Após queda de Bebianno, mais um general no Palácio

A ala militar ampliou ainda mais seu espaço no governo ontem, quando finalmente se consumou a demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência e foi confirmada a nomeação do atual secretário-executivo do ministério, o general Floriano Peixoto, para seu lugar. Com a chegada do oitavo ministro militar, Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, passa a ser o único ministro no Palácio do Planalto que não veio da caserna.

Bolsonaro gravou um vídeo com elogios ao demitido, mas, contrariando o suposto acordo da demissão, não o divulgou nas redes sociais.

No sábado, quando ainda se tentava uma solução negociada, Lorenzoni levou a Bebianno o convide do presidente para assumir a embaixada brasileira em Roma. Embaixadores não precisam ser diplomatas de carreira, e as representações de Roma, Paris e Londres, parte do chamado ‘Circuito Elizabeth Arden’, são tradicionais prêmios de consolação e moedas de troca. O agora ex-ministro, porém, recusou. (Globo)

Bebianno diz ter recebido ameaças depois que o número de seu telefone foi divulgado nas redes sociais. Ele disse já ter identificado alguns dos autores e prometeu “devolver em triplo”.

Com apenas 48 dias no cargo, foi o ministro exonerado mais rapidamente desde 1990, quando Joaquim Roriz (Agricultura) pediu demissão ao então presidente Collor após 14 dias para concorrer ao governo do Distrito Federal. Bebianno caiu na esteira das denúncias do uso de laranjas pelo PSL, e após conflito com Carlos Bolsonaro, que o chamou publicamente de mentiroso.

A demissão de Bebianno aumenta a pressão sobre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, contra quem haviam surgido as primeiras denúncias sobre laranjas na eleição. (Folha)

Alon Feuerwerker: “As escaramuças (por enquanto são só isso) em torno do presidente da República (e com a participação dele) têm sido retratadas como disputa entre um núcleo fundamentalista imaturo e outros núcleos maduros e, portanto, carregados de razão. A bazuca presidencial volta-se contra quem ensaia apresentar-se como moderado, confiável e racional. É por aí que o poder começa a cortar cabeças. O que fica mais fácil quando o alvo potencial comete um erro. E o erro número zero em palácio é o sujeito achar que há espaço para fazer uma política própria diferente da do chefe. Ainda mais quando o chefe está forte e cercado por fiéis. Exigir que o poder mande os mais fiéis para a degola a troco de nada é um passaporte para a desgraça.”

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Começa hoje a batalha do governo pela chamada agenda positiva. Chega ao Congresso pelas mãos dos ministros Sérgio Moro e Lorenzoni o pacote anticrime, que promete endurecer o combate a organizações criminosas. A proposta, de 34 itens, prevê modificações em 14 leis dos códigos Penal, Eleitoral e de Processo Penal. (Globo)

Temendo resistências, o governo resolveu retirar do pacote a criminalização explícita do caixa 2, um dos temas mais sensíveis para os políticos. (Estadão)

Amanhã será a vez da proposta de reforma da Previdência, que deve ser entregue aos parlamentares pessoalmente por Bolsonaro. A informação é do secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho. Entre as novidades está a ideia de equiparar as aposentadorias de políticos com as do INSS, com teto de R$ 5.800.

Para ampliar o apoio à reforma, o governo prepara um pacote de ajuda aos estados, revelou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, após reunião com o ministro Paulo Guedes. A ideia é permitir que esses entes possam tomar financiamento com garantia da União em troca de medidas de ajuste fiscal. (Globo)

O Ministério da Saúde vai monitorar, pelos próximos vinte anos, as condições dos profissionais que atuam na busca por vítimas em Brumadinho, onde uma barragem de rejeitos de mineração da Vale se rompeu, matando, até o momento, 169 pessoas.

Pouco dado a aparições fora do ambiente controlado de apoiadores, o governador do Rio, Wilson Witzel, compareceu ao Sambódromo para os ensaios técnicos de Mangueira, Portela e São Clemente. O paulista Witzel foi apresentado a uma das mais importantes tradições cariocas: a vaia estrepitosa. (Globo)

Não basta ser noivo. Tem que garantir plateia. O prefeito de Camaragibe (PE), Demóstenes Meira, obrigou os funcionários comissionados a comparecer ao show da noiva dele, a cantora Taty Dantas, que também é secretária municipal de Assistência Social. Agora a OAB quer processá-lo por improbidade administrativa.

Califórnia, Nova York e outros 14 estados americanos entraram na Justiça para impedir o presidente Donald Trump de decretar estado de emergência para usar fundos militares na construção de um muro ao longo da fronteira com o México. A argumentação é de que cabe ao Congresso alocar recursos públicos e de que, em pelo menos uma ocasião, o próprio Trump admitiu que o muro era um projeto pessoal, não uma prioridade. (New York Times)

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HealthTech

Gigantes da tecnologia e pequenas startups investem cada vez mais em serviços e produtos para o mercado de saúde nos EUA e no resto do mundo, especialmente no gerenciamento de informações médicas dos indivíduos. O problema é que o público não confia nelas, em grande parte por conta das denúncias sobre abuso das informações fornecidas por clientes em suas atividades originais. Uma pesquisa realizada no ano passado indica que somente 11% entrevistados se sentiriam confortáveis em compartilhar suas informações de saúde com empresas como a Amazon e o Facebook. Mesmo entre essa minoria, a empresa de Mark Zuckerberg tem má reputação, com a confiança somente de 40% dos consultados, à frente apenas da IBM.

