Filho de Bolsonaro faz bravata sobre fechamento do STF

Em vídeo capturado em 9 de julho, quando respondia a perguntas de alunos de um curso preparatório para concurso da Polícia Federal, o deputado federal Eduardo Bolsonaro se manifestou sobre a possibilidade de o Supremo impugnar a candidatura de seu pai. “Eles vão ter que pagar para ver”, afirmou. “O pessoal até brinca: se quiser fechar o STF, você não manda nem um jipe, manda um soldado e um cabo. Não é querendo desmerecer o soldado e o cabo. O que é o STF, cara? Tira o poder da caneta de um ministro do STF, o que ele é na rua?” (Estadão)

Bolsonaro reagiu rápido ao vídeo do filho. Primeiro questionou se não foi tirado do contexto. “Se alguém falou em fechar o STF, precisa consultar um psiquiatra.” E aí mudou o foco. “Está havendo hoje manifestação em todo o Brasil. É sinal de que a população está realmente preocupada com o futuro e quer alguém diferente do PT na presidência.” Eduardo recuou. “Se fui infeliz e atingi alguém, tranquilamente peço desculpas e digo que não era minha intenção.” (Estadão)

A jornalista Miriam Leitão ouviu em off alguns dos ministros. “É uma declaração despropositada, sequer a matéria envolve o Supremo, é de competência do TSE”, disse um. “É uma mistura de autoritarismo com despreparo.” Outro foi mais duro. “O que ele falou, e ele é deputado, é golpista.” Um terceiro comentou considerar um risco a eleição de um populista de direita. Pelo menos um dos ouvidos afirmou acreditar que as Forças Armadas são “um elemento de contenção” do grupo bolsonarista, porque não querem ser confundidos. (Globo)

Pois é... Oficiais graduados estão mesmo preocupados. Se o prestígio militar neste momento agrada, há temor de que problemas num governo Bolsonaro os transforme em vidraça. Que um fracasso do governo seja associado aos quartéis. Incomodam, também, declarações mais fortes do candidato, como a defesa de isenção de julgamento de PMs que matam em serviço. Para um general, a sugestão dá a entender que militares querem carta branca para matar. Suas falas são bem recebidas nas camadas médias e baixas do meio, o que preocupa ainda mais o comando. (Folha)

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Grandes manifestações em favor da candidatura Bolsonaro ocorreram em diversas cidades do país. Vestindo camisas da Seleção, celebraram vídeos do candidato transmitidos em telões e ironizaram denúncias relativas ao possível caixa dois do político.

Pablo Ortellado: “Chama bastante atenção os laços de continuidade que ligam o movimento anticorrupção à campanha pró-Bolsonaro. Estavam lá os mesmos convocantes, Nas ruas, MBL e Vem Pra Rua e as mesmas famílias com camisetas da CBF. O conteúdo se transformou: o discurso anticorrupção passou a secundário e a crítica aos partidos mais presente, assim como o militarismo e o conservadorismo moral. A crítica às elites intelectuais também era mais acentuada: aos artistas que ‘mamam’ na Lei Rouanet e à imprensa — à Globo e à Folha, sobretudo. Pela primeira vez tivemos dificuldades concretas para pesquisar. Algo como 9% dos entrevistados se negou a responder porque era da USP, que é comunista.Os termos não são o que parecem querer dizer. O comunismo não é a ideologia, mas uma espécie de manobra das elites em prol da corrupção. Por isso, podem ser chamados de ‘comunistas’ sem pudor, não apenas o PT, mas também a Globo, a Folha, a USP, o PSDB e o MDB. O mesmo se aplica a termos como ‘nacionalista’ e ‘patriota’, que parecem mais afirmar o compromisso com ordem nacional do que a defesa dos interesses da economia, dos empregos ou da cultura nacionais. Por isso, no meio das camisetas da CBF, circulavam sem contradição camisetas dos EUA e, nos caminhões, bandeiras dos Estados Unidos e de Israel.”

