Milei corta gastos poupando área social

Depois do adiamento por um dia e de mais duas horas de atraso, o aguardado pacote econômico do novo governo argentino foi anunciado na noite de ontem. Forte desvalorização da moeda, redução de subsídios e de repasses federais às províncias, e manutenção de auxílios sociais estão entre as principais medidas, divulgadas em um vídeo previamente gravado pelo ministro da Economia, Luis Caputo. O dólar oficial, que no governo anterior era vendido acima 400 pesos, passou para 800, mas segue abaixo do paralelo, que era cotado ontem a 1.050. As obras públicas foram congeladas e os funcionários com menos de um ano de contrato serão dispensados. As contratações comissionadas foram suspensas. Os subsídios de transporte e energia sofrerão um corte, haverá mudança nos sistemas de importação e retenção de parte das exportações. Caputo destacou logo no início de sua fala a “herança” do governo anterior e voltou a repetir que a situação econômica vai piorar nos próximos dias. A Argentina, afirmou, caminha para uma inflação interanual de 300%. “A origem do nosso problema sempre foi o déficit fiscal. Temos sido viciados no déficit e por isso sempre caímos em crises recorrentes”, disse. Além de não cortar os auxílios sociais, um dos maiores gastos do governo, o ministro anunciou o aumento de 50% no valor do cartão alimentação. (Estadão)

Horas antes, o governo de Javier Milei antecipou algumas medidas, como a suspensão da propaganda oficial nos meios de comunicação, o fim do home office no funcionalismo público e a revisão de cargos e contratos. Os cargos federais serão reduzidos em 34%, com o corte de 18 para nove ministérios, de 106 para 54 secretarias e de 182 para 140 subsecretarias. (Folha)

O FMI apoiou o pacote, afirmando que as propostas são “audazes” e, se forem de fato implementadas, ajudarão a estabilizar a economia. (La Nación)

Janaína Figueiredo: “Para Caputo, que trabalha em sintonia fina com o presidente, que é economista, ‘este é o caminho correto’. Mas faltam muitas definições, acordos e negociações para que o governo de Milei possa dizer aos argentinos que tem um plano para tirar o país do buraco. Até agora, mostrou apenas uma pequena serra elétrica”. (Globo)

PUBLICIDADE

A sabatina do ministro da Justiça, Flávio Dino, hoje às 9h na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado promete ser um embate entre governo e oposição, contrária à indicação dele ao STF. Deputados bolsonaristas querem assistir à sessão de hoje da CCJ. Já a base governista montou uma tropa de choque na tentativa de blindar Dino. Parte da estratégia é a sabatina conjunta com Paulo Gonet, indicado à PGR, cujo perfil conservador agrada a oposição. Dino e Gonet precisam de 17 votos na CCJ e 41 no plenário do Senado para terem as indicações confirmadas. (UOL)

Quatro ministros vão se licenciar dos cargos para reassumir suas cadeiras no Senado e votar a favor da indicação de Dino. Após a votação, Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Camilo Santana (Educação), Renan Filho (Transportes) e Carlos Fávaro (Agricultura) voltarão para seus ministérios. (g1)

Dino admitiu que haverá votos contrários a seu nome, mas afirmou que ainda não recebeu declarações oficiais de quem será contra. “Oficial e presencial, nenhum [não]. Quero frisar que respeito o fato de que haverá ‘nãos’. Faz parte da vida democrática.” (Metrópoles)

Dois grupos políticos antagônicos de Alagoas foram reunidos ontem pelo presidente Lula para tratar do desabamento da mina de sal-gema da Braskem em Maceió. De um lado, o governador Paulo Dantas (MDB), apoiado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). Do outro, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O clima foi tenso, com várias interrupções enquanto cada um falava. Senadores ligados ao governo tentam barrar a instalação de uma CPI. Teme-se que a situação respingue na Petrobras, segunda maior acionista da Braskem. Já Renan trabalha pela criação da CPI neste ano, para nacionalizar os problemas enfrentados pelo prefeito, ligado a Lira. Caso não obtenha sucesso via Legislativo, Renan pode recorrer ao STF. (Globo)

Enquanto isso... o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas intimou a Braskem a apresentar uma série de medidas para diagnosticar e mitigar os impactos ambientais causados pelo rompimento parcial da mina 18. (CNN Brasil)

