Revista Time põe Jornalistas e Guerra pela Verdade como Destaque do Ano

A Pessoa do Ano da revista Time, em 2018, não é só uma pessoa. São o que os editores batizaram ‘Guardiões na Guerra pela Verdade’. A revista saiu publicada com quatro capas distintas. Em uma está Jamal Khashoggi, o repórter saudita assassinado por ordens do governo de seu país. Noutra estão Wa Lone e Kyaw Soe Oo, jornalistas da Reuters, presos em Myanmar em agosto após denunciar o assassinato, pelas forças de segurança do país, de dez homens muçulmanos. Há também a equipe do pequeno Capital Gazette, cuja redação foi invadida por um assassino obcecado com o que considerava injúrias publicadas no jornal. Matou cinco. Encerra o time a repórter Maria Ressa, a mais veemente crítica da brutal guerra às drogas disparada pelo presidente filipino Rodrigo Duterte. O governo chama sua cobertura, que inclui assassinatos pelo governo, de ‘fake news’. A reportagem de ‘Pessoa do Ano’ cita muitos outros jornalistas. Entre eles, a brasileira Patrícia Campos Mello, que foi ameaçada por apoiadores de Jair Bolsonaro após reportar, para a Folha, sobre o pagamento não declarado por empresas de uma operação de desinformação via WhatsApp durante a campanha eleitoral.

Trecho: “A democracia está regredindo. Três décadas após a Guerra Fria encerrar com a derrota de uma autocracia escancarada, um tipo mais esperto encontra alimento na podridão ao nosso redor. O déspota antigo abraçava a censura. O novo, ao perceber que hoje seria difícil, fomenta a desconfiança em fatos, cresce na confusão imposta pelas redes sociais, e disfarça criando a ilusão de legitimidade.”

Vídeo: A Time faz um tour pelo mundo mostrando o mesmo padrão, em países pobres e ricos, de governantes em ataque aberto à imprensa.

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A liderança da premiê britânica Theresa May foi questionada por seu partido. Os parlamentares conservadores votarão hoje. Se ela tiver maioria, só poderá ser questionada novamente em um ano. Mas, se perder, haverá um novo voto interno no qual ela não poderá participar. O novo líder, porque o Partido Conservador tem maioria na Câmara dos Comuns, deve assumir como primeiro ministro.

A Operação Ross, que permitiu busca e apreensão em casas dos irmãos Aécio e Andréia Neves, quer indícios de repasses que podem somar até R$ 128 milhões feitas, segundo os delatores, pela JBS. O ainda senador, eleito este ano deputado federal, afirma que a empresa foi desmoralizada publicamente e que o dinheiro de fato recebido foi como doação de campanha. O Solidariedade e Paulinho da Força também teriam recebido quantias intermediadas pelo tucano.

O também tucano Tasso Jereissati, um dos candidatos favoritos à presidência do Senado, se disse surpreso com a revelação, feita ontem, de que Aécio Neves recebia uma mesada de R$ 45 mil paga pela JBS. A pressão para que seja expulso do PSDB começa a crescer. (Folha)

Então... Segundo Lauro Jardim, a PF já havia requisitado ao Supremo a operação contra Aécio desde 11 de setembro. A procuradora-geral da República Raquel Dodge demorou 45 dias para entregar seu parecer, que saiu em 28 de outubro, quando Aécio já havia sido eleito deputado. (Globo)

Enquanto isso... Os depósitos feitos na conta de Fabrício Queiroz, o PM que foi assessor na Assembleia do Rio de Flávio Bolsonaro, eram realizados ou na data de pagamento da Alerj ou pouco depois. Nove funcionários do gabinete repassaram valores para ele.

A Comissão Especial da Câmara que discute o projeto Escola sem Partido encerrou ontem seus trabalhos sem votar o relatório. Em não tendo havido decisão este ano, o projeto segue para arquivo. Pode ser desarquivado pela nova Legislatura, mas terá de seguir todo o trâmite do ponto zero. “Quem está sepultando o projeto não é a oposição”, disse o relator, deputado Flavinho, de São Paulo. “Quem não está deliberando é quem tem maioria neste parlamento e não comparece.”

A Avianca do Brasil protocolou pedido de recuperação judicial, ainda não concedido. A empresa tem uma dívida de R$ 500 milhões, que negocia com os arrendadores de suas aeronaves. Através de três ações judiciais distintas, credores pedem de volta 14 aviões. Ontem à noite, a companhia aérea conseguiu uma liminar proibindo a Anac de suspender suas concessões e impedindo, por enquanto, a reintegração de posse aos credores.

Viver

Pouco após às 13h de ontem, quando estava terminando a missa das 12h15 na Catedral de Campinas, um homem sentado ao fundo levantou, matou três que estavam atrás, caminhou para a frente, atravessou a nave recarregando sua pistola, deu mais tiros até ser atingido por um PM que entrava. Ferido, Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, se matou. Além dele, morreram quatro, e mais quatro foram feridos.

O assassino, descrito por amigos como “um cara cabeça”, foi criado católico. Desempregado desde 2014, se tratava de uma depressão. Conservador, era crítico do uso de drogas e se manifestava de forma racista. Vivia com o pai, viúvo, um senhor muito dedicado ao voluntariado na Igreja. Euler reclamava muito dos hábitos religiosos do pai. (Folha)

Dalva Teixeira, a filha de João Teixeira de Faria, o João de Deus, vive escondida do pai. Protegida pelos filhos, segundo a revista Marie Claire, ela pede indenização de R$ 50 milhões pelo estupro continuado que sofreu ao longo da vida. Ontem, após a história ser tornada pública, a equipe de João publicou, como se fosse atual, um vídeo no qual Dalva inocenta o pai. Segundo os netos do médium, as imagens são de 2017 e ela foi coagida a gravar.

