Lula indica hoje Dino ao STF e Gonet à PGR

Termina hoje a espera. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve indicar, ainda nesta segunda-feira, o ministro da Justiça, Flávio Dino, para a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF) e o subprocurador Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República (PGR). As escolhas, confirmadas ontem a aliados, serão publicadas ainda nesta segunda-feira, antes que Lula embarque para Dubai, nos Emirados Árabes, para participar da COP-28. Dino, que foi juiz federal antes de entrar para a política, era um dos favoritos desde o início da disputa, enquanto a escolha para a PGR foi mais complexa, com reuniões de Lula com diversos postulantes. No fim, pesou o apoio a Gonet de dois ministros de peso do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. (Folha)

Aliás, Moraes e Gilmar foram avisados extraoficialmente das escolhas na noite de quinta-feira, após jantar com Lula e o também ministro do Supremo Cristiano Zanin. Dino chegou a participar do encontro, mas saiu antes de o presidente anunciar a indicação. Dino e Gonet terão de ser sabatinados pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, e o presidente do colegiado, Davi Alcolumbre (UB-AP), disse a Lula ser possível fazê-lo antes do recesso parlamentar, que começa em 22 de dezembro. (Estadão)

Já a aprovação pelo plenário do Senado deve ficar para 2024, segundo o vice-presidente da Casa, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), para quem “não há tempo”. “Nós temos a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e a LOA (Lei Orçamentária Anual). Dezembro começa na próxima semana”, disse. (Globo)

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A futura chanceler argentina, Diana Mondino, foi a Brasília e se encontrou com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. Mondino foi apontada pelo presidente eleito do país, Javier Milei, para comandar o Ministério das Relações Exteriores a partir de 10 de dezembro, quando ele toma posse. A vinda de Mondino ao Brasil foi preparada em segredo e intermediada por Julio Bitelli, embaixador do Brasil em Buenos Aires, e Daniel Scioli, embaixador da Argentina no Brasil. Ela levou a Vieira um convite a Lula para a posse de Milei — a ida de Lula não está certa, porque Milei o chamou de “corrupto” em campanha e convidou primeiro o ex-presidente Jair Bolsonaro, que aceitou e prepara uma grande comitiva para acompanhá-lo. (Globo)

Com o prazo dos quatro dias de trégua com Israel chegando ao fim hoje, o Hamas informou, em um comunicado, que que quer prolongar a pausa no conflito. O grupo terrorista islâmico disse que pretende “estender a trégua após o término do período de quatro dias, por meio de esforços sérios para aumentar o número de pessoas libertadas da prisão, conforme estipulado no acordo de cessar-fogo humanitário”. O Catar, que desempenhou um papel central na mediação do acordo, também disse que esperava prolongar a pausa. O compromisso já incluía uma prorrogação de um dia extra a cada dez reféns que o Hamas esteja disposto a libertar. “O que esperamos é que o impulso que resultou das libertações e deste acordo nos permita estender a trégua para além destes quatro dias e, portanto, entrar em discussões mais sérias sobre o resto dos reféns”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, no sábado. O presidente dos EUA, Joe Biden, expressou o desejo de estender a pausa e afirmou que discutiria essa possibilidade com Benjamin Netanyahu ainda na noite de domingo. Uma fonte israelense disse à CNN que o gabinete de guerra de Israel discutiu a possibilidade de estender a trégua e que as condições para uma prorrogação permanecem inalteradas em relação ao acordo original, o que significa que o Hamas precisa libertar mais 10 reféns para cada dia adicional de pausa nos combates. (CNN)

Ontem, mais 13 reféns israelenses foram libertados pelo Hamas, além de três tailandeses e um russo que é cidadão israelense, este último libertado em um aceno ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. Com isso, chegou a 54 o número de pessoas que deixaram o cativeiro no território palestino desde o início do cessar-fogo — foram soltos 24 reféns na sexta-feira e 17 no sábado, sendo 13 israelenses por dia e o restante, estrangeiros. Em troca, Tel Aviv libertou 39 prisioneiros palestinos em cada dia da trégua. A maioria estava detida por crimes de menor gravidade, como atirar pedras contra soldados; em outros casos, eram alvo de detenção administrativa, em que não há acusação formal nem julgamento. (Folha)

