Prisão de ex-diretor-geral da PRF aumenta pressão sobre Torres e Bolsonaro

Agentes federais amanheceram ontem na porta do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques com um mandado de prisão emitido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Ele é acusado de organizar blitzes no dia 30 de outubro de 2022, segundo turno das eleições, para dificultar o acesso de eleitores na Região Nordeste, onde o hoje presidente Lula havia liderado no primeiro turno. Vasques já é réu em outra ação por ter, como diretor da PRF, pedido votos em Jair Bolsonaro e, segundo a PF, poderia influenciar testemunhas na atual investigação. Pesaram contra ele imagens e planilhas encontradas em celulares de policiais rodoviários federais mostrando as cidades onde Lula teve mais votos no primeiro turno. Elas serviriam de base para o “policiamento orientado” no dia da eleição. Em seu despacho, Moraes classificou a conduta descrita pela PF como “ilícita e gravíssima”. Vasques foi transferido de Florianópolis, onde foi preso, para Brasília durante a tarde. (g1)

De acordo com as planilhas apreendidas pela PF e enviadas a Moraes, as blitzes da PRF miravam sete milhões de votos obtidos por Lula no primeiro turno em municípios nordestinos. Segundo dados do TSE, o atual presidente venceu Bolsonaro por pouco mais de 2,1 milhão de votos. (Correio Braziliense)

A investigação da PF tem agora como alvo uma reunião no dia 19 de outubro comandada pelo então ministro da Justiça, Anderson Torres, com a presença de Vasques, da diretora de inteligência do ministério, Marília Alencar (em cujo celular foram primeiro encontrados os mapas da eleição), e de dirigentes da própria Polícia Federal, conta Malu Gaspar. Segundo testemunhas, Vasques disse no encontro que a PRF precisa “tomar um lado” na eleição. Os detalhes da reunião seriam a chave para mostrar que a operação nas estradas do Nordeste foi um plano do governo Bolsonaro, não uma iniciativa isolada do ex-diretor da PRF. (Globo)

Políticos bolsonaristas cerraram fileiras em defesa de Vasques, afirmando que ele “sofre a real violência política”. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aconselhou aos agentes da PRF que não trabalhassem para não serem presos por “ato antidemocrático”. Já o deputado Carlos Jordy (PL-RJ) classificou a prisão como “arbitrária”. (UOL)

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O general Marcos Antônio Amaro, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse que o órgão vai exonerar ainda hoje e investigar três militares de seus quadros que enviaram, em março deste ano, detalhes de viagens e segurança do presidente Lula ao tenente-coronel Mauro Cid, antigo ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Amaro disse que os três, que trabalhavam no GSI desde o governo anterior, já estavam afastados. (Metrópoles)

O STF deve começar a julgar em setembro os acusados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro deste ano. A estimativa foi feita pelo relator da ação, ministro Alexandre de Moraes. Ontem, o Supremo marcou para a próxima semana a aceitação ou não de denúncias contra mais de 70 presos pela invasão das sedes do poderes, entre eles, Fátima de Tubarão, que aparecia em vídeo ameaçando ministros. Até o momento, 1.290 pessoas já foram convertidas em réus no processo. (UOL)

Enquanto isso. Moraes mandou soltar ontem mais 72 presos pelos atos golpistas. O ministro substituiu a prisão por medidas como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de acesso a redes sociais e cancelamento dos passaportes. (Agência Brasil)

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anulou ontem a convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, para depor na CPI do MST, dominada pela oposição. Lira atendeu a uma questão de ordem do deputado Nilto Tatto (PT-SP) argumentando que não há conexão entre as atribuições da Casa Civil e a atuação do movimento. Costa foi convocado por inciativa do relator da CPI, Ricardo Salles (PL-SP), sob a alegação de que, quando foi governador da Bahia, não agiu para impedir invasões por parte dos sem-terra. (CNN Brasil)

Embora o deputado André Fufuca (PP-MA) já esteja praticamente certo como futuro ministro no acordo entre o governo e o Centrão, o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que a legenda continua na oposição. “Pelo menos enquanto eu for presidente. Eu acabei de ser reeleito, tenho mais três anos pela frente. É impossível que isso venha a ocorrer, eu sou contra radicalmente a entrada do partido (no governo)”, disse. (Estadão)