A Polícia Federal cumpriu na noite de ontem quatro mandados de busca e apreensão em Minas Gerais para investigar o ataque hacker ocorrido na véspera à conta da primeira-dama Janja Lula da Silva, no X. A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A PF não divulgou a identidade dos alvos da ação, mas há suspeita de que dois menores de idade estejam envolvidos no caso. (UOL)

Durante a invasão, os criminosos publicaram mensagens de cunho misógino e machista e ofensas ao presidente Lula. “Eu já estou acostumada com ataques na internet, por mais triste que seja se acostumar com algo tão absurdo. Mas a realidade é que a internet é um espaço potente para o bem e para o mal. E é comprovado que nós, mulheres, somos as que mais sofrem com os ataques de ódio aqui nas redes”, disse Janja em nota. “O que eu sofri ontem é o que muitas mulheres sofrem diariamente”. (Poder360)

Autora de um dos verbetes do léxico Termos Ambíguos do Debate Político Atual: Pequeno Dicionário que Você Não Sabia que Existia, a antropóloga Isabela Kalil, coordenadora do Observatório da Extrema Direita, conversa com o Meio sobre a importância de mostrar que as palavras e seus significados não são neutros politicamente. Vêm carregados de história, referências e usos por atores a partir de seus interesses. “Reconhecer a disputa em torno dos conceitos e termos é fundamental para recapturá-los”, ela explica. O papo está no Meio Político desta quarta-feira, conteúdo exclusivo para assinantes premium. Assine!

Bom velhinho

Marcelo Martinez

Nossos assinantes premium contribuem com seus R$ 15 mensais por uma razão principal: gostam da linha editorial do Meio e querem que ele cresça. Mas existem outros motivos para fazer isso: Edição de Sábado caprichada; Meio Político, às quartas; editoria de economia todos os dias; prioridade na entrega da newsletter; participar da Sala Secreta em nossas lives; descontos em produtos e cursos. Assine o Meio Premium. Só vantagens.

Viver

O governo brasileiro enfrenta artilharia doméstica na COP28, que terminaria ontem em Dubai, mas foi estendida por um dia. Foi apresentado um manifesto assinado por 127 entidades — entre ONGs e movimentos sociais e indígenas – contra o megaleilão de 602 áreas de exploração de petróleo e gás, previsto para amanhã. A venda incluiu 21 blocos na bacia do Rio Amazonas, iniciativa combatida pelo Ibama e pelo Ministério do Meio Ambiente. As entidades apontam a ambiguidade entre o discurso do Brasil na conferência, defendendo a redução no uso de combustíveis fósseis, e ação, expandindo a exploração de petróleo. (Folha)

PUBLICIDADE

A região ártica teve seu verão mais quente já registrado, entre julho e agosto deste ano, com temperatura média de 6,4°C, meio grau acima do recorde anterior, de 2016. Segundo o Relatório do Ártico, da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, a cobertura de gelo marinho continua diminuindo, o que leva à redução do escudo reflexivo do planeta e gera mais aquecimento. Em agosto, as temperaturas da superfície no mar do Ártico estavam de 5°C a 7°C acima da média entre 1991 e 2020. O documento observa que a região em aquecimento contribui para eventos de “alto impacto”, como os incêndios florestais no Canadá, em um efeito cascata. (Folha)

A Organização Mundial da Saúde anunciou novas diretrizes para alimentação complementar de crianças entre seis e 23 meses de idade. Um dos principais pontos de repercussão entre pediatras e nutricionistas foi a recomendação do uso de fórmulas para crianças de até 12 meses, quando o aleitamento materno não for possível. A partir de um ano, as fórmulas devem ser abandonadas, e apenas o leite de origem animal deve ser oferecido. Uma dieta diversificada também é importante para os pequenos de seis a 23 meses, como verduras, legumes, frutas e alimentos de origem animal, incluindo ovos e carne. (Folha)

