Prezadas leitoras, caros leitores —

Basta começarem os rumores de reforma ministerial para que a especulação em torno do cargo de ministro-chefe da Casa Civil exploda. Não é à toa. A tarefa do chefe da agenda presidencial — e, sob Lula, bedel dos colegas de Esplanada — é colecionar as antipatias que o presidente não pode. Ou não quer.

Rui Costa sabia disso quando foi escolhido para o cargo. Mais do que isso, era PhD em falta de traquejo. Tinha a já desgastada imagem de “gerente” a que Lula passou a recorrer depois de perder José Dirceu, seu primeiro braço direito. A Edição de Sábado, exclusiva para assinantes premium, é sobre Rui, sua relação com Lula e com os políticos com quem precisa lidar e sobre a história dessa posição tão visada.

Vamos trazer também um papo com Priscila Cruz, do Todos pela Educação, sobre o desempenho dos nossos adolescentes no Pisa e caminhos para melhorar essa área. E você acha que não se faz mais MPB como antigamente? Especialistas e produtores com décadas de experiencia afirmam que a música brasileira nunca esteve tão viva e diversificada.

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— Os editores.

Mercosul e EUA entram na crise entre Venezuela e Guiana

“Profunda preocupação com a elevação das tensões.” Essa foi a mensagem central do comunicado emitido ontem sobre a disputa entre Venezuela e Guiana, no final da cúpula do Mercosul e países associados. Lideranças de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, membros do bloco, além de Chile, Colômbia, Equador e Peru, alertaram que “ações unilaterais devem ser evitadas”. O texto não foi assinado pela Bolívia, oficializada como novo membro do bloco. “A América Latina deve ser um território de paz e, no presente caso, trabalhar com todas as ferramentas de sua longa tradição de diálogo", diz o comunicado. A minuta foi proposta pelo presidente Lula na abertura do encontro, no Rio. “Uma coisa que não queremos na América do Sul é guerra”, afirmou. “Estamos acompanhando com crescente preocupação o desdobramento relacionado à questão do Essequibo. O Mercosul não pode ficar alheio à situação.” (Globo)

Horas antes, militares dos Estados Unidos e da Guiana realizaram exercícios aéreos conjuntos na região de Essequibo. Segundo a embaixada americana em Georgetown, as operações são de rotina e têm o objetivo de aprimorar a parceria militar e “fortalecer a cooperação regional”. Os exercícios estão em linha com as declarações do presidente guianense, Mohamed Arfaan Ali, de busca por aliados para assegurar a defesa da região no “pior cenário possível”. O Conselho de Segurança da ONU vai se reunir hoje para abordar o conflito territorial. (Estadão)

O governo da Venezuela classificou como “provocação” os exercícios militares conjuntos. “Esta infeliz provocação dos EUA em favor da ExxonMobil na Guiana é mais um passo na direção errada", afirmou Vladimir Padrino López, ministro do Poder Popular para a Defesa. Ainda ontem, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, ligou para o presidente guianês para expressar apoio à Guiana e debater a “cooperação robusta” na área de segurança. (g1)

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O primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula vai chegando ao fim com avaliação estável: 38% aprovam, enquanto 30% consideram seu trabalho regular, e o mesmo número, ruim ou péssimo. Os dados são da quarta pesquisa do Datafolha sobre a popularidade do presidente, divulgada ontem. Lula fez menos do que o esperado neste primeiro ano. Em março, era isso que pensavam 51% dos entrevistados. Agora, são 57%. Já os que acham que o presidente superou as expectativas passaram de 18% para 16%, e os que dizem que ele fez o esperado baixaram de 25% para 24%. A margem de erro é dois pontos para mais ou para menos. (Folha)

Pesquisa Ipec, também divulgada ontem, tem os mesmos números de avaliação do governo: 38% classificam o terceiro mandato de Lula como ótimo ou bom, enquanto 30% consideram regular e outros 30% avaliam como ruim ou péssimo. No entanto, em relação à pesquisa anterior, divulgada em 6 de setembro, a avaliação positiva caiu dois pontos e a reprovação aumentou cinco. Já a aprovação da maneira de Lula governar caiu cinco pontos, passando de 56% para 51%, enquanto a desaprovação subiu de 39% para 43%. A margem de erro também é de dois pontos percentuais. (g1)

Um dia depois de se reunir com Lula, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, disse que deve permanecer à frente da legenda nas eleições do ano que vem. Seu nome foi cotado para a Secretaria-Geral da Presidência, para o Ministério do Desenvolvimento Social e para o Ministério da Justiça, caso Flávio Dino (PSB) seja confirmado para o Supremo Tribunal Federal. Petistas, no entanto, não descartam a possibilidade de ela mudar de ideia diante de um apelo de Lula para a Casa Civil. Tentam dar a entender, assim, que ficar no comando do partido foi escolha de Gleisi. (Folha)