Dia de vitória para os bolsonaristas no Conselho de Ética da Câmara, com o arquivamento de ações que poderiam levara à cassação de Nikolas Ferreira (PL-ES) e Carla Zambelli (PL-SP). Ele era acusado de transfobia por usar a tribuna para debochar de mulheres trans no Dia Internacional da Mulher. O relator, Alexandre Leite (União-SP), chegou a apresentar relatório defendendo que o processo continuasse, mas em seguida mudou de posição e votou pelo arquivamento. O mesmo aconteceu com Zambelli, acusada de xingar o colega Duarte Júnior (PSB-MA). Na semana passada, João Leão (PP-BA), relator, apresentou parecer pela continuidade da ação, mas ontem, na votação, mudou de lado. (g1)

Não foram só os governadores do Nordeste que reagiram mal às falas do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), comparando a região a “vaquinhas que produzem pouco”. A aceitação do mineiro nas redes despencou em agosto, anulando um crescimento que havia registrado em julho, segundo o Índice de Popularidade Digital (IDP), apurado pela Quaest. Com a saraivada de críticas que recebeu, Zema caiu para a terceira posição no IDP entre os governadores, atrás de Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo e seu potencial rival como candidato da direita em 2026, e Raquel Lyra (PSDB), de Pernambuco. (Folha)

O candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio Valencia foi assassinado com três tiros na cabeça na noite de ontem, depois de um encontro político em um colégio de Quito. Ele, que concorria às eleições do próximo dia 20 pelo movimento Construye e aparecia em quinto nas pesquisas, chegou a ser levado a uma clínica, mas não resistiu aos ferimentos. A polícia já iniciou uma operação de busca aos responsáveis pelo crime. O atual presidente, Guillermo Lasso, afirmou estar “consternado” e “indignado”. “O crime organizado foi longe demais, mas todo o peso da lei vai cair sobre eles.” (El Universo e g1)

Viver

Chefes de Estado de países amazônicos e de outros Estados com florestas tropicais emitiram comunicado ontem, na Cúpula da Amazônia, cobrando mais recursos de nações desenvolvidas para combater mudanças climáticas e proteger a biodiversidade. No documento, os líderes demonstram preocupação com acordos firmados, mas não cumpridos pelos países ricos. E exigem recursos para desenvolvimento, incluindo US$ 200 bilhões por ano até 2030, como previsto pelo Marco Global para a Biodiversidade de Kunming-Montreal. “E relembramos a necessidade dos países desenvolvidos de liderar e acelerar a descarbonização de suas economias, atingindo a neutralidade de emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível e preferencialmente antes de 2050.” (Estadão)

Sem citar nominalmente a União Europeia, o texto também critica a adoção de barreiras comerciais atreladas a medidas ambientais, como pretende o bloco. Em outro ponto, a declaração pede preferência no comércio de produtos florestais nos países ricos, como “importante alavanca para o desenvolvimento econômico dos países em desenvolvimento.” (Globo)

Em discurso na cúpula, o presidente Lula criticou o que chamou de “neocolonialismo verde” e pediu mais aportes internacionais para projetos sustentáveis. “O que precisamos para dar um salto de qualidade é de financiamento de longo prazo e sem condicionalidades para projetos de infraestrutura e industrialização verdes”, disse. (g1)

Meio em vídeo. No Conversas Com o Meio desta semana, Flávia Tavares recebe o biólogo e conselheiro ambiental Roberto Waack para tratar da Floresta Amazônica. Em meio às discussões na Cúpula da Amazônia, em Belém, Waack aponta que o Brasil precisa se voltar com mais afinco à proteção e, claro, ao desenvolvimento verde na Região Norte, de forma a expandi-la para o mundo. (YouTube)

Alunos e professores da rede estadual de São Paulo tiveram um aplicativo da Secretaria Estadual de Educação instalado em seus celulares sem que tivessem autorizado. O estado tem mais de 3,5 milhões de estudantes e cerca de 210 mil educadores, que foram orientados a usar apps do governo paulista para acessar atividades escolares. Em nota, a pasta disse que a instalação compulsória ocorreu durante um teste da área técnica. Esse fato também ocorreu quando o atual responsável pela secretaria, o empresário Renato Feder, era secretário de Educação no Paraná. (Folha)

