Governo gasta alto para impedir CPI do MEC

Com quatro assinaturas a mais que as 27 exigidas, a oposição protocolou ontem no Senado o pedido de criação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção e tráfico de influência no MEC durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro. A reação do Planalto não demorou e veio em duas frentes. De um lado, o líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), ameaça recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), caso do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), instale a CPI, alegando que há outros pedidos na fila e que a ordem cronológica deve ser respeitada. De outro, o governo vem acelerando a liberação de verbas via “orçamento secreto” para esvaziar a comissão. Desde a prisão de Ribeiro, no último dia 22, já foram liberados R$ 3,2 bilhões, cerca de 20% do total previsto para este ano. (Globo)

Enquanto a oposição aguarda que Pacheco leia em Plenário o requerimento para que a CPI possa ser instalada, a ministra do STF Cármen Lúcia encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) o pedido de investigação sobre suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na investigação da Polícia Federal sobre a corrupção no MEC. Em conversa interceptado pela PF, Ribeiro disse à filha que Bolsonaro lhe telefonara dos EUA dizendo “ter um pressentimento” de que fariam uma “busca e apreensão” contra o ex-ministro. (g1)

E o delegado da PF Bruno Calandrini, que comanda a investigação sobre o MEC, deixou a Coordenação de Inquéritos Especiais (CINQ), responsável por autoridades com foro privilegiado. Segundo a PF, ele pediu transferência em maio e vai concluir os inquéritos em andamento no CINQ. (CNN Brasil)

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O governo espera, ainda na manhã de hoje, a carta de demissão do presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Pedro Duarte Guimarães, diz no Globo Lauro Jardim. Um dos mais próximos colaboradores do presidente Jair Bolsonaro e convidado frequente de suas lives semanais, ele está sendo investigado pelo Ministério Público Federal devido a denúncias de assédio sexual a funcionárias da instituição, revelou ontem a coluna de Rodrigo Rangel no Metrópoles. Pelo menos cinco servidoras relatam aos jornalistas “toques íntimos não autorizados” e “convites heterodoxos”. Bolsonaro e Guimarães conversaram ontem por cerca de dez minutos a sós no Palácio da Alvorada, diz Igor Gadelha, após o presidente receber seu filho Zero Um, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e integrantes da área de comunicação do Planalto. De acordo com Bela Megale, integrantes do governo consideram a demissão fundamental para “poupar” o presidente e evitar um desgaste maior junto ao eleitorado feminino, um dos grupos onde sua rejeição é maior.  O Ministério da Economia já estaria desde ontem procurando um substituto, e a CEF cancelou uma coletiva que Guimarães daria hoje no lançamento do Plano Safra 2022/23.

O ex-governador Márcio França (PSB) admitiu ontem que pode desistir da disputa para voltar ao governo de São Paulo caso não consiga o apoio do PSD, dividido entre ele e o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Se abrir mão da candidatura, França deve anunciar o apoio ao petista Fernando Haddad, fortalecendo a aliança nacional entre os dois partidos. (Folha)

Meio em vídeo. Esta semana, no Conversas com o Meio, uma conversa no Meio. Pedro Doria, editor-chefe, e os editores-executivos Flávia Tavares e Leonardo Pimentel debatem como estamos encarando a ética jornalística, num ambiente de sensacionalismo. Como praticamos jornalismo num cenário em que um candidato na eleição é antidemocrático? Vem com a gente. (YouTube)

O Meio Político desta quarta-feira trata da ameaça ao Estado laico no Brasil e nos Estados Unidos. Setores reacionários invertem a lógica da “perseguição” religiosa para restringir direitos e impor ideias retrógradas e autoritárias. Mas laicidade é liberdade. É o que garante que o cidadão seja o que quiser no âmbito privado para ser tratado como igual aos demais no espaço público. E a política secular coloca a ética acima da religião em nome da pluralidade. O Meio Político chega aos assinantes premium a partir das 11h. Assine!

