Crise migratória explode em Roraima

Segundo o Exército, deixaram o Brasil 1,2 mil venezuelanos durante o fim de semana. Seus acampamentos na cidade fronteiriça de Pacaraima foram atacados, no sábado, pelos moradores. As barracas e pertences, incendiados. Em retaliação, no lado venezuelano da fronteira, carros brasileiros foram apedrejados. A tensão explodiu quando um comerciante local foi assaltado e agredido em casa. A população local atribuiu o crime aos imigrantes. Cerca de 800 pessoas vêm atravessando a fronteira, no estado de Roraima, diariamente em busca de trabalho e comida. Muitas voltam à noite, mas há quem fique.

O governo federal enviará, hoje, 60 homens da Força Nacional para ajudar o Exército a conter a crise. Mais outros 60 deverão ser deslocados ao longo da semana. Também seguem para Roraima médicos voluntários para tratar dos imigrantes. Na avaliação do Planalto, a governadora Suely Campos vem incitando a população contra os venezuelanos. (Globo)

Aliás... Em Roraima, Romero ‘com o Supremo, com tudo’ Jucá está em terceiro no Ibope para o Senado. Em empate técnico com o segundo, informa o BR18. Jucá é adversário da atual governadora e a situação política é instável por lá. Há duas vagas para o Senado.

Já no outro lado... Hoje começa o ‘Madurazo’, um pacote de medidas para tentar conter a inflação que pode chegar a 1.000.000%, este ano, na Venezuela. Os bancos fecharão e a moeda perderá cinco zeros, passando a se chamar Bolívar Soberano. O salário mínimo, que havia perdido por completo seu valor, foi multiplicado por 34.

PUBLICIDADE

Se o cabo Daciolo marcou o primeiro debate — e pela piada — o embate entre Jair Bolsonaro e Marina Silva, no último bloco do encontro na RedeTV, marcou o segundo. Até ali, todos os candidatos vinham evitando o confronto com o militar, líder das pesquisas sem Lula. “Você acha que pode resolver tudo no grito, na violência”, ela afirmou num tom de desapontada. “Nós somos mães. A coisa que uma mãe mais quer é ver o filho educado para ser um cidadão de bem.” Bolsonaro a havia chamado para provoca-la na questão das armas — e ouviu sem ter tempo de resposta. Guilherme Boulos a elogiou ainda no debate. Henrique Meirelles e Ana Amélia, vice de Alckmin, o fizeram depois.

Assista ao vídeo.

O vídeo explodiu nas redes sociais. Segundo o sistema CrowdTangle do Facebook, ao qual o Meio tem acesso, os posts oficiais de Marina saltaram de 17,5 mil interações, na sexta-feira, para 68,5 mil, no sábado. Um crescimento fora do comum. Se poucos assistem aos debates, os momentos-chaves vivem nos dias seguintes pelas redes.

Na campanha de Bolsonaro, o clima no dia seguinte era de ressaca.

José Casado: “Jair Bolsonaro conseguiu cristalizar a discussão sobre a desigualdade de gênero. Isso ficou claro quando escolheu desafiar Marina Silva. Ele lidera as pesquisas nos cenários sem Lula. Ela desponta em segundo lugar, a curta distância. Ele aposta na suposição de uma maioria nacional ávida por um governo forte, comandado por um ex-militar. Escolheu sua antítese na disputa — mulher de aparência frágil e pele negra, notória defensora do desarmamento e da imparcialidade do Estado em assuntos religiosos. Foram 105 segundos. O suficiente para deixar Bolsonaro exposto no aspecto mais frágil — se apoia na proporção de três homens para cada mulher. Com a imagem moldada num discurso arcaico e percebido como hostil às mulheres, o candidato parece ter se esquecido de um detalhe: nem à bala conseguiria subtrair a desigualdade de gênero da agenda nacional. Elas são 77,3 milhões e detêm maioria (52,5%) dos votos. Agora, o poder feminino é decisivo nas urnas.” (Globo)

O PT distribuiu, na sexta-feira, a notícia de que o Comitê de Direitos Humanos da ONU, um órgão consultivo formado por especialistas, indicou ao Brasil que Lula deve ser autorizado a participar das eleições. O advogado do ex-presidente considera que o documento é uma ordem. O Itamaraty o considera mera recomendação.

