Economia, a bola da vez

Pauta prioritária do governo Lula, a melhora do desempenho econômico do Brasil tem algumas jogadas de extremo sucesso nesses primeiros seis meses e outras escorregadas que merecem atenção, diz a cientista política Daniela Campello

A inflação caiu. A reforma tributária passou na Câmara. A população começou a sentir melhora na condição de vida e avaliar positivamente a condução do governo Lula no campo econômico. Até o mercado financeiro, fielmente avesso a governos à esquerda, já está mais aberto: a avaliação de que a política econômica está na direção certa subiu de 10% para 47% dos operadores. Para uma gestão que veio de uma vitória apertada, em boa parte porque o concorrente se inflou artificialmente justamente com medidas econômicas, e precisava de resultados rápidos, os primeiros seis meses de governo Lula podem ser considerados de grande sucesso. E o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve herdar esse espólio, especialmente no que diz respeito à reforma tributária. “Mesmo para quem tem afinidade com Paulo Guedes, o governo Bolsonaro era um governo sem agenda, ou com uma agenda de desmantelamento institucional e de proteção dele e de sua família. Isso faz muita diferença”, diz Daniela Campello, professora de ciência política e relações internacionais da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV Ebape).

Não que tenha havido apenas acertos. Daniela critica, por exemplo, o pacote de incentivo aos carros populares, incondizente com a pauta ambiental que deveria guiar as medidas econômicas. E parte da política externa de Lula, de confronto com os Estados Unidos e complacência com a Venezuela. Ainda assim, o fato de o Brasil ter voltado ao cenário internacional de forma relevante é fundamental e dá aquele empurrão na sorte de um momento de preços de commodities mais favorável. Sim, dá para se falar de sorte sem esvaziar o mérito, defende Daniela. Confira os principais trechos da entrevista.

A economia foi o tema prioritário do governo Lula até aqui?
Sim, é um tema prioritário, porque foi uma eleição apertada. Antes de começar o governo, a expectativa já era de que todos os esforços fossem direcionados para resultados relativamente rápidos. As pessoas precisavam sentir que as coisas estavam indo bem, precisavam confiar. Muitos que votaram no Bolsonaro não eram bolsonaristas, mas eleitores que estavam vendo que no último ano a economia vinha melhorando, estávamos entrando num ciclo mais favorável ao Brasil. O governo Lula precisava se fortalecer logo pelo fato de ter ganho por pouco e ganhar popularidade para negociar outras coisas, inclusive com o Congresso. A economia é prioridade do presidente Lula e é compreensível que seja. Nesse sentido, o 8 de Janeiro foi um movimento tão ostensivo dos bolsonaristas que, de certa maneira, foi positivo para o começo do governo. Teve muita notícia negativa sobre o governo anterior. Óbvio que ninguém deseja uma tentativa de golpe daquelas. Mas ela evidenciou o tamanho do risco que a democracia correu no Brasil.

Lula escolheu nomes mais liberais para a equipe econômica e desenvolvimentistas para cargos estratégicos. A mistura tem dado certo?
Essa é uma pergunta difícil. Não sei se eu chamaria a reforma tributária de uma agenda liberal. É uma agenda acima de tudo simplificadora para o investimento, para o negócio brasileiro. Foi bastante estratégico Lula, e nesse caso mais o ministro Haddad, escolher essa reforma como prioridade. Além de ela estar há 30 anos tentando passar, de fato ela transcende a questão de esquerda e direita. Este é um Congresso em que o governo é minoritário. Se fosse com uma agenda forte de esquerda, teria uma barreira ali, uma reação. Então, a imagem do sucesso de passar uma reforma dessa é enorme e não é da ala liberal. Me parece, desde o começo do governo, que esses atores todos vêm tendo uma postura positiva e colaborativa. Na crítica à questão dos juros, por exemplo, a Simone Tebet se juntou ao governo para questionar. Estive num evento do BNDES em que Haddad e Mercadante estavam juntos, para mostrar unidade. Agora, o PT precisa marcar a posição sobre o que é agenda ideal do PT. Isso talvez tenha faltado quando Lula fez aquela virada liberal logo no começo de 2003. Muita gente não entendeu o que estava acontecendo e o PT talvez não tenha se manifestado com tanta clareza como fez agora. O partido tem preferências de políticas econômicas, mas sabe que está num governo de frente ampla.