Morreu ontem no Rio, aos 93 anos, o ex-ministro do STF Célio Borja. Antes de ser indicado ao Supremo pelo presidente José Sarney em 1986, Borja foi deputado federal por três mandatos, entre 1971 e 1982, pela Arena (depois PDS), partido que dava apoio ao regime militar, e chegou a presidir a Câmara em 1975. Em 1992, após se aposentar no STF, assumiu o Ministério da Justiça nos últimos meses do governo Fernando Collor, seu último cargo público. (UOL)

Ao incitar uma turba de apoiadores a invadir o Capitólio em 6 de janeiro do ano passado, o ex-presidente dos EUA Donald Trump sabia que havia manifestantes armados na multidão. A revelação foi feita ontem em mais uma audiência pública da CPI que investiga o ataque à sede do Legislativo. Em depoimento, a assessora da Casa Branca Cassidy Hutchinson acrescentou que Trump queria se juntar aos manifestantes, deu ordens para que se desligassem os detectores de metal do Congresso, chegou a entrar no carro e agredir um dos seguranças, mas foi contido. (CNN)

Numa enorme derrota política para o presidente russo Vladimir Putin, a Turquia anunciou ontem seu apoio à entrada de Suécia e Finlândia, dois países que fazem fronteira com a Rússia, na Otan, aliança militar entre EUA e Europa. Ankara ameaçava vetar o ingresso porque os dois candidatos, em particular a Suécia, apoiam grupos curdos que a Turquia classifica como terroristas. (BBC)

Grade curricular

Orlando Pedroso

Contas 560

Viver

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ontem, mostra uma queda de 6% nas mortes violentas no país em relação ao levantamento do ano passado. Foram 47,5 mil em 2021 contra 50,4 mil no ano anterior. É o índice mais baixo desde 2011, quando houve 47,2 mil mortes. Mas nem todas as regiões do país registraram queda. O norte teve alta de 9% no período, o Amazonas foi o mais grave, com 49% de aumento. Armas de fogo são as mais utilizadas para matar, sendo usadas em 75% dos homicídios dolosos — quando há intenção de matar — e 66% dos latrocínios — roubos seguidos de morte. Homens são vítimas em mais de 90% dos casos de homicídio e latrocínio. Os negros são os maiores alvos, em 78% dos homicídios e 84% das mortes cometidas por policiais. Mas mulheres também são vitimadas por outras violências. 66 mil mulheres foram estupradas, o equivalente a mais de sete estupros por hora, no ano passado. Destas, 61,3% tinham até 13 anos. Mais de 75% dos alvos eram mulheres consideradas incapazes de consentir o ato sexual. (g1 e Poder360)

Pois é… Apesar da queda de mortes violentas, o Brasil é o país com maior número absoluto de homicídios no mundo e também o oitavo mais violento, segundo ranking da ONU. O país contabiliza 20,4% dos homicídios registrados em 2020 na lista com 102 países. (O Globo)

Aliás… O Anuário também revela um aumento de 133% de armas registradas no país nos últimos quatro anos. Somente entre 2020 e o ano passado, o aumento foi de 39%. Segundo dados do Sistema de Gerenciamento Militar de Armas, vinculado ao Exército, as armas com registro passaram de 637 mil em 2017, para 1,5 milhão em 2021. (Folha)

Ocorreu ontem a audiência pública do Ministério da Saúde para discussão do manual sobre aborto elaborado pela pasta para profissionais da saúde. O encontro aconteceu com segurança reforçada pela Polícia Militar com grades em volta no prédio e detector de metais nos acessos do auditório. Entidades ligadas com à questão e defensorias públicas haviam apontado erros técnicos, médicos e jurídicos na cartilha e pediram adiamento da seção, convocada em uma semana. O ministro Marcelo Queiroga afirmou, também ontem, enquanto participava de um evento em Lisboa, que o aborto é crime, tendo apenas casos em que os médicos não são punidos por realizar os procedimentos. (Folha)

Enquanto entidades de defesa dos direitos das mulheres não foram convidadas para a audiência pública, a lista de convidados pelo Ministério da Saúde contava com nomes como os da juíza Joana Ribeiro, que impediu o aborto pedido pela família da menina de 11 anos em Santa Catarina, que engravidou após ser estuprada aos 10 de idade, a deputada bolsonarista Bia Kicis e uma conselheira de Donald Trump, Valerie Huber. (g1)

