Prezadas leitoras, caros leitores —

Nesta sexta-feira de feriado, esta newsletter diária não circulará. Voltamos, para os assinantes premium, com a Edição de Sábado. Aos demais, retomamos na segunda-feira. E, para todos que quiserem, a curadoria do noticiário segue ininterrupta em nosso site.

Exatamente 60 anos atrás, no dia 28 de março de 1964, acontecia uma reunião no Aeroporto de Juiz de Fora, em Minas Gerais, que definiria o destino político do Brasil pelas duas décadas seguintes. No encontro, o governador mineiro Magalhães Pinto dava seu aval para que o general Mourão Filho movimentasse tropas. Estava selada a aliança de civis e militares no golpe de Estado que derrubaria João Goulart.

É esse o marco que o historiador Carlos Fico, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, usa para delimitar os dias da efetivação do golpe. Fico é um dos maiores pesquisadores da ditadura militar do Brasil. Dedica-se ao tema há 30 anos, tem uma dezena de livros a respeito desse pedaço da História. Sem hesitar, refuta consensos acadêmicos e desafia o senso comum em torno do que se sabe da caserna.

Em uma entrevista generosa, tomada em duas sessões, ele explica as fases anteriores do golpe de 1964, de desestabilização e conspiração, e a reincidência brasileira de intervenções militares — objeto de seu novo e último livro, a ser lançado ainda este ano.

Fala também da decisão do presidente Lula de vetar solenidades e declarações de membros do governo sobre a efeméride. “É uma opção obscurantista. Eu lamento. Mas entendo o contexto político dela”, diz o professor.

A Edição de Sábado é exclusiva para os assinantes premium e, se você ainda não é um deles, esta, em especial, é um convite ao jornalismo aprofundado e relevante que produzimos em nosso conteúdo. Assine!

Os editores.

Moraes espera PGR para decidir sobre caso da embaixada

A defesa de Jair Bolsonaro (PL) classificou como ilógica a sugestão de que o ex-presidente fosse pedir asilo político ou tentar fugir do país quando decidiu passar duas noites na Embaixada da Hungria. “Diante da ausência de preocupação com a prisão preventiva, é ilógico sugerir que a visita do peticionário à embaixada de um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga”, afirmaram os advogados em manifestação enviada ontem ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A defesa também argumentou que as conclusões tiradas após a revelação da estadia pelo jornal The New York Times são “equivocadas”. Moraes pediu a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre as explicações. A PGR tem até cinco dias para se manifestar. O ministro só vai analisar o caso após receber o parecer. (UOL)

Paulo Gonet, procurador-geral da República, vai se dedicar pessoalmente para analisar a estadia de Bolsonaro na embaixada húngara, conta Lauro Jardim. O caso é um daqueles “mais sensíveis”, que o PGR chama para si, de acordo com interlocutores. (Globo)

Carlos Bolsonaro foi quem visitou Bolsonaro em 13 de fevereiro na embaixada húngara. O vereador disse a aliados que ficou no local por meia hora para ver o pai, pois não frequenta a casa do ex-presidente em Brasília devido a uma “questão pessoal”, conta Bela Megale. Ele é rompido com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. (Globo)

Enquanto isso... aliados de Bolsonaro acreditam que Moraes trabalha com um prazo para colher provas e prender o ex-presidente: julho. Membros do PL avaliam que uma medida mais grave, como a prisão preventiva, viria antes do início da propaganda eleitoral, em agosto, para não ser interpretada como perseguição política, turbinando candidaturas da sigla, conta Paulo Cappelli. (Metrópoles)

Bruno Boghossian: “Escapar de uma ordem de prisão é a principal motivação das jogadas recentes de Bolsonaro. É preciso engolir as desculpas esfarrapadas da defesa de Bolsonaro para acreditar que nada suspeito aconteceu na embaixada. A sorte do ex-presidente é que ele não será julgado por falta de lógica”. (Folha)

PUBLICIDADE

Em passagem por São Paulo, o presidente francês, Emmanuel Macron, classificou ontem como “péssimo” o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul e reiterou que não pode defendê-lo como está. Para ele, como as negociações começaram há 20 anos, o texto se tornou obsoleto para enfrentar desafios como as mudanças climáticas e a preservação da biodiversidade. (Valor)

Macron vai hoje ao Palácio do Planalto discutir com o presidente Lula o acordo e outros pontos de discordância com o Brasil, como a Guerra da Ucrânia. (g1)

Ainda ontem, durante o batismo e lançamento ao mar do submarino Tonelero, em Itaguaí (RJ), Macron afirmou, ao lado de Lula, que os dois países devem fortalecer seu poderio militar para não serem “lacaios de outros” e atuarem na manutenção da paz mundial. (Folha)

Lula aproveitou a ocasião para fazer novo aceno aos militares. E afirmou que tem “carinho” pelas Forças Armadas e defendeu que sejam “altamente qualificadas” como forma de “garantir a paz”. (Globo)

