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A edição de hoje do Meio Político marca a estreia de Wilson Gomes, professor da Universidade Federal da Bahia, doutor em Filosofia, pesquisador e autor de livros nas áreas de teoria democrática, comunicação política e transformação digital da democracia, além de comentarista de política também na Folha de S.Paulo e na rádio Metrópole FM. Wilson escreverá todo mês.
Em seu primeiro texto exclusivo para o Meio, ele questiona o que leva vereadores paulistanos a proporem uma CPI com o objetivo de investigar o padre Júlio Lancellotti. Além da expectativa de ganho eleitoral, as assinaturas no requerimento mostram o desejo destes grupos de testarem os limites das novas relações de força política e religiosa. De descobrirem até onde podem ir.
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— Os Editores
Equador entra em guerra aberta contra o tráfico
Em meio à escalada de violência imposta por grupos criminosos ligados ao narcotráfico e a uma série de incidentes em todo o país em apenas 48 horas, o presidente do Equador, Daniel Noboa, decretou ontem “conflito armado interno”. Com isso, militares e policiais devem “neutralizar” os criminosos, e 22 grupos do crime organizado transnacional passam a ser considerados organizações terroristas e atores beligerantes não estatais. A medida se une ao estado de exceção, decretado na véspera, com duração de 60 dias, e toque de recolher das 23h às 5h. A medida foi anunciada após a fuga do chefe da maior quadrilha criminosa do país da Prisão Regional de Guayaquil, o sequestro de sete policiais e vários ataques com explosivos nas ruas e até mesmo em universidades. Apesar disso, outro líder do narcotráfico fugiu ontem. Antes de o governo decretar o “conflito armado interno”, homens encapuzados e armados entraram nos estúdios da TC Televisión, de Guayaquil. “Querem matar todos nós, ajudem-nos”, alertaram os jornalistas em grupos de WhatsApp. Parte das ações dos criminosos foram transmitidas ao vivo. Os homens, que acabaram presos, exibiam armas e explosivos, além de intimidar os reféns na emissora. (El Universo)
A fuga de José Adolfo Macías Villamar, conhecido como Fito, foi o estopim da crise. Considerado o criminoso mais perigoso do Equador, ele é líder da facção Los Choneros, a maior do país. Desde 2011, cumpria uma pena de 34 anos por crime organizado, narcotráfico e homicídio. Fito teria fugido horas antes de uma operação de revista no presídio onde cumpria pena. Ontem, as autoridades relataram a fuga de outro líder do tráfico: Fabricio Colón Pico, de Los Lobos, preso na sexta-feira por suposta responsabilidade em um plano para assassinar a procuradora-geral. (Globo)
Localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, o Equador deixou de ser uma ilha de paz para se tornar um palco de guerra às drogas. O ano passado terminou com mais de 7,8 mil homicídios e 220 toneladas de drogas apreendidas, recordes no país de 17 milhões de habitantes. Desde 2021, os confrontos entre presidiários deixaram mais de 460 mortos. Além disso, os homicídios nas ruas cresceram quase 800% entre 2018 e 2023, passando de 6 para 46 por 100 mil habitantes. Noboa, de 36 anos, é o presidente mais jovem do país e chegou ao poder com a promessa de atacar os traficantes, ligados a cartéis colombianos e mexicanos. Ele foi eleito em outubro em um pleito que será lembrado pela execução do candidato Fernando Villavicencio após sair de um comício. (g1)
João Paulo Charleaux: “O decreto emitido nesta terça-feira é uma declaração de guerra civil. O texto presidencial não usa exatamente esse termo. Na prática, porém, dá às Forças Armadas equatorianas o mais amplo respaldo legal para o uso da força. A partir de agora, os militares não precisam moderar o uso da força para se ater a padrões policiais. Eles poderão agir como militares em guerra. É provável que, com isso, cresçam os números de presos, feridos e mortos”. (Folha)
