TSE tenta censurar Lollapalooza — e fracassa

Atendendo a um pedido do PL, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Raul Araújo proibiu atos de propaganda eleitoral no festival Lollapalooza, que terminou na noite de ontem em São Paulo. A ação foi motivada pela apresentação de Pabllo Vittar na sexta-feira, quando a cantora exibiu uma bandeira com o rosto do ex-presidente Lula (PT). Araújo estabeleceu uma multa de R$ 50 mil em caso de novas ocorrências. Ele lembrou que a Constituição proíbe a censura, mas disse que houve “clara propaganda eleitoral em benefício de possível candidato ao cargo de Presidente da República”. (CNN)

Uma confusão do PL impediu que a decisão de Araújo fosse entregue à produção do festival. Na petição original, o partido citou duas empresas, Lollapalooza Brasil Serviços de Internet Ltda e Latin Investment Solutions Participações Ltda., inativas há pelo menos três anos. Descoberta a confusão, o partido apresentou uma nova ação, agora contra a T4F Entretenimento, produtora do evento. (Globo)

A liminar, aliás, proibia somente manifestações políticas a favor de candidatos, o que abriu margem para que artistas criticassem o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante suas apresentações. Foi o caso da banda Fresno, que abriu seu show no domingo exibindo no telão a frase “Fora Bolsonaro.” Marina Sena e Djonga também criticaram o presidente, enquanto Gloria Groove desafiou explicitamente a liminar e usou na roupa o número 13, do PT.  (UOL)

Artistas e políticos reagiram à liminar de Araújo. O apresentador Luciano Huck comparou a medida a atos da ditadura: “Num festival de música, quem decide se vaia ou aplaude a opinião de um artista no palco é a plateia e não o TSE. Ou ligaram a máquina do tempo, resgataram o AI-5 e nos levaram para 1968?” O youtuber Felipe Neto e a cantora Anitta prometeram pagar as multas de artistas que descumprissem a ordem do ministro. (Metrópoles)

Então... Em fevereiro, Raul Araújo havia negado uma ação do PT contra Bolsonaro por conta de outdoors enaltecendo o presidente. Segundo o ministro, não havia provas de propaganda antecipada. (Band)

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Enquanto isso... O clima era de campanha e os discursos eram de campanha, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) jura que o encontro do partido na manhã de ontem em Brasília não era campanha antecipada. Por orientação de advogados, o evento foi repaginado como um ato para estimular a filiação à legenda, mas, na véspera, o próprio Bolsonaro admitira que era o lançamento de sua “pré-candidatura”. Com o cuidado de não pedir votos explicitamente, ele discursou dizendo que a eleição não era uma luta entre “direita e esquerda”, mas entre “o bem e o mal”. Ele também afirmou que tem “um exército” a seu lado, mas negou que o tom fosse de ruptura. “Por vezes me embrulha o estômago ter que jogar dentro das quatro linhas, mas eu jurei, e não foi da boca para fora, jogar dentro da Constituição”, disse. Bolsonaro aproveitou para fazer mais uma homenagem ao coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), que atuou no DOI-Codi durante a ditadura militar e foi condenado na Justiça por tortura. Para o presidente, o coronel “lutou por democracia” (UOL)

E o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, filiou-se ao PL, cacifando-se para ser vice de Bolsonaro. (Folha)

Depois de ser suspenso no Brasil, o Telegram assinou na sexta-feira um acordo com o TSE para combater a desinformação durante as eleições deste ano. Em fevereiro, um documento semelhante havia sido firmado com outras oito plataformas, mas o aplicativo russo não tinha representante no Brasil nem respondia às notificações da Justiça. (g1)

Meio em vídeo. As ações do Telegram já demonstraram que eles estavam prontos para acatar as ordens das leis brasileiras, para inclusive impedir a desinformação, mas por que será que demoraram tanto? E do outro lado, o YouTube já deixou claro que vai impedir que a desinformação ganhe força na sua plataforma. Pedro Doria e Cora Rónai comentam. (YouTube)

