Prezados leitores —
Alguns de vocês questionaram termos optado por manchetes que privilegiam as pesquisas em que o ex-presidente Lula não corre.
É muito improvável que ele seja candidato. Mais de um ministro do STF já se manifestou a respeito, nenhum analista cogita a hipótese, as campanhas não trabalham com este cenário. Anonimamente, nem no PT o cogitam.
Trabalhar a ilusão de uma candidatura Lula é estratégico para o PT. Agrega a militância. O partido também aposta que, assim, passa a mensagem de que há uma perseguição judicial a seu líder. É estratégia arriscada. Precisa tempo para explicar aos eleitores de Lula quem o substitui.
Cada partido conta sua história em eleições. Mas o compromisso do Meio é com a realidade que nos é possível capturar. A realidade que o Brasil tem diante de si, nesta eleição, é a de um segundo turno no qual Jair Bolsonaro vem se firmando. É este cenário sobre o qual cada eleitor deve refletir. E calcular como deseja se portar perante a urna.
Informaremos sempre quanto Lula teria caso pudesse concorrer. Mas não vamos considerar este o cenário mais importante enquanto for possível aferir aquele que corresponde ao mundo real.
— Os editores.
Bolsonaro cogita escapar dos debates
Há uma discussão interna na campanha de Jair Bolsonaro a respeito dos debates. Ontem, o próprio candidato anunciou que não deve comparecer ao encontro dos presidenciáveis organizado pela Rádio Jovem Pan, que ocorrerá segunda-feira. “Devo estar viajando”, ele afirmou a um repórter do UOL. Gustavo Bebiano, presidente do PSL, foi além. “Ali todo mundo é dono da verdade, fica um exercício de concisão que não tem nenhum sentido.” Roberto Maltchik, do Globo, lhe perguntou se o problema não foi o desgastante choque com Marina Silva. “Não tem relação”, se apressou em explicar. “Mas esse episódio é a prova da hipocrisia em que os debates se transformaram. A Marina estava na minha frente, estava tremendo, morrendo de medo.” O candidato cogita não participar mais dos confrontos, escolhendo talvez um ou outro para ir.
O debate da Jovem Pan, na segunda, começará às 9h e, além da rádio, será transmitido em vídeo por Twitter e YouTube.
Só para arrancar uns suspiros... O dueto Marina, Bolsonaro.
Começa hoje o prazo de sete dias para que a defesa do ex-presidente Lula apresente seus argumentos para que ele seja candidato. Depois, o TSE tem prazo de 4 dias para ouvir testemunhas que sejam indicadas e outros 5 para colher provas. O relator, ministro Luís Roberto Barroso, deverá levar a plenário a decisão, após transcorrerem todas as fases do processo.
As boas colocações de Lula nas pesquisas fortalecem, dentro do PT, o argumento de quem defende esticar a briga até o limite do prazo. Segundo o Painel, este grupo acredita que os números aumentam a pressão sobre os ministros de TSE e STF. (Folha)
Marcos Nobre: “A eleição caminha para se estruturar uma vez mais entre Lula e anti-Lula. Os maiores beneficiados com a saída de Lula são Marina (que sobe de 6% para 12%) e Ciro (que vai de 5% para 9%). Marina e Ciro sabem bem que não podem contar com esse crescimento com a saída de Lula. Sabem que Haddad será o beneficiário da esmagadora maioria desses votos. A posição de liderança de Bolsonaro se explica em boa medida por ter já há muito investido na posição de anti-Lula sem passar nem perto de qualquer identificação com o radioativo governo Temer. Surfa no descrédito merecido do sistema político, colando o PSDB ao PT. Realiza duas operações em uma: reforça a posição anti-Lula ao mesmo tempo que afasta o PSDB como autêntica opção. Marina e Alckmin certamente correrão atrás dos votos brancos, nulos e indecisos. Só que não será suficiente. Só terão sucesso em conquistar o voto útil do eleitorado antilulista se conseguirem simultaneamente roubar intenção de voto de Bolsonaro. Marina está na posição mais difícil. Não tem dinheiro, máquina eleitoral ou tempo de tevê. Decidiu correr atrás do voto feminino, o mais arredio nesta eleição e, sobretudo, o mais arredio a Bolsonaro. Alckmin tem todos os recursos que faltam a Marina. Mas ainda não mostrou sequer traço de um discurso que faça sentido para ganhar o povão. Surgida com jeitão de eleição aberta, esta pode acabar sendo a eleição do voto útil em primeiro turno. Será uma decisão entre Lula e quem pode derrotar seu candidato no segundo turno.” (Piauí)
Saíram novas pesquisas Ibope para Bahia, Paraná, Rondônia e Acre. Rui Costa, do PT, tem 50% dos votos contra José Ronaldo, do DEM, indicando que os baianos devem seguir para uma reeleição tranquila. Ratinho Júnior, do PSD, tem 33% e a progressista Cida Borghetti conta com 15%, no Paraná. No Acre há um empate entre Gladson Cameli (PP) e Marcus Alexandre (PT), ambos com 37%. Em Rondônia, o tucano Expedito Júnior, 30%, tem vantagem larga sobre o pedetista Acir Gurcz, 15%.
Sala da Democracia será um documentário sobre a influência da desinformação nas eleições de 2018. Ou quase: depende da colaboração de quem puder num crowdfunding. Já no ar. Com direito a pré-trailer.