Os relatos sobre como reféns e prisioneiros eram tratados começam a emergir. Do lado israelense, uma mãe libertada com seu filho pequeno disse a familiares que eles tinham dormido em cadeiras colocadas juntas e que, em alguns dias, tinham apenas arroz e pão para comer. Para ir ao banheiro, às vezes precisavam esperar até duas horas. Uma senhora de 85 anos descreveu contar os dias para perder a noção do tempo. Do lado palestino, uma jovem de 23 anos foi recebida com festa no campo de refugiados Balata e relatou que desde o dia 7 de outubro os prisioneiros também ficaram sem notícias do mundo exterior — a não ser por um rádio que esconderam. Foi assim que soube da morte de um tio e dos ataques a Gaza e à Cisjordânia. (New York Times e Washington Post)

Enquanto isso... caiu, entre israelenses e palestinos, o apoio a uma solução de dois Estados. (Folha)

Faixa de Casa

Orlando Pedroso

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Viver

A emissão de gases do efeito estufa pode ter agravado a onda de calor que atingiu diversas regiões do Brasil este mês. Um relatório da ClimaMeter, ligada à Universidade Paris-Saclay, na França, aponta que as temperaturas no período do evento climático foram de 1°C a 4°C acima do que ocorreria no passado. Segundo o documento, as ondas de calor têm ficado mais quentes, mais secas e com menos vento, somadas a uma maior pressão atmosférica, que impede a aproximação de frentes frias com umidade e chuvas. A análise está alinhada com o Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU (IPCC), que prevê um aumento da exposição ao calor extremo em populações urbanas na América do Sul. (Folha)

Os eventos climáticos extremos têm, como outras tragédias, o potencial de escancarar ainda mais as desigualdades. A Folha fez um levantamento de dados, a partir de cálculos feitos sobre mapas de temperatura de superfície captados pela Nasa mostrando como a diferença entre um bairro rico e um de baixa renda na cidade de São Paulo pode chegar a quase 4ºC numa onda de calor. Nas áreas mais pobres, há uma combinação de muito concreto, pouca vegetação, adensamento populacional e ruas apertadas com tráfego intenso de veículos. Um outro estudo, da Associação de Pesquisa Iyaleta, analisou Cuiabá (MT) e Porto Velho (RO) e mostrou como a população negra, normalmente habitando bairros com menos saneamento básico e com mais restrições de fornecimento de água e energia, é a mais afetada no calor. (Folha e Agência Brasil)

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Com 343 medalhas (156 ouros, 98 pratas e 89 bronzes), o Brasil encerrou ontem sua histórica participação nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago-2023. O país terminou em primeiro lugar no quadro geral de medalhas, na melhor campanha da história dos Parapans. Entre os 324 atletas brasileiros, Cecília Araújo e Douglas Matera foram os maiores medalhistas. Matera ganhou oito medalhas de ouro na natação - sendo também o maior vencedor brasileiro na competição -, enquanto Araújo faturou quatro ouros, três pratas e um bronze. Em segundo lugar nos Parapan, os Estados Unidos obtiveram 166 medalhas. A Colômbia ficou em terceiro com 161 medalhas. Os próximos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 acontecerão entre 28 de agosto e 8 de setembro. (UOL)

Cultura

Morreu, na madrugada deste domingo, o escritor Alberto da Costa e Silva, aos 92 anos, no Rio de Janeiro. Um dos mais importantes intelectuais brasileiros, Alberto era diplomata, ensaísta, historiador e especialista na cultura e na história da África, onde foi embaixador do Brasil por quatro anos, na Nigéria e no Benin. Segundo a Academia Brasileira de Letras, o acadêmico morreu de causas naturais. Alberto ocupava a cadeira 9 da ABL desde 2000 e foi presidente da entidade entre 2002 e 2003. Ao todo, ele foi autor de mais de 40 livros, navegando entre poesia, ensaio, história, infanto-juvenil, memória, antologia, versão e adaptação. O escritor venceu o Prêmio Camões em 2014 e recebeu três vezes o Prêmio Jabuti: em 1997, por Ao Lado de Vera; em 2000, por Poemas Reunidos; e em 2003, por A Manilha e o Libambo: a África e a Escravidão, de 1500 a 1700. Alberto recebeu o título doutor Honoris Causa em Letras da Universidade Obafemi Awolowo (antiga Uni­versidade de Ifé), da Nigéria, em 1986, e em História da Universidade Federal Fluminense, em 2009, e da Universidade Federal da Bahia, em 2012. (g1 e Estadão)

