PEC faz crescer pressão por ministério de Lula

O plano do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva era, a exemplo do que fez há 20 anos, só começar a divulgar sua equipe de governo a partir do dia 10 de dezembro, mas crescem as pressões de aliados para antecipar esse calendário, principalmente na área econômica. Assessores ligados ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin gostariam de ver logo escolhido o ministro da Fazenda para servir de interlocutor com o mercado, enquanto pessoas próximas a Lula dizem que essa escolha poderia facilitar a negociação com o Congresso para a aprovação da PEC da Transição. (Globo)

E a composição do governo começa a gerar atritos em quem já pensa nas eleições de 2026. Setores no PT são contra a nomeação da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que participou ativamente da campanha de Lula no segundo turno, para o Ministério do Desenvolvimento Social (atual Cidadania). Ali ela controlaria o orçamento do Bolsa Família, o que lhe permitiria criar conexões com a população de baixa renda e aumentaria seu cacife eleitoral. Tebet por sua vez, não teria interesse nas pastas da Agricultura e da Educação. (Globo)

Além da aprovação da PEC da Transição, o PT pretende apresentar ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), uma outra condição para apoiar sua reeleição: quer o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa. (Estadão)

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O estouro do teto de gastos para garantir o pagamento de R$ 600 do Auxílio Brasil pode não ser tão grande quanto se previa. O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) protocolou no fim de semana uma alternativa à PEC da Transição apresentada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin. A proposta de Vieira reduz o excedente de R$ 198 bilhões para R$ 70 bilhões, o que, segundo o parlamentar, é suficiente para manter o valor do benefício e ainda pagar um adicional de R$ 150 por criança às famílias. O texto ainda retira do teto despesas com projetos socioambientais e educativos, mas limita a permissão de estouro aos próximos quatro anos e estabelece em 17 de julho do ano que ver o prazo para que o governo aprove um novo regime fiscal sustentável, que substituirá o teto. (Valor)

E o relator-geral do Orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), defendeu ontem que o Bolsa Família, como o Auxílio Brasil voltará a se chamar, “não pode ter condicionantes”, sem se referir explicitamente ao teto de gastos. Ele comparou o benefício ao Fundeb, que garante recursos à educação e ficou de fora do teto quando este foi criado, em 2017. (Metrópoles)

Em tese, comitês eleitorais são desfeitos após o pleito, especialmente em caso de derrota. Mas, como mostra Rodrigo Rangel, a casa alugada em um bairro nobre de Brasília para sediar a campanha de Jair Bolsonaro (PL) segue ativa, agora funcionando como um “QG do golpe”. É nela que, sob o comando do ex-ministro e ex-candidato a vice Walter Braga Netto, apoiadores do presidente se reúnem para discutir estratégias de questionamento ao resultado das eleições. Manifestantes que têm participado de atos golpistas também são presença constante na casa. (Metrópoles)

O procurador-geral da República, Augusto Aras, convocou para a manhã de hoje uma reunião do gabinete de crise do Ministério Público Federal (MPF) para discutir o crescimento dos movimentos golpistas no país, revela Carolina Brígido. Os procuradores identificaram um aumento tanto nas manifestações quanto na retórica contra a democracia. (UOL)

Um posto da concessionária responsável por um trecho da BR-163 no Mato Grosso do Sul foi atacado a tiros e incendiado na madrugada de ontem. Um guincho e uma ambulância também foram queimados, mas ninguém ficou ferido. Embora aquele trecho da rodovia esteja bloqueado por manifestantes bolsonaristas, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse ainda não ter elementos para indicar motivação política no crime. (Correio Braziliense)

Enquanto isso... O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse no sábado que 250 mil urnas eletrônicas usadas nas eleições de outubro não têm número de identificação e que “várias” deveriam ser desconsideradas. Especialistas afirmam, porém, que dados existentes no arquivo da urna permitem identificá-la e obter o número. Costa Neto não explicou como a ausência da numeração poderia influenciar o resultado da eleição. (Poder360)

