Mudanças em edital para livros didáticos aconteceram fora do MEC

A polêmica sobre a mudança no Programa Nacional do Livro Didático pode render uma investigação. Ontem, após a divulgação que o novo edital do PNLD excluía pautas consideradas “de esquerda”, como combate à violência contra a mulher, e a exigência de bibliografia e o controle de erros, o MEC revogou as mudanças e as atribuiu à “gestão anterior”. Rossieli Soares, ministro da Educação no governo Temer, veio a público e desmentiu, e um levantamento preliminar do ministério mostrou que as alterações polêmicas não constavam da versão do edital liberada pelo MEC em 28 de dezembro, no apagar das luzes da gestão de Rossieli. Como elas foram parar na versão publicada em 2 de janeiro ainda é um mistério a ser desvendado. (Folha)

Vera Magalhães: “Algumas mudanças feitas pelo governo no edital para os livros didáticos refletem a ideia já manifestada ‘n’ vezes pelo presidente e seus auxiliares de ‘desideologizar’ a educação. Outras, no entanto, ferem qualquer noção de bom senso e de cuidado com a qualidade da educação.” (Estadão)

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Os recuos não pararam por ali. O presidente do Incra, Francisco Nascimento, revogou dois memorandos emitidos no último dia 3 que suspendiam a compra de terras para reforma agrária e os processos de demarcação de terras quilombolas. Segundo Nascimento, os documentos foram iniciativa de duas diretorias, sem o conhecimento dele. (Folha)

E o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, negou que EBC vá ser extinta, ao contrário do que afirmara Bolsonaro durante a campanha eleitoral.

 

Com pouco mais de uma semana, o governo Bolsonaro sofreu sua primeira baixa. Alecxandro Pinho Carreiro deixou a presidência da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Além de não ser fluente em inglês, ele não tinha qualquer experiência na área de comércio exterior. Carreiro era próximo de Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente.

Um dos destaques da reforma da Previdência, a capitalização individual, na qual o trabalhador faz uma poupança para se aposentar, só deve valer para pessoas com renda acima de R$ 4 mil, nascidas a partir de 2014 e que entrem no mercado de trabalho a partir de 2030. Os trabalhadores de menor renda continuariam no sistema atual, no qual todos contribuem coletivamente para os benefícios. A avaliação é que essa divisão tornaria mais viável a aplicação do novo sistema. (Globo)

A transição mais curta para o novo sistema fará com que o beneficiário precise trabalhar de dois a cinco anos a mais para se aposentar. (Globo)

Falando em Previdência, cresce a reação no meio militar a mudanças que atinjam a categoria. Ao tomar posse ontem como comandante da Marinha, o almirante Ilques Barbosa Júnior se declarou contra a inclusão dos militares na reforma, alegando que eles não têm previdência, mas sim “proteção social”. Ele defendeu ainda a volta das promoções automáticas na passagem para a reserva e do auxílio-moradia. O ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, também defende que os militares tenham regras próprias.

Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Renan Calheiros (MDB-AL) receberam uma boa notícia ontem em suas campanhas para as presidências da Câmara e do Senado. O presidente do STF, Dias Toffoli, determinou que as eleições nas duas Casas continuem a ser por votação secreta. Ele argumentou que o sistema protege o parlamentar e faz parte do regimento do Legislativo, e que um Poder não pode intervir nas questões internas de outro. Segundo analistas, uma parte do governo Bolsonaro preferia que Câmara e Senado fossem presididos por políticos da nova safra, mais alinhados com o Planalto. O voto secreto, dizem, favorece Maia e Renan, pois os parlamentares podem escolher presidentes mais independentes sem se indispor com os novos ocupantes da Esplanada.

Por via das dúvidas, os dois fazem movimentos para indicar uma boa convivência na Praça dos Três Poderes. Para agradar o PSL, Maia descartou a participação do PT no bloco que o apoia, pegando de surpresa os deputados da legenda. Já Renan acena apoio às pautas liberais, muitas das quais criticava no governo Temer, e à agenda de costumes de Bolsonaro.

O ex-ministro Antônio Palocci fechou seu terceiro acordo de delação premiada, agora com o MP. Ele promete falar de fraudes em fundos de pensão.

O Ibama anulou, no apagar das luzes do governo Temer, a multa aplicada em 2012 a Jair Bolsonaro por pesca em área de proteção. A AGU avaliou que ele não teve direito à ampla defesa. O caso volta à primeira instância.

Nada parece aliviar a tensão política nos EUA. O presidente Donald Trump abandonou uma reunião com a nova presidente da Câmara, a deputada democrata Nancy Pelosi, e o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer. Eles foram à Casa Branca tentar resolver o impasse que paralisa há semanas parte do governo. Trump não aceita qualquer solução que não envolva verba para construir um muro na fronteira com o México. Após abandonar a reunião, ele tuitou: “Perda de tempo”.

Nicolás Maduro toma posse hoje em mais um mandato na Venezuela. O Congresso, controlado pela oposição, e o Grupo de Lima, que reúne 14 países da região, não reconhecem a legitimidade dele. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, anunciou que vai à posse.

Bernardo Mello Franco: “É difícil imaginar uma ideia tão desastrada. A não ser que Gleisi Hoffmann tenha resolvido ajudar os bolsonaristas a desgastar ainda mais o próprio partido.” (Globo)

Cotidiano Digital

Uma das expectativas para a CES 2019 era de que ela fosse o marco da virada para o 5G. Mas parece que ainda não estamos lá. A semana começou com a AT&T sendo criticada por ter ligado o ícone de 5G dos celulares de alguns de seus clientes, dando a impressão de que sua rede estava já na nova tecnologia, quando, na verdade, a rede ainda rodava em 4G – era a infraestrutura que já estava preparada para os requisitos do 5G.