E as fotos de Macron e Lula em Belém renderam memes, comparando as imagens a um ensaio fotográfico pré-casamento. (g1)

Apesar de o presidente Lula ter vetado eventos alusivos aos 60 anos do golpe militar, o PT divulgou nota afirmando que vai apoiar e participar de atos críticos ao início da ditadura. Há manifestações previstas para os dias 31 de março e 1º de abril em diversas cidades. Também há uma articulação para que a bancada da sigla na Câmara cobre a retomada do funcionamento da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, criada em 1995 e extinta no final de 2022. (Globo)

Meio em vídeo. Na semana dos 60 anos do golpe de 1964, Pedro Doria recebe, no Conversas com o Meio, Míriam Leitão, presa e torturada grávida durante o regime militar. A jornalista, que relança o livro Tempos Extremos (Intrínseca) 10 anos depois, detalha o contexto do Brasil no início da década de 1970 e o período em que esteve sob custódia dos militares. Ela também comenta os atos golpistas do 8 de Janeiro sob a perspectiva de quem foi vítima do último regime de exceção brasileiro. (YouTube)

Mais Meio em vídeo. Lula proibiu o governo de falar dos 60 anos do golpe. Ele não está apenas cometendo um erro, está também se omitindo. Nunca o Brasil precisou tanto de uma campanha cívica para explicar com clareza o que é ditadura e o que é democracia. Por que a esquerda no poder não quer fazer isso? Confira o que pensa Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)

Acusados de encomendar a morte de Marielle Franco, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão foram transferidos da Papuda, no Distrito Federal, para dois presídios federais diferentes. O primeiro, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, vai para a penitenciária de Porto Velho (RO), Chiquinho, deputado recém-expulso do União Brasil, foi levado para Campo Grande (MS). O motivo da transferência não foi divulgado. (UOL)

A Justiça do Distrito Federal recebeu denúncia apresentada pelo Ministério Público e tornou o filho “zero quatro” de Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan Bolsonaro, réu por falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro juntamente com outras cinco pessoas. Segundo a denúncia, eles forjaram uma declaração de faturamento de uma empresa de Jair Renan para obter empréstimos bancários. A defesa afirma que ele foi “vítima de um golpe”. (g1)

Depois que Javier Milei, presidente da Argentina, chamou Gustavo Petro, presidente da Colômbia, de “assassino terrorista”, o governo colombiano expulsou todo o corpo diplomático argentino de seu país. A declaração de Milei foi dada em entrevista ao programa Oppenheimer Presenta, da CNN en Español. “As expressões do presidente argentino deterioraram a confiança da nossa nação, além de ofenderem a dignidade do presidente Petro, que foi eleito democraticamente”, disse o governo da Colômbia em comunicado. (CNN Brasil)

Nossos assinantes premium apoiam o Meio por uma razão principal: gostam da nossa linha editorial e querem que o Meio cresça. Mas existem outros motivos para ser premium: Edição de Sábado; Meio Político, às quartas; editoria de Economia todos os dias; prioridade na entrega da newsletter; acesso à Sala Secreta em nossas lives; descontos em produtos e cursos. Assine o Meio Premium. Só vantagens.

Viver

O número de casamentos entre pessoas do mesmo gênero cresceu 20% entre 2021 e 2022, segundo o IBGE. Ao todo, foram 11.022, um recorde, sendo 6.632 entre mulheres e 4.390 entre homens. Houve também crescimento de 4% nos matrimônios heterossexuais, mas os 970.041 registros estão abaixo da faixa de 1 milhão dos anos anteriores à pandemia. Por outro lado, os divórcios cresceram 8,6%. E, confirmando a tendência dos últimos dez anos, aumentaram as situações de guarda compartilhada dos filhos (37,8%). (g1)

Já o total de nascidos no Brasil em 2022 atingiu o menor patamar em 45 anos: 2.542.298 registros, 10,8% abaixo da média do período entre 2010 e 2019. O país também registrou queda de 15,8% nas mortes, com 1,5 milhão em 2022, 281,5 mil a menos do que em 2021. A redução é atribuída à vacinação em massa contra a covid. (CNN Brasil)

PUBLICIDADE

O mundo jogou fora o equivalente a um bilhão de refeições por dia em 2022, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Apesar de haver 800 milhões de pessoas com fome no planeta, mais de um bilhão de toneladas de alimentos foram descartadas, cerca de um quinto do que foi produzido. Os maiores responsáveis pelo desperdício foram os lares (60%), seguidos por restaurantes, refeitórios e hotéis, com 28%. (Folha)

Um estudo da Organização Mundial da Saúde mostra que um em cada seis jovens de 11 a 15 anos sofreu cyberbullying em 2022. O levantamento foi realizado com 279 mil crianças e adolescentes de 44 países de Europa, Ásia Central e Canadá. Segundo a OMS, a pandemia acentuou a violência entre colegas na internet. (Folha)

Para ler com calma. O câncer da princesa de Gales reflete uma tendência que vem preocupando os oncologistas. Os diagnósticos em pacientes com menos de 50 anos – Kate tem 42 – cresceram 79,1% em todo o mundo de 1990 a 2019, com alta de 27,7% nas mortes. (CNN)

Panelinha no Meio. Almoço de Páscoa vira uma explosão de estilo com esta coroa de carré de cordeiro, acompanhada de cebolas assadas, cuscuz marroquino e molho. Tão bonito que quase não dá vontade de comer. Mas só quase.