A briga pelo controle do PSDB da capital paulista ganhou contornos quase cômicos. Deposto pela executiva estadual, o ex-presidente do diretório municipal Fernando Alfredo levou embora todos os móveis e utensílios da sede. Seu sucessor, Orlando Faria, encontrou o imóvel vazio. Por trás da picuinha estão divergências sobre as eleições municipais de 2024. A ala de Alfredo apoia a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), enquanto o grupo de Orlando defende uma candidatura própria, mas conversa em paralelo com a deputada Tabata Amaral (PSB). (Estadão)

Membros do PCC pesquisaram os endereços em Brasília dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para a realização de uma missão, segundo relatórios de inteligência do Ministério Público de São Paulo e da Polícia Federal. Não há detalhes sobre qual seria a missão. A descoberta foi feita pela PF durante a investigação sobre o plano da maior facção criminosa do Brasil para sequestrar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). O PCC também enviou alguns de seus integrantes a Brasília para executar a missão. (Folha)

Já Moro foi ouvido ontem pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná na ação que pode levar à cassação do seu mandato. Segundo o Blog do Fausto Macedo, ele se recusou a responder às perguntas e deu explicações apenas aos questionamentos do juiz. Na saída, disse que todos os seus gastos de campanha foram declarados e respeitaram a legislação. Moro enfrenta duas ações por abuso de poder econômico, abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação na campanha ao Senado. (Estadão)

Inconformados com as restrições ao armamentismo impostas pelo governo, deputados bolsonaristas querem dar aos estados o poder de legislar sobre armas de fogo, hoje exclusividade da União. Segundo o Painel, a ideia é aprovar na Comissão de Segurança Pública um projeto da bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC) para que os entes federativos possam editar normas sobre posse e porte. A justificativa é que seria apenas a regulamentação de um item já disposto na Constituição a fim de “evitar retrocessos” no acesso da população a armas. O relator, o também bolsonarista Junio Amaral (PL-MG), já deu parecer favorável, mas o projeto está parado devido a um pedido de vista do Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ). (Folha)

O petróleo é deles

Tony de Marco

O Meio é de esquerda ou de direita? É sionista ou pró-Palestina? É anarco-liberal ou nacional-desenvolvimentista? Quem nos acompanha há algum tempo sabe a resposta. O Meio é plural e democrático. Procuramos dar voz a pessoas dos mais diversos matizes ideológicos, privilegiando as que não costumam ser ouvidas. Isso não é ser isento ou imparcial,  é simplesmente bom jornalismo, algo que só conseguimos produzir porque 70% de nosso faturamento vem de você, leitor, que assina o Meio Premium (ou vai assinar agora).

Viver

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anulou uma série de assembleias da Confederação Brasileira de Futebol e invalidou a eleição do atual presidente, Ednaldo Rodrigues. Com a destituição do cargo, o TJ escolheu o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, José Perdiz, como presidente interino da CBF, que deverá convocar novas eleições em até 30 dias. Os desembargadores consideraram inválido o Termo de Ajustamento de Conduta assinado por Ednaldo com o Ministério Público Estadual, em 2022, por entender que o MP não tinha legitimidade para realizar o acordo, que levou à eleição de Rodrigues. (UOL)

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Um programa de segurança de pacientes internados em UTIs de 303 hospitais do Sistema Único de Saúde conseguiu reduzir em mais de 50% as taxas de infecções, evitando cerca de 5 mil mortes. O projeto, que economiza R$ 718 milhões aos cofres públicos, é realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com hospitais de ponta, como Albert Einstein, Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz. Segundo balanço divulgado ontem, 439 mil pacientes foram acompanhados entre 2018 e 2023, evitando mais de 8 mil infecções associadas ao uso de cateteres e 4.935 pneumonias por ventilação mecânica. (Folha)

O número de templos evangélicos no Brasil cresceu 228% ao longo de mais duas décadas, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com base no CNPJ dessas instituições. Em 1998, quando começou a pesquisa, havia 26,6 mil igrejas evangélicas no país ou 54,5% dos locais de culto. Até 2021, esse número saltou para 87,5 mil templos, sete em cada dez estabelecimentos religiosos registrados. O número pode ser maior, já que muitas casas de culto funcionam informalmente. (Folha)

Meio em vídeo. Com o aumento da violência em Copacabana, um dos bairros mais emblemáticos do Rio, surgiram grupos de justiceiros, moradores que se organizam como milícias. Apoiar essa ação é como acreditar que uma intervenção federal vai resolver o problema, com o agravante de que é crime. É combater barbárie com barbárie. Confira a análise de Mariliz Pereira Jorge em De Tédio a Gente Não Morre. (Meio)

