tecnologia está essencialmente pronta para que coloquemos nossas máquinas para travar as conversas chatas do cotidiano. Em essência, o telemarketing está com seus dias contados.

O Washington Post pergunta: no momento em que não é mais possível distinguir se estamos conversando ao telefone com uma pessoa ou um computador, não será ético informar?

E realidade aumentada chegou. Mesmo. Já será possível, dentro do novo Google Maps, apontar a lente para a cidade. Setas digitais aparecem sobre a imagem real e indicam que curva fazer para chegar a um destino. Ou placas apontam para as fachadas dos restaurantes indicando quais têm melhor nota. Em vídeo. A nova câmera permite, até, que se aponte para um texto do mundo real, para um copie e cole básico.

O Gmail começará a sugerir o complemento de frases inteiras, prevendo o que escreveríamos. Emails burocráticos ficarão mais fáceis. O Google Photos pegará fotos antigas em PB e vai colorizar. Para quem quiser.

Cultura

O rapper Post Malone acaba de quebrar um recorde nos Estados Unidos. Na primeira semana do lançamento de seu segundo álbum, Beerbongs & Bentleys (Spotify), as faixas do disco foram ouvidas 431 milhões de vezes em streaming. O recorde anterior era de 385 milhões de reproduções do álbum More Life (Spotify), lançado pelo rapper canadense Drake no ano passado. (Globo)

Por falar... O Nexo mostra, em gráficos, a evolução das receitas da indústria fonográfica. Em 1999, a venda de discos representavam quase 100% das receitas do setor. Em 2017, foram 30%, enquanto o consumo online representou cerca de 38%.

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A segunda temporada da série 13 Reasons Why estreia em 18 de maio na Netflix. E ganhou novo trailer.

Viver

O MDMA, metilenodioximetanfetamina, pode ser um aliado da psicoterapia para quem desenvolve transtorno do estresse pós-traumático. Muitas vezes, a lembrança dos eventos traumáticos é dolorosa, os pacientes ficam muito perturbados ao acessá-los e a psicoterapia se torna uma experiência inviável. O MDMA é uma droga estimulante e traz sensação de prazer, euforia e empatia. Pesquisadores acreditam que, sob efeito dela, os pacientes conseguem se abrir com os terapeutas com mais facilidade, além de serem capazes de relembrar e falar sobre eventos traumáticos com menos sofrimento. (Nexo)

Nas últimas décadas, o poder aquisitivo aumentou e as viagens aéreas tornaram-se mais baratas. Não é surpresa, portanto, que a indústria do turismo global contribua significativamente com gases de efeito estufa. Cientistas da Universidade de Sydney conseguiram medir seu impacto: 8% das emissões de carbono. A avaliação inclui transporte e o ciclo de vida do carbono na alimentação, hotéis e compras. Os EUA são o maior emissor relacionado ao turismo, e outros países como Alemanha, Canadá e Grã-Bretanha também estão entre os dez primeiros. Mas as economias emergentes subiram no ranking: a China aparece em segundo lugar e Índia, México e Brasil estão em quarto, quinto e sexto, respectivamente.

A Uber mostrou ontem, durante o evento anual Uber Elevate Summit, seu primeiro protótipo de táxi aéreo. O veículo parece um drone e tem espaço para quatro pessoas. A ideia é começar a implementar o serviço em 2020 em Dallas e Los Angeles.

Aliás... O conceito de veículo elétrico de decolagem e pouso verticais, o ‘carro voador’, vem sendo desenvolvido pela Embraer X. A aeronave deve ter uma autonomia de 100 km, velocidade entre 200 e 250 km/h e a altitude alcançada vai considerar uma faixa acima da altura de edifícios e abaixo das rotas de aeronaves.

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