Dia bolsonarista no Congresso: CPI adiada, PEC eleitoreira acelerada
O presidente Jair Bolsonaro (PL) não pode reclamar do dia de ontem. Ele obteve duas vitórias importantes no Congresso, com perspectiva de reflexos na corrida eleitoral. Na primeira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou que a temida CPI para investigar a corrupção durante a gestão de Milton Ribeiro no MEC será instalada, mas só começará a trabalhar após as eleições. Ao mesmo tempo, Pacheco vai instalar uma CPI pedida por governistas para apurar obras inacabadas em escolas, creches e universidades durante governos petistas. (UOL)
Revoltada, a oposição ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para forçar o início das investigações. Os parlamentares afirmam que a situação é semelhante à da CPI da Pandemia, instalada por Pacheco somente após determinação do tribunal. Embora reconheçam que a jurisprudência se aplica, juristas avaliam que a proximidade das eleições e as tensões entre o Planalto e o Judiciário possam levar o STF a não se envolver nessa disputa. (BBC Brasil)
No Executivo, a decisão de Pacheco foi recebida com festa. O vice-presidente Hamilton Mourão disse que o adiamento das investigações foi “excelente” e “sábio”, opinião, claro, compartilhada por ministros. (CNN Brasil)
Enquanto isso... A defesa do pastor e ex-ministro Milton Ribeiro pediu que o STF anule a investigação sobre o suposto balcão de negócios montado no MEC por dois outros pastores durante a gestão dele. Os advogados alegam que o inquérito se baseia numa gravação clandestina, referindo-se à conversa em que Ribeiro confirmava a prioridade na liberação de verbas a “amigos do pastor Gilmar (Moura)” e dizia ser essa uma orientação de Bolsonaro. (Poder360)
Se no Senado a vitória foi o atraso, na Câmara foi a aceleração. O deputado Danilo Forte (UB-CE), relator da PEC que garante até o fim do ano auxílio a caminhoneiros e taxistas e aumenta o auxílio Brasil desistiu de incluir motoristas de aplicativos e de retirar do texto a decretação do estado de emergência. Se as mudanças tivessem entrado e sido aprovadas, a PEC teria de voltar ao Senado para mais duas votações, atrasando o início do pagamento desses benefícios. A ideia de Forte é que seu relatório seja votado até sexta-feira na comissão especial que analisa a proposta, mas a oposição promete obstruir. (Metrópoles)
Nada disso foi de graça, como conta Valdo Cruz. Nos últimos dez dias de junho, o governo empenhou R$ 4,6 bilhões em emendas do orçamento secreto. Isso é mais da metade dos R$ 7,6 bilhões de tudo o que foi liberado até agora este ano. (g1)
Após as denúncias de assédio sexual que derrubaram Pedro Guimarães da presidência da Caixa Econômica Federal (CEF), Daniella Marques tomou posse ontem dizendo que deve afastar até 26 consultores que formavam o núcleo de comando do antecessor. Ela ressaltou que eles não serão afastados “necessariamente por conta do episódio”, mas que é um “movimento natural de cada gestão”. Presente na posse, o presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que a mudança fosse um “novo começo” na Caixa, elogiou Marques e afirmou que “é difícil ver uma mulher na economia”. (g1)
O estilo truculento não estava presente só no assédio de que Guimarães é acusado. Em um áudio obtido pela coluna de Rodrigo Rangel, que divulgou as primeira acusações, o ex-presidente da Caixa repete que “nego quer me foder” ao comentar uma decisão do banco que limitou a participação (remunerada) em conselhos de administração de empresas das quais a Caixa é sócia. Guimarães teria perdido R$ 100 mil mensais com a mudança. (Metrópoles)
Este 6 de julho é uma efeméride gigante na história do Brasil — quando passar pouco das 15h, completará um século que uns mil soldados do Exército trocaram tiros com pouco mais de dez militares rebelados, na Praia de Copacabana, no episódio que ficou conhecido como os Dezoito do Forte. Os homens resistiram por mais de uma hora. A Primeira República começou a cair ali. Mas, por trás dos grandes momentos históricos, o que havia era uma sociedade se transformando e um regime que se tornara impermeável, incapaz de dar voz a grupos novos que haviam se tornado influentes. É possível fazer um paralelo com o Brasil de hoje. Dois novos grupos, a classe média baixa das periferias das grandes cidades e o mundo agro, não tinham a coesão, a presença, a relevância e a voz que hoje têm quando começou a Nova República. Estes grupos, porém, são representados pelo Centrão no Congresso, e o Centrão fala a língua da fisiologia. Não pensa políticas públicas, não lidera, e ainda atrapalha a máquina do Estado. As lições do Tenentismo, que fez cair a Primeira República, ajudam muito a compreender a crise de representatividade que vivemos hoje, argumenta Pedro Doria no Meio Político que todos os assinantes premium receberão, hoje, às 11h. É logo mais. Toda quarta, análises ajudam a compreender o Brasil. Assine. Você leva ainda a Edição de Sábado e esta newsletter, aqui, chega mais cedo. Além disso, custa quase nada.