Como você avalia a dura retórica de Lula contra a política de juros do Banco Central?
Eu entendo porque o presidente agiu assim e acho que foi correto. Obviamente, às vezes ele se excede na linguagem. Mas ele trouxe os juros para o centro da agenda. Hoje, a mídia e os empresários estão falando em juros — e mesmo no mercado financeiro há quem esteja discutindo isso. Se estivéssemos num ambiente mais institucionalizado em termos de independência do Banco Central, como são os Estados Unidos, é incomum um presidente questionar o que faz o presidente do BC. Essa é a ideia da independência. Há prós e contras, mas teríamos tido um problema muito mais sério durante as eleições sem ela. Só que não estamos num sistema tão institucionalizado. É preciso tempo, confiança no sistema. O presidente do Banco Central teve um papel claro como agente do governo Bolsonaro, não disfarçou, foi votar vestido de verde-amarelo, que é o tipo de coisa que também não acontece quando o Banco Central já tem independência há mais tempo. O presidente do BC não faz declarações políticas. Sem entrar no mérito se deveria subir ou descer a taxa de juros, porque essa é uma discussão econômica e técnica, há inúmeras razões para crer que o BC esteja sendo extremamente conservador num momento em que o governo precisa mostrar crescimento.

Lula foi estrategicamente muito habilidoso em trazer o debate dos juros e em fazer um jogo duplo com Haddad, que não fez essa parte de ataques frontais.

Por falar em agentes do mercado financeiro, a aversão ao governo Lula está sendo revertida ou essa é uma barreira intransponível?
Não é intransponível. Lula jamais vai ser o candidato preferido do mercado financeiro, que já viveu seus governos anteriores, bastante razoáveis, e continuou o rejeitando. Isso porque o governo Lula é um governo para os pobres e isso implica tirar de algum lugar. Agora, houve, sim, uma mudança de humor e isso se vê até no que economistas que são a voz e traduzem o pensamento do mercado financeiro vêm dizendo. Eles vêm sendo mais favoráveis ao governo, foram favoráveis à reforma tributária. O mercado não vai ficar punindo o governo Lula “sem razão”. Se as coisas estiverem indo bem, e principalmente se o cenário internacional melhorar e a economia melhorar, vai ceder. Ainda assim, provavelmente na próxima eleição o mercado vai esperar o seu candidato de direita, com uma agenda de redução de tamanho do Estado. Mas o Haddad tem feito um trabalho impressionante no sentido de conseguir se equilibrar entre o fogo amigo do PT, que foi intenso no arcabouço fiscal, e o mercado.

Como comparar Haddad e Paulo Guedes?
É impressionante que depois de quatro anos de Paulo Guedes na economia, com um Congresso favorável, a reforma tributária não tenha passado e tenha avançado logo no começo de um governo de esquerda. Ter um governo que tem agenda é bom para todo mundo. Há também a questão da estabilidade. O mercado a deseja, o setor privado precisa de previsibilidade. Por mais que se prefira um governo à direita, um governo que diminua o tamanho do Estado — e essa acabou nem sendo a marca do governo Bolsonaro —, houve imprevisibilidade durante quatro anos. Era um governo sem agenda, ou com uma agenda de desmantelamento institucional e de proteção dele e de sua família. Isso faz muita diferença.

O economista Samuel Pessôa disse que a reforma tributária tem o potencial de ser um marco para o governo Lula 3 como foi o Plano Real para o governo Itamar. Você concorda?
Lula não precisa de um Plano Real. Seu legado já está dado. E o Plano Real foi do Fernando Henrique, ninguém lembra do Itamar nisso. Neste ponto, da mesma maneira, a reforma tributária será mais do Haddad. Andei conversando com amigos economistas e eu diria que, do ponto de vista de aumentar a popularidade do Haddad, não acho que a reforma vá ter esse efeito, porque não se sente imediatamente o impacto como foi a estabilização econômica do Real, que foi uma transferência de renda, na realidade. Agora, do ponto de vista dos agentes econômicos, que são justamente aqueles que Lula de certa forma nunca tem ao seu lado, a reforma é um grande marco. E no que diz respeito à economia brasileira é um negócio tremendo. A estabilização econômica foi fundamental e pavimentou tudo que veio depois. Por outro lado, nosso sistema tributário é reconhecido por todos como danoso para o crescimento de longo prazo do país, de operação dos agentes econômicos.

Também houve um pacote para baratear carros populares, mais voltado para a classe média. Você acredita que Haddad e Lula estão conseguindo atingir todos os setores do eleitorado com as medidas econômicas?
Não temos elementos para avaliar o impacto que isso tem ou terá na classe média. Mas esse pacote foi uma bola fora. Num governo que vem se vendendo ao mundo, e eu acredito que tenha mesmo essa preocupação, com a agenda verde, com a economia de baixo carbono, essa sinalização é ruim. Parece uma medida anacrônica. O Mercadante fala que a indústria está de volta. Temos que pensar em novas formas de desenvolver a economia, olhando pra frente, para essa potência enorme que o Brasil tem na questão ecológica. É preciso pensar no depois de amanhã, não só porque é muito importante a questão do meio ambiente, mas pelo fato de que isso é o que o Brasil tem a oferecer.