Já na feira, a turma da Venture Beat visitou os principais fabricantes de 5G e identificou uma série de problemas: Os celulares finos são para o mercado chinês, que usa uma frequência abaixo dos 6 GHz que serão usados nos EUA. Ainda não há uma solução para reduzir o tamanho da antena, o que faz os protótipos americanos todos muito espessos. A velocidade também decepcionou: eles encontraram problemas na maioria dos demos, até mesmo um caso em que a conexão não se dava pelo 5G, conforme divulgado, mas sim por Bluetooth.

Outra decepção foram os robôs. Eram muitos pela feira, mas o Verge os classificou em cinco categorias. Começa com robôs que não são exatamente robôs, como uma máquina que lava e dobra roupas, outra que faz pão. Segue por aqueles que ainda não estão prontos ou não funcionam direito. O terceiro grupo nada mais é do que um tablet sobre rodas. Surgem então os robôs que são simplesmente fofos e amáveis, mas que não servem de muito. E, finalmente, os poucos robôs que realmente são robôs: os que mais chamaram a atenção são os que fazem entregas — pelo menos três empresas mostraram os seus.

Juntos no palco principal, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, e o comissário da NBA, Adam Silver, anunciaram uma parceria para transmitir na plataforma jogos de basquete. Mas vai ser uma transmissão diferente: só começa no segundo tempo. Durante o primeiro, os usuários do Twitter vão votar para escolher um jogador em quadra. O jogador escolhido vai ganhar no segundo tempo uma câmera especial, que vai segui-lo pela quadra, transmitindo ao vivo todos os seus movimentos, sem narração.

Carros foram a sensação da feira, e com eles uma série de aparelhos. A Amazon anunciou que seu Echo Auto, uma pequena versão da Alexa para ser usada em carros, que está em pré-vendas, já teve mais de um milhão de reservas. Enquanto isso, a BOSE anunciou um sistema de som automotivo com cancelamento de ruído, um feito e tanto de tecnologia.

E uma galeria: A forma como jogamos video games está mudando. Headsets, controles inovadores, cadeiras imersivas e até mesmo um tablet que serve como tabuleiro para jogos.

Cultura

O diretor vencedor do Oscar Alfonso Cuarón atacou nesta semana a decisão da Netflix de colocar legendas em espanhol ibérico — da Espanha — para seu filme Roma, gravado em espanhol na Cidade do México. Segundo ele, a decisão da plataforma é “paroquial, ignorante e ofensiva”. No mês passado, o escritor mexicano Jordi Soler já tinha tecido críticas semelhantes. “Quando eles dizem ‘mamá’ [mamãe], as legendas dizem ‘madre’ [mãe].” De acordo com o escritor, isso é “paternalista, ofensivo e profundamente provinciano”.

Enquanto isso, a corrida no mundo do streaming continua. O Hulu anunciou que encerrou 2018 com mais de 25 milhões de assinantes, um ganho líquido de 8 milhões no ano. Isso dá à plataforma mais clientes de vídeo do que os maiores provedores de TV por assinatura dos EUA— incluindo a Comcast, um de seus proprietários.

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Afinal, Tony Soprano está morto ou não? Após anos de ambiguidade, o livro The Sopranos Sessions (Amazon), publicado na terça-feira por Matt Zoller Seitz e Alan Sepinwall, parece trazer uma resposta — ainda que acidental — para o grande mistério do último episódio de Família Soprano.

A série completa 20 anos este ano. E o Times preparou um guia para quem quer reassisti-la.

Viver

A LiveWire, motocicleta totalmente elétrica da Harley-Davidson, foi exibida pela primeira vez em 2014. Agora, você pode comprá-la. A empresa anunciou que começou a fazer encomendas antecipadas. Para os novos clientes, a montadora está enfatizando quão fácil é andar com uma motocicleta dessas: não há embreagem, não há mudança de marcha — basta girar e partir. O preço: US$ 29.799.

O pessoal da Forbes montou em uma delas. Eles contam como é.

Já a BMW apresentou um protótipo de motocicleta autônoma. Uma que se dirige sozinha. O projeto está em desenvolvimento há três anos e, a princípio, não foi concebida para o consumo público.

A Justiça de Goiás aceitou a denúncia do Ministério Público do estado contra o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, por violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. A partir de agora, o líder religioso é considerado réu. Em outra ação, de natureza cível, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 50 milhões do médium, entre contas bancárias e imóveis, para garantir uma possível indenização às vítimas. (Globo)

Morreu ontem, aos 88 anos, por problemas cardíacos, o jesuíta Oscar González Quevedo, conhecido como Padre Quevedo. Ele ficou conhecido pelo bordão “Isso non ecziste”, repetido incontáveis vezes enquanto apresentou o quadro O Caçador de Enigmas, no Fantástico da TV Globo. O religioso, estudioso da parapsicologia, dedicou sua vida a desvendar fenômenos da natureza e desmascarar aqueles que se aproveitavam da fé das pessoas. (Globo)

O Meio errou: Na edição de ontem, nos referimos aos dados sobre sexismo no meio cirúrgico como sendo do sistema público de saúde americano, quando, na verdade, são no NHS britânico.

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