Brumadinho: ainda falta encontrar 305 pessoas

No momento em que fechou esta edição do Meio, havia já 58 pessoas mortas pela tragédia de Brumadinho, Minas Gerais. Além delas, 305 desaparecidas (lista) e 192 pessoas com vida. As chances de haver sobreviventes é mínima. A barragem que pertence à Vale rompeu no início da tarde da última sexta e o excesso de rejeitos fez transbordar outra. Desceram sobre o vale 12 milhões de metros cúbicos de lama — em volume, foi uma quantidade bem menor do que a da tragédia de Mariana, há três anos. Mas, desta vez, o preço foi bem mais alto em vítimas. As primeiras foram empregados da própria mineradora. Dos 427 funcionários no local, apenas 279 foram localizados. A onda avançou sobre uma área grande nos municípios banhados pelo rio Paraopeba, que incluem Brumadinho, Mario Campos, Juatuba, São Joaquim de Bicas, Igarapé e Betim, arrasando até pousadas que atendem o parque de Inhotim.

Galeria: imagens do desastre ambiental.

Foram bloqueadosR$ 11 bilhões do caixa da Vale, o que representa metade do dinheiro que a empresa tem à mão. R$ 5 bilhões devem ser destinados às vítimas, por ordem da Justiça.

Chegou na noite de ontem, vindo de Israel, um avião com 130 militares especialistas em resgate. Eles vararam a noite planejando seus trabalhos, que se iniciam hoje. Vieram também cães farejadores e sonares que podem detectar vozes e ecos na lama.

Cida Damasco: “A tragédia escancara o quanto o Brasil está despreparado para um ciclo de crescimento com responsabilidade social. Num ‘déjà vu’ desanimador, a mesma Vale insiste nas mesmas explicações inaceitáveis. As mesmas autoridades prometem identificar e punir os culpados o mais rápido possível, além de tomar providências para evitar que novos acidentes aconteçam. Muitas delas, inclusive, que fizeram vistas grossas à demora da Vale em assumir suas responsabilidades no caso de Mariana. Além disso, no clima de guerra política que atravessou a campanha eleitoral, cada lado tenta buscar culpados entre seus opositores, numa simplificação quase infantil do problema. Os malabarismos ensaiados para encaixar o Meio Ambiente no ministério de Bolsonaro já mostram claramente a prioridade que se dá a esse tema. Não é por acaso que circulam pelo Congresso projetos com o objetivo de afrouxar os controles ambientais. Claríssimo que, sob o impacto de Brumadinho, todos pensarão duas vezes antes de encaminhar propostas nessa direção. Pelo menos até que Brumadinho e Mariana sejam jogados para o canto da memória.” (Estadão)

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Saíram mais dados do Coaf a respeito das movimentações de Flávio Bolsonaro: entre agosto de 2017 e janeiro de 2018 foram creditados em sua conta corrente R$ 337,5 mil e dela saíram R$ 294,7 mil. “Nossa comunicação foi motivada em razão de o cliente movimentar recursos superiores a sua capacidade financeira”, afirma o relatório técnico. Flávio tem dito que o dinheiro vem de sua franquia Kopenhagen. De acordo com o Coaf, não é fato. No mesmo período, ele recebeu como deputado estadual R$ 131,5 mil e, pela empresa, R$ 120 mil. A outra empresa na qual seu nome aparece — Bolsonaro Digital — não registrou qualquer pagamento. (Veja)

Janaína Paschoal: “Ele tem todo o direito à defesa, a entrar com todas as medidas, mas me parece complicado ver uma reação parecida com a que a foi a do Aécio, com a que é a do Lula até hoje. Com isso eu não estou dizendo que as autoridades sempre tenham razão. Mas não endeuso ninguém. ‘É só porque eu sou filho do presidente.’ Não é só, pô.” (Estadão)

Imediatamente após o deputado federal eleito Jean Wyllys anunciar que não assumiria o mandato, começou a se espalhar muito rápido na internet a história de que ele estaria envolvido com o financiamento do atentado à vida do presidente Jair Bolsonaro. A informação é falsa. O Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, identificou em relatório, como primeiro tweet a levantar a história, o de Milene Reis, moça seguida por Carlos Bolsonaro e o assessor olavista da presidência, Filipe Martins. O primeiro grande impulso foi dado pelo ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma. A partir daí, espalhou-se qual fogo.

A direção da EBC deu ordens para que seus canais não noticiassem as ameaças de morte a Wyllys, informa Guilherme Amado. A empresa pública nega. (Época)

Wyllys anda com seguranças armados e carros blindados, por orientação da presidência da Câmara, desde março do ano passado. Recebeu ameaças semanais nos últimos dois anos — algumas das quais, O Globo compilou. Sentia-se em cárcere privado, com os movimentos limitados por conta da segurança constante.

O presidente Jair Bolsonaro se internou ontem no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Hoje, ele será submetido a uma cirurgia para retirada da bolsa de colostomia e reconstrução do trânsito intestinal. É ainda consequência da facada durante a campanha eleitoral.

Foram 36 dias sem orçamento aprovado, na disputa frontal entre o presidente americano Donald Trump e a presidente da Câmara, Nancy Pelosi. Funcionários públicos federais chegaram a ficar sem receber dois salários. Aviões começaram a atrasar por falta de controladores de tráfego, o diretor do FBI se queixou publicamente da indignidade imposta a seus agentes. Trump passou todo o tempo dizendo que só assinaria um orçamento que incluísse dinheiro para o muro na fronteira com o México. Pelosi afirmou que não negociaria enquanto ele mantivesse 800 mil funcionários públicos reféns. Na sexta-feira, o autointitulado mestre das negociações capitulou por completo. “A Arte da Rendição”, pôs de título a Economist — fazendo troça com o livro do presidente, A Arte da Negociação (Amazon). “Frouxo”, afirmou a comentarista de direita Ann Coulter. “Nancy Pelosi é alfa”, emendou outro, Mike Cernovich. Na sua equipe, segundo o New York Times, já há quem tema que o Partido Republicano possa escolher outro candidato à presidência ao invés de permitir que concorra à reeleição.