Morreu ontem na Argentina, aos 93 anos, Hebe de Bonafini, líder e uma das fundadoras do movimento Mães da Praça de Maio. Em abril de 1977, sob a brutal ditadura militar argentina, Hebe e outras 13 mulheres se reuniram na Praça de Maio, em frente à sede do governo, para protestar e cobrar informações sobre o paradeiro de seus filhos, desaparecidos políticos. Dali em diante, e em número cada vez maior, elas passaram a protestar semanalmente, dando visibilidade às violações dos direitos humanos na Argentina e, por tabela, no resto do continente. O presidente Alberto Fernández decretou luto oficial de três dias. Estima-se que a ditadura argentina tenha matado 30 mil pessoas entre 1976 e 1983. Hebe perdeu dois de seus três filhos. (g1)

“A ema gemeu”

Marcelo Martinez

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Viver

Após duas semanas de poucos avanços, a Conferência do Clima da ONU (COP27) terminou neste domingo com um progresso significativo, ao adotar um fundo de reparação de danos climáticos a países “particularmente vulneráveis”. O termo contempla nações em desenvolvimento ou impactadas diretamente pelos efeitos das mudanças climáticas que não teriam capacidade de responder aos eventos extremos. A partir de março de 2023, um comitê integrado por 24 países, sendo três da América Latina e Caribe, deve elaborar os detalhes do fundo, como prazos, condições, quem deve pagar e quem receberá os valores arrecadados. O resultado do trabalho deve ser entregue no final do mesmo ano para ser aprovado pelas nações na COP28, e seu funcionamento fica previsto apenas para 2024. Com a crise energética na Europa provocada pela guerra na Ucrânia, os países europeus perderam credibilidade para pedir a redução das emissões de gases do efeito estufa na atmosfera, enquanto utilizam recursos poluentes como fonte de energia. O acordo se limitou a reafirmar o Acordo de Paris, em conter o aumento da temperatura média global abaixo de 2°C em relação ao período pré-industrial, se esforçando para que o aumento não passe dos 1,5°C. (Folha e g1)

Entidades da sociedade civil apontaram a criação do fundo para financiar perdas e danos climáticos ao final da COP27 como a maior vitória do evento, mas lamentaram a falta de maior compromisso para conter a elevação média da temperatura global. “As divisões de sempre entre países ricos e pobres fizeram com que o encontro terminasse sem um acordo substantivo sobre o que deveria ser o ponto principal de conversa – como acelerar o corte de emissões de modo a evitar que o aquecimento global ultrapasse 1,5ºC neste século”, afirmou, em nota, o Observatório do Clima. (g1)

A Copa do Mundo do Qatar começou neste domingo com abertura marcada pela mistura entre tradição e modernidade, num espetáculo de luzes, coreografias e o desfile de bandeiras e camisas das 32 seleções competidoras, além da reunião de todos os mascotes da história do evento. Em cerimônia com cerca de meia hora, a abertura do maior torneio de futebol do mundo contou com a participação do ator americano Morgan Freeman, do astro Jeon Jung-kook, da banda de k-pop BTS, e dos cantores catarianos Fahad Al-Kubaisi e Dana. O tom da festa foi de respeito e inclusão, apesar do país-sede ser acusado de violar direitos humanos e discriminar homossexuais. A torcida no estádio teve de acompanhar a festa sem cerveja alcoólica, proibida pela autoridade local. Logo no primeiro jogo, o Qatar já entra para a história das Copas, ao ser o primeiro anfitrião derrotado em uma estreia, ao perder para o Equador por 2 a 0 com gols de Enner Valencia. (Estadão)

Mesmo com a estreia da seleção brasileira marcada apenas para esta quinta-feira, a torcida já aqueceu os motores com sua fábrica de memes sobre a Copa do Qatar. (g1)

