Prezadas leitoras, caros leitores —

Quando a ginasta Simone Biles desistiu esta semana de concorrer nas finais olímpicas, despertou primeiro uma onda de choque, depois outra de reflexão. Biles havia chegado como a estrela maior dos Jogos e havia grande expectativa. Agora, está claro, ela “carregava em si o peso do mundo”. As palavras são dela.

Episódios assim vêm ocorrendo. A tenista campeã Naomi Osaka abandonou o French Open em junho em circunstâncias similares.

Mas se chamam a atenção no esporte, estes momentos de paralisia são comuns em todas as profissões — o ano e meio de pandemia só aumentou o estresse. Vivemos a Era do Burnout.

É uma soma de tudo que exige um repensar da vida que levamos. A estrutura da sociedade e da economia, pensadas para um mundo movido a indústria e operários, não se modificou embora indústria e operários não movam mais o mundo. A precariedade do sustento, a incapacidade de diagnosticar o problema, leva a cada vez mais trabalho. A isto se junta uma cultura que por tempo demais desvalorizou os momentos de não-trabalho.

Há a artificialidade da vida dos outros, transmitida pelas redes sociais como eterna lembrança da vida que não temos. A confusão da vida privada e de trabalho imposta pelo home office. A transformação da vida cívica em uma guerra aberta.

A Era do Burnout é o tema que vamos encarar na edição de Sábado deste Meio. E a edição de Sábado, você sabe, os assinantes premium a recebem. Um pequeno respiro para reflexão fora do turbilhão de notícias.

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— Os editores

Fogo em galpão da Cinemateca expõe descaso com a cultura

Um incêndio de grandes proporções atingiu na noite de ontem um galpão da Cinemateca Brasileira na Zona Oeste de São Paulo. Sob responsabilidade do governo federal, o galpão abrigava principalmente documentos relativos a praticamente toda a administração do cinema brasileiro, incluindo arquivos da Embrafilme e de outras agências. O material estava sendo catalogado para digitalização. Havia também películas, mas ainda não se sabe a extensão dos danos e o que foi perdido no fogo. No início do ano passado o prédio já havia sofrido danos com uma enchente. (G1)

Segundo os bombeiros, o incêndio começou durante a manutenção do sistema de ar-condicionado no terceiro andar do galpão, justamente numa das salas do acervo histórico. (Metrópoles)

Assim como no Museu Nacional, o incêndio no galpão da Cinemateca foi uma tragédia anunciada. Mônica Bergamo nos conta que o Ministério Público Federal ajuizou, em julho do ano passado, uma ação civil contra a União por conta dos impasses na gestão do espaço diante da “comprovada aceleração da degradação do acervo e do perigo real de incêndio”. (Folha)

Para o governador de São Paulo, João Doria, o incêndio retrata “o desprezo pela arte e a memória do país”. Autoridades dos mais diversos matizes culparam o descaso do governo federal para tragédia cultural que o incêndio representa. (Poder360)

Entenda como a Cinemateca Brasileira chegou a sua crise atual. (G1)

Numa triste coincidência, o incêndio na Cinemateca acontece dois dias antes de o governo paulista reinaugurar o Museu da Língua Portuguesa, destruído pelo fogo em 2015. (CNN Brasil)

Sérgio Abranches: “Todo o acervo cultural estrangeiro é digitalizado, aqui não, estão jogados em galpões. Se perdeu sobretudo o respeito pela cultura” (CBN)

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Jair Bolsonaro passou os últimos anos falando quase diariamente sobre ter provas de fraudes eleitorais nos pleitos de 2014 e 2018, e tudo acabou ontem numa live. O presidente admitiu “não ter como comprovar se eleições foram fraudadas ou não”. Mas isso não o impediu de apresentar uma série de relatos antigos e já desmentidos, boatos e notícias falsas para insistir em sua cruzada pelo voto impresso. E, claro dedicou boa parte de sua live semanal a atacar o TSE e seu presidente, o ministro Luiz Roberto Barroso. (Folha)

O TSE respondeu publicando as checagens de que desmentiam a fala de Bolsonaro, além de indicar seu próprio site com respostas aos boatos sobre a urna eletrônica. (Twitter)

Barroso reagiu à retórica de Bolsonaro sobre fraudes. Na opinião do ministro, “discurso de que ‘se eu perder houve fraude’ é um discurso de quem não aceita a democracia”. Ele lembrou que, em 2014, Aécio Neves, candidato derrotado no segundo turno, pediu uma auditoria na apuração e que seu partido, o PSDB, reconheceu não ter havido indícios de fraude. (G1)