Líder na corrida pela candidatura republicana à Casa Branca, o ex-presidente Donald Trump voltou aos tribunais ontem em um processo que pode definir seu futuro, não apenas político. Um tribunal federal de Washington começou a julgar seu recurso para que lhe seja reconhecida a imunidade em relação a supostos crimes cometidos durante o mandato, o principal deles conspirar para reverter ilegalmente a derrota nas eleições presidenciais de 2020. Segundo seus advogados, ausência de imunidade abriria uma “caixa de Pandora”, permitindo que presidentes fossem processados por iniciar guerras ou dar “informações falsas” ao Congresso. Com Trump presente no tribunal, os juízes expressaram ceticismo em relação às alegações de imunidade. A equipe do promotor especial Jack Smith gostaria de ver o caso concluído até novembro, mês das eleições. Mas é certo que, perdendo o recurso, a defesa de Trump recorra à Suprema Corte, controlada por ultraconservadores. (AP)
No dia seguinte à renúncia de Élisabeth Borne, após 20 meses no cargo, Gabriel Attal, de 34 anos, foi nomeado primeiro-ministro da França pelo presidente Emmanuel Macron. Attal, que era ministro da Educação, torna-se o premiê mais jovem da história moderna do país. Também é o primeiro assumidamente gay. Pesquisas o mostram como o membro mais admirado do governo Macron, competindo de igual para igual com a principal rival do presidente, a nacionalista Marine Le Pen e o seu jovem colega Jordan Bardella. (BBC Brasil)
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) já foram avisados pelo Palácio do Planalto de que Ricardo Lewandowski será o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, substituindo Flávio Dino, que assumirá uma vaga na Corte. A oficialização ainda não ocorreu, conta Vera Rosa, porque o ex-presidente do Supremo pediu mais tempo para formar sua equipe. A nomeação deve ser feita ainda nesta semana. A estrutura do ministério será mantida, com a segurança pública sob a alçada da Justiça, já que Lewandowski sempre foi contra essa separação. Já Dino pediu a Lula que Ricardo Cappelli seja mantido como secretário-executivo. O destino dele virou um dos impasses para o anúncio. (Estadão)
Atualmente sem partido, a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy aceitou o pedido do presidente Lula para ser vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura paulistana, conta Daniela Lima. Embora a saída dela do PT em 2015, após 33 anos de filiação, tenha sido pouco amistosa, o deputado Rui Falcão (PT-SP) já disse que o “caminho está posto” para o retorno de Marta à legenda. No fim do dia, após uma reunião com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), principal adversário de Boulos em outubro, Marta pediu demissão da Secretaria de Relações Internacionais. (g1)
Viver
Um relatório divulgado ontem pelo Observatório Copernicus, ligado à União Europeia, confirmou que 2023 foi o ano mais quente já registrado, conforme previam especialistas. Todos os 365 dias tiveram temperaturas 1ºC acima da média do período pré-industrial (1850-1900), a partir do qual começou a larga emissão de carbono pela ação humana. Metade de 2023 teve calor 1,5ºC acima da média, e dois dias de novembro chegaram a 2ºC – os mais quentes em 100 mil anos. Essa comparação é obtida pela simulação de comportamento da atmosfera em períodos passados. O calor extremo, resultado das emissões de gases do efeito estufa, foi agravado pelo El Niño, o aquecimento anormal da águas do Oceano Pacífico. (g1)
A Nasa adiou para setembro de 2025 a primeira missão tripulada à Lua em mais de 50 anos, a Artemis II. Inicialmente planejada para 2024, a mudança foi feita para garantir a segurança da tripulação e impactou também a Artemis III, agora programada para setembro de 2026. Prevista para voar ao redor da Lua, a Artemis II é um marco crucial, enquanto a Artemis III será a primeira a pousar na superfície lunar desde 1972. O programa busca realizar pesquisas e preparar futuras missões tripuladas a Marte. (Nasa e New York Times)
Ainda no espaço... O primeiro módulo lunar lançado dos EUA em meio século “não tem chance” de fazer um pouso bem-sucedido na superfície lunar devido a um vazamento de combustível, anunciou a Astrobotic, empresa por trás do projeto. Agora, o objetivo é levar o Peregrine o mais próximo possível da Lua antes de perder completamente a capacidade de orientação solar e sua energia. (Guardian)
Uma das mais famosas e polêmicas iguarias da gastronomia coreana pode estar com os dias contados. O Parlamento da Coreia do Sul aprovou ontem uma lei proibindo o abate de cães e o comércio de sua carne, embora o consumo não seja criminalizado. Antes um prato nacional, a carne canina é malvista pelas novas gerações, habituadas a ter cães como animais de estimação. Segundo pesquisa do Gallup, apenas 8% dos coreanos admitiram ter consumido carne de cachorro no ano passado, contra 27% em 2015. A nova lei entrará em vigor em 2027, e o governo promete apoiar fazendas, abatedouros, açougues e restaurantes especializados em cães a mudar de produto. (BBC)