Cultura

A quadrinista brasileira Mary Cagnin acusou no Twitter os produtores da série 1899, que estreou quinta-feira na Netflix, de plagiarem sua HQ Black Silence, lançada em 2016. Em um fio (com spoilers), a artista comparou três imagens de seu trabalho com fotogramas e fotos promocionais da série e listou elementos que vê como similares nas narrativas. Cagnin diz que apresentou Black Silence na Feira do Livro de Gotemburgo, especulando que os produtores, responsáveis pelo sucesso Dark, tenham tomado conhecimento de sua história a partir dali. Embora ela tenha recebido apoio nas redes, nem todos concordam, ressaltando que as similaridades apontadas são clichês recorrentes em ficção científica. A Netflix e os produtores de 1899 não se manifestaram. (Metrópoles)

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Para ler com calma. Não existiria música brasileira, pelo menos não com a riqueza que conhecemos, sem a música africana. Mas mesmo esse reconhecimento tende a ficar numa visão estreita e estereotipada. Pesquisadores etnomusicais e artistas, especialmente os mais jovens, têm trabalhado para resgatar os saberes artísticos preservados em terreiros e comunidades quilombolas. Gente como Jamelão Netto – como o nome indica, neto do lendário intérprete Jamelão –, Luana Bayô e tantos outros que resgatam e reinventam esses sons ancestrais. (Estadão)

Morreu na madrugada de ontem, na Suíça, o cineasta francês Jean-Marie Straub, de 89 anos, considerado um dos nomes fundamentais do cinema experimental. Ao lado da companheira e também diretora Danièle Huillet (1936-2006), ele foi responsável por filmes como Crônica de Anna Magdalena Bach, de 1968, Relações de Classe, de 1984, e Gente da Sicília, de 1999. Produziam um cinema altamente político, assumindo todos os passos da produção, do roteiro à montagem. Além de adaptarem para as telas textos de Kafka e Brecht, criaram documentários sobre arte, como Uma Visita ao Louvre, de 2004, e Cézanne, de 1990. (Folha)

Cotidiano Digital

Elizabeth Holmes, fundadora da Theranos e considerada ex-prodígio do Vale do Silício, foi sentenciada a 11 anos e três meses de prisão por um tribunal federal na Califórnia. Holmes foi condenada em janeiro por ter deturpado a tecnologia, as finanças e as perspectivas de negócios da startup para os investidores. Ela, que está grávida de seu segundo filho, deve começar a cumprir a pena a partir de abril do próximo ano. Fundada em 2003, a Theranos tinha como objetivo desenvolver uma tecnologia capaz de executar mais de 200 testes de saúde de forma barata e rápida usando uma gota de sangue. A iniciativa atraiu investidores e a startup chegou a ser avaliada em mais de US$ 9 bilhões. Mais tarde, Holmes foi acusada de enganar investidores e de mentir a pacientes sobre a precisão dos testes de sangue. (The Verge)

Em meio às incertezas em torno do Twitter, a rede indiana Koo viralizou no Brasil por conta do nome curioso e fez muitas pessoas, entre anônimos e celebridades, abrirem conta na plataforma. Mas a rede social está cercada de polêmicas, entre elas a de ser acusada de promover campanhas do governo indiano e de não combater eficientemente o discurso de ódio contra muçulmanos. Lançado em 2020, o Koo ganhou popularidade depois que o presidente Narenda Modi e extremistas de direita na Índia se viram insatisfeitos com o Twitter. O governo indiano exigia o bloqueio de perfis no Twitter contrários à Modi e criou leis para as empresas de tecnologia, ameaçando a privacidade dos usuários na tentativa de identificar críticos ao presidente. Em resposta a um seguidor que apontava as polêmicas da empresa, o cofundador do Koo Mayank Bidawatka disse que a rede social é uma plataforma neutra. (g1)

E não faltaram, claro, os memes da Quinta Série. (Tilt)

Por falar em polêmicas, Elon Musk reativou neste sábado o perfil do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump no Twitter. A decisão foi tomada após uma enquete feita com usuários da rede social. Trump foi banido do Twitter em janeiro de 2021 após incitar seus apoiadores a invadir o Capitólio, sede do Congresso americano. (g1)

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