Em tempo: No site da ONU o verbo usado para descrever as atribuições do HRC é ‘recomendar’.

Alon Feuerwerker: “Por que Lula preso e inelegível mantém-se nos cerca de 30%? Porque o eleitor do ex-presidente continua confiando nele para governar com forte preocupação social. Nenhuma acusação Lula fez cosquinha nesse atributo. Bolsonaro resiste nos seus cerca de 20% porque ninguém faz sombra a ele na disposição de combater a influência social e cultural do pensamento de esquerda. O PSDB tenta, mas seu pé no progressismo funciona como freio de mão puxado. Para ir ao segundo turno, Ciro precisa ou 1) mostrar que é mais confiável aos pobres e ao Nordeste que o substituto de Lula ou 2) recolher o eleitor órfão do deslocamento do PSDB para a direita. Já Alckmin precisa 1) mostrar-se mais capaz que Bolsonaro de derrotar a esquerda. Ou então 2) acreditar que existe mesmo um eleitorado centrista. O primeiro caminho seria facilitado se o tucano exibisse mais músculos que o capitão nas simulações de segundo turno. O segundo complicou-se quando Lula indicou Haddad. Sem falar da concorrência de Marina.”

E... Você conhece os programas de governo dos candidatos à presidência? Um quiz do Meio.

Veronica, filha do ex-governador paulista José Serra, recebeu depósitos em contas que administrava secretamente, na Suíça. Os depósitos foram feitos por uma empresa offshore que tem, entre os procuradores, um lobista da francesa Alstom, envolvida com o metrô paulistano. Os procuradores suíços já repassaram à Justiça brasileira documentos que mostram dois depósitos totalizando € 400 mil. (Estadão)

Serra está, segundo Mônica Bergamo, ‘abalado’. (Folha)

Kofi Annan, o diplomata de Gana que comandou a ONU por dois mandatos entre 1997 e 2007, morreu no sábado, na Suíça. Se pôs formalmente contra a decisão de invadir o Iraque, em 2003, mesmo ano em que a ONU sofreu um de seus maiores baques. O assassinato, num ataque terrorista, de seu enviado-especial a Bagdá, Sérgio Vieira de Mello. Era percebido como uma liderança moral no mundo e venceu o Nobel da Paz, em 2001. Annan tinha 80 anos. (New York Times)

Cotidiano Digital

Pode ser só coisa de falar por falar. Donald Trump faz isso, às vezes. Mas no sábado soltou um tweet: “As mídias sociais estão descriminando por completo vozes conservadoras. Falando em alto e bom tom, o governo Trump não permitirá que isso aconteça.”

Pois é. Numa entrevista à CNN, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, reconheceu que boa parte de seus funcionários tendem à esquerda. “Mas a verdadeira pergunta é ‘Estamos fazendo algo seguindo nosso ponto de vista ideológico?’ Não estamos. O que observamos é comportamento, não o ponto de vista político.” (Washington Post)

Um sexto dos encontros que dão em casamento, nos EUA, vêm de sites e apps como o Tinder. Outro sexto decorre de encontros nascidos na internet em locais não especializados. Nos relacionamentos homossexuais, o digital já representa 70% das apresentações iniciais. Isto quer dizer que mais e mais casais estão se formando além dos círculos de conhecidos. “É uma mudança radical na maneira como conhecemos parceiros”, afirma um sociólogo. “Sem precedentes.” O negócio já representa um mercado global de US$ 4,6 bilhões. E os indícios colhidos por enquanto sugerem que a compatibilidade entre casais formados online é maior. (Economist)

