2ª Turma do STF solta Dirceu, outros, em ataque à Lava Jato

Na segunda-feira, Edson Fachin driblou a Segunda Turma e mandou para o plenário do STF o recurso do ex-presidente Lula. Ontem, noutros casos, a Segunda Turma dedicou-se a trabalhar. Por 3 votos a 1, mandou libertar o ex-ministro José Dirceu, que estava preso. Fachin foi derrotado pelos votos do relator Dias Toffoli, acompanhado de Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Dirceu já foi condenado em segunda instância, mas Toffoli achou que cabia uma exceção. Na sequência, pelo mesmo placar, os ministros decidiram anular todas as provas colhidas no apartamento da presidente do PT, Gleisi Hoffmann. Consideraram que um juiz de primeira instância — Paulo Bueno de Azevedo, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo — não tinha autoridade para pedir busca e apreensão num apartamento que pertence ao Congresso. “Não acho que haja foro de prerrogativa de função a espaço físico”, argumentou Fachin. Foi ignorado. Não ficou aí. Tirou da prisão também João Claudio Genu, ex-tesoureiro do PP, igualmente condenado em segunda instância. Placar idêntico. No embalo, confirmou a liminar imposta por um solitário Gilmar Mendes que, em maio, soltara Milton Lyra, preso no Rio pelo juiz Marcelo Bretas. Lyra é acusado de ser o operador financeiro dos senadores do MDB. Rejeitou, na sequência, a denúncia feita pela Procuradoria Geral contra o deputado Thiago Peixoto, do PSD goiano. É acusado de apresentar um documento para justificar gastos de campanha no qual recebia horas de voo doadas por um empresário que não tinha avião. “Do ponto de vista da prestação”, comentou Gilmar, “há atitude escorreita.” O importante é o papel e o resto, detalhes. E, para não dizer que o PSDB ficou de fora da festa, os indefectíveis três ainda suspenderam uma ação contra o deputado estadual paulista Fernando Capez, tucano acusado de participar da máfia que desviava dinheiro destinado à merenda escolar no governo paulista.

Lembra Vera Magalhães: Rodrigo Capez, irmão do parlamentar tucano, era o principal assessor de Toffoli até o início deste ano. Assim como ele próprio, Toffoli, por assessor direto de Dirceu.

O argumento que permitiu a liberdade de Dirceu poderia ser aplicado a Lula. Mas há uma diferença fundamental: o relator. Responsável pelo caso de Lula, Fachin tem levado as decisões ao pleno do STF, onde a Lava Jato tem vencido. Relator do processo de Dirceu, Toffoli o manteve na 2ª Turma, onde o resultado é o oposto. (Jota)

Nessa, tudo pode ficar ainda pior para Lula. Fachin, ao repassar a decisão ao pleno, lembrou que pela lei o ex-presidente se torna inelegível. Segundo Mônica Bergamo, há no PT quem tema que os ministros se adiantem e já o declarem fora da eleição antecipadamente. (Folha)

Bruno Boghossian: O Supremo está à deriva e sua tripulação ficou amotinada em dois grupos rivais. A disputa interna se tornou uma guerra de manobras que desobedecem às próprias práticas e entendimentos da corte. Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski driblaram o entendimento do próprio Supremo que permite a prisão de condenados em segunda instância. O trio inventou brecha para dar um contragolpe no estratagema armado pela presidente da corte, Cármen Lúcia. Ela bloqueou da pauta do plenário um conjunto de ações que poderiam reverter a execução antecipada de penas. Lewandowski resumiu a questão. Disse que, enquanto esses casos não forem julgados em definitivo, cada ministro poderá decidir como quiser. Era uma lógica feita sob medida para uma reclamação de Lula. Só não foi solto porque Edson Fachin fez sua própria gambiarra. Sem o petista na pauta, os ministros aplicaram outra artimanha. Correram para julgar casos polêmicos antes que a balança de poderes da Segunda Turma mude. O Supremo nunca foi perfeitamente harmônico, mas o caos se instala quando cada ministro resolve aplicar artifícios questionáveis para produzir os resultados que deseja. O transatlântico se move em círculos. É impossível saber que rota seguirá.” (Folha)