E o controle de dados de saúde é um tema cada vez mais delicado nos EUA. Entra em vigor no ano que vem uma regra exigindo que todos os médicos, hospitais e seguradoras de saúde que operem com o governo tenham os dados dos pacientes digitalizados e disponíveis num sistema online unificado. A ideia é que o usuário possa acessar suas informações médicas e transferi-las, se quiser, para outros profissionais e instituições. A mensagem é clara: os dados pertencem ao paciente, não ao médico ou à seguradora.

De um lado, a assistente Alexa, da Amazon, orientava virtualmente uma hipotética vítima de queimaduras. De outro um pequeno aparelhinho no alto da coluna colocava a pessoa, gentilmente, na postura correta ao sentar. Esses e muitos outros foram os produtos e serviços apresentados ao setor de saúde dos EUA na conferência da Sociedade de Gerenciamento de Sistemas de Informação sobre Saúde (HIMSS, em inglês), que aconteceu esta semana na Flórida. Para se ter uma ideia da dimensão do evento, um ônibus interno levava dez minutos para ir de uma ponta a outra do pavilhão.

Cultura

Nas redes sociais, perfis da direita brasileira organizaram uma ação coordenada contra o filme Marighella na plataforma IMDb, site que organiza informações e avaliações do público de filmes no mundo todo. O longa dirigido por Wagner Moura conta a história do ex-deputado, poeta e guerrilheiro brasileiro que foi assassinado na ditadura militar. De acordo com algumas das primeiras críticas, o filme adota por vezes um tom militante. A suspeita em relação à participação de bots partiu do grande volume de contas novas e reviews do filme na plataforma, que parecem ser feitos a partir da ferramenta de tradução do Google. Como resposta, apoiadores de Wagner Moura organizaram um mutirão para aumentar a nota do site, mas a equipe do IMDb agiu antes. Ontem, a plataforma de avaliação suspendeu a exibição da nota do filme e apagou os comentários feitos por usuários recentes, já que o longa não tem data de estreia no Brasil.

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No Globo, autores das 20 canções mais ouvidas no Brasil hoje explicam como nascem os hits. Spoiler: ostentação e ‘guerra à inimiga’ são coisas do passado.

Chegou ao fim o universo televisivo da Marvel na Netflix. A plataforma cancelou Justiceiro e Jessica Jones, as duas séries restantes após o fim de Demolidor, Punho de Ferro e Luke Cage. A informação é do Deadline. A terceira temporada de Jessica Jones, que ainda não tem data para estreiar, irá ao ar normalmente, mas não ganhará mais nenhum episódio adicional após isso. A Marvel pertence à Disney, que lança ainda este ano sua própria plataforma de streaming.

Viver

É fato: Os brasileiros nascem mais entre março e maio, nove meses após o inverno. E nascem menos em novembro e dezembro, nove meses após o Carnaval. O que ninguém sabe é o motivo para essa sazonalidade. O fenômeno é observado na maioria dos países do mundo — mudam os números e os meses. A particularidade do Brasil é que o país é um dos casos com maior sazonalidade de nascimentos conhecida. Uma das hipóteses é que o ciclo de nascimentos é provocado por mudanças no comportamento sexual ao longo do ano — pode existir, por exemplo, um aumento da frequência de relações sexuais no inverno ou a abstinência por motivos religiosos no período da quaresma. Outra hipótese é que a fertilidade humana pode aumentar ou diminuir de acordo com as mudanças nas condições ambientais ao longo do ano, como a quantidade de luz natural e a temperatura. Mas a verdade é que ainda não há resposta para essa questão — nem no Brasil, nem no mundo.

Foram quatro horas de espancamento. A empresária Elaine Caparróz, de 55 anos, foi encontrada desacordada por policiais militares em seu apartamento, depois que vizinhos ouviram seus gritos de socorro e alertaram o zelador. Ela foi agredida por um homem que conheceu pelas redes sociais no primeiro encontro do casal — despertou do sono sendo espancada. O agressor, identificado como Vinícius Batista Serra, de 27 anos, foi preso em flagrante e teve sua prisão preventiva decretada. Ele deve responder por tentativa de feminicídio. O advogado já havia sido denunciado pelo próprio pai por agredir seu irmão deficiente.

Também tem histórico de violência contra a mulher o segurança de supermercado que matou o jovem Pedro Henrique Gonzaga ao imobilizá-lo. Davi Ricardo Moreira Amâncio já foi condenado a três meses de prisão em regime aberto por lesão corporal depois de agredir uma ex-companheira. A condenação, que saiu dias depois de sua contratação, o impede de trabalhar como vigilante.

Para ler com calma. A queda de Theodore E. McCarrick, o cardeal exonerado por abuso sexual de meninos, inflamou as acusações de que a homossexualidade é a culpada pela crise ressurgente dos abusos da Igreja. E o bode expiatório generalizado levou muitos sacerdotes para o fundo do armário — que já é bem reforçado. Pois é. Durante anos, os líderes da igreja afastaram os fiéis gays e insistiram que as “tendências homossexuais” são “desordens”. E, no entanto, milhares de padres da Igreja são gays. Menos de 10 deles nos Estados Unidos ousaram assumir-se em público, mas os homens gays provavelmente somam pelo menos 30% a 40% do clero católico americano, segundo dezenas de estimativas de padres homossexuais e pesquisadores. Alguns dizem que o número está mais perto de 75%. Mais de 20 padres e seminaristas gays de 13 estados americanos compartilharam detalhes íntimos de suas vidas no armário católico com o The New York Times nos últimos dois meses. Vale a pena ler.

Por falar... O Vaticano admitiu, pela primeira vez, que existe um protocolo interno para lidar com os padres que quebram os votos de celibato e se tornam pais.

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