Cultura

O especial do Porta dos Fundos deste ano já está gravado, mas não vai ao ar. A produção foi feita em agosto, antes dos ataques do Hamas a Israel, em outubro. Em comunicado, a produtora afirma que o texto foi escrito e filmado em uma outra conjuntura e a exibição do Especial de Natal poderia dar outras margens para interpretação. O programa seria exibido pela Paramount+ e, pela primeira vez, foi feito em formato stand-up pelo humorista Fábio Porchat. Para comemorar a décima edição, a obra narraria com humor algumas histórias consideradas inusitadas do Velho Testamento. “Humor é timing e o timing para esse lançamento não é o adequado.” (UOL)

Morreu nos EUA, aos 61 anos, o ator Andre Braugher, astro das séries Homicídio, que lhe valeu um prêmio Emmy, e Brooklyn Nine-Nine (Netflix), onde seu capitão Holt, um delegado durão e gay, fazia um contraponto perfeito ao anárquico detetive Peralta de Andy Samberg. Braugher atuou em diversos filmes, como Cidade dos Anjos e As Duas Faces de um Crime, mas foram seus policiais na TV que o tornaram uma celebridade. A causa da morte não foi divulgada. (Variety)

Nunca se consumiu tanta música no mundo. E, no Brasil, mais ainda. Um levantamento da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês) apontou que, em média, as pessoas em todo o planeta ouviram 20,7 horas de música por semana em 2023, um recorde histórico. Por aqui, a média foi maior, 24,9 horas semanais. Uma das explicações para o maior tempo ouvindo música é a maior variedade de métodos para consumi-la: streaming, música ambiente, rádios, mídia física etc. Mundialmente, cada pessoa usa, em média, sete caminhos diferentes para consumir música e, mais uma vez, o Brasil se destaca, com nove em média. Temos outra liderança menos elogiável: 47% dos consumidores brasileiros ouvem músicas ilegalmente, contra 29% da média mundial. Maior pesquisa global do setor, a sondagem ouviu 43 mil pessoas em 26 países. (Rolling Stone)

Cotidiano Digital

As plataformas Disney+ e Star+ vão se juntar em um único serviço a partir do segundo trimestre de 2024. O anúncio foi feito ontem pela Walt Disney Company, que detém os direitos das duas marcas. De acordo com o comunicado, a Star+ terá todo o conteúdo transferido para o Disney+, incluindo a transmissão de jogos, e os canais ESPN, National Geographic e FX. A companhia faz um movimento parecido nos Estados Unidos, incorporando a Hulu com o streaming da empresa do Mickey Mouse. Ainda não há informações sobre novos valores. Atualmente, o combo com as duas plataformas custa R$ 55,90. (Techtudo)

A Electronic Entertainment Expo (E3), que já foi uma das maiores feiras do mundo da indústria de jogos, está definitivamente cancelada. “Sabemos que toda a indústria, os jogadores e criadores têm uma paixão enorme pela E3. É difícil dizer adeus a um evento tão querido, mas é a coisa certa a fazer, com as novas oportunidades que o mercado tem para alcançar fãs e parceiros”, disse Stanley Pierre-Louis, CEO da Entertainment Software Association (ESA). O evento, que começou em 1995, vinha sendo impactado por concorrência, saída de empresas parceiras, mudanças nos hábitos dos consumidores e pandemia de covid-19. Em 2018, a saída da Sony PlayStation do evento causou um efeito dominó, com a fuga de mais fornecedores. Após ser suspensa em 2020, a edição mais recente ocorreu em 2021, de forma online. Em 2023, a ESA chegou a anunciar uma nova edição, mas acabou cancelada. (Washington Post)

O WhatsApp disponibilizou ontem a opção de fixar uma mensagem nas conversas individuais ou em grupo. O usuário poderá destacar texto, imagens, enquetes ou emojis por um, sete ou 30 dias. Basta pressionar o item desejado e selecionar a opção Fixar. O novo recurso será liberado para todos os dispositivos nas próximas semanas. No caso de grupos, os administradores poderão decidir se todos os membros poderão fixar a mensagem. Apesar da novidade no aplicativo da Meta, outros concorrentes, como o Telegram, já oferecem essa função. (g1)

Pioneiros é o nome da comunidade de apoiadores do Meio. Faça parte e participe de um grupo de WhatsApp para discussões políticas, ganhe uma newsletter exclusiva, interaja com a equipe do Meio e ganhe brindes, muitos brindes. Quer participar? Entre na página de Pioneiros.

Encontrou algum problema no site? Entre em contato.