Cultura

Como seria o roteiro de cinema perfeito? Pesquisadores de um grupo de universidades, entre elas a de Cambridge, no Reino Unido, analisaram mais de 6 mil roteiros de filmes, extraíram os diálogos e atribuíram valores negativos, neutros ou positivos às palavras conforme a emoção que elas expressam. Chegaram, então, a seis tipos de arcos dramáticos. Segundo a pesquisa, aquele que teve mais sucesso — de acordo com bilheteria, resenhas publicadas e notas em sites de avaliação — é o chamado ‘homem no buraco’, que consiste em uma queda seguida por uma ascensão. Pois é. Quer um exemplo? O Poderoso Chefão (trailer). (Folha)

PUBLICIDADE

A USP abre hoje inscrições para um novo curso de extensão: ‘Harry Potter: caminhos interpretativos’ é um curso gratuito que tem o objetivo de “propiciar o contato entre leitores de Harry Potter, tanto na academia quanto fora dela, para a discussão da obra”. As aulas usarão como bibliografia obras clássicas da teoria literária para explicar a obra de J. K. Rowling de diversas perspectivas. O curso da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas é voltado para pessoas que estudem ou não na USP e só tem dois pré-requisitos: é preciso ter mais de 18 anos e já ter lido todos os sete livros da série.

Viver

Em três décadas, o Brasil perdeu 71 milhões de hectares de florestas — o equivalente a área dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Espírito Santo somados. No mesmo período, entre 1985 e 2017, o país viu a área destinada à agricultura triplicar e a de pecuária crescer 43%. As informações são do projeto MapBiomas, uma ferramenta inédita que permite a investigação da ocupação territorial de qualquer parte do Brasil, ano a ano, com resolução de 30 metros. (Globo)

Enquanto isso... O maior incêndio da história do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, saiu impune. As evidências apontam para interferência humana, mas até hoje nenhum suspeito foi apontado. A procuradora da República no MPF/GO pediu o arquivamento dos inquéritos “pela antiguidade dos fatos, pelo esgotamento das diligências de investigação e pela falta de uma linha de apuração idônea sobre a autoria do crime”. (Globo)

Segundo o pesquisador uruguaio Marcos Baudean, um dos responsáveis pelo Monitor Cannabis, projeto que compila dados sobre os resultados da descriminalização de parte do comércio de maconha, o Uruguai vem enfrentando um efeito adverso depois da legalização da planta: o aumento da violência ligada ao tráfico. Pois é. O estrangulamento do mercado ilegal gerou tensões pelo controle dos pontos de venda e o país, segundo dados extraoficiais, tem registrado um aumento no número de homicídios vinculados ao acerto de contas entre narcotraficantes.

O Nexo conversou sobre isso com Julio Calzada, sociólogo que contribuiu para implantar o sistema legal de produção e venda de maconha no governo de Pepe Mujica, em 2013. Ele reafirmou a necessidade de afastar usuários — que não eram criminalizados no Uruguai mesmo antes de 2013 — do mercado ilegal e da violência que o permeia.

Optar por uma dieta com baixo teor de carboidratos, a chamada ‘low carb’, pode te ajudar a perder peso agora. Mas um novo estudo sugere que ela pode reduzir sua longevidade. Pesquisadores acompanharam mais de 15 mil pessoas em 25 anos e constataram que aquelas que consumiram uma dieta pobre ou rica em carboidratos tinham maior probabilidade de morrer durante o período do estudo do que aqueles que comeram o nutriente moderadamente. A pesquisa não provou definitivamente que a diferença nas dietas foi a causa das mortes precoces, mas estimou que uma pessoa de 50 anos de idade, comendo uma quantidade moderada de carboidratos, pode viver cerca de quatro anos a mais do que alguém comendo ‘low carb’ e um ano a mais que aqueles que seguem as dietas ricas no nutriente. Há ainda uma ressalva: a longevidade de quem substitui os carboidratos por proteínas animais — a chamada ‘dieta paleolítica’ — é menor que a dos vegetarianos.

Um designer brasileiro reconstruiu em 3D o rosto da mexicana Eva de Naharon, a pessoa mais antiga das Américas.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.