Matheus Leitão: “O presidente Jair Bolsonaro não desiste. Mesmo sem munição, sem fatos novos e sem comprovação alguma, ele continua levantando a hipótese de fraude nas urnas eleitorais e afirma que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu mais poderes aos governadores e prefeitos no combate à pandemia do coronavírus. Mesmo que a história não se sustente, Bolsonaro insiste em contar verdades que são só suas e de mais ninguém.” (Veja)

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse ontem, em depoimento à Polícia Federal, que recebeu um “pedido verbal” do presidente Jair Bolsonaro para apurar denúncias de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin. O general disse ainda que encaminhou o caso a seu então secretário-executivo, o coronel Elcio Franco, também verbalmente, e que este negou qualquer ato irregular no contrato. O depoimento vai na linha da versão do Planalto para negar que Bolsonaro tenha ignorado a denúncia dos irmãos Miranda sobre “pressões indevidas” para a compra da Covaxin. (G1)

Apenas lembrando. O coronel Elcio Franco era a pessoa que centralizava a negociação da compra da Covaxin, e, segundo o ervidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, parte das pressões vinham de subordinados dele, também militares levados para a pasta na gestão de Pazuello. (Exame)

Aliás... O Ministério da Saúde cancelou ontem, de forma definitiva, o contrato para compra da Covaxin, intermediado pela Precisa Medicamentos. A decisão aconteceu após a Controladoria-Geral da União (CGU) identificar adulteração em documentos apresentados pela Precisa. (UOL)

Meio em vídeo. Pedro Doria conta uma história que ouviu quando ainda estava no colégio. Uma história que se passou faz um tempo, mas não muito. E que explica tudo sobre o Brasil. Sobre Bolsonaro. Sobre o nazismo. Confira o Ponto de Partida no YouTube.

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Viver

Foi na raça. A seleção brasileira de vôlei masculino perdeu o primeiro set para os EUA, mas correu atrás da virada e venceu o jogo por 3 x 1. Com a vitória, o Brasil pode se classificar antecipadamente para a próxima fase. (UOL)

Notícia triste. A judoca Maria Suelen Altheman sofreu uma lesão grave no joelho durante a luta com a francesa Romane Dicko e precisou sair de maca. A brasileira está fora dos jogos. (ESPN Brasil)

Finalmente o Brasil conquistou uma medalha na ginástica artística. E nada mais justo para este país mestiço que ela viesse nos saltos e voos de uma mulher negra da periferia. Rebeca Andrade foi prata numa performance quase perfeita. (Globo Esporte)

Rebeca nos emocionou no estádio, Daiane dos Santos nos emocionou no estúdio. Hoje comentarista, a ex-campeã mundial não conteve as lágrimas. “A primeira medalha foi de uma negra. Existe uma representatividade muito grande atrás disso. É uma mulher, negra, uma menina de origem muito humilde, criada por uma mãe solo”, comemorou Daiane. (Terra)

“Vou surfar com os amigos.” Esses são os planos de Ítalo Ferreira, primeiro medalhista de ouro do surfe olímpico ao voltar ao Brasil. Ele desembarcou ontem com planos de comemorar em Baía Formosa (RN), sua cidade natal. Mas logo volta aos treinos, pois no dia 10 de agosto começa uma nova etapa do Mundial de Surfe. (CNN Brasil)

É sempre bom ter uma camisinha à mão. O técnico da canoeira australiana Jessica Fox usou um preservativo para consertar um problema no caiaque dela, que acabou ganhando a medalha de bronze na categoria slalom. E Fox ainda faturou o ouro na canoa. Raro caso em que um preservativo rendeu frutos e todos ficaram felizes. (Globo Esporte)

Desde que se inventou o quadro de medalhas nos Jogos Olímpicos, o critério é claro, fica na frente quem tem mais ouro. Menos para a imprensa americana. Lá os veículos montaram um ranking próprio contando o total de medalhas, independentemente do metal, de forma a garantir os EUA fiquem no topo, mesmo que estejam em terceiro no quadro oficial. Tudo bem, eles insistem que Plutão é um planeta. (UOL)

Durou pouco a alegria com as novas doses de vacinas entregues pelo Ministério da Saúde. Salvador retomou na quarta-feira a imunização com a primeira dose, mas vai interrompê-la novamente hoje. São Luís e Florianópolis seguem com as campanhas paralisadas, e Curitiba também vai suspender a primeira dose. (Folha)