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A CVM divulgou a lista da remuneração máxima, mínima e média dos membros da diretoria e dos conselhos das empresas abertas do país no ano passado. O Itaú é quem tem a maior remuneração — comparado a outras instituições do mesmo porte, o executivo mais bem pago do banco recebeu em 2017 quase três vezes mais que o do Bradesco e 23 vezes mais que o do Banco do Brasil. (Estadão)

Aliás...  O executivo mais bem pago do país no ano passado foi Murilo Ferreira, ex-presidente da Vale. Foram R$ 60 milhões, mas nesse valor estão inclusos os adicionais relacionados ao chamado ‘pacote de saída’ — que representam quase dois terços do total — de quando ele foi desligado da empresa, em fevereiro.

Viver

O jogo para assistir hoje: Brasil e Sérvia, às 15h. Tite deve manter a escalação dos titulares. O Brasil só precisa de um empate para garantir a classificação. Se perder, corre o risco de ser eliminado, mas dependerá do resultado do jogo entre Suíça e Costa Rica. O cenário mais provável é de que enfrente a Alemanha nas oitavas. Depende, claro, dos jogos de logo mais, às 11h. Segundo o matemático o Tristão Garcia, são de 44% as chances de nos reencontrarmos semana que vem com o adversário do 7 a 1.

Enquanto a notícia não chega, quem viveu momentos de tensão, ontem, foram os vizinhos ao sul. E el diez desencantou. Lionel Messi abriu caminho para a vitória de 2 a 1 sobre a Nigéria. A equipe africana até conseguiu arrancar o empate, mas Marcos Rojo foi o herói improvável da classificação e marcou o gol da vitória aos 41 minutos do segundo tempo. É sempre no final, esta Copa. Classificada para as oitavas, a albiceleste enfrenta a França na primeira rodada de mata-mata. (Melhores momentos.)

Sebastián Fest, do La Nación: “O estádio tremeu exatos 195 minutos após Messi estrear sua quarta Copa do Mundo. Se desapareceu nos primeiros 180, mostrou-se promissor nos quinze seguintes e decidiu que aos 195 estava bom. Um de seus melhores amigos, Éver Banega, lhe enviou um passe de 45 metros. Messi, de movimentos rápidos e vindo à direita do gol, amorteceu a bola com a coxa esquerda e a ajeitou com a chuteira. Um passo, dois passos, três, quatro, cinco passos e no sexto já se firmou para lançar um chutaço de direita, cruzado, que Francis Uzoho não teve condições de agarrar. A comemoração deste gol, de joelhos perante a bandeira de escanteio, já está entre os momentos de maior impacto numa carreira repleta destes.”

Não foi, porém, o elegante gol de Messi que garantiu a classificação. Foi o suado gol de Marcos Rojo. A turma do Trivela registrou os vários locutores argentinos em surtos de emoção narrando o desempate nos minutos finais.

E... O Olé argentino flagrou o técnico Sanpaoli perguntando a Messi durante o jogo, quando o placar desclassificava a seleção por 1 a 1: “¿Pulga, que hago? ¿Lo pongo al Kun?” Pulga é o apelido de Missi; Kun, de Sergio Agüero — atacante que minutos depois entrou em campo.

Já para a Islândia, não deu. A seleção parou na Croácia, que venceu o confronto por 2 a 1 e confirmou o primeiro lugar do Grupo D com 100% de aproveitamento. Seus oponentes nas oitavas de final serão os dinamarqueses. (Melhores momentos.)

Pois é. França e Dinamarca saíram de campo vaiadas após garantirem o primeiro 0 a 0 da Copa 2018. Não à toa. O resultado foi bom para ambas. Os franceses já entraram classificados e com metade do banco em campo, enquanto os dinamarqueses precisavam de um empate. Deu certo. (Melhores momentos.)

