Pacheco defende Bolsa Família fora do teto por 4 anos

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu ontem a aprovação de uma PEC que retire por quatro anos do teto de gastos as despesas com o pagamento do Bolsa Família de R$ 600, hoje ainda chamado Auxílio Brasil. Ele se reuniu ontem com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Egito, onde os dois participam da Conferência do Clima da ONU (COP27). O PT queria a retirada permanente dessa despesa, mas, segundo Pacheco, haveria dificuldades de a proposta passar pelo Congresso. O grupo de economistas da equipe de transição deve fazer esta semana a primeira reunião com parlamentares para discutir a tramitação da PEC. (Globo)

Para facilitar a aprovação, a orientação de Lula é que o PT fique de fora das disputas pelo comando do Legislativo, o que ajudaria a reeleição de Pacheco e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A informação foi dada pelo senador eleito Wellington Dias (PT-PI) em entrevista ao Roda Viva (íntegra). (Metrópoles)

Um dos criadores do Plano Real e hoje integrante da equipe de transição de Lula, o economista Pérsio Arida defendeu ontem, durante seminário em Nova York, que a responsabilidade fiscal e a social “caminham juntas”. “É necessário avançar nos dois fronts, não vejo nenhuma oposição entre um e outro, pelo contrário: se avançar num front e não avançar no outro, mais cedo ou mais tarde vai ser incapaz de fazer qualquer avanço.” No mesmo evento, o ex-presidente do BC e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles avaliou que a licença para gastar no próximo governo precisa “ter um limite razoável”. (Estadão)

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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou as conversas diplomáticas na Conferência do Clima da ONU (COP27), no Egito. Ele se reuniu separadamente com os enviados especiais para o clima dos governos americano e chinês, John Kerry e Xie Zhenhua. “Diga a [Joe] Biden que o Brasil está de volta à agenda climática, ao cumprimento do Acordo de Paris”, afirmou Lula a Kerry, segundo presentes na reunião. Mais cedo, o americano disse que estava otimista em relação a uma “guinada total” na política ambiental brasileira. Com o chinês, Lula falou também das relações comerciais entre os dois países. Oficialmente, a agenda de Lula só começa hoje, com a participação num evento com governadores da Região Amazônica. (Folha)

Para ler com calma. Antes de embarcar para o Egito, Lula deu uma longa entrevista à revista New Yorker na qual cobrou uma melhor governança mundial e falou de seus planos para a Amazônia. “Não queremos transformar a Amazônia num santuário para a Humanidade. Queremos estudá-la. Também não será um lugar onde se possa derrubar uma árvore sem motivo. Tem de haver planos de reflorestamento”, disse. (New Yorker)

A viagem de Lula, porém, abriu um flanco para críticas. Ele foi ao Egito de carona num jatinho do empresário José Seripieri Filho, fundador da Qualicorp e dono da QSaúde, que chegou a ser preso em 2020 por um esquema de caixa 2 na campanha de José Serra (PSDB-SP). (Poder360)

Enquanto isso... O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, usou seu discurso na COP27 para atacar “filantropos, líderes e empresários” que cobram metas de emissões “completamente desconexos da realidade de diversas regiões do Brasil e do mundo”. (g1)

Relatórios das polícias estaduais e Federal e do MP identificaram organizadores e financiadores de atos golpistas em diversos estados. Segundo os documentos (íntegras), eles são em sua maioria ruralistas, políticos de extrema direita, policiais e sindicalistas ligados ao agronegócio. No Twitter, o ministro Alexandre de Moraes disse que eles terão “a aplicação da lei penal”. (Estadão)

O MPF pediu ontem o afastamento do diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques. Ele é suspeito de usar o cargo para favorecer o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro. Na véspera do segundo turno, publicou e apagou em seguida um post pedindo votos para o candidato à reeleição. (CNN Brasil)