Então... Donald Trump andou conversando com pessoas próximas a respeito de uma intervenção militar na Venezuela. Segundo o Axios, esta não é uma decisão que tenha sido tomada. Haverá pressão, sim, mas diplomática e econômica. O governo dos EUA busca uma solução legal para que o dinheiro da compra de petróleo possa ser encaminhado pelo presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, ao invés do governo de Nicolás Maduro. E, pressionado pelo insucesso em casa, o presidente está em busca de vitória política no exterior.

Pois é. Dinheiro está se tornando rapidamente um problema para Maduro. Tentou tirar, do Reino Unido, os US$ 1,2 bilhão em ouro que tem depositados no Bank of England. Não lhe foi permitido. Há esforço internacional para convencer a Turquia, onde estão muitas das reservas venezuelana, a negar-lhe repatriação do dinheiro.

Clóvis Rossi: “A Venezuela chega ao final de uma semana histórica em situação que pode ser resumida assim: o líder oposicionista e presidente autoproclamado Juan Guaidó tem mais legitimidade que poder; já Nicolás Maduro tem mais poder que legitimidade. Quem ganha? Até o momento, ninguém. Como é óbvio, o que pode romper o impasse é a atitude dos militares. Outro que reconhece o profundo vínculo militares/regime é o senador republicano Marco Rubio. ‘A questão não é se os principais líderes militares respaldam Maduro publicamente. Depois de duas décadas de tráfico de drogas e de constante monitoramento pela inteligência cubana, estão todos em uma armadilha. A verdadeira questão é se os oficiais de nível médio e os soldados na linha de frente seguirão suas ordens’ [já que sofrem, como a maioria dos venezuelanos, pelo colapso do país]. Há em tese um ambiente propício à desobediência desejada pelo senador Rubio. Se se chegará a tanto, é uma questão em aberto.” (Folha)

Cotidiano Digital

Ainda não há detalhes de como funcionará, mas o Facebook tomou a decisão de integrar seus serviços de mensagem — Messenger, Instagram Messages e WhatsApp. Será possível enviar de um para alguém no outro. O projeto, que quebra uma promessa feita ao departamento antitruste da União Europeia, exigirá que boa parte dos softwares sejam reescritos. As versões atualizadas devem ser distribuídas entre finais deste ano, inícios do ano que vem. (New York Times)

Até 2026, 30 milhões de vagas de trabalho podem ser fechadas por robôs, no Brasil. O estudo é do Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações, da UnB. (Folha)

Cultura

Um mural pintado na porta da saída de emergência do teatro Bataclan, em Paris, atribuído ao artista de rua britânico Banksy, foi roubado. Acredita-se que a pintura de uma pessoa com um véu e a cabeça inclinada seja o tributo do artista aos sobreviventes do ataque terrorista de 2015, em que integrantes do Estado Islâmico mataram 90 pessoas em um concerto no local. Nas redes sociais, o teatro escreveu: “O trabalho de Banksy, um símbolo de lembrança de todos: moradores locais, parisienses, cidadãos do mundo, foi tirado de nós”. (New York Times)

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Estreia em fevereiro, na Netflix, a primeira temporada da HQ The Umbrella Academy. Foram dez anos até que a obra do americano Gerard Way, vocalista da banda My Chemical Romance, e do desenhista brasileiro Gabriel Bá, saísse do papel. A história dos seis irmãos superpoderosos que se reúnem após a morte do pai adotivo seria adaptada para o cinema, mas acabou sendo transformada em série por causa da dificuldade de condensar em uma única narrativa tantas tramas e subtramas. (Globo)

O prédio que abriga o Newseum, o museu interativo dedicado ao jornalismo em Washington, nos EUA, está sendo vendido para a Johns Hopkins University por US$ 372,5 milhões. A instituição é atualmente financiada pela fundação que o criou, a Freedom Forum. A decisão, segundo o presidente e diretor executivo do fórum, foi tomada para contornar problemas financeiros vividos pela fundação.“Com o anúncio de hoje, podemos começar a explorar todas as opções para encontrar um novo lar na área de Washington”, afirmou. (Folha)

Viver

Em setembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal decidiu que, com a atual legislação, os pais não têm o direito de tirar filhos da escola para ensiná-los exclusivamente em casa. O atual governo, no entanto, editará uma medida provisória para prever o direito de famílias educarem os filhos em seus domicílios. À repórter Andreia Sadi, no G1, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou que a MP será publicada e enviada ao Congresso na abertura dos trabalhos legislativos, em fevereiro.

O que não pegou bem mesmo para a ministra foi o ressurgimento de um vídeo, de 2013, em que ela diz que os pais holandeses são instruídos a “massagear sexualmente suas crianças”. Na Holanda, a fala foi repercutida pelos principais jornais do país, e as reportagens foram recebidas com irritação.

O governo de Israel aprovou ontem uma lei que permite a exportação de maconha medicinal. As empresas israelenses, que se beneficiam de um clima favorável e de experiência em tecnologias médicas e agrícolas, estão entre os maiores produtores mundiais de maconha medicinal. A iniciativa deve aumentar a arrecadação do Estado e impulsionar o setor agrícola, mas frustrou os críticos que temem que a medida possa levar a um maior uso recreativo da droga.

E a imagem mais detalhada do objeto mais distante já explorado no espaço: Ultima Thule.

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