O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) deve aproveitar o evento no próximo sábado em Diadema com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para formalizar sua candidatura ao Senado e selar o apoio ao petista Fernando Haddad na disputa pelo governo. A aliados, o ex-governador justificou a decisão lembrando que Haddad lidera as pesquisas de intenção de voto. Por outro lado, revela o Painel, França não conseguiu atrair o PSD para sua aliança. Em reunião marcada para hoje, o líder da legenda, Gilberto Kassab, deve dizer ao ex-governador que o partido vai apoiar o bolsonarista Tarcísio Freitas (Republicanos) em troca do posto de vice na chapa. (Folha)
Meio em vídeo. Nesta edição do Conversas com o Meio, o ex-senador Eduardo Suplicy explica qual é a sua proposta de renda básica universal e por que uma ideia tão bem aceita não é implementada. Ele também comenta o entrevero que teve com o ex-ministro Aloizio Mercadante. (YouTube)
Viver
Nos últimos 12 meses, o número de mortes cometidas por policiais militares de São Paulo caiu 80% após a instalação de câmeras em seus uniformes. De junho de 2021 a maio de 2022, foram 41 registros de óbitos, contra 207 do mesmo período, um ano antes do início do monitoramento em 19 dos 131 batalhões do estado. Em junho de 2021, quando deu início ao programa Olho Vivo, que prevê a instalação dos equipamentos, nenhuma morte foi registrada naquele mês, algo inédito desde que a PM passou a coletar essas informações, em maio de 2013. Os dados ainda mostram que as lesões corporais durante abordagens tiveram redução de 28%. Especialistas afirmam que as câmeras trazem transparência para o trabalho dos agentes de segurança, que se sentem inibidos de cometer infrações em serviço. (Uol)
Mas… Apesar dos resultados, três pré-candidatos ao governo paulista prometeram limitar o uso das câmeras durante seus mandatos. Márcio França (PSB) disse que reduziria o tempo de filmagens, enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro, e Abraham Weintraub (PMB) pretendem dar controle absoluto das imagens aos policiais. (Uol)
Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de ONGs (Abong) concluiu que as Organizações da Sociedade Civil que atuam em defesa ambiental ou identidade de gênero e sexualidade são as mais atacadas pelo governo Bolsonaro. Participaram da pesquisa 135 entidades ligadas à Abong e o resultado foi apresentado ontem em evento da ONU, em Nova York. Segundo o documento, a gestão do atual presidente tem trabalhado para atingir a reputação e credibilidade das entidades, além de lançar mão de medidas administrativas para dificultar a captação de recursos e doações vindas de fora do país. Lembra ainda que essa política é adotada desde o primeiro dia de mandato, quando instituiu via Medida Provisória o monitoramento e supervisão dessas organizações ao Poder Executivo. (Folha)
