Prezadas leitoras, caros leitores —
São cinco os votos que os cidadãos brasileiros depositarão nas urnas eletrônicas no dia 2 de outubro. Três deles são para parlamentares — dois para o Congresso Nacional. É natural da nossa dinâmica política — seja pelo sistema eleitoral que adotamos, pelo caráter personalista que conferimos aos votos ou pela forma que uma coisa retroalimenta a outra — que nos concentremos quase que exclusivamente em quem eleger para o Executivo. Mas é um equívoco.
Algumas regras para eleger deputados mudaram. Há novas normas sobre como os partidos podem se unir e quantos votos precisam ter para acessar o bolo do fundo partidário. O poder de transformação dessa minirreforma é incerto. Eleitores ainda não compreendem bem para onde vão seus votos, e as legendas, a despeito de suas estratégias para eleger nomes fortes, não têm clareza sobre que Congresso deve emergir daí. Numa eleição tão decisiva sobre que Brasil seremos, é disso que a Edição de Sábado vai tratar.
Vamos olhar também para a Rússia e suas táticas de guerra, examinando a milícia Wagner Group, altamente treinada, precisa e sanguinária. Foi ela que atuou inicialmente na Ucrânia e segue, agora, para a África. E, num respiro, que tal uma rede social cuja proposta é desconstruir a ilusão de uma vida montada? É o que promete a BeReal, plataforma que pede autenticidade de seus usuários.
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Democracia não se negocia.
— Os editores.
Lula inicia campanha contra abstenções por vitória no 1º turno
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a ter chances de vencer a eleição ainda no primeiro turno, segundo pesquisa do Datafolha divulgada ontem. Ao subir de 45% para 47%, no limiar da margem de erro de dois pontos, e chegou a 50% dos votos válidos, descontados brancos e nulos – no levantamento anterior, ele tinha 48% dos votos válidos. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) permaneceu com 33%, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) recuou de 8% para 7%, a senadora Simone Tebet manteve 5% e os demais candidatos não chegaram a um ponto. Em caso de haver um segundo turno, Lula venceria Bolsonaro por 54% a 38%. A pesquisa trouxe más notícias para o presidente. O voto de 81% dos eleitores já estaria consolidado, e a maioria dos que podem mudar tende a escolher o petista. Bolsonaro segue com a maior rejeição, 52%, enquanto Lula é descartado por 39% dos entrevistados. (Folha)
Um dos possíveis entraves aos planos de Lula para o primeiro turno seria uma alta abstenção, que reduziria o número de votos válidos. Em entrevista na noite de ontem ao apresentador Ratinho, do SBT, o ex-presidente fez um apelo para que os eleitores compareçam aos locais de votação. “Faltam poucos dias para as eleições e eu queria que você comparecesse. Vá para a urna, vote. Em quem você acha que vai consertar esse país, mas vote”, disse. (Poder360)
Na busca por alianças, o PT decidiu adiar a divulgação do programa de governo. A avaliação do partido é que um documento fechado, sem espaço para contribuições, poderia dificultar acordos, além de dar munição a adversários. (CNN Brasil)
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rompeu o silêncio e divulgou ontem uma nota defendendo um voto “pró-democracia” nas eleições. Ele não mencionou qualquer candidato, embora o PSDB participe da coligação de Simone Tebet (MDB) mas listou uma série de requisitos opostos às políticas do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Peço aos eleitores que votem no dia 2 de outubro em quem tem compromisso com o combate à pobreza e à desigualdade, defende direitos iguais para todos independentemente da raça, gênero e orientação sexual, se orgulha da diversidade cultural da nação brasileira, valoriza a educação e a ciência e está empenhado na preservação de nosso patrimônio ambiental, no fortalecimento das instituições que asseguram nossas liberdades e no restabelecimento do papel histórico do Brasil no cenário internacional”, diz a nota. Por conta das alfinetadas em Bolsonaro, o PT interpretou a nota como um apoio a Lula, mas um acordo para a adesão de FHC não chegou a ser fechado. (UOL)
Segundo Bela Megale, a nota de FHC foi costurada pelos três filhos do ex-presidente com integrantes da Fundação Fernando Henrique Cardoso. O diretor da instituição, Sergio Fausto, declarou voto em Lula na última quarta-feira. (Globo)
