Uma semana curta e tensa, principalmente para tucanos

Na semana, que será interrompida quinta-feira pelo feriadão, o mundo político tem dois focos. Um será o julgamento, no Supremo, da aplicação de medidas cautelares contra parlamentares. Na sexta-feira, o presidente Temer encaminhou à Corte uma análise da Advocacia Geral da União. Afirma que Câmara e Senado devem ser consultados antes de o STF poder mandar um dos seus para casa. O tema afeta diretamente o senador Aécio Neves — e o relatório de Temer o ajuda. (Estadão)

O outro é a leitura do relatório do tucano Bonifácio Andrada, que deve ser favorável ao presidente Michel Temer, e que agravará o racha no PSDB.

Aliás... O conjunto de economistas que criou o Plano Real está com um pé no lado de fora, prestes a deixar o partido, por conta da crise interna. Mantem-se por um fio, dada a lealdade ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e pela torcida de que o senador Tasso Jereissati consiga refundar a legenda. (Folha)

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Os paulistanos preferem Geraldo Alckmin a João Doria. 45% consideram o governador um nome melhor que o prefeito na disputa presidencial, segundo o Datafolha. 31% se põem do lado oposto. Desde que começou sua série de viagens pelo Brasil para aumentar a visibilidade, Doria vem caindo na preferência dos eleitores em casa sem conseguir crescer nacionalmente. Perguntado, o prefeito explicou que é mal percebido por conta da herança que recebeu do petista Fernando Haddad, seu antecessor no cargo. (Folha)

Enquanto isso... Doria foi entrevistado pela repórter Débora Bergamasco. Declarou que respeita Jair Bolsonaro e que gostaria de ter seu apoio num eventual segundo turno. Considera que há uma insistência em macular a trajetória de Michel Temer e se abstém de opinar sobre se a Câmara deveria ou não aceitar a denúncia contra o presidente. Diz também que, diferentemente de tucanos tradicionais, ele declara com clareza em que lado está. “É o lado do Brasil, das pessoas de bem, da honestidade, do trabalho, da atitude.”

A eleição de 2018 ocorrerá em 7 de outubro e, se houver 2º turno, será no dia 28 do mesmo mês. A campanha começa 45 dias antes. Na televisão, terá 35 dias, não poderá usar efeitos especiais, montagens, trucagens, computação gráfica ou desenhos animados. O financiamento coletivo online para ajudar no fundo de campanha está autorizado a partir de 15 de maio, e pessoas físicas podem doar até 10% de seu rendimento bruto no ano anterior. Nos debates, será obrigatório chamar todos os candidatos com bancadas de no mínimo cinco deputados na Câmara. O teto para gastos nas campanhas presidenciais é de R$ 70 milhões, mais R$ 35 milhões no 2º turno. Para governador, varia de acordo com o número de eleitores no estado e vai de R$ 2,5 milhões a R$ 21 milhões. O G1 tem um bom resumo das regras aprovadas pelo Congresso.

Renato Pereira, responsável pelas campanhas eleitorais de Sérgio Cabral, Eduardo Paes e Luiz Fernando Pezão, no Rio de Janeiro, está fechando sua delação premiada. Informa que duas agências publicitárias, a Propeg e a PPR, simulavam contratos para lavar dinheiro do PMDB fluminense. A Propeg, lembra Lauro Jardim, tem contas importantes com Caixa, Correios e Petrobras. (Globo)

Cármen Lúcia, no Festival Piauí GloboNews de Jornalismo: “Hoje temos as questões gravíssimas de organizações criminosas dominando em todos os estados do Brasil. Por isso eu digo que não é cômodo nem confortável nenhuma poltrona na qual eu me assente, por uma singela circunstância: eu sou uma das pessoas que mais tendo informações não tenho a menor capacidade de ter sono no Brasil. Se o brasileiro soubesse tudo o que sei, tendo visitado 15 penitenciárias masculinas e femininas, seria muito dífícil dormir.” (Globo)

O Comitê Olímpico Internacional suspendeu seu braço brasileiro, o COB. É uma decisão provavelmente inédita por parte do COI. A entidade considera que o COB, assim como seu presidente Carlos Arthur Nuzman, são responsáveis pela fraude na escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016. O Brasil não pode votar nos comitês e o COB deixa de receber dinheiro — incluindo repasses ainda não feitos de pagamento das Olimpíadas. Os atletas do país, porém, continuam podendo participar das atividades esportivas.

Juca Kfouri: “A cara do esporte não é diferente da cara da política, o Congresso Nacional não é melhor que CBF e a Justiça brasileira marca um gol aqui e ali, mas no mais da vezes toma bola entre as pernas.” (Folha)

Uma distopia brasileira: num futuro próximo, assume o poder no país o setor mais conservador da bancada evangélica. É a premissa de Teocrasília, uma história em quadrinhos buscando financiamento coletivo. via Pioneiros

Cultura

Um grupo de artistas se reuniu para reagir contra o que considera ser um avanço censor iniciado por políticos. Soltaram um vídeo sob a hashtag #342Artes e iniciam campanha online via Facebook e Twitter. A atriz decana Fernanda Montenegro preferiu gravar um depoimento à parte.