Não foi apenas o número das vendas de autotestes de covid que aumentaram nos últimos meses. Também crescem as dúvidas sobre a confiança nesse tipo de exame, que tem dado resultado negativo para muitas pessoas com sintomas. Apesar do alto nível de confiabilidade, em torno de 90%, especialistas recomendam cuidados no momento da testagem, como realizar a coleta do material corretamente e em período adequado. Após um resultado negativo, o infectologista do Hospital das Clínicas Evaldo Stanislau recomenda repetir o exame em 48 horas e, caso siga negativo, é indicado o RT-PCR, considerado o padrão ouro para detecção do vírus, que tem período de incubação variado, mas com média de dois a três dias. Vale lembrar que outros vírus que causam sintomas parecidos com a covid, como influenza, causador da gripe comum, e o rinovírus, que provoca o resfriado, também circulam com frequência, o que pode explicar resultados negativos para as variantes do Sars-CoV-2. (Estadão)
Cultura
Após um acordo com o governo, o Congresso derrubou ontem os vetos do presidente Jair Bolsonaro (PL) a duas leis que destinam recursos ao setor de cultura. A Lei Aldir Blanc 2, que garante repasse anual de R$ 3 bilhões a estados e municípios para investimentos em cultura, foi reinstituída com voto de 414 deputados e 69 senadores. Já a Lei Paulo Gustavo destina R$ 3,86 bilhões também a estados e municípios para mitigar os efeitos da pandemia no setor e teve 356 votos de deputados e 66 de senadores. Artistas, produtores e secretários de Cultura foram a Brasília pressionar pela derrubada dos vetos. (g1)
Em 18 de novembro de 1928, o desenho animado Steamboat Willie (YouTube), de Walt Disney, fez história. Primeiro pela maestria com que combinava a ação na tela com o áudio, introduzido no cinema apenas dois anos antes. Segundo, por apresentar ao mundo o camundongo Mickey. Mas os 95 anos do filme, a serem completados em 2023, não são motivo de festa na Disney. Pela lei americana, esse é o prazo para que uma obra artística entre em domínio público. Ao longo dos anos o conglomerado usou seu poder econômico para conseguir sucessivas extensões desse prazo, mas sua oposição a leis homofóbicas na Flórida deve dificultar a manobra. Significa que a Disney vai perder seu rato-propaganda? Não. O que entra em domínio público é a imagem de Mickey de 1928. Adições posteriores, como as luvas e a cor das roupas, e mudanças no desenho só poderão ser usadas quando também fizerem 95 anos. (Guardian)
Cotidiano Digital
O Twitter entrou com um processo contra o governo da Índia por abuso de poder contra a plataforma. O objetivo da rede social é contestar algumas ordens de retirada de publicações. Entre os tweets e perfis que constavam na lista para exclusão, muitos denunciavam algumas políticas do governo indiano e criticavam o primeiro-ministro Narendra Modi. A tensão entre o Twitter e o governo da Índia já se arrasta há algum tempo. Desde o ano passado, uma lei no país para redes sociais obriga as empresas a identificarem usuários em casos de mensagens específicas, o que o Twitter considera como forma de intimidação e ameaça à liberdade de expressão dos usuários. (TechCrunch)
Lançado pela empresa chinesa ByteDance em 2016, o TikTok virou um dos aplicativos mais utilizados do mundo, mas também se tornou objeto de estudo no campo acadêmico e profissional. Afinal, o que nos deixa tão viciados no aplicativo? Veja o que diz a ciência. (BBC Brasil)
Meio em vídeo. Com o passar dos anos não foram só os computadores que mudaram a sua tecnologia: os periféricos também tiveram que acompanhar essa evolução. Mas o que ocorre quando preferimos o mais antigo ao mais moderno? Esta edição de Pedro+Cora fala sobre teclados, suas diferentes formas de personalização e como isso é um reflexo da personalidade dos seus donos. (YouTube)