O sábado foi de Conceição Evaristo na Feira Literária de Paraty, a Flip. Para ver a escritora, eleita intelectual do ano no prêmio Juca Pato, uma grande fila se formou pelas ruas da cidade. No evento, Conceição contou que prepara um rap, e que Emicida já teria mostrado interesse em gravá-lo. “Vai se chamar ‘Rap da Experiência’”, ela contou à Folha. A autora de Macabéa, Flor de Mulungu, uma releitura da obra de Clarice Lispector, falou sobre linguagem e racismo — e voltou a mencionar o rapper. “Emicida rompe a tradição ao dizer ‘é nóis’, o que é visto como erro pela norma culta. Ele incomoda os puristas, assim como Carolina de Jesus, que havia criado neologismos em seus livros. Por que Guimarães Rosa podia e Carolina não?”, questionou. (Folha)

Marcelo Martinez, 25% do time de chargistas cá deste Meio, é um mestre do traço, bem sabemos. Mas também se espalha com desenvoltura nas letras, como mostra Sequestramos Sua Mãe, É Melhor Comprar Este Livro, coleção de crônicas bem-humoradas que vão dos absurdos do cotidiano aos clichês do cinema. O lançamento é hoje, às 19h, na Janela Livraria do Shopping da Gávea, no Rio. Não perca.

Cotidiano Digital

Plataformas da Meta, como Instagram e Facebook, projetaram ferramentas nas redes sociais que exploram vulnerabilidades conhecidas nos cérebros de usuários jovens. As informações são do jornal Wall Street Journal, que acessou documentos internos da empresa. Os relatórios faziam parte de uma ação conjunta de 41 estados americanos contra a gigante de tecnologia, que acusa a Meta de explorar ferramentas nas redes sociais que eram prejudiciais à saúde mental e física de jovens, além de intencionalmente viciantes. Nos documentos constam detalhes de uma apresentação interna da dona do Facebook, de 2020, que mostra que a empresa projeta seus produtos levando em consideração características de adolescentes, como o de serem “predispostos a impulsos, pressão dos colegas e comportamentos arriscados potencialmente prejudiciais”. Outra ação aberta por procuradores-gerais de 33 estados dos EUA acusa a Meta de recolher informações pessoais de crianças. A companhia teria recebido mais de 1,1 milhão de denúncias de perfis de menores de 13 anos no Instagram desde 2019, mas só desativou uma pequena porcentagem deles. (Wall Street Journal e New York Times)

Ações judiciais contra as maiores empresa de tecnologia do mundo têm sido cada vez mais comuns. Nos Estados Unidos, centenas de famílias decidiram processar a Meta, além do TikTok, do Google e Snapchat. Elas alegam que as plataformas são prejudiciais de forma intencional. Recentemente, uma juíza federal nos EUA decidiu que as empresas não poderiam usar a Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos — que protege a liberdade de expressão — para bloquear ações judiciais contra as companhias. A decisão pode dar um impulso a novos processos desse tipo movidos por famílias. Já as empresas de redes sociais afirmam que as alegações não são verdadeiras e que pretendem se defender vigorosamente. (g1)

Enquanto isso, o governo da Rússia colocou o porta-voz da Meta, Andy Stone, na lista de criminosos procurados pelas autoridades do país. A lista inclui pessoas acusadas de transgredir o Código Criminal da Federação Russa. No ano passado, a Rússia passou a considerar a Meta uma “companhia extremista”, abrindo o precedente para investigações criminais contra a empresa. (Valor)

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