Meio em vídeo. Chacina em São Paulo, chacina na Bahia, e no Rio de Janeiro é um pranto só. É para isso que serve polícia no Brasil. Pra matar gente pobre, gente negra. Sempre foi. Não fizemos nada para mudar. Nenhum governo fez. Confira a opinião de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

Panelinha no Meio. Uma das muitas qualidades da carne moída é que ela pode ser reaproveitada das mais diversas formas. Uma delas é como recheio dessa tortinha de carne com cerveja.

Cultura

Aclamado diretor de O Grande Hotel Budapeste, Wes Anderson nos traz Asteroid City (trailer), destaque nas estreias de hoje, filme que na verdade é uma peça. Outro destaque é a biopic A Era de Ouro (trailer), que conta a história de Neil Bogart, dono gravadora Casablanca, que fez fortuna com fenômenos como Kiss e a disco music. E, para quem quer sustos inusitados, Ursinho Pooh: Sangue e Mel (trailer) transforma em terror a clássica história infantil.

Veja a programação completa dos cinemas na sua cidade. (AdoroCinema)

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Morreu ontem, aos 82 anos, o diretor teatral Aderbal Freire Filho. Ator desde a infância em Fortaleza (CE), estreou como diretor em 1972, já no Rio, com a peça O Cordão Umbilical, de Mário Prata. No fim dos anos 1980, ocupou o Teatro Gláucio Gil, então abandonado pelo governo estadual, e o revitalizou com montagens que falavam do Rio e de personagens históricos, até ser despejado em 1994. Entusiasta da integração latino-americana, passou os últimos anos encenando peças entre Brasil e Uruguai. Aderbal era casado desde 2004 com a atriz Marieta Severo, que viria a dirigir na peça Incêndios, de 2013. (Globo)

A Universal Music, maior gravadora do mundo, e o Google iniciaram negociações para lançar “deepfakes musicais legais” gerados por inteligência artificial. A ideia é disponibilizar ferramentas que imitam as vozes dos artistas para que o público, mediante pagamento, as use para criar versões ou mesmo material original. Segundo fontes ligadas às conversas, o uso teria de ser autorizado pelos cantores ou grupos. Fãs têm usado esse tipo de ferramenta para criar, por exemplo, hip-hops com a voz de Frank Sinatra (YouTube) ou o tema da Barbie cantado por Johnny Cash (YouTube). (Folha)

Cotidiano Digital

A X Corp., anteriormente conhecida como Twitter, foi multada pela Justiça dos Estados Unidos em US$ 350 mil (cerca de R$ 1,7 milhão) por demorar a entregar informações sobre o perfil do ex-presidente Donald Trump. O pedido judicial fazia parte da investigação sobre o possível envolvimento de Trump nos atos antidemocráticos que culminaram na invasão do Capitólio, o Congresso americano, em 6 de janeiro de 2021. Segundo a decisão, a rede social entregou alguns dados apenas três dias após o fim do prazo. (UOL)

A 99 anunciou ontem que os passageiros com contas verificadas terão prioridade nas corridas, sem cobrança adicional. Serão disponibilizados dois selos: o essencial, liberado para usuários que inserirem na conta nome exatamente igual ao que está registrado no CPF, e o premium, para quem também enviar uma foto de rosto a ser analisada por inteligência artificial. Segundo a empresa, “os motoristas parceiros tendem a aceitar mais viagens de passageiros com perfis mais completos". (g1)

Para prevenir golpes por meio de linhas telefônicas pré-pagas ativadas sem autorização em nome de terceiros, as operadoras Algar, Claro, Sercomtel, TIM e Vivo criaram uma plataforma de consulta gratuita. Basta o consumidor informar o CPF e verificar se há algum número pré-pago desconhecido em seu nome. Caso haja uma linha ativa sem autorização, é preciso entrar em contato com a operadora e solicitar o cancelamento. (Estadão)

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