Cultura
O adorável Baby Yoda vai estrear nas telonas. Jon Favreau vai dirigir um novo filme de Star Wars, intitulado The Mandalorian & Grogu. O longa, que entrará em produção neste ano, surge do sucesso da série The Mandalorian, do Disney+, em que um caçador de recompensas, interpretado por Pedro Pascal, protege um jovem e fofo alienígena chamado Grogu, que os fãs (e até Pascal) só chamam de Baby Yoda. A relação temporal do filme com a série ainda não foi esclarecida. O calendário da Disney para o universo Star Wars é incerto, com estreias não especificadas marcadas para 22 de maio de 2026, 18 de dezembro de 2026 e 17 de dezembro de 2027. (Variety)
Adan Canto, ator principal da série A Faxineira, da Fox, morreu de câncer de apêndice aos 42 anos. Reconhecido também por papéis em Designated Survivor e Narcos, ele interpretou Arman Morales em A Faxineira. A segunda temporada terminou com Arman na prisão. A terceira, em produção, estreará em 5 de março já sem o ator, que estava em tratamento durante as filmagens. Nascido no México, Canto cresceu em Del Rio, Texas, iniciando na música antes de atuar. Ele estreou nos EUA em Quase Trinta (2013) e interpretou o super-herói brasileiro Mancha Solar em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014). (Deadline)
A morte, em julho passado, da cantora e compositora irlandesa Sinéad O’Connor (Spotify), aos 56 anos, pegou o mundo de surpresa e disparou uma série de especulações. Mas, segundo relatório divulgado ontem pelo Departamento de Medicina Legal de Southwark, em Londres, ela morreu de causas naturais. Sinéad foi encontrada inconsciente em seu apartamento em Londres e morreu no hospital, e os primeiros resultados da perícia foram considerados inconclusivos. A cantora acabara de voltar para a capital inglesa e se preparava para gravar um novo disco, ainda sob o impacto da morte, em 2022, de seu filho Shane, que cometeu suicídio aos 17 anos. O relatório forense divulgado ontem não especificou a causa da morte dela. (Variety)
Cotidiano Digital
A Comissão Europeia anunciou ontem que vai investigar os investimentos da Microsoft na OpenAI, criadora do ChatGPT, por possível violação das normas europeias de concorrência. Em comunicado, a comissão informou que está examinando se o investimento “pode estar sujeito a revisão de acordo com o Regulamento de Fusões da União Europeia". Além disso, as autoridades vão analisar outros acordos envolvendo o mercado digital e desenvolvedores e fornecedores de inteligência artificial. A Microsoft já investiu bilhões na empresa de IA generativa e integrou as tecnologias da OpenAI em seus produtos, como o Office e o Bing. Segundo estimativas do mercado, a dona do Windows já investiu mais de US$ 13 bilhões na OpenAI. (CNBC)
Na CES 2024, a Intel se juntou a Dell, HP, Lenovo e Microsoft para revelar computadores pessoais com inteligência artificial integrada. Os executivos apresentaram notebooks equipados com o processador Intel Core Ultra em uma coletiva da Intel. A chegada desses PCs marca o início de um “superciclo” de atualizações, previsto para começar no segundo semestre deste ano. Os computadores apresentam recursos como IA generativa para produção de mídia, tradução em tempo real de linguagem de sinais e fala. Os PCs com Windows terão o botão Copilot, mudança mais significativa no teclado do sistema em 30 anos. (Valor)
Taylor Swift pode ter uma vasta coleção de panelas Le Creuset, mas não está promovendo a marca em anúncios nas redes sociais. A “Miss Americana” é mais recente vítima de deepfake, aparecendo em anúncios falsos com “os melhores preços de 2023, até 100% off”. O golpe usa IA para replicar movimentos faciais e a voz da cantora, simulando uma chamada aos fãs para distribuição gratuita de conjuntos Le Creuset. Ao clicar, usuários pagavam US$ 9,96 pela “entrega”, resultando em cobranças mensais e sem o produto. A marca negou envolvimento e aconselhou que se verifique a autenticidade antes de clicar. Legisladores americanos propuseram recentemente leis para minimizar esse tipo de dano. (New York Times)
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