Lula e Moraes defendem democracia; bolsonaristas incendeiam Brasília

Lágrimas, muita segurança e discursos duros. Essa foi a tônica ontem da cerimônia de diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB). Ao discursar, Lula chorou, lembrando o período em que esteve preso em Curitiba e sua primeira diplomação como presidente eleito, em dezembro de 2002. Ele fez uma defesa enfática da democracia e da atuação da Justiça nas eleições (íntegra). “Inimigos da democracia usam e abusam dos mecanismos de manipulações e mentiras, disponibilizados por plataformas digitais que atuam de maneira gananciosa e absolutamente irresponsável. A máquina de ataques à democracia não tem pátria nem fronteiras”, afirmou. (Poder360)

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, foi ainda mais duro. Em seu discurso (íntegra), ele prometeu punição a quem atenta contra a democracia. “Essa diplomação atesta vitória plena e incontestável da democracia contra os ataques antidemocráticos, contra a desinformação e contra o discurso de ódio proferido por diversos grupos que identificados, garanto, serão responsabilizados para que isso não retorne nas próximas eleições”, disse. (g1)

Figura fundamental da campanha de Lula no segundo turno, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) não compareceu à posse, embora estivesse convidada. Segundo sua assessoria, ela tinha uma agenda em seu estado, mas a ausência é uma indicação de que as negociações para que ocupasse um ministério na área social empacaram. Pelo Twitter, ela parabenizou Lula e Alckmin. (UOL)

Três outras ausências foram notadas, os ministros do STF Luiz Fux, Nunes Marques e André Mendonça, os dois últimos indicados de Bolsonaro para a Corte. Fux estava em trânsito do Rio para Brasília, Mendonça disse que estava trabalhando em seu gabinete, enquanto Nunes Marques sequer deu uma desculpa. (Metrópoles)

Após a diplomação, Lula participou de uma festa com cerca de cem convidados, incluindo Moraes, na casa do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, mesmo lugar da comemoração pelo diploma em 2002. (UOL)

Vera Magalhães: “Os discursos do presidente do TSE e de Lula tiveram como ponto central a defesa da democracia e a constatação de que ela está sob ataque deliberado. Nenhum deles citou Bolsonaro ou o bolsonarismo, mas não era necessário. A descrição do processo e dos métodos evidenciou o destino dos recados. Se Bolsonaro pretendia se fiar na costura de algum acordão que evitasse que passe por um processo de incitação a uma insurreição, está claro que não funcionará.” (Globo)

Igor Gielow: “Ao alienar a metade do Brasil que não o escolheu, Lula retoma um tema caro de sua trajetória política. É o velho ‘nós contra eles’, e o petista até citou integrantes do proverbial outro lado: detentores do poder econômico. Em um momento no qual seus assessores espalham a preocupação com permanência dos protestos golpistas nas portas de quartéis, não custava insistir que a democracia é para todos, inclusive aqueles que resistem a ela.” (Folha)

Meio em vídeo: É muito mau sinal que Simone Tebet não tenha ido à diplomação de Lula. Isso quer dizer que o PT está ganhando a briga e fechando os espaços no governo para estrelas que não sejam da esquerda. É nessa hora que precisamos observar o exemplo de Israel. Porque, lá, os democratas tiveram uma chance. Não se entenderam, perderam o poder, e agora a democracia israelense está morrendo. Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

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Bolsonaristas que participam de atos golpistas em Brasília incendiaram veículos na noite de ontem e, segundo a PM do Distrito Federal, tentaram invadir a sede da Polícia Federal. Eles estariam protestando contra a prisão, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a pedido da Procuradoria Geral da República, do pastor evangélico indígena José Acácio Serere Xavante, acusado de fazer ameaças violentas ao presidente eleito Lula. Por precaução, a tropa de choque da PM reforçou a segurança do hotel onde o presidente eleito está hospedado. (UOL)