Coluna do Estadão: “‘Respeito a opinião do ex-presidente e sua história, mas a nota não reflete a realidade atual do PSDB. Nós temos uma aliança e uma candidata. E os afiliados que declararem voto em Lula ou Bolsonaro serão encaminhados ao conselho de ética’, diz Fernando Alfredo, presidente do PSDB paulistano.” (Estadão)
Vinícius Torres Freire: “Quem está ansioso com o resultado da eleição deve continuar assim até a noite do domingo 2 de outubro. Um resultado apertado está mais sujeito à avacalhação bolsonarista ou coisa pior. O aperto previsível pode incentivar comportamentos bárbaros, que talvez não influenciem o resultado, mas que envenenem ainda mais a democracia ou causem tumulto. Alguém aí já imaginou que se pode deixar eleitor sem transporte? Em campanhas atrozes de desinformação de última hora? Em qualquer golpe baixo? É claro que já imaginou.” (Folha)
Vera Magalhães: “Lula e o PT intensificarão a pesca por declarações de voto emblemáticas, que continuem pautando o noticiário e repercutindo nas redes sociais, ao mesmo tempo que, nas derradeiras oportunidades, baterão pesado em Bolsonaro e acenarão aos eleitores de Gomes e Tebet. O importante é a dosagem dos remédios, para que não envenenem o paciente. No caso, os eleitores cobiçados e os candidatos alvos do ataque especulativo — que, ao se sentirem desrespeitados, poderão interditar o espaço para diálogo caso o segundo turno, enfim, aconteça.” (Globo)
Meio em vídeo. Os nomes são vários. Henrique Meirelles e Miguel Reale Júnior, Marina Silva e Tico Santa Cruz, Cesar Maia, tucanos de Goiás. Está aberta a temporada de adesões à candidatura Lula. Mas, vem cá, isso faz diferença para empurrar uma vitória no primeiro turno? Confira a análise de Pedro Doria no Ponto de Partida. (YouTube)
Candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) deu munição ontem aos adversários, que o acusam de não ter ligação com o estado – ele é carioca e fez carreira em Brasília. Em entrevista à TV Vanguarda, não soube dizer onde ficava seu local de votação, respondendo apenas que era “num colégio”. Seu adversário direto na briga por uma vaga no segundo turno, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) ironizou no Twitter. “Já que é a primeira vez que você vota em SP, clica aqui pra descobrir o seu local de votação”, escreveu, com um link para a página do TSE. Tarcísio reagiu dizendo que Garcia e seu antecessor João Doria “esqueceram as pessoas”. (g1)
Candidato a deputado pelo PP do Pará, o empresário da construção civil Ailson Souto da Trindade acusou o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro de dar aval à cobrança de propinas pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em troca da liberação de obras. Segundo ele, R$ 5 milhões em espécie deveriam ser levados de Belém (PA) a Goiânia (GO) escondidos na roda de uma caminhonete. A propina seria mascarada por meio de um contrato fictício firmado entre a igreja de Gilmar e a empresa de Trindade. Ribeiro, que também é pastor, nega a acusação e diz que vai processar o empresário. (Estadão)
O anúncio pelo presidente Vladimir Putin da convocação de 300 mil reservistas para lutar na Ucrânia provocou uma corrida de russos. Não para postos de alistamento, mas para fora do país. Autoridades nas fronteiras relataram um aumento anormal no tráfego de veículos, e os voos para Turquia, Armênia, Uzbequistão e Azerbaijão, onde russos podem entrar sem vistos, estão lotados. São pessoas como Oleg (o nome verdadeiro foi preservado), um sargento da reserva de 29 anos, convocado logo no primeiro dia da mobilização. “Vou atravessar a fronteira de carro esta noite. Não sei se voltarei a pisar na Rússia”, disse. (Guardian)
Cultura
A ativista ambiental islandesa Hildur Rúna Hauksdóttir morreu em outubro de 2018, aos 72 anos. Agora, passados quatro anos, sua filha mais famosa, a cantora björk, leva o luto ao público com o vídeo da canção ancestress (YouTube), lançado ontem. Na tela, uma procissão fúnebre estilizada com fortes influências pagãs cruza a paisagem da Islândia enquanto a cantora lembra sua perda em versos como “O tempo da minha ancestral está acabando/ A sua rebelião, um dia vibrante, se apagando”. A canção é o terceiro single do álbum Fossora, previsto para chegar às plataformas no próximo dia 30. (Omelete)
Para ler com calma. Depois de fazer os adultos pensarem com o best seller Sapiens, o historiador israelense Yuval Noah Harari quer alcançar as crianças. Elas são o público-alvo de seu novo livro, Implacáveis: Como Nós Dominamos o Mundo. “Se alguém realmente vai mudar o mundo são as pessoas que agora têm 10 anos”, diz o autor. Harari argumenta que as escolas em muitos países tendem a ensinar sobre a identidade nacional, o que é pouco: “Cada pessoa é herdeira de toda a criação humana”. (Estadão)