Estamos incrivelmente bem posicionados no novo mundo do desenvolvimento com preocupação ambiental e temos que liderar esse movimento, não deixar o tempo passar, os países avançarem, e ficar incentivando carros.

Há uma série de fatores externos que afetam nossa economia e que costumam ser usados pelos governantes para justificar bons e maus desempenhos. Como esses fatores estão interferindo no governo Lula 3?
É bom falarmos disso, porque todo dia tem alguém fazendo alguma gracinha ou comentário sarcástico sobre a sorte do Lula. “Ah, o Lula é sortudo, toda vez que Lula governa a sorte vem.” Essa é uma discussão infantil. Má sorte são fatores externos que importam para a economia brasileira e ponto. A economia brasileira é extremamente vulnerável aos choques externos. Não há qualquer dúvida sobre a importância do setor agroindustrial. Então, os preços das commodities obviamente têm um efeito importante para a economia brasileira, como as taxas de juros internacionais também têm. Escrevi um artigo para uma revista de ciência política do Chile em que falava de quando a má sorte encontra a incompetência. Foi o governo Bolsonaro: muito pouco competente, mal sucedido nas suas iniciativas, e que ainda teve uma pandemia e uma guerra, prejudiciais no mundo inteiro. Mas é importante notar que o último ano do governo Bolsonaro foi um período de recuperação fortíssima de preços e a popularidade dele, que sempre foi baixa, subiu. Isso não foi à toa, a economia começou a responder e o dinheiro, a entrar no país. Somando isso ao fato de que Bolsonaro conseguiu convencer o Congresso a passar uma medida de estado de emergência, que permitiu que ele gastasse o que tinha e o que não tinha e passasse por cima de toda e qualquer lei eleitoral, ele acabou a eleição com uma votação muito mais alta do que seria previsível dada a popularidade de seu governo. Então, sorte e azar existem.

E Lula está com sorte?
O cenário internacional está melhor do que estava há algum tempo. A inflação americana começou a arrefecer, o que sugere que a trajetória dos juros americanos também vai deixar de subir. Isso é positivo para investimento em mercado emergente. Por outro lado, o agronegócio continua indo bem e a safra foi fantástica — e safra boa tem a ver com competência e sorte também. Lula tem tido sorte de novo. Isso quer dizer que não tem mérito? Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Mas se a gente estivesse num momento de preços de commodities caindo, trajetória dos juros internacionais subindo, uma pandemia, o governo Lula talvez estivesse tendo mais dificuldades. Tem outros aspectos relevantes. O Brasil está de volta ao cenário internacional. Isso é importantíssimo para os investimentos. Passamos quatro anos sem existir no plano internacional, sem interlocução alguma. Desse ponto de vista, Bolsonaro conseguiu surfar mal uma onda favorável. Há maneiras de se dar bem ou mal com a sorte e com o azar.

A política internacional de Lula, então, tem sido favorável à economia?
Foi importante a retomada da relação com a China, por exemplo — não que a relação com a China tenha sido interrompida, mas o governo Bolsonaro a estressou demais. Em outros pontos, Lula vem errando. A política externa talvez seja onde eu encontre mais pontos de crítica. A estratégia em relação à Ucrânia foi ruim. O Brasil não precisa ser o país que vai ajudar na negociação entre Ucrânia e Rússia, não é o nosso papel ou prioridade. A maneira como o governo chegou agressivamente dizendo que EUA e Europa estão sustentando essa guerra não foi bem vista. Estive num evento em Washington no mês passado e ficou uma sensação ruim. Sobretudo porque é preciso reconhecer, sem querer de forma alguma desconsiderar todos os erros que os EUA já cometeram aqui na região, que foi importante o papel de Joe Biden e da Europa em reconhecer o resultado da nossa eleição imediatamente. Então, existia uma expectativa em Washington de que podia vir a ser um governo de muita colaboração. E a forma como Lula se apresentou nessa discussão da Ucrânia criou uma antipatia enorme e talvez tenha até desqualificado o Brasil para ser uma ator lateral nessa história. Também essa insistência na discussão de dolarização. Tudo isso pode ser conversado. Mas existe um ressentimento de muita gente no PT com o passado dos EUA, na coisa da escuta da Dilma, há quem ache que eles estiveram envolvidos de alguma maneira na eleição do Bolsonaro, na Lava Jato. Eu não vou entrar nesse nesse mérito, mas acho que foi importante o papel que os EUA exerceram na eleição e que se deve falar de outras moedas mais do ponto de vista econômico. Não precisamos tomar uma posição entre EUA e China nesse momento. E erramos demais com a Venezuela.