O PL divulgou na noite de ontem uma nota negando que pretenda questionar o resultado das eleições de outubro. Mais cedo, o Antagonista havia noticiado a intenção do partido com base em um relatório do Instituto Voto Legal (IVL) dizendo não ser possível “validar os resultados gerados nas urnas fabricadas em 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015”. Na nota, a legenda, à qual é filiado o presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o relatório citado era “obsoleto” e que sua auditoria só seria concluída em dezembro. (Correio Braziliense)

Morreu ontem, aos 73 anos, o ex-governador de São Paulo Luiz Antônio Fleury Filho, que comandou o estado entre 1991 e 1994 pelo PMDB, hoje MDB. Ex-tenente da PM e ex-procurador de Justiça, em sua gestão aconteceu o massacre do Carandiru, onde a PM debelou uma rebelião deixando 111 mortos. Fleury e o secretário da Segurança Pública à época, Pedro Franco de Campos, não foram investigados pelas autoridades ou responsabilizados pelas mortes. (g1)

O governo da Polônia deve convocar ainda hoje uma reunião de emergência dos países da Otan após um míssil supostamente de fabricação russa atingir o Leste do país, matando duas pessoas. O incidente aconteceu em meio a uma grande ofensiva aérea russa contra alvos na Ucrânia, mas Moscou nega responsabilidade. O presidente americano Joe Biden disse que, segundo informações preliminares, é improvável que o míssil tenha sido disparado do território russo. (Guardian)

Mesmo com a derrota de quase todos os candidatos que apoiou nas eleições de meio de mandato, o ex-presidente dos EUA Donald Trump lançou ontem sua campanha para voltar à Casa Branca em 2024. O movimento foi mal-recebido pelo Partido Republicano. (CNN)

Então... O movimento da direita dura americana está sofrendo uma transmutação. Os sinais emitidos pelos eleitores, no pleito da semana passada, não são de rejeição à pauta reacionária. Mas repudiam o negacionismo eleitoral, a ofensiva trumpista contra as eleições. Isto mantém o Partido Republicano nos extremos ideológicos, mas provoca uma correção de rumo em prol da democracia, comenta Pedro Doria no Meio Político de hoje. Semanalmente análises que mergulham no que acontece na política, só para os assinantes premium. Assine. Não custa quase nada.

No clima da COP

Spacca

COP27 1080

Viver

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou uma nova subvariante da Ômicron no Amazonas, a BE.9, que provocou um novo surto de covid-19 no estado. A média móvel de casos subiu de 230 para 1 mil desde meados de outubro. Segundo a fundação, a nova variante tem algumas das mesmas mutações encontradas na BQ.1, que tem causado uma nova onda de casos pelo país. Apesar do aumento de notificações de pessoas infectadas nos estados, as subvariantes não têm provocado o crescimento no número de casos graves. O Amazonas tem a maior cobertura de sequenciamento do Sars-CoV-2 do país. (Estadão)

Os governos de Brasil, Indonésia e Congo anunciaram um acordo de cooperação para a preservação ambiental e a proteção de florestas entre os países, que juntos concentram 52% das áreas verdes tropicais do planeta. A iniciativa tem como objetivos criar incentivos econômicos para produção sustentável de commodities e o financiamento da preservação da biodiversidade entre as nações. O acordo foi divulgado durante a cúpula do G20, que reúne as 20 maiores economias do mundo em Bali, na Indonésia. (Nexo)

A Nasa conseguiu lançar nesta madrugada o foguete Space Launch System (SLS), após adiar outras vezes o início da missão Artemis I por falhas técnicas e mau tempo. Nas duas primeiras tentativas, a agência espacial teve problemas, como o vazamento de combustível, além de uma ameaça de furacão. O objetivo da Nasa é fazer uma viagem não tripulada à Lua de 42 dias e levar novos humanos ao satélite em 2025. (g1)