A cidade de São Paulo confirmou mais nove casos da variante delta, originária da Índia. Com isso, chega a 22 o número de infecções causadas por essa cepa na capital paulista, que já reconheceu a circulação livre do vírus. Mais transmissível, a delta já é responsável por 169 casos e 13 mortes no Brasil. (Poder360)

O governo de Israel anunciou que vai aplicar uma terceira dose da vacina da Pfizer em pessoas acima de 60 anos por conta do avanço da variante delta. (Estadão)

Enquanto isso... A prefeitura do Rio faz planos ambiciosos para o (eventual) pós-pandemia. O prefeito Eduardo Paes anunciou ontem que vai decretar ponto facultativo no dia 3 de setembro para comemorar a “reabertura da cidade” com shows nas ruas e público nos estádios. A partir de novembro, o uso de máscaras será obrigatório somente em unidades de saúde e no transporte público. (Globo)

Nesta quinta-feira o Brasil registrou 1.354 mortes por Covid-19, totalizando 554.626. A média móvel em sete dias foi de 1.070, completando o terceiro dia abaixo de 1.100 óbitos. (UOL)

Pela primeira vez na história da Igreja Católica dos EUA, um ex-cardeal vai se sentar no banco dos réus por abusos sexuais. Theodore McCarrick, que teve as prerrogativas e títulos cassados pelo Vaticano em 2018, é acusado de abusar sexualmente de um menino de 14 anos durante uma festa de casamento em 1974. Recentemente, a Igreja admitiu ter feito, ao longo dos anos, uma série de acordos financeiros confidenciais para evitar outras denúncias contra McCarrick. (Guardian)

Cultura

“Eu queria de algum modo falar, cantar, por necessidade. É muito difícil a pandemia”, diz Maria Bethânia. Mas seu novo disco, Noturno, não é só melancolia. A tristeza de A Flor Encarnada, de Adriana Calcanhoto, se contrapõe à esperança de Luminosidade, de Chico César. A cada contraste, a cantora parece repetir seu mantra: “O Brasil não vai acabar”. (Folha)

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Scarlett Johansson entrou com uma ação contra a Disney por esta ter lançado o filme Viúva Negra ao mesmo tempo nos cinemas e no canal de streaming Disney+. O contrato da atriz, que faz o personagem título, previa que boa parte da remuneração viria da participação em bilheterias, mas não falava nada sobre outras plataformas. Depois de uma ótima estreia, o filme teve uma queda brusca nos cinemas, e Scarlett se sentiu lesada. (Estadão)

Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, está fora da editora Record. A empresa decidiu não renovar o contrato devido a “posicionamentos antidemocráticos” do escritor. “Nosso problema não é publicar um autor mais à esquerda ou mais à direita. O importante é que todos sejam democráticos em seus modos de atuar”, disse Rodrigo Lacerda, editor-executivo do Grupo Editorial Record. (Globo)

Estreia hoje, no site do Teatro Unimed, o primeiro filme-concerto de Criolo. Com direção de Monique Gardenberg, Criolo Samba em 3 Tempos atravessa diferentes temas abordados pelo samba em clássicos de Noel Rosa e Cartola, entre outros.

Direto de Campos do Jordão, o maestro costa-riquenho Giancarlo Guerrero conduz a Osesp no domingo em apresentação da Sinfonia Buenos Aires, de Astor Piazzolla. Na terça, com três mulheres entre os quatro selecionados em seu Laboratório de Regência, a Filarmônica de Minas Gerais recebe todos em um concerto de encerramento com música de Brahms e Beethoven, entre outros.

Para ver a agenda completa, clique aqui.

Cotidiano Digital

Com o início da vacinação, milhares de vídeos com desinformação sobre as vacinas contra a Covid-19 começaram a surgir na internet. E pelo menos alguns desses influenciadores foram pagos para criar o conteúdo. O esquema global foi contado por youtubers que foram abordados pela agência de marketing Fazze, mas negaram o convite. No briefing, eles foram instruídos a promoverem o que a agência dizia ser informações vazadas que sugeriam que a taxa de mortalidade entre as pessoas que recebiam a vacina Pfizer era quase três vezes maior que a da AstraZeneca. Dizia ainda para que eles não mencionassem que o vídeo tinha um patrocinador e ainda receberam uma lista de links para compartilhar artigos duvidosos. Teve gente que entrou no esquema, incluindo o youtuber brasileiro Everson Zoio, que compartilhou o conteúdo com os seus mais de três milhões de seguidores no Instagram e 12,8 milhões no YouTube. (BBC Brasil)

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