“Estão vindo relatos de todos os lados”, afirma a promotora Silvia Chakian, do MP de São Paulo. “Chegam pelas redes sociais pessoais e oficiais do Ministério Público, pelo WhatsApp, Telegram, Facebook, email pessoal e institucional e até por colegas que conhecem vítimas.” Gabriela Manssur, outra das promotoras envolvidas, confirma. “É impressionante o efeito cascata. Desde sexta-feira, a cada hora vem um email, ligação, um pedido de ajuda de todo o Brasil.” (Folha)

As ongs Solidar Suisse e China Labor Watch conseguiram entrar em uma das fábricas que produzem bonecas para a Disney, na cidade de Heyuan. Descobriram um exército de operárias, em geral mais velhas, que operam cargas horárias exaustivas. Recebem o equivalente a 5 centavos de real por boneca produzida. Não têm direito a férias, não são pagas por dias nos quais faltam por doença, e ainda assim a fábrica tem o selo do Ethical Toy Program, que garante condições de dignidade para quem trabalha na indústria dos brinquedos. Tanto Disney quanto Mattel, contratantes dos serviços desta unidade, têm o compromisso público de zelar pela qualidade de vida de quem produz. A Hasbro, que tem brinquedos fabricados por outra empresa igualmente denunciada, se manifestou. “As acusações não conferem com as auditorias que conduzimos ao longo de 2018”, pôs no comunicado. “As fábricas citadas estão bem avaliadas por nossos robustos padrões éticos.” Disney e Mattel ainda não se pronunciaram.

A Ásia está em alta no mercado turístico. Sete das dez cidades que mais atraíram estrangeiros ficam no continente. São, em ordem: Hong Kong, Bangkok, Londres, Cingapura, Macau, Paris, Dubai, Nova York, Kuala Lumpur e Shenzhen.

Cotidiano Digital

Sundar Pichai, que depôs ontem perante os deputados americanos por algumas horas, não é um CEO fundador. É um executivo até tímido, que de responsável pelo browser Chrome galgou degraus até o comando da empresa. Por conta de serem as últimas semanas de predomínio republicano na Câmara, a ênfase dos deputados foi no que enxergam ser um viés de esquerda nos resultados que as buscas oferecem. “Tem muita gente que acredita que este viés está ocorrendo”, disse um parlamentar. “Precisamos de garantias de que o viés dos empregados do Google não reflita no serviço”, afirmou outro. Mais de uma vez, Pichai tentou explicar como funcionam algoritmos. Que, em essência, quanto mais cliques de usuários uma página recebe, maiores as chances de ela se destacar, além o próprio uso pessoal de cada um influir de forma personalizada nos resultados. Não teve muito sucesso.

Houve instantes de surrealidade. “Tenho uma neta de sete anos”, disse o deputado Steve King, “e ela estava distraída num jogo e de repente salta uma imagem de seu avô. Não vou dizer o tipo de palavras que estavam ao redor da imagem, mas lhe pergunto: como isso pode ocorrer no iPhone de uma criança?” Pichai só o fitou estupefato. “Deputado, o iPhone é feito por outra companhia.” (Vídeo)

Houve um ponto no qual o tom foi outro. O democrata Jamie Raskin o pressionou a respeito da inundação de teorias conspiratórias no YouTube. “Sua posição é de que deseja fazer algo a respeito mas há uma avalanche deste material então, no fundo, não há o que ser feito?” Em xeque, o CEO tentou um drible. “Nós reconhecemos que há trabalho por fazer”, respondeu hesitante para então se tornar evasivo. “Recebemos algo como 400 horas de vídeo a cada minuto. É nossa responsabilidade garantir o YouTube como plataforma de livre expressão, mas que também seja responsável e contribua de forma positiva para a sociedade.”

E... Mal foi cobrado a detalhar os planos de uma busca censurada para o mercado chinês e, assim, em detalhes não entrou. “Neste momento, não temos planos.”

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Presa no último dia 1º, Meng Wanzhou, CFO da Huawei, foi solta sob fiança. A executiva de 46 anos, filha do fundador da companhia, pagou C$ 10 milhões, o equivalente a R$ 30 milhões, não pode deixar o Canadá e usará uma tornozeleira eletrônica. Ao comentar o assunto pela primeira vez, o presidente americano Donald Trump afirmou que talvez entre na história. “Se for bom para aquele que deve ser o maior acordo comercial jamais feito”, disse Trump, “eu poderia intervir.” O comentário reforça a impressão de que a prisão tem mais a ver com a guerra comercial do que com as sanções ao Irã, argumento perante a Justiça.

Aliás... O hack que atingiu a cadeia de hotéis Marriott, no qual foram roubados os dados com números de passaportes, nomes e endereços de quase 500 milhões de hóspedes, foi executado pela inteligência chinesa. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, operações similares atingiram seguros de saúde e outras cadeias hoteleiras. (New York Times)

Cultura

Das regras pós-MeToo que estão valendo no set de Black Mirror, da Netflix. Está proibido olhar para qualquer pessoa por mais de 5 segundos. Proibidos, também, estão abraços apertados, flertes e pedir o telefone de qualquer um.

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