Horas depois da arruaça , o ministro da Justiça, Anderson Torres, limitou-se a um tuíte dizendo que manteve “estreito contato” com o governo do DF para conter a violência e afirmando que a situação estava se normalizando. Já seu futuro sucessor, Flávio Dino, deu uma entrevista coletiva garantindo que Lula estava em segurança e afirmando que os criminosos seriam responsabilizados e punidos. (g1)

Ainda faltam 20 dias para Jair Bolsonaro (PL) deixar o poder, mas ele vem ouvindo cada vez mais conselhos para usar a “caneta bic” e deixar cascas de banana no caminho do sucessor. Segundo Andréia Sadi, cresce a chance de o presidente editar uma medida provisória prorrogando para 2023 a isenção de impostos federais sobre combustíveis, prevista para acabar no fim deste mês. Será um rombo de R$ 53 bilhões nas contas públicas, cerca de 1/3 do que seria liberado com a PEC da Transição. (g1)

Radar: “Valdemar Costa Neto convocou todos os integrantes da cúpula do PL para uma convenção nacional no próximo dia 19. Ele quer discutir mudanças que tornem a legenda ‘mais conservadora’ e ‘com a cara de Bolsonaro’.” (Veja)

O Centrão, mais especificamente o União Brasil, está usando a PEC da Transição para exigir cargos no futuro governo Lula, diz a Coluna do Estadão. O UB, que não apoiou o petista nas eleições, quer o comando de Minas e Energia ou Desenvolvimento Regional, donas de orçamentos polpudos. Hoje, dizem os parlamentares, o PEC tem apenas 247 votos, abaixo dos 308 necessários. Outros deputados do Centrão defendem a votação somente após o STF decidir sobre a legalidade do orçamento secreto. (Estadão)

WWF

Energia além do fóssil

Nos últimos anos, o setor de óleo e gás tornou-se o centro das discussões sobre mudanças climáticas, uma vez que parte das emissões de gases de efeito estufa é gerada por algumas formas de produção e consumo de energia. O investimento das empresas petroleiras em atividades poluentes segue como sua estratégia principal e vai contra a agenda ESG. A Petrobras, por exemplo, prevê um investimento de cerca de US$ 6 bilhões para exploração de petróleo na Margem Equatorial, composta por áreas sensíveis em relação à biodiversidade, como a Foz do Amazonas. Entenda.

Você conhece o termo litigância climática? A prática de responsabilização de governos e empresas por ações que levam ao aumento de temperatura do planeta ganhou força. O mundo já soma 2.152 processos relacionados à mudança climática, em 43 países, sendo um quarto deles protocolados entre 2020 e 2022. Por conta disso, as empresas têm sido pressionadas a identificar e avaliar os impactos que podem causar às pessoas, seja por meio de atividade própria ou por relacionamentos comerciais. (Valor)

A crise global de energia por conta do aumento nos preços de combustíveis e dos cortes no fornecimento do gás russo à Europa desencadearam uma série de oportunidades para acelerar a transição energética, segundo o novo relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). A agência prevê que as energias renováveis serão a principal fonte de geração de eletricidade no mundo em 2025. Além disso, a produção energética com energia solar deve superar a do carvão até 2027. (IEA)

Viver

O número de crianças de até dois anos internadas por causa da covid-19 já subiu 21,3% em relação a todo o ano passado. Enquanto nas demais faixas etárias houve queda nas hospitalizações, o grupo entre zero e quatro anos foi o único a registrar o aumento. Mesmo o imunizante da Pfizer tendo sido aprovado pela Anvisa, o Ministério da Saúde liberou a vacinação para crianças de seis meses a cinco anos apenas para as que têm comorbidades, decisão que é criticada por especialistas. (Estadão)

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Cientistas americanos conseguiram, pela primeira vez, produzir com sucesso uma reação de fusão nuclear, o que pode ser um grande passo na busca por energia limpa ilimitada. Há décadas, pesquisadores de diferentes partes do mundo tentam recriar o processo de fusão nuclear que alimenta o Sol. Diferentemente da fissão nuclear, a fusão não gera resíduos radioativos de longa duração, podendo ser uma alternativa sustentável para acabar com o uso de combustíveis fósseis. (CNN)

Panelinha no Meio. O peru natalino é uma tradição desde pelo menos 1843, quando Charles Dickens publicou seu livro Um Conto de Natal. Mas a ave fica perfeita mesmo quando acompanhada por este molho aveludado, feito a partir do caldo do próprio assado.