Líderes da Otan e diplomatas dos EUA passaram o fim de semana tentando atenuar o mal-estar causado por um discurso do presidente Joe Biden na Polônia sugerindo a deposição do russo Vladimir Putin. “Pelo amor de Deus, esse homem não pode continuar no poder”, disse Biden. Diante da gravidade da frase, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, correu para dizer que uma mudança de regime na Rússia não estava nos planos de Washington, e fontes da Casa Branca partiram para o malabarismo, dizendo que o  presidente se referia ao “poder de Putin sobre os países vizinhos”. (Washington Post)

Mas o estrago estava feito. O presidente francês Emmanuel Macron, um dos poucos interlocutores de Putin na Otan, criticou a “fala incendiária” e disse que o objetivo no momento é obter um cessar-fogo na Ucrânia e, em seguida, a retirada das tropas russas. “Se isso é o queremos, não podemos aumentar o conflito, seja por palavras ou atos”, disse ele. O Kremlin afirmou que Biden havia “perdido a cabeça”. Segundo o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, declarações assim “estreitam a janela de oportunidade para relações bilaterais com o atual governo americano”. (Guardian)

Enquanto isso... O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, deu ontem uma entrevista a veículos independentes russos, afirmando que seu país está pronto para discutir a adoção da neutralidade, uma das condições impostas por Moscou para um cessar-fogo. O órgão que regula a mídia na Rússia alertou veículos de comunicação para que não reproduzissem a entrevista e dizendo que, caso desobedecessem, seriam classificados como “agentes estrangeiros”. Rússia e Ucrânia recomeçam hoje negociações na Turquia. (BBC)

Cultura

Todo Mundo Odeia o Chris, diz o título de uma série, e Will Smith ocupa o primeiro lugar da fila. O ator chocou quem assistia à cerimônia de entrega do Oscar ao subir no palco e acertar um tapa na cara do comediante Chris Rock, que apresentava o prêmio de melhor documentário. O motivo foi uma piada feita por Rock instantes antes: ele disse que a atriz Jada Pinkett-Smith, mulher de Will, estava filmando G.I. Jane 2, numa brincadeira com o filme em que Demi Moore raspa a cabeça. Jada luta há anos contra a alopecia, que a faz perder os cabelos. Smith subiu no palco dizendo “Tire o nome da minha mulher da porra da sua boca!” e acertou Rock no rosto. Mas a rixa ali é antiga. Em 2016, Rock, então apresentador, massacrou Jada com piadas sobre seu boicote à cerimônia. No intervalo após o tapa, Denzel Washington puxou Smith para acalmá-lo. Foi bom, pois Smith teve que voltar ao palco para receber o Oscar de melhor ator por King Richard – Criando campeãs (trailer). No discurso, ele pediu desculpas à Academia. (Vanity Fair)

Mas e os prêmios? A Academia segue esnobando a Netflix, embora faça bom uso de seu dinheiro. Ataque dos Cães (trailer), há até algumas semanas o franco favorito, levou apenas a estatueta inevitável, melhor direção para Jane Campion — a terceira mulher a ganhar e segunda consecutiva. O grande vencedor da noite foi No Ritmo do Coração (trailer), de Siân Heder. Refilmagem de um simpático drama familiar francês, o longa ganhou melhor filme, melhor roteiro adaptado, para a própria Heder, e melhor ator coadjuvante para Troy Kotsur, primeiro homem surdo a ganhar o prêmio. Em tempo, não é exatamente uma “vitória do streaming” como está se dizendo. No Ritmo do Coração é uma produção independente que estreou no (e venceu o) festival Sundance e só depois teve os direitos comprados pela AppleTV+. (UOL)

Duna, de Denis Villeneuve, foi quem levou mais estatuetas, seis, mas como costuma acontecer com ficção científica, concentrou-se em categorias técnicas, como efeitos especiais e montagem. (Far Out)

E quem disse que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Ariana DeBose levou o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo papel de Anita em Amor, Sublime Amor (trailer), prêmio que Rita Moreno levou para casa pelo mesmo papel na versão original, de 1961. (Omelete)

Do estilo “mamãe, sou alternativo” de Timothée Chalamet à fantasia de cabide de parede de Maggie Gyllenhaal, confira os looks do tapete vermelho. (g1)