A nova pesquisa BTG Pactual, feita pela FSB, revela um cenário sem mudanças entre a semana passada e esta. 52% dos eleitores dizem que votariam em Jair Bolsonaro — eram 51%. E 35% afirmam voto em Fernando Haddad, o número é o mesmo. Dá exatos 60 a 40% dos votos válidos. Foram entrevistadas duas mil pessoas por telefone e a margem de erro é de dois pontos percentuais.

Os pesquisadores também perguntaram aos eleitores sobre sua posição a respeito de algumas das promessas feitas pelo líder. 61% são contra a liberação do porte de armas — e só 36%, a favor. O mesmo percentual, 61%, é contra privatizações. 30% favoráveis. E 79% são contra o aumento da idade de aposentadoria para 65 anos. 19% a favor.

Alon Feuerwerker: “A revolta contra a corrupção tem servido de combustível para as macroalternâncias de poder no Brasil do último mais de meio século. Em 1964 a intervenção militar anunciava-se com o objetivo de eliminar a subversão e a corrupção. Em 1985 repudiou-se a corrupção ligada à falta de democracia. Agora rejeita-se a corrupção associada à reprodução da política. 2018 é diferente de 64 na metodologia: em vez de golpe, eleições. Mas na essência ambas as situações são antagônicas a 1985: busca-se a ordem imposta pela autoridade. Ainda falta uma semana para o segundo turno, mas se não vier outra surpresa fechar-se-á o ciclo da alternância. Não com o PT, e aliás o governo nem é mais do PT, mas com o sistema (re)inaugurado em 1985. Agora, depois de uma recessão de tempos de guerra nos governos Dilma e Temer em 2015/16, o eleitor foi à urna pela mudança. Varreu o autodenominado centro, talvez a representação mais paradigmática da Nova República. E circunscreveu a esquerda a um cercadinho. Para a alternância ‘da ordem’, escolheu o produto que estava disponível. Uma Arena do século 21. Qual é o problema? Os governos que a Arena apoiava tinham à disposição forças praticamente ilimitadas para impor seu diktat. Em 2019 a ordem eleita deverá ser imposta por meio dos mecanismos constitucionais democráticos. Um eventual novo governo de direita estará circunscrito a isso. Pelo menos num primeiro momento, ou até a coisa ameaçar atolar.”

Editorial do New York Times: “Jair Bolsonaro é um brasileiro de direita com opiniões repulsivas. No próximo domingo, ele provavelmente será eleito presidente. Por trás desta perspectiva assustadora segue uma história cada vez mais comum: o Brasil está emergindo de sua pior recessão, uma investigação revelou imensa corrupção no governo, a criminalidade violenta se descontrolou. Neste cenário, as visões grosseiras de Mr. Bolsonaro passaram a ser enxergadas como franqueza. Ele prega conservadorismo social e liberalismo econômico. Em alcançando o governo, um dos derrotados será o meio-ambiente, principalmente a Amazônia. Ele prometeu diminuir as proteções legais que as florestas tropicais têm em relação ao agronegócio. É uma escolha que cabe aos brasileiros. Mas é um dia triste para a Democracia quando descontrole e frustração distraem eleitores, levando-os a abrir a porta para populistas brutalizados e ofensivos.”

Cotidiano Digital

A família real da Arábia Saudita mantém uma troll farm, prédio no qual trabalham ativistas profissionais cuja função é transformar num inferno a vida digital de críticos do regime. A missão: insultar, ameaçar, intimidar. Diariamente estes operadores recebem listas de pessoas a quem atingir, principalmente no Twitter e em grupos no WhatsApp, locais virtuais mais populares no país. Não bastasse, informa o New York Times, o governo localizou um saudita que trabalhava no Twitter e o converteu em espião. A rede social foi alertada, em 2015, pela Inteligência de uma nação ocidental de que Ali Alzabarah espionava as contas de dissidentes chaves e repassava informações para seu governo. Após uma investigação interna, a empresa decidiu demiti-lo e informou alguns usuários de que suas contas poderiam ter sido violadas. Alzabarah hoje trabalha para o governo saudita.