E como hoje é sexta-feira, todos nós merecemos um descanso nos neurônios. Que tal rir com as principais fotos do Animal Friends Comedy Pet Photo Awards 2022? Trata-se de uma premiação organizada por fotógrafos profissionais e ONGs para as imagens mais engraçadas envolvendo animais domésticos. Mais de duas mil pessoas se inscreveram nas 16 categorias. A grande vencedora exibiu dois “gatos sem cabeça” — calma, é fofura, não carnificina. (Globo)
Viver
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terá um novo formato em 2024. A avaliação ganhará questões discursivas, além das atuais de múltipla escolha. Acompanhando as mudanças do Novo Ensino Médio, os participantes poderão escolher entre um dos quatro blocos curriculares, de acordo com sua área de interesse: Linguagens, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; Matemática, Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas; e Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Outra novidade é a pontuação extra para os que tiverem feito curso técnico profissionalizante durante o ensino médio. (Estadão)
A Copa do Mundo no Catar ainda não começou, mas segue dando dor de cabeça para a organização. Como a homossexualidade é considerada crime no país-sede, oito seleções europeias planejam uma campanha anti-homofobia durante os jogos, com as braçadeiras de capitão estampando as cores do arco-íris, símbolo do movimento LGBTQIA+. O problema é que a Fifa tem protocolos rígidos de vestimenta durante o torneio, e as faixas precisam seguir o mesmo padrão para as 32 seleções. Mas algumas delegações planejam rejeitar a estampa da campanha por também terem suas próprias regras sobre questões políticas e sociais em campo. Os poloneses também procuraram a Fifa para pedir que sua braçadeira leve as cores da bandeira da Ucrânia. (UOL)
O relatório Números Invisíveis, da Organização Mundial de Saúde (OMS), aponta que 74% das mortes em todo o mundo são causadas por doenças crônicas não transmissíveis, como as cardíacas, diabetes e câncer. De acordo com o documento, muitas dessas enfermidades são evitáveis e causadas por estilos de vida pouco saudáveis, que matam 41 milhões de pessoas anualmente, 17 milhões com menos de 70 anos. Segundo especialistas da OMS, uma pessoa morre a cada dois segundos por uma dessas doenças. (Estadão)
Cotidiano Digital
A ex-funcionária do Facebook Frances Haugen, autora da delação conhecida como Facebook Papers, lançou ontem uma ONG chamada Beyond the Screen (Além da Tela, na tradução livre). O objetivo é buscar soluções para os danos causados pelas mídias sociais e ajudar usuários a obter o controle da experiência nas plataformas. Um dos projetos é a criação de um banco de dados de código aberto para documentar falhas em obrigações legais e éticas de big techs. Haugen foi responsável pela divulgação de mais de 20 mil páginas de documentos internos do Facebook em 2021, denunciando as falhas da empresa de mídia social em proteger adolescentes no Instagram e reprimir desinformação sobre vacinas. (Núcleo Jor)
O Reino Unido anunciou nesta quinta-feira que investigará a concorrência em serviços de computação em nuvem, um mercado dominado pelos “hiperescaladores” Amazon, Microsoft e Google, que juntos respondem por cerca de 81% da receita do setor. O órgão regulador de comunicações britânico afirmou que também investigará outras gigantes como o WhatsApp, FaceTime e Zoom, além de produtos que dominam o mercado de dispositivos inteligentes, como Echo da Amazon e Nest do Google. Se forem constatadas irregularidades, as companhias terão de fazer mudanças em suas políticas comerciais ou serão alvos de novas investigações. (The Guardian)
Um estudo que mede a qualidade de vida digital no mundo mostrou que o Brasil está em 81º entre 117 países no ranking de custo de internet banda larga. Para contratar o plano de internet mais barato, por exemplo, um trabalhador brasileiro que receba um salário-mínimo precisa trabalhar por 399 minutos, ou 6h40. Nos Estados Unidos, que estão em 7º, o período é seis vezes menor que o necessário. Lá, bastam 57 minutos de trabalho para se ter acesso a uma conexão rápida e estável. (Folha)
Meio em vídeo. No Pedro+Cora de hoje, uma edição dos livros que Cora Rónai indicou nos últimos programas. Vem rever! (YouTube)