Cultura

Escolhido por um painel de centenas de especialistas o melhor disco da música brasileira, Clube da Esquina (Spotify), de 1972, refletiu um movimento artístico capitaneado em Minas Gerais por Milton Nascimento. Essa explosão criativa é tema do documentário Nada Será Como Antes - A Música do Clube da Esquina (trailer), de Ana Rieper, destaque nas estreias de hoje nos cinemas. A sempre magnífica Charlotte Rampling dá vida a uma jornalista insatisfeita com a vida de aposentada e com a convivência com o neto em A Matricarca (trailer). Estrelado por Anne Hathaway e Jessica Chastain, Instinto Materno (trailer) mostra a vida de duas vizinhas nos anos 1960 após um trágico acidente. O Homem dos Sonhos (trailer) traz a canastrice assumida de Nicholas Cage como um pai de família que começa a aparecer nos sonhos de milhões de pessoas. Às vésperas dos 60 anos do golpe de 1964, o documentário Jango no Exílio (trailer), de Pedro Isaias Lucas, relata os últimos anos do presidente deposto pelos militares. E como escapismo também tem seu valor, Godzilla e Kong: O Novo Império (trailer) junta novamente dois dos mais famosos monstros do cinema.

Confira a programação completa nos cinemas das sua cidade. (AdoroCinema)

Os fãs de Star Trek podem esperar por novidades. Entre elas, está a contratação do roteirista Steve Yockey, criador da série The Flight Attendant, para escrever o quarto filme da sequência, dirigido por J.J. Abrams e que deve ser a última aventura da tripulação formada por Chris Pine como Capitão Kirk e Zachary Quinto como Spock. Estrelado pela vencedora do Oscar Michelle Yeoh, de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, o longa Star Trek: Section 31 é a próxima aposta dos produtores. Se for bem-sucedido, Star Trek: Picard, série aclamada pelo público na terceira e última temporada, também pode ganhar uma sequência como filme para TV. (Omelete)

O novo mural de Banksy em Londres foi coberto com plástico e cercado com tábuas após ser vandalizado com tinta branca na semana passada. A cobertura foi instalada pelo proprietário do prédio onde a obra foi pintada pelo artista de rua britânico. (Globo)

Cotidiano Digital

A Meta espionou e interceptou dados de usuários em aplicativos rivais, como Snapchat e YouTube em 2016. É o que revelam documentos que fazem parte de um processo contra a empresa nos Estados Unidos. A big tech buscava entender como os usuários interagiam com outros aplicativos, o que atraía o público e como o Facebook poderia reduzir a popularidade da concorrência. O caso mais detalhado no processo é o do Projeto Caça-Fantasmas, no qual a empresa teria utilizado o serviço Onavo para burlar a criptografia do Snapchat e coletar dados dos usuários sem consentimento. Em nota, a Meta disse que as acusações são “sem fundamento”. (Tecmundo)

Quase 8 milhões de empregos no Reino Unido poderão ser substituídos por inteligência artificial, segundo relatório do Institute for Public Policy Research. O estudo alerta que as mulheres, os profissionais mais jovens e aqueles que recebem salários mais baixos correm um risco maior. Entre as áreas em risco citadas pelo relatório estão a gestão de bases de dados, secretariado, administração e atendimento ao cliente. Tarefas de criação, como redação e design gráfico, também estão em risco, afetando até mesmo os profissionais com salários altos. (Guardian)

Para ler com calma. Em novembro passado, Mosab Abu Toha, prestigiado poeta e escritor palestino, foi preso por autoridades israelenses quando tentava atravessar a passagem de Rafah, na Faixa de Gaza, para chegar ao Egito. Ele foi um entre os centenas de palestinos que tiveram seu rostos escaneados sem consentimento por um programa de reconhecimento facial. Toha, liberado no mesmo mês, foi confundido com um militante do Hamas. Uma tecnologia inicialmente criada para procurar reféns israelenses em Gaza passou a ser usada para capturar pessoas ligadas ao Hamas, identificando civis de forma errônea. (NYT)

O Meio foi criado com o objetivo de resgatar o hábito de se informar bem em uma época em que ninguém mais lê ou assiste jornais. Para criar esse hábito, levamos a notícia aonde o povo está. Newsletter para quem quer ler notícias bem cedinho. Podcasts para aqueles que preferem ouvi-las no trânsito ou no workout. Um canal no YouTube para quem é do vídeo. A cereja nesse bolo é nossosite, onde você encontra tudo o que o Meio faz, com notícias quentes que entrarão na newsletter de amanhã. Tudo gratuito e compartilhável pelas suas redes e contatos. Aproveite!

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.