O heptacampeão de Fórmula 1 Lewis Hamilton reagiu ontem à fala racista do brasileiro Nelson Piquet, que só se referia a ele como “neguinho” durante uma entrevista. Num tuíte em português, o inglês, único corredor negro na categoria, disse “Vamos focar em mudar a mentalidade”. Em outro, no próprio idioma, ele afirmou ter sido alvo desse tipo de atitude a vida toda. “Chegou a hora de agir”, escreveu. (Globo Esporte)

Cultura

Quando Miles Davis (1926-1991) levava o trompete aos lábios, não havia limites. Praticamente todas as vertentes de jazz entre o fim dos anos 1940 e sua morte o tiveram como protagonista ou mesmo desbravador. Assim como sua arte, Davis tinha muitas faces e as expôs em Miles Davis, A Autobiografia, escrito a partir de depoimentos pelo jornalista e amigo Quincy Troupe e que agora está saindo no Brasil. Há, claro, muito jazz, mas também muita fofoca, muito palavrão e muita raiva. Raiva do racismo de seu Illinois natal do qual mesmo a boa situação financeira da família não o livrou. Raiva dos críticos, especialmente brancos. E até uma certa raiva de colegas como Charlie ‘Bird’ Parker e Lester Young por não se interessarem pela teoria musical. “Conhecimento é liberdade e ignorância é escravidão”, disse. “É como se houvesse uma mentalidade de gueto que dissesse que eles não devem fazer certas coisas porque essas coisas são reservadas aos brancos.” (Estadão)

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Setembro de 2019, Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O então prefeito Marcelo Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal, manda recolher a graphic novel Vingadores: A Cruzada das Crianças devido ao desenho de dois homens se beijando. Duramente criticada e desobedecida, a tentativa de censura foi o ponto de partida para que o pesquisador gaúcho Christian Gonzatti escrevesse Pode um LGBTQIA+ Ser Super-Herói no Brasil?. É uma radiografia das disputas culturais que opõem a representatividade à uma cruzada conservadora contra a diversidade não só no país. “A cultura pop sempre foi reflexo de relações de poder e dos valores da sociedade. Funciona, inclusive, mais como um termômetro das transformações sociais do que como um dispositivo de mudança”, diz ele. (Globo)

Gafe em altíssimo volume. Ao fim do show em Viena, capital da Áustria, o quarteto americano Kiss saudou os fãs com uma mensagem de agradecimento no telão. O único problema é que o tradicional logo da banda estampava uma bandeira da Austrália, que sequer fica no mesmo continente. A imagem caiu nas redes sociais, mas o grupo, que está fazendo sua turnê de despedida, ainda não se manifestou. Tudo bem, antes da fama, o baixista e vocalista Gene Simmons era professor de inglês, não de geografia. (Rolling Stone)

Cotidiano Digital

Após a União Europeia aprovar o projeto que padroniza a entrada para USB-C para dispositivos eletrônicos, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) divulgou ontem uma proposta semelhante para o Brasil. O projeto, que está em consulta pública até 26 de agosto, também sugere a entrada USB-C como padrão “por já ser amplamente utilizada pela maioria dos fabricantes globais”. A entrada já está presente na maioria dos telefones Android lançados nos últimos anos. (g1)

Acabou a festa. O Airbnb decidiu proibir de forma permanente a realização de celebrações e eventos nas acomodações cadastradas na plataforma. A política será válida globalmente. A realização de festas já estava proibida desde agosto de 2020 devido à pandemia, mas a empresa agora tornou a política permanente para impedir encontros que possam incomodar vizinhos. (Estadão)

Meio em vídeo. Com a Cora Rónai em Chicago e uma pandemia que ainda não terminou, todo cuidado é pouco. Porém, o que acontece quando você precisa fazer um teste de covid-19 mas ao mesmo tempo sofre uma invasão de privacidade no seu celular por conta desse teste? Descubra no Pedro+Cora. (YouTube)

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