Como?
Temos que trazer a Venezuela para a cúpula, claro. Temos que discutir com a Venezuela, inclusive para poder influenciar o processo democrático. Mas não dá para tratar o Maduro como um amigo e como um democrata, que todos sabemos que ele não é. Biden errou demais quando fez a cúpula das Américas e não chamou os países não democráticos. Se vai fazer uma cúpula, é todo mundo. Mas é preciso dizer que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Essa postura do Lula nos afasta de parceiros como o Uruguai e o Chile, que é um governo de esquerda que se posicionou contra o governo ditatorial da Venezuela. Se o Brasil vai exercer liderança na região, ela precisa ser uma liderança que olha pra região com os olhos reais, que não fantasia a respeito do que está acontecendo. Por fim, estou desacreditada nesse acordo Mercosul/União Europeia. Ele poderia ser muito positivo, inclusive pelas exigências que faz com relação ao meio ambiente, para institucionalizar certas medidas. Essas negociações internacionais, quando você de certa forma amarra as mãos do governo mas aumenta seu poder de tomar certas decisões internamente, são chamadas de "two-level games" ou algo como diplomacia de dois níveis. Mas, pela resposta brasileira, parece que o acordo entrou na geladeira. Existe uma percepção no Brasil de que algumas medidas da Europa com relação ao meio ambiente são uma resposta protecionista e não vou negar algum conteúdo de protecionismo, os países fazem isso. Mas existe também uma reação muito forte do agronegócio, que não quer ser regulado. Aumentamos demais a quantidade de defensivos agrícolas nos últimos tempos, estamos bem acima dos níveis aceitos na Europa. Mas é lamentável se o acordo não avançar porque a economia brasileira é fechada e precisamos nos engajar em cadeias de valor internacionais. O acordo Mercosul/ União Europeia é o mais próximo disso, já que os EUA não estão nem enxergando isso depois de quatro anos de Trump.

Um relativo sucesso econômico do governo Lula, de forma sustentada, pode enterrar a extrema direita no Brasil?
Ela está se enterrando sozinha. Nunca acreditei no bolsonarismo sem Bolsonaro. Hoje, a direita, que sempre existiu e se valeu de Bolsonaro para chegar ao poder, um candidato anti tudo e com Paulo Guedes a seu lado, essa direita já não quer e nem precisa de Bolsonaro. O Brasil já deixou claro que não precisa de Bolsonaro. A própria direita está se livrando da extrema direita. É curioso que ainda haja uma discussão sobre daqui a quatro, seis anos, quando ele voltar... Acho isso fantasioso, para ser sincera. A popularidade de Bolsonaro foi baixa, abaixo de todos os outros presidentes desde a redemocratização, durante praticamente todo o governo, com exceção do período com auxílio emergencial. Ali, ele aprendeu como se faz para subir a popularidade. Tem que entregar vida material melhor para as pessoas. A popularidade dele subiu no ano da eleição por duas razões: o cenário econômico melhorou e Bolsonaro convenceu o Congresso que a gente estava num estado de emergência. Foi um crescimento falso, artificial e que teve consequência eleitoral. Mas os bolsonaristas eleitos, hoje, não estão definindo nada. Não definiram a passagem do arcabouço fiscal, da reforma tributária. O que vai ficar é cada vez mais um Congresso extremamente fisiológico, ideologia não é uma questão no Congresso. A frente parlamentar do agronegócio talvez seja ideológica, no sentido de saber muito bem as políticas que lhe interessa. Essa é uma agenda incompatível com a que Lula está querendo desenhar e aí vai existir uma tensão ideológica.

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O liberalismo ausente

15/05/24 • 11:09

Nas primeiras semanas de 2009, o cientista político inglês Timothy Garton Ash publicou no New York Times um artigo sobre o discurso de posse de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos. “Faltava apenas”, ele escreveu, “o nome adequado para a filosofia política que ele descrevia: liberalismo.” A palavra liberalismo, sob pesado ataque do governo Ronald Reagan duas décadas antes, passou a representar para boa parte dos americanos uma ideia de governo inchado e incapaz de operar. Na Europa continental e América Latina, segue Ash, a palavra tomou o caminho contrário, representando a ideia de um mercado desregulado em que o poder do dinheiro se impõe a um Estado fraco. Não basta, sequer, chamar a coisa só de liberal. É preciso chamá-la neoliberal. Desde final dos anos 1970, já são quarenta anos de um trabalho de redefinição forçada do que é liberalismo, uma filosofia política de três séculos e meio pela qual transitaram algumas dezenas de filósofos e economistas de primeiro time. O sentido do termo se perdeu de tal forma no debate público, que mesmo muitos dos que se dizem liberais não parecem entender que conjunto de ideias representam.

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