Cultura

Anitta foi indicada ontem na categoria artista revelação da edição 2023 do Grammy, troféu com o qual a indústria da música nos EUA premia seus melhores vendedores. A categoria é considerada uma das quatro mais importantes. A cantora carioca comemorou, em inglês, no Twitter: “Nunca na vida eu imaginaria esse momento chegando. Eu sou do Brasil, galera... quer dizer... uau! Sem palavras. Obrigada, obrigada, obrigada...” Mas o grande destaque na lista de indicados foi Beyoncé, que aparece em dez categorias, incluindo as outras “três grandes”: melhor álbum, melhor canção e melhor gravação. Ela atingiu 88 indicações ao longo da carreira, igualando o recorde do marido, o rapper Jay-Z, indicado a três prêmios nesta edição. (g1)

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Poucos temas são mais espinhosos na arte que o nazismo, especialmente quando o narrador foi um praticante ativo das atrocidades cometidas pelo regime de Adolf Hitler e cabe ao leitor fazer o contraponto histórico. Esse é um dos muitos desafios que nos impõe a leitura de A Morte É Meu Ofício, escrito em 1952 pelo francês Robert Merle (1908-2004), finalmente publicado no Brasil. Nele acompanhamos a vida do comandante do campo de extermínio de Auschwitz Rudolf Lang (inspirado num personagem real) da infância abusiva ao tribunal de Nuremberg, onde seria condenado à morte. Lang é alguém que entrega sua humanidade e qualquer senso de ética a líderes carismáticos e amorais – um recado incomodamente importante para os dias de hoje. (Folha)

Gilberto Gil aproveitou sua participação na Bienal do Livro da Bahia para homenagear a amiga Gal Costa, que morreu no dia 9. “Qualquer um aqui sabe da importância e excepcionalidade de Gal. Da proximidade e da cumplicidade que tive com ela, com Caetano, Bethânia, Tom Zé. Gal é um momento cintilante da música brasileira”, disse. “Ela fez um percurso maravilhoso, não só como artista, mas como amante do som no sentido mais amplo.” (Globo)

E o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), prometeu via Twitter erguer uma estátua de Gal no calçadão de Ipanema. (Twitter)

Cotidiano Digital

Após a demissão em massa na Meta na semana passada, a gigante do comércio eletrônico Amazon também vai demitir milhares de funcionários. Segundo o Washington Post, os cortes começaram nesta terça-feira e devem atingir cerca de 10 mil profissionais, equivalente a 3% das áreas corporativas da companhia, principalmente em varejo, recursos humanos e dispositivos. Depois de demitidos, os funcionários terão 60 dias para se realocarem em vagas da própria empresa e, caso não seja possível ocupar outro cargo interno, a Amazon seria responsável por pagar um salário durante o período, de acordo com o jornal. (Washington Post)

Enquanto isso, Jeff Bezos, fundador da Amazon, disse na segunda-feira que doará ainda em vida parte de sua fortuna, cerca de US$ 124 bilhões, para a caridade. O quarto homem mais rico do mundo deixou a presidência da Amazon no ano passado. Ele também é dono do Washington Post e da empresa aeroespacial Blue Origin. (CNN)

A Alphabet, dona do Google, pagará cerca de US$ 400 milhões em um acordo com estados norte-americanos que acusaram a empresa de rastrear ilegalmente a localização de usuários nos Estados Unidos. Trata-se do maior acordo envolvendo privacidade e dados pessoais já realizado no país. Ao longo de quatro anos de investigações, os estados denunciaram que a gigante de buscas violou o direito à confidencialidade dos usuários ao recolher dados de geolocalização sem a sua autorização, para fins publicitários. (UOL)

Meio em vídeo. Aconteceu em Lisboa o Web Summit trazendo as discussões sobre o futuro da internet. O diretor de marketing do Meio, Wagner Martins, conhecido desde os primórdios da internet como Mr. Manson, esteve presente no evento e veio contar tudo aqui nesta edição de Pedro+Cora. (YouTube)

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