E as preocupações do mercado com a política brasileira continuam. Ontem, depois da divulgação do Datafolha, o dólar fechou o dia cotado a R$ 4,06, na sexta alta consecutiva. (Estadão)
Seguindo pedido do Supremo, a Mesa Diretora da Câmara, cassou ontem o mandato de Paulo Maluf. O ex-deputado havia sido condenado a sete anos e nove meses de prisão por lavagem de dinheiro nos seus tempos de prefeito. Cumpre prisão domiciliar, em São Paulo.
Cultura
A Justiça americana está investigando uma nova denúncia de abuso sexual envolvendo o ator Kevin Spacey. De acordo com o Promotor Distrital de Los Angeles, o caso foi apresentado ao órgão na terça-feira. Mais de 30 homens já disseram que foram vítimas de abusos praticados pelo ator. (Globo)
Aliás... O mais recente filme de Spacey já é o maior fracasso cinematográfico do ano. A média de espectadores por sessão de cinema que viram Billionaire Boys Club no fim de semana de estreia foi de seis pessoas. No primeiro dia de exibição, o longa arrecadou apenas US$ 127.
É mesmo o fim. Prevista para ir ao ar nos EUA em setembro, a 12ª temporada de The Big Bang Theory será a última. Serão 279 episódios rodados — a mais longa comédia multicâmera da história da TV. (Globo)
Viver
Um casal de idosos utiliza um simulador de bicicleta para percorrer cenas de seu antigo bairro em Gouda, na Holanda, projetadas em uma televisão. Outro se beija diante da reprodução de um ponto de ônibus de Amsterdã. Enquanto isso, um grupo de idosos se encontra em viagens simuladas em ônibus ou em praias artificiais. Até 270 mil holandeses, cerca de 8,4% dos 3,2 milhões de moradores com mais de 64 anos do país, sofrem de demência — o governo espera que esse número dobre nos próximos 25 anos. E há anos, médicos e cuidadores holandeses são pioneiros em abordagens não ortodoxas de tratamento da doença: memórias da infância, estímulos sensoriais, música e relaxamento para acalmar e cuidar dos pacientes, em vez da antiga prescrição de repouso e medicação. (New York Times)
Há mais de 50 mil anos, uma mulher neandertal e um homem denisovano tiveram uma filha. Muitos séculos mais tarde, em uma gruta na cordilheira de Altai, foram encontrados os ossos da menina híbrida, que teria morrido aos 13 anos. Há quase uma década se sabe que os neandertais, denisovanos e humanos modernos tiveram descendência em algumas circunstâncias, mas nunca havia sido encontrado um filho de um casal misto. Agora, cientistas publicaram o genoma do primeiro destes humanos.
Por um lado, é verdade que o cérebro pode mudar, aprender e até melhorar com base na experiência. Por outro, há pouca evidência de que jogos de treinamento cerebral sejam mais úteis que placebo. Pois é. Pensando nisso, a jornalista científica Caroline Williams se perguntou: se esse não é o caminho, qual seria? Ela escolheu áreas nas quais queria melhorar — atenção, ansiedade, criatividade, etc — e passou um ano tentando novas técnicas para ver o quanto ela realmente aprenderia. O resultado está no livro My Plastic Brain: One Woman's Yearlong Journey to Discover if Science Can Improve Her Mind (Amazon). “Há muito hype. É uma pena. Tudo o que diz que ‘você tem que comprar o nosso produto' é provavelmente algo para ser cético, assim como qualquer coisa que cite muita ciência e não pareça estar relacionada ao produto real. Há coisas por aí que tentam cegar as pessoas com palavras complicadas.”
A CBF divulgou as estatísticas do uso do árbitro de vídeo nos últimos oito jogos da Copa do Brasil. No total, foram 58 checagens e revisões. E vem mais por aí...
Cotidiano Digital
Em média, um cartão de crédito abocanha 3% duma compra. Quem vende através das ferramentas de Apple e Google, porém, precisa repassar 30% do que recebe. Elas podem fazê-lo porque têm um duopólio: tablets e smartphones rodam o sistema de uma ou de outra. Não há alternativas fora deste mundo. Ou há: é redirecionar os consumidores para um site, onde fariam o pagamento. Mas é difícil, há resistência. Primeiro porque gera insegurança aquele ambiente diferente. Segundo porque seria preciso preencher o cartão de crédito. Raras empresas poderiam fazer um teste assim.
Pois é... Quem precisar renovar a assinatura da Netflix num iPhone ou iPad, até 30 de setembro, terá uma surpresa. A companhia não aceitará o pagamento via iTunes e o usuário será redirecionado a um site. Será assim em toda América Latina, Europa e Ásia. É um teste para evitar o pagamento dos 30% que a Apple leva. E entender como os consumidores se comportam.
Em seu trabalho no desenvolvimento de software para um carro autônomo, a Apple registrou em patente um sistema para aumentar o conforto daqueles mais desconfiados. Para que a viagem seja tranquila, os carros avisarão, por uma tela, o caminho que seguirão. Um cronômetro reverso indica que brevemente será feita uma mudança de faixa, uma curva a direita ou até uma freada. É para que ninguém seja pego de surpresa com a direção do robô.
A candidata a Miss America pela capital americana, Washington DC, é uma morena de olhos grandes e sorriso largo, tem 25 anos e é geek. Na verdade, mais do que isso: Allison Farris trabalha há quatro anos na Microsoft como desenvolvedora de software. No momento, ajuda empresas a fazerem a transição para a nuvem. E quer sequestrar o concurso, talvez inspirando meninas a seguirem uma carreira em tecnologia.