Cultura

Um estudo da consultoria Nielsen, em parceria com a Câmara Brasileira do Livro, mostra que o preço do livro é um fator importante na decisão de compra do leitor brasileiro. Segundo o levantamento, 25 milhões de pessoas, ou 16% da população, compraram ao menos um exemplar nos últimos 12 meses. Entre os que não compraram, 35% alegam que o produto é caro, embora apenas 10,7% tenham citado o preço como motivo de não comprar. Falta de tempo (23,8%), acesso a livros digitais gratuitos (13,4%) e obtenção de PDFs (12,8%) foram as principais razões para evitar a compra. Outros 28% apontaram a falta de livrarias próximas. Mesmo entre os não compradores, 60% consideram a leitura “muito importante” e 34% gostariam de ler mais. (Globo)

A venda do Rock in Rio Card esgotou ontem em apenas duas horas. O ingresso equivale a um bilhete antecipado, antes da venda geral e do anúncio de todas as atrações. A venda de entradas para o público geral começa em 11 de abril no site da Ticketmaster Brasil. O festival acontece nos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro, na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro. A organização já confirmou nomes de peso, como Ed Sheeran, Imagine Dragons e Ne-Yo, além de Ludmilla, Ivete Sangalo e Paralamas do Sucesso. (Estadão)

O Lo-fi, um gênero ou movimento musical com melodias etéreas e sons incomuns, perdeu uma de suas referências mundiais com a morte, aos 33 anos, do DJ brasileiro Yuri Bastos, conhecido como Linearwave (Spotify), em decorrência de um câncer no pulmão. Bastos, que tinha um milhão de ouvintes mensais no Spotify, estudou Composição Musical na Escola de Música do Estado de São Paulo (EMESP) e era influenciado por gêneros que iam da Bossa Nova ao hip-hop. O nome artístico veio de um projeto criado por ele em 2018. O Lo-fi ganhou projeção durante a pandemia de covid-19 por ajudar as pessoas a se concentrarem e relaxarem ao mesmo tempo. (Estadão)

Cotidiano Digital

A Câmara dos Deputados aprovou, em votação simbólica, um projeto de lei que torna crime utilizar inteligência artificial para gerar imagens de mulheres em situações de intimidade ou nudez. O texto prevê pena de dois a quatro anos de reclusão, podendo ser ainda maior, caso a vítima seja menor de idade. O PL, que segue para o Senado, foi apresentado após denúncias feitas por pais de alunas do Colégio Santo Agostinho, no Rio de Janeiro, que tiveram seus rostos usados em imagens de nudez criadas com IA por colegas e compartilhado em redes sociais. (Folha)

Baldur’s Gate 3 (trailer) foi o grande vencedor do Game Awards, anunciado na noite de ontem. Além do prêmio principal, Jogo do Ano, o RPG de fantasia levou cinco troféus. Confira a lista completa de premiados. (g1)

A Meta começou a implementar criptografia de ponta a ponta em todas as chamadas e mensagens do Messenger, o bate-papo do Facebook. O recurso de criptografia já é utilizado no WhatsApp e garante uma camada extra de segurança, permitindo que apenas as pessoas envolvidas na conversa tenham acesso ao seu conteúdo. O Messenger já oferecia a opção de mensagens criptografadas desde 2016. O objetivo da empresa era implementar o recurso de forma padrão para todos os usuários em 2022, mas preocupações sobre o combate ao abuso infantil na plataforma atrasaram o lançamento. O recurso deve chegar a todos os usuários nos próximos meses. (The Guardian)

O WhatsApp lançou ontem uma opção para enviar mensagens de voz que podem ser reproduzidas uma única vez. O recurso é semelhante à função que permite visualização única de vídeos e imagens. Essas mensagens serão sinalizadas aos destinatários com um ícone com o número um, indicando a impossibilidade de ouvir o áudio novamente. (Olhar Digital)

Meio em vídeo. Após Pedro Doria participar da trend do Instagram em que a pessoa posta informações como altura, idade e se tem tatuagem ou não, comentários alarmistas sobre golpistas poderem usar esses dados surgiram em seu perfil. No Pedro+Cora, ele e Cora Rónai explicam se esse tipo de brincadeira pode, de fato, colocar os dados dos usuários em risco. (Meio)

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A COP28 termina só na próxima terça-feira, dia 12, mas segue aqui um spoiler de sua conclusão: vamos todos morrer! Mas está tudo bem para os dirigentes das indústrias petrolífera e de carvão porque eles vão poder gerar muitos dividendos para os acionistas antes da hecatombe climática. Ligue o ar condicionado no talo e assista a Curadoria, com Bruna Buffara. No ar hoje, 11h15.

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