Aliás... Uma das iniciativas do grupo é processar por difamação políticos que os acusam. É o caso da artista plástica Adriana Varejão, cujo quadro Cenas do Interior II foi chamado de pedófilo, na exposição Queermuseu. (Globo)

Para ler com calma: Em 1977, um ator desconhecido chamado Hampton Fancher se reuniu com o jovem diretor Ridley Scott, que acabara de fazer um filme de terror e ficção-científica chamado Alien, para roteirizar o romance Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick. Em 1981, as filmagens começaram com Harrison Ford no papel principal. Os sucessos de Star Wars (com Ford) e de Alien (de Scott) não foram suficientes para levantar Blade Runner, quando estreou. O clima dark, o futuro próximo demais, e ainda por cima distópico, a história hermética da relação entre humanos e seus escravos androides — ou replicantes —, não colaboraram. Mas muito lentamente uma aura de cult se formou. A equipe da Wired foi aos sets do novo Blade Runner, para contar a história do tortuoso sucesso do primeiro e debater um quê do segundo.

E... Veja o trailer de Blade Runner 2049.

Dois dos principais autores de bestsellers estão com livros novos na praça. Dan Brown, de O Código Da Vinci, leva seu Robert Langdon à Espanha e aplica a fórmula do embate entre religiosos e cientistas. O vilão, desta vez, é um tipo Elon Musk que desenvolveu uma inteligência artificial capaz de ameaçar a humanidade. “Por tradição, todos os deuses caem”, disse Brown em entrevista à rede americana CBS. “Será que devemos achar que isto não ocorrerá com os deuses de hoje?” A Veja publicou o primeiro capítulo do thriller Origem.

Já Stephen King chega à praça com Belas Adormecidas, que sairá no dia 16. Foi escrito a quatro mãos com seu caçula, Owen King, que teve a ideia original: um belo dia, as mulheres de uma prisão feminina começam a adormecer envoltas por um estranho casulo. Também a fórmula de King está presente — a cidadezinha do interior americano e o cotidiano repentinamente abalado por algo sobrenatural. “Foi como jogar tênis”, disse o autor sobre a relação com o filho. “Um passando a bola para o outro.” (Folha)

Para ouvir com calma: Paulo Roberto Pires, editor da revista Serrote, conversa com seu editor-assistente Guilherme Freitas sobre os diários do mestre escritor argentino Ricardo Piglia, que começam a ser publicados no Brasil pela editora Todavia. Chamam-se, ironicamente, Os Diários de Emilio Renzi, personagem recorrente da obra de Piglia, morto no início do ano. Um título, aliás, que já acena para o fato de que nem todas as histórias ali representam a exata realidade.

Aliás... Em 2015, a Piauí se debruçou sobre os mesmos diários quando começaram a sair na Argentina.

Para quem acompanha, Designated Survivor, a segunda temporada, chegou à Netflix.

Viver

Divulgado pela manhã, o Prêmio Nobel de Economia foi para Richard H. Thaler, da Universidade de Chicago, por seu trabalho em economia comportamental.

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Está no Senado um projeto de regulação das plataformas de transporte via app, que incluem Uber, Cabify e 99. A lei proposta vai apertar nas exigências sobre documentação dos motoristas, que serão fiscalizadas pelo governo. Ficará claro que não há vínculo empregatício e os carros cadastrados terão de passar por vistorias com mais frequência do que veículos particulares comuns. Não haverá exigência de placa vermelha e o governo não vai se meter no preço cobrado.

O mundo é das megacidades. Em 1975, apenas Tóquio, Nova York e Cidade do México tinham mais de 10 milhões de habitantes. Hoje, 31 delas têm — e a maioria fica no flanco em desenvolvimento do planeta. Ao todo, 518 milhões de pessoas, 7% da população humana, vive em megacidades. Até 2030, mais dez entrarão na lista e todas, com exceção de Bogotá, ficam ou na Ásia, ou na África. Em tempo: São Paulo é a quarta maior, perdendo para Tóquio, Nova Délhi e Xangai.

Harvey Weinstein, um dos maiores produtores de Hollywood, foi demitido ontem de sua própria companhia, a Weinstein Company. Responsável pelo financiamento e distribuição de uma longa série de filmes independentes como Sexo, Mentiras e Videotape, Pulp Fiction, ¡Átame! e Gênio Indomável, ele foi acusado em reportagem do New York Times de uma série de assédios agressivos ao longo da carreira. Em um, relatado pela atriz Ashley Judd, Weinstein a convocou para uma reunião em seu quarto de hotel e a recebeu enrolado numa toalha, pedindo massagem.

Cotidiano Digital

Segundo Brad Pascale, diretor digital da campanha de Donald Trump à presidência americana, o Facebook ofereceu alguns de seus próprios funcionários para trabalhar na equipe de publicidade do candidato. Tratou-se de uma tática comercial da rede para aumentar o volume de vendas de anúncios. Pascale garantiu que os funcionários do Facebook foram selecionados por já serem eleitores de Trump — a empresa nega ter oferecido esta escolha. A campanha de Hillary Clinton, por sua vez, recusou a oferta da companhia. Segundo Brad Pascale, a precisão da publicidade usada no Facebook foi fundamental para a vitória do candidato.

E... No ano que vem, publicidade no Facebook será permitida nas campanhas eleitorais do Brasil.

Um cenário. O consumidor entra numa loja e vasculha aparelhos de TV. Não se decide, sai. Mas seu rosto foi identificado por inúmeras câmeras e, à noite, sentado no sofá, quando assiste a uma série, a propaganda daquela TV que ele namorou aparecerá. Porque sua TV também conhece seu rosto, sabe de seu interesse, e ele foi identificado. Ou, se for um aparelho de outra marca, talvez a publicidade nunca apareça. O Facebook, por exemplo, já tem 1,2 bilhões de rostos armazenados e reconhecidos. A tecnologia para este cenário está em grande parte pronta. E nós poderemos ser reconhecidos em cada loja física, assim como nas virtuais.

99 mulheres brasileiras para seguir no Twitter.

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