Enquanto isso... No outro jogo do grupo C, o já eliminado Peru fez 2 a 0 contra a Austrália. O rubro-negro Paolo Guerrero fez seu primeiro gol em Mundiais na primeira vitória peruana em Copas desde 1978. E a seleção australiana, que dependia de uma combinação de resultados para avançar, também ficou por ali. (Melhores momentos.)

Na semana em que a FDA, a maior autoridade de vigilância sanitária do Estados Unidos, aprovou o primeiro medicamento derivado da maconha para a venda no país, uma startup brasileira anunciou que concluiu o desenvolvimento de um produto que almeja ser o primeiro medicamento à base de cannabis produzido no Brasil. A pesquisa da Entourage Phytolab, feita em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), chegou a uma fase crucial: a fórmula está fechada e a ideia é que possa ser testada em humanos no primeiro semestre do ano que vem para chegar às farmácias em 2020. (Globo)

Cultura

Em busca de mais diversidade, o Grammy, a maior premiação da indústria da música, vai aumentar de cinco para oito o número de indicados em suas principais categorias — melhor gravação, melhor álbum e canção do ano, e melhor artista novo. É também uma resposta às críticas sobre o baixo número de mulheres indicadas, vencedoras e convidadas da última cerimônia.

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Pixote: A Lei do Mais Fraco (trailer) é um dos filmes brasileiros mais aclamados pelo cinema internacional. Conta a história de um pivete paulistano desamparado, um “Oliver Twist no inferno das ruas de São Paulo”, como diziam jornais americanos. A obra, de 1981, nunca havia sido restaurada. Mas hoje, em Bolonha, o longa dirigido por Hector Babenco ganhará uma sessão que coroa seu processo de digitalização. O filme foi selecionado pelo World Cinema Project, projeto que viabiliza a preservação de obras audiovisuais. Os recursos para sua digitalização foram patrocinados pela George Lucas Family Foundation, mantida pelo criador da saga Star Wars. O trabalho durou meses — os negativos originais estavam ruins, o som tinha problemas, o custo foi alto. Mas deu certo. A estreia da nova cópia acontece no Cinema Ritrovato, festival italiano dedicado a exibir obras restauradas. (Folha)

Cotidiano Digital

Em 2019, a Apple planeja investir pesado em qualidade de áudio. Os AirPods, fones de ouvido sem fio da empresa, ganharão nova versão, capazes de cancelar ruídos e resistentes à água da chuva ou suor. Serão, também, mais caros. Haverá também fones de ouvido com fio e qualidade de estúdio. Uma segunda versão do HomePod, a caixa de som inteligente da empresa, também será lançada no pacote. Muitíssimo elogiada pela crítica, fracassou em vendas. Siri, a assistente digital da empresa, não é lá muito inteligente quando comparada com as versões de Google e Amazon.

Uma pequena startup alemã pôs no ar o melhor serviço de tradução por inteligência artificial que há. Bate Google, Microsoft e Facebook fácil. O serviço — chama-se DeepL — vai além das traduções literais, se aproximando do sentido e produzindo textos que mais se aproximam daqueles criados por seres humanos. Vale o teste.

A gigante das telecomunicações japonesa NTT pôs no mercado uma nova câmera de vigilância para pequenas lojas. Ela é apoiada por um sistema de inteligência artificial que identifica furtos no momento em que ocorrem. Os lojistas que experimentaram um protótipo perceberam uma queda de 40% nas perdas — ao menos, é o que diz a NTT. Há receios. Com o potencial de criar um banco de dados de criminosos compartilhado por todos os lojistas com a câmera, existe o risco de muita gente ser mal identificada e passar por constrangimentos. Além da sensação de estarmos todos constantemente vigiados. AI Guardsman começará a ser vendida no final do mês, no Japão, por US$ 2.150. Uma assinatura mensal de US$ 40 também será cobrada.

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