Candy Crush Friends Saga, o game de celular lançado em 10 de outubro, teve 10 milhões de downloads apenas na primeira semana — somando-se as versões para iPhone e Android. E esta é uma notícia ruim. Candy Crush, o original, lançado em 2012, é um dos apps mais populares da história. Já passou de 2,7 bilhões. Desde então, seus donos vêm lançando variantes em intervalos regulares. Candy Crush Soda Saga foi baixado 14 milhões de vezes na primeira semana. Jelly Saga, 13 milhões. Dez milhões é ótimo para a estreia de qualquer app. Mas, neste caso, é indício de que a fórmula se esgota.

Cultura

A série Luke Cage não vai ganhar uma terceira temporada. Foi cancelada pela Marvel e pela Netflix. Não há mais informações, mas o site Deadline afirma que o anúncio pegou toda a equipe de surpresa, já que o roteirista Cheo Hodari Coker vinha trabalhando no projeto há cerca de seis meses.

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George R.R. Martin confirmou a teoria sobre a existência de uma metáfora ambiental em Game of Thrones. Segundo o autor, é possível traçar um paralelo entre os perigos da chegada do inverno na série ficcional e as perigos ambientais enfrentados na vida real. “As pessoas em Westeros estão lutando suas batalhas individuais por poder, status e fortuna. E essas questões estão fazendo com que ignorem a ameaça ‘o inverno está chegando’, que tem o potencial de destruir todos eles”, disse. De acordo com o escritor, questões como direitos civis, emprego e política tomam conta dos discursos recentes e acabam distraindo as pessoas de um perigo que "pode destruir nosso mundo": o aquecimento global. (Globo)

Viver

Em meio ao caos, uma boa notícia. O crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo das Américas, foi encontrado nos escombros do Museu Nacional. Segundo pesquisadores, o fóssil sofreu alterações decorrentes do incêndio que devastou a maior parte do acervo de 20 milhões de itens do museu, mas está em melhores condições do que se imaginava. Pelo menos 80% dos fragmentos foram identificados. (Globo)

A rocha mais antiga do sistema solar também foi recuperada. O Angra dos Reis estava intacto porque estava em um armário de ferro que o protegeu do fogo.

As mulheres sofrem mais efeitos colaterais da quimioterapia do que homens. Um levantamento realizado em pacientes com câncer de estômago e esôfago mostrou que elas experimentam efeitos como náuseas, vômitos e perda de cabelo com mais frequência. Também é maior entre elas a ocorrência de ‘eventos adversos graves’ durante o tratamento — complicações potencialmente graves, que muitas vezes requerem internação hospitalar. Já em relação à eficácia do tratamento, não houve diferença na sobrevida entre homens e mulheres. (Globo)

Enquanto isso... Uma das revistas médicas mais prestigiada dos Estados Unidos, a New England Journal of Medicine, retirou na semana passada um artigo sobre células-tronco acusado de falsificação. Cerca de 30 artigos do autor principal, o médico e pesquisador de Harvard Piero Anversa, seriam falsos. O artigo retirado havia feito muito barulho em 2011, quando anunciou a descoberta das primeiras células-tronco para a regeneração dos pulmões. Durante sua carreira, o pesquisador anunciou várias ‘descobertas’ sobre células-tronco cardíacas, ganhando notoriedade nesse campo. Mas há vários anos aumentaram as dúvidas sobre a veracidade de seu trabalho.

Lançada por europeus e japoneses, a missão BepiColombo está a caminho de Mercúrio. A sonda inicia agora uma longa jornada de mais de sete anos até se estabelecer em órbita. Se tudo correr bem, ela deve se tornar apenas a segunda missão a conseguir. Isso porque, embora a distância entre a Terra e Mercúrio seja modesta em termos astronômicos — pouco mais de 77 milhões de km —, a dificuldade de modular a velocidade da nave diante da força da gravidade solar e a proximidade ao Sol mantiveram o planeta praticamente inexplorado por muito tempo. Não à toa, a missão está em desenvolvimento já há mais de uma década e envolve um investimento conjunto da ordem de 1,65 bilhão de euros. (Folha)

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