Com a saída de Tite, a seleção brasileira busca um novo técnico para a saga rumo ao hexa, em 2026. Nomes como o de Carlo Ancelotti, atual treinador do Real Madrid, da Espanha, são vistos com entusiasmo por profissionais do futebol e da imprensa esportiva. No #MesaDoMeio na Copa, o jornalista Márvio dos Anjos diz que a chegada do treinador italiano seria como “trocar o discípulo pelo mestre”, ao lembrar que Ancelotti é a maior referência de Tite no treinamento de equipes. (Meio)

Cultura

Após um período na berlinda, a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood quer comemorar os 80 anos do Globo de Ouro em grande estilo e divulgou ontem os indicados para a edição de 2023. Entre os filmes, o destaque foi Os Banshees de Inisherin (trailer) com oito indicações, seguido de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (trailer), com seis. Já nos prêmios para TV, a sitcom Abbott Elementary, da Star+, lidera disputando em cinco categorias. HBO e Netflix empataram entre as distribuidoras, com 14 indicações cada. Em resposta a críticas, a AIEH acrescentou 103 novos membros ao júri, que agora tem 52% de mulheres e é 51,5% diverso racial e etnicamente. Os vencedores serão conhecidos no  dia 10 de janeiro, numa cerimônia que voltará a ser transmitida ao vivo na TV aberta. (g1)

Gostou de Anéis do Poder, mas quer saber o que J.R.R. Tolkien (1892-1973) realmente escreveu sobre a Segunda Era da Terra Média? Seus problemas acabaram. Saiu (no exterior) o livro The Fall of Númenor (A Queda de Númenor), reunindo diversos textos do autor britânico onde ele incorpora a sua cosmogonia o mito de Atlântida. Também ganhou uma nova edição The Silmarillion, opus magna publicada postumamente na qual Tolkien descreve a criação do mundo e a luta de deuses e elfos contra Morgoth, o primeiro Senhor das Trevas. (Estadão)

E, como ninguém é de ferro, vamos rir com os erros de gravação de Wandinha, a nova mania da Netflix. (Twitter)

Cotidiano Digital

O fundador e ex-CEO da corretora de criptomoedas FTX, Sam Bankman-Fried, foi preso pela polícia das Bahamas nesta segunda-feira. A prisão foi realizada após notificação formal dos Estados Unidos, informando ter feito acusações criminais contra o empresário, e que o país deverá pedir a sua extradição. Sam seria o principal responsável por erros de gestão que culminaram no colapso da FTX, então a segunda maior corretora do mundo, e da Alameda Research. A crise da FTX, que veio à tona no início de novembro, deixou um prejuízo gigantesco para clientes e investidores. O rombo é estimado em cerca de US$ 13 bilhões. (Exame)

A Meta decidiu encerrar um de seus departamentos mais importantes quase 10 anos depois de seu lançamento. A Meta Connectivity (antigo Facebook Connectivity) surgiu em 2013 com objetivo de colocar mais pessoas online para que pudessem usar as redes sociais da empresa. O projeto envolvia transmitir Internet via drones para regiões carentes pelo mundo e também previa a criação de um sistema via satélite semelhante à Starlink, da SpaceX. No mês passado, a dona do Facebook demitiu mais de 11 mil pessoas como parte de seu plano de reestruturação global. (The Verge)

E o bilionário Elon Musk confirmou que pode aumentar o limite de caracteres do Twitter de 280 para 4 mil. A afirmação veio em resposta a uma postagem de um usuário na rede social perguntando se os rumores eram verdadeiros. Originalmente, a plataforma tinha 140 caracteres, mas dobrou sua capacidade em 2017. (Folha)

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