Veja a lista de vencedores do Oscar 2022. (UOL)

Nem tudo foi polêmica política no Lollapalooza Brasil deste ano. Houve acidentes, luto e, claro, muita música. Antes mesmo que os shows começassem na sexta-feira, o festival foi abalado pela morte, na Colômbia, de Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters, que deveria encerrar a noite de domingo. Homenagens a ele marcaram todo o festival. Planet Hemp e Emicida foram convocados para substituir a banda americana e fizeram bonito. No lugar do rock, marcaram o encerramento do Lolla com um festival de rap. Na primeira noite, além do choque com a morte de Hawkins, um temporal fez os shows serem interrompidos, mas, no fim, nomes como The Strokes, Doja Cat e Pabllo Vittar fizeram a festa do público. No sábado, sem incidentes para atrapalhar, o destaque foi a atração principal, Miley Cirrus, cada dia mais roqueira. Tanto que, ao receber no palco a brasileira Anitta, deu tratamento de rock ao sucesso desta Boys Don’t Cry. (g1)

Sobre Taylor Hawkins, a revista colombiana Semana disse que os legistas encontraram dez substâncias entorpecentes no corpo, como opioides, dentre eles heroína, e THC. Além disso, seu coração pesava quase 600 gramas, o dobro do normal para um homem de 50 anos. Hawkins entrou para o grupo em 1997 e serviu como uma luva tanto ao estilo musical quando à aura de “gente boa” do Foo Fighters. Ele deixa mulher e três filhos. (UOL)

Aconteceu na sexta-feira o que os fãs tanto esperavam. Envolver, single em espanhol de Anitta, chegou ao primeiro lugar da parada mundial do Spotify, desbancando Heat Waves, do Glass Animals. Mais importante, a canção continua na liderança após três dias, tendo, inclusive, dobrado o recorde de streamings diários da plataforma no Brasil. Foram 4.137.873 reproduções — o recorde anterior, 2,001 milhões, também era dela, com a faixa Vai Malandra. Nas redes sociais, ela disse ter ficado sem palavras ao receber a notícia e agradeceu aos fãs: “Muito obrigada, não sei se a gente vai continuar nesse número um, mas só de ter batido lá já é algo que a gente nunca viu no nosso país! Isso foi muito difícil, gente, é resultado de muito trabalho, não pensem que foi uma sorte.” (PopLine)

Viver

O Ministério da Saúde voltou atrás na ideia de declarar o fim da pandemia de covid-19, o que, aliás, seria uma atribuição da OMS. O rebaixamento da doença à condição de endemia foi anunciado no início do mês pelo presidente Jair Bolsonaro, mas auxiliares do ministério explicaram a Queiroga que isso estava fora de sua alçada. A intenção de mandar um sinal de que o governo “venceu a crise” permanece, agora por meio de medidas secundárias, como a orientação geral pelo fim do uso de máscaras e o encerramento da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), reconhecida em fevereiro de 2020. (Folha)

Cotidiano Digital

A União Europeia fechou um acordo sobre a Lei de Mercados Digitais (Digital Markets Act) com uma série de obrigações para evitar práticas anticompetitivas das gigantes de tecnologia como Google, Microsoft, Meta e Apple. A nova lei, que ainda precisa da aprovação do Parlamento e do Conselho Europeu, está prevista para entrar em vigor em janeiro de 2023 e incluem medidas como proibir que as empresas classifiquem seus produtos ou serviços acima dos de outras em resultados de pesquisa on-line ou reutilizar dados coletados de diferentes serviços. A legislação prevê multas que podem ir de 10% das vendas mundiais do grupo até 20% em caso de reincidência. (The Guardian)

E o Spotify anunciou que vai encerrar o seu serviço de streaming na Rússia. Em comunicado, a empresa citou a nova lei no país que pune a divulgação de notícias falsas sobre os militares russos como o principal motivo da decisão. O Spotify também removeu conteúdos de canais de notícias apoiados pelo governo e fechou seu escritório no país no início de março. (The Verge)

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